Por Régis Tadeu
Como eu tenho a sorte de trabalhar em três universos aparentemente distintos – Yahoo!, Rádio USP FM e SBT –, mas a cada dia mais interligados pela convivência existente entre imprensa, rádio e TV, consigo perceber que nada é mais importante para qualquer meio de comunicação – qualquer um! - do que fidelizar o público. É muito mais que uma tarefa complicada. É algo que beira o insano.
O problema é que tudo gira em torno de um monstro chamado “audiência”, uma horrenda criatura que surgiu a partir do momento em que as agências de publicidade se tornaram centros de poder e decisões e começaram a usar os dados do Ibope para direcionar as verbas de seus clientes – se não me falha a memória, isto começou a ocorrer a partir do início dos anos 80. De lá para cá, vem se tornando cada vez mais difícil a sobrevivência de produções brasileiras de qualidade, sejam elas programas de TV, rádio e também musical.
Antigamente, uma gravadora contratava um artista pela possibilidade de sucesso a médio prazo. Apostava-se em nomes que passariam a trazer lucros para seus contratantes a partir do segundo ou terceiro trabalho. Com o passar dos anos, chegou-se ao ponto de gravadoras rescindirem contratos depois de alguns meses depois do lançamento do álbum de estreia de gente que não conseguia emplacar música nas “Dez Mais” das rádios. Um absurdo total! Hoje em dia, nem gravadora existe mais, o que dá bem a real dimensão da tragédia que foi esse tipo de postura imediatista.
Escrevendo de uma maneira mais genérica, afirmo que enquanto não se valorizarem conteúdos de qualidade, continuaremos em uma trajetória emburrecedora e passaremos a nos acostumar cada vez mais com padrões de qualidade cada vez mais baixos. O que vemos e ouvimos em termos de cultura artística nas TVs e rádios nos dias atuais dá a sensação de que estamos vivendo uma época em que nossos meios de comunicação estão cumprindo cotas de estupidez. Não é possível que ninguém pense em desafiar a concorrência com conteúdos significativos. Parece que o único artigo com enorme potencial de crescimento é o retardamento mental. O grande inimigo da cultura brasileira é o seu próprio povo! Inacreditável.
O gosto musical e televisivo do brasileiro pode ser qualquer coisa, menos algo que possa de leve se aproximar do termo “exigente”. Há uma espécie de “corrida” para tentar fisgar a atenção do público jovem, que é justamente o tipo de gente que menos presta atenção em música de nível mais elevado que os “barabarabarás barabereberês” da vida e que menos ainda passa o tempo sentado na frente de uma TV. Ou seja, todo mundo está perdido em um imenso oceano de equívocos. Há algo de muito errado em um País em que um sujeito como o tal de Paulo Gustavo é considerado um “comediante”, né?
A solução é simples: para abrir os olhos do mercado, basta elaborar conteúdos de qualidade que englobem também meios modernos e plataformas que permitam acesso de forma rápida, instantânea. E que isto seja endereçado a TODOS os públicos. Chega desse papo de produzir merda para moleques bocós metidos a malandros que não conseguem enfiar seus bonés na cabeça ou para meninas histéricas que babam como zebras com sede.
Chega!
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