Por Laura Macedo
Um repórter da Revista Carioca encontrou, casualmente, a cantora Aracy de Almeida super apressada, na Rua do Ouvidor (1936). Não resistiu e foi puxando assunto, mas ela foi logo dando o tom da conversa.
- Quer saber alguma coisa? Mas diga sem demora, porque estou com muita pressa...
- Queremos saber quais os artistas de nossos palcos que mais a impressionam?
Aracy, fazendo passar a bolsa de uma mão pra outra, respondeu.
- Não sou frequentadora assídua de teatro, mas gosto muitíssimo do Odilon Azevedo, nos poucos papéis que o tenho visto desempenhar. Acho-o um artista correto, distinto, com qualquer coisa de gente americana. É daí, talvez, minha grande admiração por ele. Aprecio também, a DulcinaEncantadora! Ela é de uma naturalidade que fascina!
Dulcina de Moraes e Odilon Azevedo
Aracy consultando o relógio diz:
- Estou atrasadíssima. Disponho apenas de cindo minutos. No cinema tenho idolatria por Buck Jones, com aquela correria louca através de mil perigos. Sylvia Sidney é, também, pra mim, um encantamento pela correção com que desempenha todos os papeis que lhe são confiados. E creio que por hoje chega, não?
- E no rádio, quem mais aprecia?
- Carmen Miranda, a meu ver “primus inter pares” [primeiro entre iguais] na nossa música eFrancisco Alves, a alma da canção brasileira.
E em poucos momentos, Aracy desaparecia no meio da multidão.
Nessa pequena conversa do repórter da Revista Carioca com a nossa “Araca” / “O Samba em Pessoa” fica patente sua personalidade forte e irreverente, uma das marcas registradas durante toda a sua trajetória de vida pessoal e artística.
Algumas das clássicas interpretações de Aracy de Almeida
“Três apitos” (Noel Rosa) # Aracy de Almeida e Radamés Gnattali e sua Orquestra de Cordas. Disco Continental (16392) / Março 1951.
“Quando tu passas por mim” (Antonio Maria/Vinicius de Moraes) # Aracy de Almeida. Disco Continental (16820-A), 1953.
“Não me diga adeus” (Paquito/Luiz Soberano/João Correa da Silva) # Aracy de Almeida. Dsico Odeon (12826-B). Gravação (24/10/1947) / Lançamento (janeiro de 1948).
“Camisa amarela” (Ary Barroso) # Aracy Almeida. Disco Victor (34445-A) / Matriz (333047). Gravação (31/3/1939) / Lançamento (junho/1939).
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Fontes:
-Fotos acervo pessoal e da internet.
- Revista Carioca / Edição nº23/ p.48 / 1936.
-Site YouTube / Canais: "TheM209" / "luciano hortencio" / "SenhorDaVoz".
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