Retornando a sua cidade de origem, o mais representativo festival musical existente no Brasil na atualidade mostra-se imprescindível à primeira capital brasileira da cultura
Por Bruno Negromonte
Há uma parábola bastante difundida que relata a história de dois irmãos, onde ao mais novo é dada a sua herança. Depois de perder sua fortuna (a palavra "pródigo" significa "desperdiçador, extravagante"), o filho volta para casa e se arrepende. A lembrança desta parábola se dá apenas para justificar a falta que o maior festival de música existente no país fez falta à sua cidade sede e o quanto os moradores de Olinda e as localidades próximas ficaram felizes com o retorno de tal evento apesar de ter a quantidade de dias reduzido em relação as edições anteriores. No entanto o público parece não importar-se com a programação reduzida e compareceu em grande quantidade na primeira noite do evento que trouxe para as ruas históricas da cidades nomes como Zeca Baleiro, João Bosco e Hamilton de Holanda (no palco Seligaê, em frente ao Mosteiro de São Bento), João Fênix (na Igreja do Carmo), Mário Laginha e Pedro Burmester (na Igreja da Sé) e no palco montado na Praça do Carmo duas atrações internacionais: Pat Thomas e Kiwashibu Area Band (Gana) e Sons Of Kemet (Inglaterra). Além destas apresentações o mercado da Ribeira serviu como cenário para a exibição de diversos documentários relacionados à música e as ladeiras da cidade como não apenas para o evento, mas para a gastronomia, a beleza e as peculiaridades existentes em cada canto de uma cidade que transpira cultura como Olinda. Ávido por boa música, a cidade recebeu uma grande quantidade de pessoas nesta primeira noite de evento mesmo tal acontecimento tendo início às 18 horas com um dos espetáculos mais esperados de todo o MIMO. Pontualmente às 18 horas o músico maranhense Zeca Baleiro sobe ao palco alternativo Seligaê para apresentar um espetáculo intimista e recheado de sucessos a partir de novos arranjos. Ao seu lado apenas dois músicos: Lui Coimbra (violoncelo e vocais) e Adriano Magoo (piano, acordeão e vocais).
Uma hora depois era a hora do pernambucano João Fênix dar início ao seu espetáculo na Igreja do Carmo apresentando canções do seu mais recente trabalho intitulado "De volta ao começo". Este quinto álbum o fez passear por um repertório de clássicos da música brasileira a partir de nomes como Gonzaguinha, Chico Buarque, Elomar entre outros compositores ao lado do exímio violonista Jaime Alem, o percussionista Felipe Tauil e o baixista Alberto Continentino. Ainda no palco montado em frente ao Mosteiro de São Bento, o público que não arredou o pé ao término da apresentação de Baleiro aguardou cerca de 30 minutos para o último (ao menos naquele palco) show da noite, que trazia um inédito espetáculo arquitetado exclusivamente para o festival. Era a junção de Hamilton de Holanda e João Bosco. De um lado um artista de dispensa apresentações e que traz em sua bagagem mais de quatro décadas de carreira e um nome eternizado na história da música popular brasileira a partir de sucessos como "Papel Maché", "Incontabilidade de gênios", "O bêbado e a equilibrista" entre tantas outras. Do outro um jovem e promissor talento que vem sedimentando seu nome como um dos maiores da história da música instrumental brasileira e internacional. Prova disto foi a conquista do Grammy Latino como melhor álbum de música instrumental. Com um público visivelmente menor, a Igreja da Sé contou com a apresentação dos músicos portugueses Mário Laginha e Pedro Burmester, que uniram seus talentos para um concerto em dois pianos e um repertório de primeira linha. A noite ainda contou com a apresentações na Praça do Carmo, espaço que reuniu a maior quantidade de público da noite e transformou-se em um espaço de celebração como a muito não se via.
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