quarta-feira, 29 de outubro de 2014

ENTRE A CONTEMPORANEIDADE E A TRADIÇÃO UM BANDOLIM ENTOA LOAS

Em álbum essencialmente autoral, o músico Marcos Frederico desnuda-se de modo pleno em seu terceiro projeto.

Por Bruno Negromonte





Disseminado por Vilvaldi em Veneza, na Itália, ao longo do século XVII, o bandolim desembarcou no Brasil vindo de Portugal ao final do século XVIII e se popularizou no país a partir, principalmente do choro ao longo do século XIX. Instrumento com oito cordas agrupadas de duas em duas, o bandolim encontrou em nosso país um fértil campo para a difusão de sua envolvente e inebriante sonoridade a partir de exímios executores r grandes solistas. Vários foram os nomes que corroboraram para que o instrumento ganhasse projeção no meio musical brasileiro e um dos mais importantes para isso foi sem dúvida o do carioca Jacob Pick Bittencourt e o do pernambucano Luperce Miranda. Pioneiro, este nos anos de 1920 integrou o grupo Turunas da Mauricéia, e na década seguinte criou o regional que levava seu nome atuando junto a ele em rádios, na gravadora Parlophon e acompanhando nomes expressivos de música popular da época tal qual Francisco Alves, Carmen MirandaMário Reis. Já o segundo por ter tanta afinidade com o instrumento que executava que acabou por adotá-lo em seu nome artístico tornando-se Jacob do Bandolim. Responsável pela autoria de choros como Noites CariocasDoce de Coco, e Receita de Samba, Jacob ganhou visibilidade não apenas a partir de suas composições e exímias execuções ao instrumento, mas também por ser responsável pela criação do regional Época de ouro, grupo de fundamental importância para a música popular brasileira e responsável pela defesa do choro ao longo dos anos de 1960, época esta que a bossa nova reinava quase que modo absoluto. De lá para cá o instrumentista fez escola e deixou além do legado musical, uma influência que paira e ainda permanecerá de modo perene dentro da música brasileira.



Desde então a música popular veio ganhando cada vez mais adeptos do instrumento, onde alguns, nos últimos anos, ganharam destaque como é o caso do instrumentista e compositor Hamilton de Holanda e do artista que hoje aporta em nosso espaço para deleite do público leitor: o mineiro Marcos FredericoNatural de Belo Horizonte, além de compositor, o bandolinista integra o grupo Siricotico, é produtor musical e também domina outros instrumentos de corda como o violão, onde estudou-o junto com teoria musical na Fundação Clóvis Salgado, em Minas Gerais. Em 2007, o músico lançou seu primeiro projeto fonográfico. Lançado também no exterior com o apoio do Clube do Choro de Paris, o disco ganhou o título de "Sinuca tropical" e conta com a participação de alguns nomes do clube do choro de Belo Horizonte como o do jurista e compositor Carlos Walter e da acordeonista Elisa Behrens na execução de faixas como "Beldade" e "Deixa chorar", composições da lavra do artista. Em dezembro de 2011 lançou o seu segundo álbum denominado de “Onze”, que foi gravado estúdio Liquidificador e conta com 11 faixas autorais incluindo aí parcerias com Gabriel GuedesGustavo MaguáRômulo Marques entre outros. O disco teve seu lançamento no Museu de Artes da Pampulha em Belo Horizonte e foi apresentado não apenas no Brasil como também no Exterior. Na biografia do artista ainda contabiliza-se prêmios como o de melhor instrumentista na décima edição do Prêmio BDMG Instrumental em 2010 e sua participação em alguns dos mais importantes eventos de música existentes não apenas no Brasil, assim como também em pairagens internacionais como a 16ª Cúpula de Mercocidades em Montevidéu; o 8º Prêmio Nabor Pires Camargo Instrumentista, em Indaiatuba (SP); o Show do Centenário de Godofredo Guedes; o 9° Festival Tudo é Jazz em Ouro Preto; o Festival Musique Du Monde, em Paris, entre outros.

Recentemente chegou ao mercado o seu terceiro álbum intitulado “Entoando Loas”, mais um disco marcado por adjetivos que pontuam de modo bastante significativo a carreira do músico mineiro nos mais diversos aspectos. Das oito faixas que constituem o disco, algumas foram selecionadas para a trilha sonora da série “Museus de Minas” da Rede Minas de TV. Gravado em grande parte no Liquidificador Estúdio, o disco apresenta duas faixas que foram registradas ao vivo no teatro da biblioteca pública de Belo Horizonte com a participação do violinista francês radicado no Brasil Nicolas Krassik. Trazendo em sua essência sonora Minas GeraisEntoando Loas” traz em sua ficha técnica nomes como o de Flávio Henrique (acordeon, piano e acordeon), Carlos Walter (violão), Dado Prates (flauta), Felipe José (violoncelo), Rafael Martini (piano), Felipe Bastos (bateria), Aloízio Horta (baixo), Daniel Pantoja (flauta). Ricardo Acácio (percussão) e  Thiago Delegado (violão). O projeto gráfico ficou a cargo de Júlio Abreu e da Leonora Weissmann e os responsáveis pelas fotografias foi Élcio Paraísoneste álbum que, segundo o próprio artista, trata-se de uma celebração à vida.

Já estando presente na lista dos mais expressivos instrumentistas da música brasileira de sua geração, Marcos Frederico funde a tradição da música mineira com a contemporaneidade; conseguindo mesclar de modo bastante harmonioso todas as influências que permeiam o seu trabalho com a originalidade que lhe é peculiar. Essas características acabam por embeber o trabalho do músico mineiro com adjetivos bastante fortes que, de certo modo, imbuem a sua produção musical com uma original e singular identidade sonora. A música sem dúvida pulsa forte em sua veia. Da mais simplória às cavas, a boa música encontra em seu corpo um porto seguro e permite-se transportar em acordes e melodias por intermédio dos ágeis movimentos de seus dedos em números que emanam leveza e compromisso estético. Expressando-se de modo virtuoso e original, Marcos mostra-se despretensiosamente hábil e capaz de transitar pelos mais diversos gêneros que aventura-se. Com propriedade, seu instrumento o conduz (e consequentemente também nos leva) as mais diversas pairagens sonoras existentes em execuções muito carregadas de pessoalidade e leveza. Uma leveza quase pueril e que acaba por nos envolver e nos encantar de modo inebriante. Tais características acaba gerando uma certa expectativa em torno desse jovem artista que parece não incomodar-se com tal responsabilidade, pelo contrário, tal condição acaba oportunizando-o a uma produção cada vez maior e diversificada, indo das trilhas aos jingles (como o que lhe deu o primeiro lugar no concurso de da rádio UFMG Educativa). Parece que o contexto de fato o é favorável, pois tal responsabilidade o artista parece tirar de letra, ou melhor, tirar em notas musicais.



Maiores Informações:

Site Oficial - http://marcosfrederico.com/

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Contato - tel. 55 (31) 9617 2247 / marcos@liquidificador.com

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