sábado, 7 de maio de 2016

SELO OU NÃO SELO: PARCERIAS E INDEPENDÊNCIA NO MERCADO FONOGRÁFICO

Por David Dines



Parte do catálogo do Midsummer Madness, selo distribuído pela Tratore.



Quando um artista independente está para produzir um álbum, EP ou single, é possível optar por fazer todo o processo de distribuição e promoção de forma independente ou buscar eventualmente a parceria de um selo, que é uma pequena gravadora com recursos limitados, mas que pode ajudar artistas de diferentes formas em seus projetos criativos.

Mas quais são, na prática, as principais diferenças entre seguir um caminho completamente independente e trabalhar com um selo?


1. Custos e receitas

Dependendo do acordo, o selo pode pedir ao artista os fonogramas prontos ou pode financiar a produção musical, design, licenças e fabricação de forma parcial ou integral, descontando o dinheiro investido de rendas futuras. No entanto, em um acordo com um selo, o artista passa a receber um royalty que, de modo geral, vai 15% a 50% da arrecadação do selo sobre o fonograma e as contrapartidas oferecidas também variam muito. Em contraponto, em um acordo direto com uma distribuidora, toda a fatia que iria para o selo segue para o artista, que, no entanto, precisa prover o material inteiramente pronto e fabricado, além de custear toda a promoção. Uma outra questão a ser discutida em um acordo com um selo é a disponibilidade de cópias físicas (CDs, vinis) para o artista. Muitos exigem que o músico compre as peças (por um preço menor que o de tabela) para revenda nos shows, mas também há casos em que o selo cede determinado número de cópias.


2. Exposição

Um selo pode ajudar seus artistas a aparecer para um público maior, a partir do momento em que fazer parte de um catálogo exclusivo já dá ao artista um senso de contexto e pertencimento a uma comunidade de músicos de determinado recorte estilístico. Mas, geralmente, um selo também trabalha a divulgação de seus lançamentos, seja com uma assessoria de imprensa ou com a compra de anúncios e propagandas. Um artista completamente independente absorve esses custos e essa necessidade de mão de obra de divulgação sobre os seus lançamentos.


3. Propriedade intelectual

Em troca de todo o trabalho de produção e promoção do lançamento, um selo geralmente pede ao menos uma parte dos direitos futuros de exploração comercial sobre a obra. Pode ser os relativos ao fonograma (de forma perpétua ou como um licenciamento por tempo determinado) ou edição (cujos contratos, segundo a lei brasileira, expiram obrigatoriamente após 20 anos). É bom saber se as condições valem a pena, se a possível exploração comercial promete ser vantajosa e se você deseja ter um vínculo curto ou longo com o selo.

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