Artista, que também era babalorixá, faleceu em decorrência de problemas de saúde
Por Augusto Freitas
Menos de um mês após a perda de Selma do Coco, uma das mais fiéis representantes da cultura pernambucana, faleceu na manhã deste sábado Severino José da Silva. Mais conhecido como Mestre Pombo Roxo, ele morreu aos 70 anos, em decorrência de complicações de saúde. Ele era um dos últimos remanescentes do coco pernambucano. Mestre Pombo Roxo, que também era babalorixá, fazia parte do tradicional projeto Coco do Amaro Branco, no bairro homônimo, em Olinda. O velório deve ocorrer na segunda-feira na sede do projeto e o enterro no cemitério de Guadalupe, também em Olinda.
De acordo com Isa Melo, que trabalhava com o artista no projeto do Amaro Branco, Mestre Pombo Roxo foi socorrido em casa e deu entrada por volta das 4h da manhã de hoje na emergência do Hospital Miguel Arraes, na cidade do Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), mas não resistiu às complicações decorrentes de problemas renais e debilidade física. Segundo Isa, ele também era cadeirante e já apresentava, há algum tempo, dificuldades na voz.
"É uma grande perda para a nossa cultura, logo após a despedida de Dona Selma do Coco. Mestre Pombo Roxo era um dos remanescentes do Coco do Amaro Branco e deixou um legado para a cultura popular e pernambucana em geral. O que nos deixa mais tristes é saber que ele faleceu com muitas debilidades físicas e na pobreza, como tantos outros importantes artistas locais. Sua esposa também é doente, mas esteve com ele até o fim de sua vida. O mestre agora descansou", afirmou, comovida, Isa Melo.
De acordo com o projeto Coco do Amaro Branco, Mestre Pombo Roxo era um dos mais antigos ogans (músicos do candomblé) em atividade no estado de Pernambuco. Babalorixá e juremeiro, Pombo Roxo morava na comunidade do Amaro Branco e era compositor de cocos. Também possuía uma das mais vivas e ricas memórias acerca da brincadeira.
Em 2008, integrou a segunda coletânea do Coco do Amaro Branco cantando as músicas “Vendedor de Caranguejo” e “Chora Maria de Lurdes”, ambas de sua autoria. Reconhecido numa ação do Ministério da Cultura, Pombo Roxo participava ativamente das atividades promovidas pelo Centro Cultural Coco de Umbigada e Centro Cultural Coco do Amaro Branco. Mesmo cadeirante, ele nunca ficou de fora das grandes rodas de coco e palcos da cultura popular.
Pombo Roxo também participou, além da gravação da segunda coletânea do Coco do Amaro Branco, dos seguintes trabalhos: gravação e lançamento do CD Coco do Amaro Branco Vol. 2 (2008), lançamento do documentário “O Coco, a roda, o pneu e o farol”, em 2011, produzido por Mariana Fortes, exposição fotográfica “Coco do Amaro Branco Retratos” (2011) e apresentações no Polo de Cultura Popular de Arcoverde (2012), São João de Olinda (2010, 2011 e 2012), Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), em 2011, e Pernambuco Nação Cultural (2010), em Gravatá.
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