quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

PROGRAME-SE

Zé Guilherme lança CD em homenagem Orlando Silva no Sesc Belenzinho




Abre a Janela - Zé Guilherme Canta Orlando Silva faz justa reverência ao Cantor das Multidões e mostra o olhar de um intérprete contemporâneo para um clássico da música brasileira.

O Sesc Belenzinho apresenta, no dia 11 de dezembro (sexta-feira, às 21 horas), show de lançamento do CD Abre a Janela – Zé Guilherme Canta Orlando Silva, terceiro trabalho do artista cearense radicado em São Paulo. O disco é uma bela homenagem a um dos mais significativos intérpretes da música popular brasileira, que completaria 100 anos em 2015. O trabalho é norteado por uma releitura delicada e pessoal do repertório do Cantor das Multidões.

Zé Guilherme interpreta de forma autêntica e contemporânea 18 canções que foram selecionadas em um longo processo de pesquisa sobre a trajetória e o repertório de Orlando Silva. Não foi tarefa fácil para o artista escolher diante da extensa lista de músicas. As eleitas foram: “Abre a Janela”, “Cidade Brinquedo”, “Malmequer”, “A Jardineira”, “A Primeira Vez”, “Pela Primeira Vez”, “Curare”, “Dama do Cabaré”, “Lábios Que Beijei”, “Preconceito”, “Aos Pés da Cruz”, “O Homem Sem Mulher Não Vale Nada”, “Meu Consolo É Você”, “Lealdade”, “Meu Romance”, “Cidade do Arranha-céu”, “Faixa de Cetim” e “Alegria”.

No show, Zé Guilherme também tece alguns comentários, entre uma e outra canção, a respeito da vida e obra de Orlando Silva, bem como sobre o contexto social da época e as razões que nortearam sua escolha do repertório. A banda que o acompanha é formada por Adriano Busko (percussão), Bré Rosário (percussão), Cezinha Oliveira (direção musical, violão, baixo e vocal), Luque Barros (violão de 7 cordas, baixo e vocal), Maik Oliveira (cavaquinho e bandolim) e Pratinha Saraiva (flautas e bandolim). O espetáculo tem ainda direção de cena assinada por Mario Tommaso, figurino de Elísio Kamers e iluminação de Silvestre Júnior


Concepção do CD

A trajetória de Orlando Silva é marcada por apurado critério e rigor na escolha das canções. Segundo o próprio, só cantava o que lhe tocava a alma. O colorido, o swing e a brasilidade da obra é o mote principal das escolhas de Zé Guilherme. A seleção das músicas levou em consideração, além da afinidade artística, a época de seu apogeu - de 1935, ano em que gravou o primeiro disco, até 1942 - e privilegiou composições menos densas. O roteiro contempla um perfil mais leve e alegre do cantor como na maioria dos sambas que trazem sempre um toque de humor nas letras.

Zé Guilherme não esconde a relação afetiva com esse trabalho: “eu abri a janela do meu coração para me apossar, com respeito e reverência, dos sucessos de Orlando Silva e reapresentá-los ao público pela minha voz, pela minha forma de cantar”. O artista conta que cultivou o anseio de se debruçar sobre seu legado por mais de 10 anos. “Resgatar e reler a obra desse artista que foi, desde a minha infância, o combustível para a chama do desejo de ser cantor. É um momento ímpar na minha carreira. Minha principaldiversão era ouvir no rádio a voz majestosa e brejeira do cantor, considerado a maior voz masculina do Brasil”.

A produção musical é assinada pelo músico, arranjador e produtor musical Cezinha Oliveira, que inseriu elementos clássicos nos arranjos como piano, baixo acústico, acordeon, trombone e violão de sete cordas, entre outros, dando “requinte” sonoro ao disco sem cair no mero saudosismo. Abre a Janela – Zé Guilherme Canta Orlando Silva foi concebido com base no tripé interpretação, arranjos e composições, e mostra que a chamada “música antiga” do Brasil pode se manter clássica em sua origem, popular em sua apresentação e sofisticada em sua concepção.

Sobre a concepção dos arranjos, Cezinha explica que, para todos os sambas, buscou inspiração nos conjuntos regionais da época e nas orquestras que acompanhavam os artistas nas rádios. O instrumental era, geralmente, formado por acordeon, violão, percussão e instrumento solo de sopro. Apenas as marchinhas “A Jardineira” e “Malmequer” seguem outro caminho. A primeira tem introdução influenciada pela música barroca e a segunda ganhou um andamento mais jazzístico.

Músicos de primeira linha participam de Abre a Janela – Zé Guilherme Canta Orlando Silva: Thadeu Romano (acordeon), Breno Ruiz (piano), Meno Del Picchia (baixo acústico), Maik Oliveira (cavaquinho), Pratinha (flautas e bandolim), Adriano Busko (percussão), Allan Abbadia (trombone), Luque Barros (violão de 7 cordas e vocal), Cezinha Oliveira (violão, guitarra e vocal) e João Pedro Verbena (guitarra).



As canções

Abrindo o disco, uma das mais populares marchinhas de carnaval de todos os tempos:“A Jardineira” (Benedito Lacerda e Humberto Porto - 1938) que marca a participação de Orlando Silva no filme Banana da Terra, de J. Rui. “Apresento minha visão pessoal desta canção auxiliado por belo arranjo que traz introdução com o piano de Breno Ruiz, fazendo referência ao estilo barroco”. “Dama do Cabaré” (Noel Rosa - 1936) traduz o clima boêmio dos cabarés da Lapa carioca. “A genialidade de Noel e o brilhantismo da interpretação de Orlando Silva nortearam sua inclusão no repertório”. A terceira canção, “A Primeira Vez” (Armando Marçal e Bide - 1940) “é uma canção que remete à inocência da paixão juvenil e me faz rememorar as desilusões passageiras da juventude”. Zé Guilherme explica porque escolheu “Abre a Janela” (Marques Júnior e Roberto Roberti - 1937) para dar nome ao disco: “minha intenção é convidar o público para apreciar comigo a obra de Orlando”. Este foi o primeiro sucesso carnavalesco do Cantor das Multidões que estourou na festa carioca de 1938.

Sobre a quinta música, um dos maiores sucessos de Orlando Silva, “Aos Pés da Cruz” (Marino Pinto e Zé da Zilda - 1942), Zé Guilherme conta que esta é uma das suas prediletas, desde infância. Seguindo, vem “Cidade do Arranha Céu” (Edgard Cardoso, Ranchinho e Alvarenga – 1936), uma linda e graciosa homenagem à São Paulo. “Ela registra também o meu desejo de reverenciar a cidade que me acolheu, quem devo a construção do meu percurso musical”, diz o cantor. Já “Cidade Brinquedo” (Silvino Neto e Plínio Bretas - 1939) é uma marchinha que canta as peculiaridades geográficas do Rio de Janeiro. As morenas cariocas brejeiras, comparadas a um bando de andorinhas, faz dessa canção uma homenagem pitoresca e original à cidade maravilhosa.

“Curare” (Bororó – 1940) é uma composição que sempre fez parte do repertório de Zé Guilherme. “A singeleza da letra e a malemolência da melodia me emocionam; é um deleite cantar esta canção, cheia de brasilidade e suingue”. Na sequência, outra obra carregada de brasilidade, “Faixa de Cetim” (Ary Barroso - 1942), característica marcante nas escolhas de Orlando. Já “Lábios Que Beijei” (J. Cascata e Leonel Azevedo 1937) era a canção preferida de sua mãe, grande responsável por sua paixão pela música e pelo encantamento por Orlando Silva. “Ela contém toda a carga afetiva que alimentou por décadas o meu desejo de reverenciar o ídolo inspirador”. E “Lealdade” (Wilson Batista e Jorge de Castro - 1942) mantém a linha romântica; é uma canção que foi muito regravada por outros artistas. A próxima, muito conhecida como marchinha carnavalesca, “Malmequer” (Newton Teixeira e Cristovão de Alencar - 1939) ganhou um andamento mais lento, mais jazzístico com a divisão rítmica mais voltada para ciranda do que para a marcha.

Seguem duas lindas composições que não estão no roll das mais populares do repertório de Orlando Silva: “Meu Consolo é Você”(Nássara e Roberto Martins - 1938) e “Meu Romance” (J. Cascata - 1938). Esta última canta o bairro da Mangueira e sua escola de samba, cenário para os “malandrinhos” se apaixonarem. Em seguida, o samba “O Homem Sem Mulher Não Vale Nada” (Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti - 1938) segue na contramão da linha machista da época, cuja letra fala de um homem em busca de sua amada; seguida pela romântica “Pela Primeira Vez” (Noel Rosa e Cristovão de Alencar - 1936). Se fosse composta nos dias de hoje, “Preconceito” (Marino Pinto e Wilson Batista - 1941) seria politicamente incorreta ao falar das barreiras para o amor nas diferenças sociais: narra de forma graciosa o amor de um negro do morro por uma moça branca. E, fechando com a dignidade que Orlando Silva e Zé Guilherme merecem, vem o samba-exaltação “Alegria” (Assis Valente e Durval Maia - 1937) “que sintetiza minha satisfação com esta feliz realização de um o sonho”, finaliza o cantor. É mesmo pra festejar!


Serviço

Show: Zé Guilherme

Dia 11 de dezembro. Sexta-feira, às 21h

Sesc Belenzinho
Teatro (3º andar)
Rua Padre Adelino, 1000. Belenzinho. São Paulo/SP
Telefone: (11) 2076-9700

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia-entrada) e R$ 6,00 (comerciário).

Classificação: livre. Duração: 80 min. Capacidade: 392 lugares

Estacionamento: R$ 6,00 (não matriculado) e R$ 3,00 (matriculado no SESC).



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