Caixa com toda a obra do cantor, compositor e instrumentista confirma a posição privilegiada do alagoano na música
Por Irlam Rocha
Cantor, compositor, arranjador, produtor, dono de gravadora e editora. Todas funções exercidas por Djavan Caetano Viana, hoje consagrado artista brasileiro. Há 40 anos, quando migrou de Maceió para o Rio de Janeiro, a ambição era sobreviver da música e sustentar a família (mulher e dois filhos). À época, não era algo fácil para o crooner da boate 'Number One', em Ipanema, Zona Sul carioca. A situação começou a melhorar em 1975, quando se classificou em segundo lugar no Festival Abertura, da TV Globo com 'Fato consumado'. A canção foi registrada no LP de estreia, 'A voz, o violão, a música de Djavan', lançado no ano seguinte com a música 'Flor de lis', outro futuro clássico.
O disco, o único pela Som Livre, está lado a lado de três com a chancela da EMI e 14 gravados pela Sony Music. Entre os 20 títulos, há dois de raridades, um deles em inglês e espanhol — num total de 236 canções. Todos reunidos na Caixa Djavan, com a obra completa e livreto de 200 páginas com informações detalhadas, fichas técnicas e fotos raras originais. Ao avaliá-lo, ele revela: "Depois de tudo isso, tem-se a impressão de que se justifica dedicar uma vida à música na qual, como um ator, se pode ser outros como eu sempre sonhei".
O reconhecimento do trabalho de Djavan demorou. "O primeiro disco não repercutiu e, para me manter, continuei cantando em boate e sem poder mostrar minha composições. 'Flor de lis' só veio a tocar nas rádios um ano depois. As pessoas começaram a me conhecer a partir dos discos lançados pela EMI — 'Djavan', 'Alumbramento' e 'Seduzir' —, que sedimentaram meu nome e depois que tive músicas gravadas por Nana Caymmi ('Meu bem querer'), Maria Bethânia ('Álibi'), Gal Costa ('Faltando um pedaço') e Roberto Carlos ('A ilha')".
Quando contratado pela CBS (atual Sony Music, pela qual lançou a caixa), já era um artista de prestígio. Thomás Muñoz, presidente da gravadora no Brasil, lhe sugeriu mudar para os EUA, onde gravaria 'Luz', o quinto álbum. "Embora tenha feito em Los Angeles, onde fiquei três meses, não levei adiante a ideia de morar fora do Brasil. Preferi continuar aqui, usufruindo da essência da cultura brasileira, usando a língua portuguesa, a mais musical do mundo", revela.
Com músicas como 'Açaí', 'Capim', 'Pétala' e 'Samurai', vendeu 500 mil cópias e transformou Djavan num artista popular. O número só viria a ser superado quase duas décadas depois pelo álbum duplo 'Djavan ao vivo', com os maiores hits do astro e mais de 2 milhões de exemplares comercializados. Ele sempre participou da gravação dos discos - o que se acentuou após criar o próprio selo. "Controlar aquilo que vou levar ao público é algo de que não abro mão".
A inclusão das músicas em novelas agradou o artista. "A primeira foi 'Meu bem querer'. Mas a mais lembrada é 'Oceano' (em 'Top model', de 1989). Havia composto uma parte cantando em espanhol e deixei guardada. Aí, alertado por minha filha, voltei a ela", conta. A caixa levou um ano. E Djavan já tem novos projetos: "Devo entrar em estúdio para iniciar as gravações em fevereiro de 2015".
Serviço
Caixa Djavan
Lançamento da Sony Music com 20 CDs, que reúne 236 canções, um livreto de 200 páginas e fotos raras do acervo do artista. Preço médio R$ 390.
Cinco discos do cantor relançados na coletânea. Confira:
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