quarta-feira, 7 de setembro de 2016

CESAR MICHILES LANÇA PRIMEIRO ÁLBUM OFICIAL, “EU SOU”

Flautista ficou conhecido por integrar a banda de Geraldo Azevedo

Por Camila Estephania, da Folha de Pernambuco



Buscando conectar suas experiências em quase 30 anos de carreira, o flautista Cesar Michiles lança “Eu Sou” para reafirmar sua identidade cultural. Atualmente mais conhecido por integrar a banda de Geraldo Azevedo, o músico já dividiu o palco com outros grandes nomes como Luiz Gonzaga, Naná Vasconcelos e Alceu Valença. A versatilidade para explorar a cultura popular nordestina transparece no novo trabalho, que é também seu primeiro álbum oficial, atravessando ritmos como o frevo, o baião e o chorinho sob a proposta do jazz.

“Eu fiz um CD há uns dez anos chamado ‘Fuga Pro Nordeste”, em homenagem a Dominguinhos, mas ficou como arquivo. Faltava um disco meu, porque quero me firmar como instrumentista, além de produtor”, explica Cesar, que também assina a produção de muitos projetos musicais, tais como o DVD de frevo de Geraldo Azevedo e o próximo álbum de carreira do petrolinense. Na estrada desde os 13 anos de idade, quando fez sua primeira apresentação profissional no show do Rei do Baião, o músico também tem no currículo dois anos de estudos em Nova York, onde assimilou o conceito de liberdade do jazz.

Por isso, embora “Eu Sou” traga estilos amplamente conhecidos dos pernambucanos, o disco deve surpreender pelas formações inesperadas, como no frevo “Esse é o Tom”, que conta apenas com baixo e flauta. “Eu poderia fazer uma formação tradicional, mas quis mostrar que o frevo pode ser tocado de outra maneira. E a flauta é um instrumento de madeira, mas considero um instrumento de metal pesado. A forma que toco frevo é bem agressiva, o ideal seria tocar suave, mas tento tocar diferente com a flauta”, indica ele que, por vezes, usa o protagonismo do instrumento para fazer o papel do sax ou trombone.

A propriedade com que Cesar domina o gênero vem do sangue. Filho do compositor J. Michiles, que se consagrou com sucessos como “Diabo Louro”, o flautista registra alguns frevos no álbum, como “Duda no Frevo”, de Senô, “Freio a Óleo”, de José Menezes, e os autorais “Pó de Chinelo” e “Pega Ladrão”, todos instrumentais. Regrava também “Baião Chorado”, de Genaro, com a participação do próprio autor no acordeon, e “Minha Saudade”, de Maestro Duda. Esta última traz Geraldo Azevedo solfejando e improvisando no violão. “Ele nunca fez nenhum dos dois, então foi bem inusitado”, observa Cesar.

Outros amigos, como Lucas dos Prazeres, Cezzinha, Júnior Xanfer e Jerimum de Olinda também participam do trabalho, que foi produzido e financiado pelo próprio flautista. Das dez faixas, seis são composições de Cesar, que assume flautas e pifes no repertório. “As influências estão todas aí: de Naná, Zé da Flauta, Altamiro Carrilho, Jackson do Pandeiro, Gonzaga, entre outros. É uma parte das experiências que tive; no próximo quero colocar mais”, adianta ele, revelando um intenso momento criativo.

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