2015 é marcado por uma década de saudades desta insubstituível artista
Helena Meirelles (Bataguassu, 13 de agosto de 1924) foi uma violeira, cantora e compositora brasileira, reconhecida mundialmente por seu talento como tocadora da denominada viola caipira (às vezes denominada simplesmente viola).
Ela é filha de um paraguaio chamado Ovídio e sua mãe era uma matogrossense que se chamava Ramona.
Helena nasceu em um tempo em que só homens tocavam instrumentos musicais, inclusive o que ela tanto gostava, que era a viola. Mas ela não desistiu e aprendeu a tocar viola escondida e sozinha.
Sua música é reconhecida pelas pessoas nativas do Mato Grosso do Sul como expressão das raízes e da cultura da região.
Cresceu no meio da peãozada, escutando o berrante das comitivas de gado. Desde criança começou a se interessar pelo toque da viola, aprendeu a tocar sozinha observando seu tio e também os paraguaios (amigos de seu avô) que se hospedavam em sua casa.
Enfrentou grande resistência dos pais que tentaram, a todo custo, impedir que ela se tornasse violeira.
Mas pra nossa sorte o destino de Helena Meirelles estava traçado e seu caminho se construiu no braço da viola.
Fugiu de casa com 15 anos e teve seu primeiro filho com 17, no total foram 11 filhos em 3 casamentos.
Desde jovem começou a tocar viola nas festas juninas que aconteciam na beira da estrada boiadeira, na época em que o salão era iluminado por lampião e o chão era de terra batida.
Helena dizia que gostava das festas familiares, mas preferia tocar na zona, na casa das mulheres da vida.
“Na zona eu me divertia com a farra que os peões faziam e não via o tempo passar”.
Contava ainda que nunca foi desrespeitada nos bordéis, mas cansou de ver os peões na zona do Porto 15 mexerem a cerveja com o cano do 38 e bater nas mulheres com guaiaca e espora.
Sua identidade musical foi construída com os ritmos do Mato Grosso do Sul e com influências da música paraguaia.
Subiu ao palco pela primeira vez em 1992, aos 68 anos, quando teve a oportunidade de se apresentar ao lado de Inezita Barroso e da dupla Pena Branca e Xavantinho, no Teatro do Sesc, em São Paulo.
Neste mesmo ano um sobrinho enviou uma fita com gravações amadoras de Helena Meirelles tocando viola para uma revista especializada dos Estados Unidos.
Analfabeta (não sabia ler nem escrever), autodidata, benzedeira, parteira, lavadeira e apaixonada pelo pantanal, uma mulher de fibra, dona de um talento musical inquestionável.
Dizia ela com poesia, “quando escuto um burro urrar ou um toque de berrante, da vontade de voar no vento e cair no meio da boiaderama”.
Gravou quatro discos em seguida. Em 1993, foi eleita pela revista americana Guitar Player (com voto de Eric Clapton), como uma das 100 melhores instrumentistas do mundo, por sua atuação com diversos cordofones, em especial viola e violão.
Numa destas injustiças difíceis de serem explicadas, a valorização de nossa maior violeira aconteceu primeiro no exterior e depois aqui no Brasil.
Sua técnica de solos era muito distinta do que se tinha por habitual à viola caipira, usava uma afinação diferente (não muito bem nomeada por ela, mas vezes evocada como paraguaçú, três cordas ou rio abaixo) além de priorizar o uso horizontal e as variações rítmicas de palhetadas.
Não havia notícia conhecida, até seu aparecimento, sobre esse jeito peculiar de se tocar -prioritariamente solado, os dois violeiros até então influenciado, manutentores e inovadores da herança técnica e sonora deixada por Helena são Milton Araújo e Rainer Miranda.
Helena Meirelles faleceu em São Paulo no dia 28 de setembro de 2005,vítima de parada cardiorespiratória aos 81 anos.
Em 2003 foi concluída a construção de uma concha acústica na cidade de Campo Grande (MS), cujo nome foi batizado em homenagem a violeira Helena Meirelles.
A Concha Acústica Helena Meirelles está localizada no Parque das Nações Indígenas, ao lado do Museu de Arte Contemporânea e possui as seguintes características:
_ Auditório para 1050 pessoas
_ Teatro de Arena com 450 lugares
_ Três camarins.
Álbuns
1994 - Helena Meirelles
1996 - Flor de guavira
1997 - Raiz pantaneira
2002 - Ao vivo (também conhecido como De volta ao Pantanal)
2004 - Os bambas da viola (compilação com um tema de Helena Meirelles)
Filmes
Helena Meirelles, a dama da viola (2004); dir. Francisco de Paula.
Dona Helena (2004); Dir. Dainara Toffoli.
Foi eleita uma das 100 melhores instrumentistas do mundo, por sua atuação nas violas de seis, oito, dez e doze cordas.
"Eu só queria ser eu! Eu sou dona do meu nariz e da minha direção."
Fontes:
http://botecodosbloggers.blogspot.com.br http://violeirovergalim.blogspot.com.br
http://lavrapalavra.blogspot.com.br
http://pt.wikipedia.org/wiki
http://www.culturamix.com
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