Em uma sequência de discos lançados anualmente desde 2015, o músico apresenta agora 'Jazz standards', projeto que reúne alguns clássicos do gênero musical norte-americano
Por Bruno Negromonte
Filho de dois ícones da teledramaturgia nacional (Janete Clair e Dias Gomes), o baterista carioca Alfredo Dias Gomes preferiu seguir outro viés para dar vazão ao seu talento artístico quando se lançou como instrumentista a pouco mais de quatro décadas atrás. Ao longo desta estrada, Alfredo teve a sorte de dividir o palco com alguns dos mais conceituados e relevantes artistas da música popular brasileira desde quando aventurou-se a dar os seus primeiros passos, ou melhor, se aventurar entre compassos. Para se ter ideia, a sua carreira de modo profissional já teve início com um dos mais relevantes e conceituados instrumentistas brasileiro de todos os tempos: Hermeto Pascoal. Ao lado do "bruxo", o baterista, então com 18 anos, gravou em 1980 o disco "Cérebro Magnético", terceiro álbum gravado pelo alagoano na Warner e que composto por canções como "Dança Da Selva Na Cidade Grande", "Religiosidade", "Correu Tanto Que Sumiu" entre outras reitera a inconfundível maestria experimental que Hermeto desenvolve ainda hoje como ninguém. Além dessa primeira experiência fonográfica, ainda houve a sua participação em inúmeros shows ao lado do multi-instrumentista, com destaque para o "II Festival de Jazz de São Paulo" e o "Rio Monterrey Festival". Na sequência, ao longo dos anos, sua atuação ao lado de nomes como Ivan Lins, Lulu Santos, Ritchie, Kid Abelha, Sérgio Dias dentre outros corroboraram significadamente para substanciar a sua arte neste mosaico sonoro composto pelos mais distintos gêneros que o músico vem procurando agregar ao firmar parcerias também como nomes que compõe o cenário instrumental brasileiro a exemplo dos conceituados Ricardo Silveira e Victor Biglione, Torcuato Mariano; e dos saudosos Arthur Maia e Nico Assumpção.
Inquietamente criativo, o baterista também vem somando ao longo das últimas décadas à sua carreira projetos pessoais como é o caso do grupo Heróis da Resistência, que formado ao lado do cantor e compositor Leoni, o guitarrsita Jorge Shy e o pianista Lulu Martin foram responsável por sucessos do rock nacional a partir dos anos de 1980 a exemplo das canções "Dublê de Corpo", "Só Pro Meu Prazer", "O Que Eu Sempre Quis" entre outros hits que tocam até os dias atuais. Apesar do estrondoso sucesso do grupo, a ideia de lançar-se em carreira solo começou a permear sua cabeça ainda na década de 1980, quando em 1985 lançou o single "Serviço Secreto". No entanto, só a partir da década seguinte o músico percebeu que já era hora de alçar esse vôo. Deste então vem lançando projetos fonográficos regularmente desde 1991 em álbum que contou com a participação especial do Ivan Lins. Nessa sequência ao longo de quase três décadas o músico trouxe para o grande público projetos como "Ecos" (2000), "Looking Back" (2015), "Corona borealis" (2010) entre outros álbuns que contaram com a participação de alguns dos principais nomes da música instrumental brasileira a exemplo de Marcelo Martins, Glauton Campello, Arthur Maia, Torcuato Mariano, Nico Assumpção, Marco Lobo, Márcio Montarroyos entre outros expressivos nomes que corroboraram tanto para dar corpo e alma para canções autorais como também para releituras a exemplo de "Milestones" (Miles Davis), "500 miles high" (Chick Corea), entre outras, em uma sequência de destacáveis álbuns a exemplo do "Solar", projeto autoral que foi apresentado aqui mesmo em nosso espaço ao longo de 2019.
Agora, um ano depois, o compositor e baterista permite-se e deixa emergir a sua paixão pelo jazz a partir de uma sequência de nove interpretações que abrange grandes nomes do gênero em uma verdadeira viagem musical em território sonoro americano a exemplo de Miles Davis, Freddie Hubbard, Juan Tizol, Ray Noble, John Coltrane, Dizzy Gillespie, Duke Ellington, entre outros. Lançados de modo físico e virtual, "Jazz standards" apresenta faixas que abrangem quatro décadas de música em reminiscências musicais que vão de 1936 (com a faixa "Caravan") até 1976 (com o registro de "Footprints"). Trata-se da concretização em disco da constante influência do gênero na carreira do músico assim como também uma realização pessoal onde ele permite-se tornar ainda mais amálgama a sua sonoridade, tendo para isso o auxílio luxuoso dos nomes de Jessé Sadoc (trompete), Widor Santiago (sax tenor), Jefferson Lescowich (baixo) e Lulu Martin (teclado).
Em síntese "Jazz standars" é um disco simbólico por duas razões: uma para o grande público, outra para o próprio intérprete.r Primeiro por, de modo coeso, sintetizar como poucos álbuns lançados no mercado brasileiro a história sonora de um gênero musical e segundo por ter sido a realização de um desejo antigo do autor como ele mesmo comenta: “Já venho com esse pensamento há algum tempo, pois são clássicos. E quis gravá-los sem pensar como eles foram gravados, ou seja, sem aquela preocupação de ouvir, exatamente para não ser influenciado. Obviamente, já ouvi os originais em outras ocasiões. Então, gravei como se fossem canções novas. Realmente, as toquei de uma maneira inédita, ou seja, à minha maneira.”. A inquietude artística de Alfredo permite-o não apenas uma frenética produção fonográfica como a que temos acompanhado ao longo dos últimos anos, mas também gera a possibilidade a ele de permear caminhos sonoros pouco convencionais ou nunca explorados nestas estradas vicinais que os mais distintos gêneros musicais permitem. Mesmo quando tudo parece ser óbvio, Dias Gomes mostra-se inventivo, e com uma assinatura bastante pessoal, chancela de modo singular o que poderia tornar-se até mesmo trivial. Desse modo, as tônicas fogem do esperado e as releituras surpreendem como é o caso deste recente projeto, seu primeiro álbum, literalmente, como um legítimo jazzman. Um sonho realizado, "Jazz standars" não é apenas um álbum deleite para os amantes do gênero, mas a reiteração sonora de um talentoso artista que mostra-se sem amarras, fronteiras ou rótulos; em um trabalho que universaliza as aptidões que o constitui e que foram lapidadas ao longo das distintas experiências somadas a partir dos palcos e dos estúdios de gravação pelo qual passou.
Maiores informações:
Google play - https://play.google.com/store/music/artist/Alfredo_Dias_Gomes?id=Aojrxbalvbqvt5bayc7qmrrzkli&hl=pt_BR
Spotify - https://open.spotify.com/album/3MmHc6TClT83LJQMEZ0Zqg
Napster - https://br.napster.com/artist/alfredo-dias-gomes/album/alfredo-dias-gomesAmazon - https://www.amazon.com/s?k=alfredo+dias+gomes&i=digital-music&ref=nb_sb_noss
Itunes- https://itunes.apple.com/br/artist/alfredo-dias-gomes/298829349?l=en
CD Baby - https://store.cdbaby.com/Artist/AlfredoDiasGomesReverbnation - https://www.reverbnation.com/alfredodiasgomes
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