Banda é uma das atrações do Macuca Jazz & Improviso, no Agreste de Pernambuco
Por AD Luna
“Temos material suficiente para, no mínimo, dois álbuns. Vai depender do interesse dos produtores para colocá-los na área”. A informação é do jornalista e poeta Marco Polo, também conhecido como vocalista da Ave Sangria. A seminal banda pernambucana dos anos 1970 toca, neste sexta (21), na décima edição do Macuca Jazz & Improviso - festival ao estilo Woodstock, que ocorre numa fazenda da Zona Rural de Correntes, cidade do Agreste de Pernambuco. Duofel (SP), Anjo Gabriel (PE), Juliano Holanda (PE), Projeto CComa (RS) e Areia (PE) são algumas das outras atrações. O evento vai até domingo (23).
“Essa volta não é um revival. A tendência é a gente continuar trabalhando, só não sei até quando”, conta Almir de Oliveira, antigo baixista do grupo e que hoje ataca de violão e voz. De acordo com ele, grande parte das músicas que podem compor os possíveis novos álbuns são antigas. “São coisas que fizemos na época e que não entraram no disco”, diz, referindo-se ao LP homônimo, de 1974.
Ave Sangria foi relançado em vinil e CD pelo selo Ripohlandya (capitaneado pelos rapazes da banda Anjo Gabriel), com incentivo do Funcultura. No dia 2 de setembro deste ano, o Teatro de Santa Isabel foi palco de uma noite memorável. O público lotou o local e vibrou com a performance inspirada de Marco Polo, Almir, Paulo Rafael (violão e guitarra) e o endiabrado Ivinho (guitarra), remanescentes da formação original do Ave. Zé da Flauta, Gilú Amaral (percussão), Juliano Holanda (baixo) e Do Jarro (bateria) complementaram a formação.
“Refazer o show Perfumes y Baratchos, o último de nossa carreira, acontecido há 40 anos, no mesmo local, e com os velhos companheiros de banda, foi uma catarse. Para nós e para o público”, reforça Polo. O áudio do citado espetáculo de 1974 foi retrabalhado pelo Fábrica Estúdios e também lançado em CD e vinil pelo Ripohlandya.
Em outubro, o Ave Sangria tocou no Sesc Belenzinho, em São Paulo, com ótima acolhida. Tanto lá como aqui, grande parte do público que tem acompanhado e curtido a volta dos veteranos roqueiros pernambucanos é formado por gente com idades suficientes para serem filhos ou netos dos músicos da banda. “Isso de fato é surpreendente”, comemora Marco Polo. “Também estavam previstos dois shows no (festival No Ar) Coquetel Molotov, um aqui e outro em Salvador os quais, por motivos que ignoro, foram cancelados. Quanto à volta aos palcos, desde 2008 que venho, sempre a convite, fazendo shows: Recife, Olinda, Caruaru, São Paulo, Psicodália (Santa Catarina) etc”.
Entrevista Marco Polo
Impressiona a quantidade de pessoas jovens que apreciam o Ave Sangria. Quais seriam as explicações para tal devoção renovada?
A descoberta pela internet de nosso trabalho. A prova de que o que nós fizemos tinha qualidade e não ficou datado. A necessidade que os jovens estão recuperando de ter ideais, metas que contribuam para melhorar o mundo, elementos que estão presentes no nosso trabalho, que nunca foi ingênuo ou inocente, mas consciente do que tinha importância naquela época e que se mantém agora. Finalmente, a linguagem meio surrealista, ou psicodélica, que permite uma riqueza de interpretações, fazendo com que o público de certa forma se sinta nosso parceiro na conclusão da obra.
Que bandas e artistas da atualidade tem chamado sua atenção?
Não faço um acompanhamento sistemático do que vem acontecendo, mas gosto muito dos trabalhos da Semente de Vulcão, Dunas do Barato, Babi Jaques e os Sicilianos (rebatizada como Coisa Nostra), Catarina Dee Jah, Karina Bhur, Tagore, Juliano Holanda, Orquestra Contemporânea de Olinda, para citar os que me vêem à mente agora. Certamente estou esquecendo outros tão importantes quanto. Em relação aos mais "velhos" sou fã de Lenine, Zeca Baleiro e Adriana Calcanhoto. Gosto de todos pelo talento, criatividade e originalidade.
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