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sexta-feira, 21 de maio de 2010

01 ANO SEM ZÉ RODRIX

Por Bruno Negromonte

Ao longo dessa semana há uma data especifica que muitos gostariam não lembrar. Faz 01 ano que o estimado Zé Rodrix nos deixou...
Foi em um 22 de maio que Zé partiu. Talvez ele tenha pego uma carona em algum rabo de cometa ou uma carona com Jesus numa moto que o conduziu para uma temporada na eternidade.
Talvez lá ele tenha encontrado a tão sonhada casa no campo a qual ele tanto almejava e esteja por lá conspirando com algumas estrelas uma maneira de inspirar quem ficou por aqui.
Quem sabe a partir dessa trama, a luz que ele emana não ajude novos talentos a comporem muitos e muitos rocks rurais.
Nesse primeiro ano de ausência ele pode ter a certeza de que ao partir, os amigos do peito (dos quais ele tanto o queriam próximos), continuam mantendo viva a sua lembrança como a uma pira eterna no peito de cada fã e amigo que sempre procurará manter acessa e viva em cada coração a sua lembrança.
Hoje, nessa imensa casa de um campo sem fim que o abriga, ele se encontra do tamanho da paz que tanto desejou e não há mais o que se preocupar com os limites do corpo. Agora ele ultrapassa qualquer lógica e razão.
Tudo o que ele sempre desejou está lá. E a semente ele deixou plantada e semeada aqui antes de partir. Obrigado Zé por ter deixado aqui plantados amigos, discos e livros.
E não é por conta da lembrança do primeiro ano que ficaremos tristes, ok?
Afinal, mesmo sem a sua presença física vale lembrar que hoje ainda é dia de rock!

Zé Rodrix - Para Sempre (2001)
Faixas:
01 - Latino Americano
02 - Quandoo Será
03 - Casa No Campo
04 - Ilha Deserta
05 - Coisas Pequenas
06 - Donde Estara Mi Vida
07 - Cadulac 52
08 - Casca De Caracol
09 - Hora Extra
10 - Chamada Geral
11 - Circuito Universitario
12 - Tomando Chá
13 - É Impossível Parar De Dançar
14 - O Espigão

domingo, 16 de maio de 2010

PINHEIRO SE REVELA AO CONTAR HISTÓRIAS DE CANÇÕES

Compositor reservado, do qual pouco se ouve falar no circo da mídia por conta de sua postura reclusa, Paulo César Pinheiro revela algo de sua personalidade ao detalhar a gênese de 65 de suas estimadas duas mil músicas em Histórias das Minhas Canções, livro lançado neste mês de maio de 2010 pela editora LeYA. É com justificado orgulho que o poeta classifica como obra-prima temas como Matita-Perê (1973), sua primeira parceria com Tom Jobim (1927 - 1994), inaugurada - revela ele no livro - depois que o maestro soberano ouviu Sagarana (1969), parceria de Pinheiro com o violonista João de Aquino, composta em homenagem a Tom. Traços de vaidade, da firmeza ideológica e do caráter boêmio vão sendo esboçados nos relatos à medida em que Pinheiro recorda em narrativa coloquial a origem das 65 músicas que selecionou para abordar no livro. Sincero, o autor não camufla nem os ciúmes entre parceiros - como o que sentiu Vinicius de Moraes (1913 - 1980) ao ouvir num bar de Ipanema a letra de Lapinha, feita por Pinheiro em 1965, aos 16 anos, em cima de melodia lhe confiada por Baden Powell (1937 - 2000). Vinicius, mais tarde, venceria o ciúme e se tornaria amigo de Pinheiro. Que sempre exerceu a poligamia musical, já contabilizando cerca de 150 parceiros. Com Baden, criou sambas cheios de verve como Cai Dentro (1979) - este composto por encomenda de Elis Regina (1945 - 1982) para alfinetar cantora que vinha ganhando prestígio e autoridade no mundo do samba, o que irritou Elis (Pinheiro não revela o nome da cantora, mas é provável que seja Beth Carvalho, desafeto da Pimentinha desde que elas disputaram a primazia de lançar - em 1973 - o samba Folhas Secas, de Nelson Cavaquinho).

Pelo apego do poeta à boemia, muitas obras-primas nasceram em mesas de bar. Foi o caso de Menino Deus (1974), cuja melodia foi cantarolada entre uma cerveja e outra por Mauro Duarte (1930 - 1989). Fascinado pela beleza da melodia, Pinheiro foi em busca de Duarte num cortiço de Botafogo para ter a oportunidade de criar os versos que seriam imortalizados na voz de Clara Nunes (1942 - 1983) - intérprete também do forte Canto das Três Raças (1976), samba-enredo criado por Paulo com o mesmo Mauro Duarte com a intenção de evocar as tradições melódicas do gênero, à moda dos sambas de Silas de Oliveira (1916 - 1972). Às vezes, relata o compositor, a inspiração pode vir de uma mera palavra de jornal - como Mordaça, musa do samba composto com Eduardo Gudin em 1974. Em outras, a inspiração real acaba ofuscada pelo sentido posterior que uma música pode adquirir. Exemplo é Tô Voltando, o samba que Pinheiro letrou para retratar a saudade que o autor da melodia, Maurício Tapajós (1943 - 1995), sentia de sua casa e de sua família quando viajava em turnê pelo Brasil. Mas que acabou se tornando um dos hinos dos exilados que regressavam ao Brasil naquele ano de 1979, beneficiados pela anistia. Enfim, são muitas as histórias. Quase todas saborosas. Por sua notória habilidade com as palavras, Pinheiro sabe contar um causo. E o mais interessante é que, através das histórias de suas canções, o livro desvenda sua personalidade e, por tabela, também as de seus parceiros mais frequentes. Paira ao longo das 256 páginas a forte ideologia de um compositor que sempre foi fiel a si mesmo, sem jamais ter se submetido às leis frágeis da volátil indústria do disco.

ZÉ RAMALHO REVISITA OBRA DE OUTRO RELEVANTE PARAIBANO

Zé Ramalho acaba de gravar um CD, para o selo Discobertas, só com músicas pinçadas do repertório de Jackson do Pandeiro. Nesta entrevista exclusiva, ele fala sobre Jackson, explica porque gravou determinadas músicas, elogia as bandas de "fuleiragem music", se mostra desiludido com o mercado do disco e não sabe se ainda fará um com composições inéditas. Confira.

Por José Teles

Quem nasceu no Nordeste cresceu ouvindo Jackson e outros nomes do forró, que tocava muito nas rádios da região. Qual a lembrança mais antiga que você tem de Jackson, de uma música dele?

ZÉ RAMALHO – No final da década de 50, a partir dos meus dez anos de idade, morava em Campina Grande e, nesse tempo, Jackson tocava muito no rádio. E, provavelmente, uma das músicas mais executadas em rádio AM era Sebastiana. Havia também algumas marchas de Carnaval que Jackson gravava, nesse tempo.

E a influência de Jackson em sua música. Ela está presente onde? No ritmo, na abertura para cantar todos os gêneros e usar todos os instrumentos?

ZÉ RAMALHO – Primeiro, na contagiante alegria que ele me passa quando escuto seus discos. E o mais importante dado que me passou foi o senso de divisão do seu canto. Domínio total dos compassos e pausas, brincando como um moleque dentro da melodia e das palavras. Um mestre que, cada vez mais, depois da sua prematura morte, é reverenciado por toda a comunidade da MPB.

Na época em que você tocava com Alceu chegou a fazer shows com Jackson? Como era a relação entre ele e vocês, todo mundo na época meio hippie, cabeludos e tal?

ZÉ RAMALHO – Alceu fez um Projeto Pixinguinha com Jackson do Pandeiro. Eu já não tocava mais na sua banda, mas tive oportunidade, aqui no Rio de Janeiro, de participar de um show no Teatro João Caetano, onde Jackson estava entre nós, cabeludos hippies. Eu, Fagner e Moraes Moreira. E também estive com ele nos camarins dos shows da vida.

Uma influência obviamente forte em sua carreira vem da cantoria de viola, mas isso começou depois do filme de Tânia Quaresma, Nordeste: cordel, repente, canção, em que você trabalhou com Lula Cortês, ou já a trazia de antes?

ZÉ RAMALHO – O filme da Tânia Quaresma não tem absolutamente nenhuma presença de Lula Cortês. Eu fui o rastreador e diretor musical em algumas gravações, que foram feitas pelos sertões nordestinos. E a ligação com a cantoria já havia em mim, por isso mesmo que fui solicitado pela diretora Tânia Quaresma para fazer parte da equipe de gravação do filme. (Nota: na faixa 4, do LP 1, da trilha sonora do documentário, Zé Ramalho e Lula Cortês cantam Martelo alagoano, atribuída a Zé Limeira).

E Jackson realmente criou toda uma escola de cantar, em gente como Jacinto Silva, Oswaldo Oliveira, Joci Batista, Silvério Pessoa, Gilberto Gil. Você concorda que as três mais importantes vozes-guia da MPB foram Orlando Silva, Jackson do Pandeiro e João Gilberto?

ZÉ RAMALHO – Concordo, mas tem que ser colocada mais uma voz: a do mestre Luiz Gonzaga, que está na mesma altura dos nomes que você citou.

No release do disco, você cita Jackson como uma das duas pilastras que seguram a música nordestina. Apesar disto, praticamente toda a discografia dele está fora de catálogo. Como você explicaria isso?

ZÉ RAMALHO – Bem, em se tratando de músicas de raiz, como é o caso do Jackson, não há nenhum interesse em relançar a discografia dele, que é muito extensa, em formato CD. Quem tem os discos originais em vinil está com o tesouro, muito embora várias edições originais tenham sido formatadas em CD e postas à venda. Pena que não existam mais gravadoras e os acervos que elas continham foram para o beleléu.

O repertório de Jackson do Pandeiro é caudaloso. Qual critério para escolher as quatro músicas gravadas especificamente para esse projeto?

ZÉ RAMALHO – O primeiro critério é o sentimento que essas canções, que eu regravei, me passaram. Por exemplo, a música que abre o disco, Lamento cego, é uma recordação que ele teve das feiras nordestinas e dos cegos, mendigos e pedintes que existiam nesses eventos. É um sentimento puro, que eu senti cantando tal lamento. Assim como a música Lá vai a boiada também contém um sentimento triste, pois fala da paisagem, também muito triste, da seca nordestina. Além de Quadro negro, que mostra a sagacidade e a malícia inteligente e perspicaz, que expõe a letra. Nesse caso, uma alegria e mais uma molecada do Jackson.

Você, no passado, gravou um disco com músicas gravadas por Luiz Gonzaga, que foi o seu show de São João. Este de Jackson seria seu disco junino?

ZÉ RAMALHO – Não faz assim tanto tempo que eu lancei Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga. Pode ser considerado um disco junino, mas ao mesmo tempo, ele é solto, independe da estação sazonal. Poderá ser ouvido a qualquer dia e a qualquer hora.

Você é presença garantida nas maiores festas de São João do Nordeste, porém o forró autêntico vem sendo, digamos acuado, pelas bandas que se dizem de forró, mas que chamo de fuleiragem music. Como você vê o sucesso destes grupos, produzidos por grandes empresários?

ZÉ RAMALHO – O sucesso desses grupos não pode ser questionado como fuleiragem, porque não acho que sejam. Fazem um formato diferente do ritmo que se chama de forró, revestido de luxo, sensualidade e riqueza na produção. Apenas não podem ser chamados de grupos de música de raiz. Se a avaliação crítica não gosta, nem se agrada dessas bandas, nada poderão fazer, diante do sucesso e público que eles alcançaram.

E disco de inéditas, Zé, quando vem o próximo?

ZÉ RAMALHO – Não sei ao certo. Tenho material inédito para gravar, só que não sei quando. De vez que, cada vez menos, há um público que compre discos em lojas – cada vez mais escassas – ou em sites, a que só uma parte do público consumidor tem acesso. É como atirar pérolas aos porcos. Não sei se terei tolerância e paciência para gravar um disco só com minhas músicas, letras e arranjos, para ter que ser, também, o lançador, controlador e recolhedor em todo o processo de consumo. É um saco e uma tristeza me ver nesse tempo em que os valores foram invertidos. Rádios, televisões, mídia em geral, nenhuma dessas facções se interessará por nenhum disco que tenha músicas inéditas – não importando o artista, nem o tempo de carreira que ele tenha.

sábado, 15 de maio de 2010

TALENTOS HERDADOS

Max Viana é cantor e também compositor. Entre suas influências musicais estão ritmos como jazz, soul music, black music, MPB e flamenco.
Talvez alguns não saibam, mas Max é filho do cantor e compositor alagoano Djavan e possui ascendência neerlandesa do lado paterno. Partindo para o lado acadêmico, Max abandonou a faculdade de Economia para estudar no Guitar Institute of Technology, em Los Angeles, onde obteve aulas do exímio guitarrista Scott Henderson.
Ao retornar ao Brasil tocou com o charmeiro Edmon, gravou com Zé Ricardo, integrou a banda Sindicato Soul por três anos ao lado do vocalista Sérgio Lorosa. Fez parcerias com Jair Rodrigues em canções como "Domingo de Verão" e "Prazer e Luz".
Em shows de Bernardo Lobo, dividiu o palco com Chico Buarque, Milton Nascimento e Edu Lobo. Procurou investir em aulas de canto para defender as músicas que escrevia. Foi quando em 1998, a partir do álbum Bicho Solto, que Max passou a participar dos discos e shows do pai. Nesse mesmo ano deu início a gravação do que viria a ser o seu primeiro disco solo No Calçadão, que devido às gravações de Milagreiro, de Djavan, teve de esperar até o ano de 2003. Quatro anos mais tarde gravou Com Mais Cor.

MAX VIANA - COM MAIS COR (2007)

FAIXAS:
01 - Colo pra você
02 - Sussurro
03 - Disque sim
04 - Te liguei
05 - Mais um
06 - Acabar bem
07 - Vilarejo
08 - Pra quem faz uma canção de amor
09 - Com mais cor
10 - Uma história por contar
11 - Você não entendeu
12 - Hoje eu quero sair só
13 - Quando amanhecer

sexta-feira, 14 de maio de 2010

JOÃO SILVA E SUAS RAÍZES

O sertão de João Silva é puro. Daí o nome do seu novo CD, Sertão puro. As imagens do seu passado em Arcoverde estão cristalizadas desde que ele deixou sua cidade natal e foi morar no Rio de Janeiro. Fez carreira, formou família, conheceu, produziu e foi parceiro de Luiz Gonzaga em muitas músicas de sucesso, a partir do LP Danado de bom, até o final da vida do rei do baião. Há dois anos morando pertinho do mar de Boa Viagem, João tem sua história evidenciada num filme documentário (Recordações nordestinas, da Mariola Filmes, ainda não lançado), num livro (Pra não morrer de tristeza, de José Maria Almeida Marques), e agora num novo álbum, inédito, autoral e sem parcerias.

João Silva começou a gravar o disco em 2009, e não teve pressa. O objetivo é que a parceria com o produtor não batesse com o seu gosto. "Eu gosto de ser produzido, fico mais liberto, mas quando querem fugir da raiz e justificar alguma coisa, não deixo. É a raiz que eu defendo", diz o forrozeiro. O lançamento, hoje às 20hs na loja Passadisco (Shopping Sítio da Trindade, Estrada do Encanamento) deve reunir a nata do pé-de-serra, incluindo Gennaro, que produziu o disco junto com João e colocou sua sanfona; Walkyria, que fez coro com Gennaro e Quartinha, o lendário zabumbeiro e triangueiro, que também tocou com Gonzaga e toca com Dominguinhos, entre outros bons do forró.

O forró de João é trabalhado no baião. Com a voz e a sanfona na frente, acompanhada pelo trio zabumba, triângulo e agogô, encorpada pelo baixo, guitarra e bateria. A poesia de João é também elemento principal. Elas saem de uma memória geográfica, física e sentimental do compositor, que deixou Arcoverde ainda jovem, mas nunca se desligou de certas imagens, paisagens e comportamentos. Para João, o máximo da mudança no Sertão foi o asfalto e a luz elétrica. "O resto está quase tudo igual". E o que resta da cultura de sua época, na sua opinião, tem que ser preservado.

"Você vê uma brejeira pegar uma bandeija de café secado no terreiro e ir pilar com orgulho no pilão. Depois ir no moinho de pedra moer o xerém, hoje não tem mais isso". O disco então é saudosista? "Tem uma parte de saudosismo e uma parte de preservação da memória. Eu sou escritor do pequeno analfabeto", diz.

Memória ou realidade do pobre do Sertão, o disco de João relaciona rica e simplesmente homem, natureza, cultura e sociedade. "Catinga de palha que queime as palha/ mas não mexa na folha desse marmeleiro/ que no final dessa trilha mora/ uma família trabalhadeira num furmigueiro", canta em A formiga e o sertanejo.

"Pedi as conta tô de malas pronta/ por que cheguei agora a conclusão/ que a gente sai do nosso pé de serra/ mas o nordeste sai de nós não", canta em Baioneiro Gonzagão, que fez inspirado no inverso da Triste partida, de Patativa do Assará, onde o homem rural, nordestino, pobre, vai tentar a vida nas "terras do sul". João, ao contrário, foi e experimentou o prazer da volta. Ele também aproveita o novo cancioneiro e inclui uma crítica pertinente ao novo cenáriodo forró. Em Aonde mora meu baião, canta que, "xotizinho vez em quando é bom/ mas é feito bolo de brôa/ todo noite, toda dia enjôa". E tem o recado ainda para os que pensam que, depois da fama e do dinheiro, ele mudou. "Foi o gado e a fazenda/ a marca do meu carro/ e o meu dinheiro que aumentou/ mas mesmo assim/ minha vidinha continua/ comendo baião de dois, tumando facé de cuia".

quinta-feira, 13 de maio de 2010

ENTREVISTA COM GLAUTON CAMPELLO

Pianista e tecladista, dispensa comentários… sua musicalidade, balanço e versatilidade já fez estória no cenário da música brasileira, trabalhando ao lado dos grandes da música… só pra dar um curto exemplo: na MPB- Djavan, no rock - Léo Jaime, e na música instrumental – Arthur Maia…
Participante do primeira temporada do Projeto "2+2 = Jazz", ele nos conta um pouco da sua trajetória musical…

Fale de sua formação musical e de sua opção pelo piano.
GC - A opção foi mais uma coisa "medieval" (rsrs), ou seja me foi passado o ofício da minha mãe, que é formada em canto e piano pela antiga ENM, hoje UFRJ. Desde os seis anos entrei em um curso técnico que havia na Escola de Música, naquele tempo chamado de "Iniciação Musical" e lá fiquei, passando por seus diversos níveis, até completar 17 anos de idade. Concomitantemente, minha mãe, que é professora aposentada de Declamação Lírica da UFRJ, me dava aulas de piano em casa, até que veio a rebeldia, o abandono do piano e, à época do vestibular, a opção por Engenharia Agronômica. Já com perto de 70% do curso de E. Agronômica concluído, me vi às voltas com o piano de novo e optei por seguir carreira na música, agora já pensando em termos jazzísticos, o que a deixava, pelo menos para mim, muito mais palatável.

Quais foram as suas principais influências e qual a importancia deles na sua música?
GC - Acho que, no que diz respeito ao jazz, Herbie Hancock e McCoy Tyner foram os principais, pela maneira como encaram a música e pelas possibilidades que extraem desta. Foram os principais mas não os únicos, então, temos uma gama de instrumentistas, como Lyle Mays, Pat Metheny, Rick Wakeman ( pois é... talvez tenha sido o principal responsável por me fazer voltar ao piano... ), César Camargo, Jota Moraes, muitos guitarristas ( Larry Carlton, Mike Stern, Pat Martino, Robben Ford, etc.). Na formação do que eu chamo de "minha música", todos contribuíram, muito ou pouco, uns com muito swing, outro com grande inventividade melódica, outro com sua inquietação e inventividade...

Cite os CDs que mais te influenciaram.
GC - Herbie Hancock - The Prisoner, Pat Metheny Group ( aquele todo branco, de 1979 ), Larry Carlton ao vivo no Japão ( o segundo disco ), Chick Corea Secret Agent e The Mad Hatter, um do Miles ao vivo que tem All Blues e Seven Steps to Heaven, e por aí vai...

Como foi a sua experiência nos Estados Unidos e qual a influência que essa experiencia teve no seu trabalho profissional?
GC - Foi muito bom. Você sofre um processo de imersão musical que te beneficia muito, você vê pessoas tocando muito bem, arranjando muito bem, aquilo te dá muita força para voce buscar seu caminho, é uma espécie de "inveja saudável" : voce quer se superar tendo como meta alguém que voce admira, que voce vê tocar sempre... é muito bom ir a um clubinho de jazz e ver o Jim Beard tocando, o McCoy... são essas "sacudidas"que fazem voce progredir.
A seriedade contida no meio acadêmico musical dos USA é muito saudável e faz com que voce "pense"a música de maneira mais objetiva e, ao contrário do que o "folclore" apregoa, isso não tira a espontaneidade do processo. Apenas ajuda a agilizá-lo. Coisas como leitura, raciocínio harmônico e objetividade - ou pragmatismo musical, como queira - só fazem com que o processo seja menos demorado.

E o seu CD - aguardado pelos que te admiram e não desistem vai sair?
GC - Rapaz, por enquanto, não. Tenho coisas na gaveta, mas falta tempo hábil para transformá-las em música propriamente dita.

Qual conselho daria para um jovem músico?
GC - Invista numa loja de esfihas... hahaha!!!... desculpe, não resisti.... bem, invista sim, mas na criatividade. Não só musical, mas em outros campos também. Até porque no estado em que está o mercado fonográfico, a criatividade não pode só se resumir em música, mas em descobrir novas formas de veicular seu trabalho, comercializá-lo, afinal de contas, isso é uma profissão, não é? Não chego ao cúmulo de chamar música de "produto", mas, sem dúvida, é uma coisa que deve ser vendida, para nossa própria subsistência. Grande parte da nossa profissão, ao contrário do que parece, não é fazer música. Essa é a parte mais prazerosa. Mas se não houver o lado business, o "escritório aberto", voce vai fazer a sua linda música e ninguém vai comprar o DVD, nem baixar daquele site pago da internet, e nem ir ao show no clube em que voce vai tocar. Por que? Porque voce só fez a música e esqueceu do business. Ou voce achava que eram só flores?

DICAS DA MUSICARIA

Cauby Interpreta Roberto (2009)

Faixas:
01 - Proposta
02 - De Tanto Amor
03 - A Volta
04 - Sentado À Beira do Caminho
05 - Os seus Botões
06 - Música Suave
07 - As Flores do Jardim da Nossa Casa
08 - Não Se Esqueça de Mim
09 - Desabafo
10 - Olha
11 - A Distância
12 - O Show Já Terminou

quarta-feira, 12 de maio de 2010

30 ANOS DE FEMINILIDADE

Por Joyce Moreno

No Dia Internacional da Mulher o site MPB.com me pediu um texto sobre os 30 anos de lançamento do meu disco 'Feminina', seus desdobramentos e reflexos no nosso cancioneiro. Passado já um mês da publicação pelo site, peço licença aos leitores para reproduzir este texto aqui no blog.

Em 1980 minha vida estava mudando. Depois de um período de parada quase total das atividades musicais, por conta do nascimento de minhas filhas, voltei a compor direto, vi minhas músicas serem gravadas pelas mais importantes vozes do Brasil e finalmente fui convidada a gravar um disco meu pela EMI-Odeon. Este disco se chamaria "Feminina", e seria um marco em meu trabalho e em minha vida.

Para começar, porque pela primeira vez, eu tinha o controle absoluto do meu próprio trabalho. Tudo ali era pensado e criado por mim: as músicas, os arranjos básicos, os violões, os vocais, a maioria das letras, as idéias, o conceito. Pois era um disco autoral e conceitual, e refletia exatamente tudo o que eu queria dizer naquele momento, a partir do discurso no feminino singular, que no comecinho de minha carreira fora quase que apedrejado em praça pública. Enfim, era uma mulher assumindo o controle.


Quase todos os meus maiores sucessos de carreira estavam contidos naquele LP. Muitas daquelas canções já haviam sido gravadas por Elis, Milton, Nana, Bethania, Boca Livre e outras vozes. Mas ainda havia coisas inéditas, e com uma destas, "Clareana", fui classificada no Festival MPB-80 e explodi nacionalmente, no mesmo palco onde fora vaiada 13 anos antes ao cantar "já me disseram/ que meu homem não me ama". A menina de 19 anos que dizia "meu homem" em 1967 era chocante demais para o Brasil daquele momento. Mas a mãe que em 1980 cantava o amor por suas meninas estava livre para ser amada pelo povo brasileiro, àquela altura já cascudo por declarações de cama, mesa e banho, feitas por 10 entre 10 novas cantoras que chegavam na MPB aos borbotões.

Essa dicotomia santa/devassa sempre me incomodara na música brasileira, e eu não queria estar em nenhuma das duas posições. Por isso mesmo tinha feito, com minha parceira Ana Terra, músicas como 'Essa Mulher' e 'Da Cor Brasileira'. E propunha uma reflexão mais abrangente do assunto em 'Feminina', um samba-jazz-quase mandala, de mãe pra filha e de filha pra mãe, questionando se 'o cabelo, o dengo, o olhar' teriam mesmo tanta importância assim na construção da nossa identidade.

Hoje ninguém mais se assusta com mais nada, graças a Deus, e nós mulheres podemos inclusive pegar o bonde de volta pra casa e parir, criar, trabalhar, amar, fazer ou não fazer tudo isso ou nada disso, conforme nossa escolha. Tenho certeza de que a música brasileira foi importante nesse movimento. E cada vez que vejo no YouTube uma criança cantando 'Clara, Ana e quem mais chegar', ou um coral de meninas cantando "ô mãe, me explica, me ensina"', ou Maria Rita revivendo 'Essa Mulher' com lágrimas nos olhos, ou Maria Bethania cantando 'é o homem da cor brasileira, a loucura, a besteira que dorme comigo" - quando vejo tudo isso, sei que ter gravado o "Feminina" há 30 anos atrás teve alguma participação na construção do nosso imaginário feminino.


JOYCE - FEMININA (1980)
Faixas:
01 - Feminina (Joyce)
02 - Mistérios (Joyce / Maurício Maestro)
03 - Clareana (Joyce)
04 - Banana (Joyce)
05 - Revendo Amigos (Joyce)
06 - Essa Mulher (Joyce / Ana Terra)
07 - Coração de Criança (Joyce / Fernando Leporace)
08 - Da Cor Brasileira (Joyce / Ana Terra)
09 - Aldeia de Ogum (Joyce)
10 - Compor (Joyce)

terça-feira, 11 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

CURIOSIDADES DA MPB

A primeira música assinada por Raul Seixas/Paulo Coelho, "Caroço de Manga", na verdade foi composta apenas por Raul Seixas, para incentivar o amigo, ele colocou o nome de Paulo Coelho na música, que mais tarde afirmou que aprendeu a escrever graças a linguagem popular que Raul Seixas o ensinara. Outra questão interessante é que os parceiros de composições de Raul Seixas costumavam ser seus amigos e por vezes até suas mulheres, frisando que Raul Seixas era muito generoso em dividir parcerias com todos eles.

sábado, 8 de maio de 2010

EXCLUSIVIDADE MUSICARIA BRASIL

Em homenagem ao dia das mães!!!

Elas Cantam Caetano Veloso (2010)
Faixas:
01 - Coração Vagabundo (Ana Cañas)
02 - Sou Você (Daniela Mercury)
03- Você Não Entende Nada (Gal Costa)
04 - Pé Do Meu Samba (Mart'nália)
05 - Reconvexo (Maria Bethânia)
06 - Desde Que O Samba É Samba (Belô Veloso)
07 - Oração Ao Tempo (Luiza Possi)
08 - Diariamente (Marisa Monte)
09 - Nosso Estranho Amor (Marina Lima)
10 - Divino Maravilhoso (Shirle de Moraes)
11 - Odara (Nara Leão)
12 - Não Tenha Medo (Elis Regina)
13 - Menino Do Rio (Baby Consuelo)
14 - Dor De Cotovelo (Elza Soares)
15 - A Rã (Maria Gadú)
16 - Dom De Iludir (Tânia Alves)

ROBERTO CARLOS NO CARNAVAL

Em reunião na tarde desta terça-feira no barracão da escola, na Cidade do Samba, a diretoria da Beija-Flor de Nilópolis decidiu que o desfile da azul-e-branco para o Carnaval 2011 terá como tema a vida e a carreira do Rei Roberto Carlos. O título do enredo é “A simplicidade do Rei”.
Os integrantes da comissão de carnaval da agremiação, composta por Laíla, Fran Sérgio, Alexandre Louzada, Ubiratan Silva e Victor Santos, se reuniram com o artista, que está comemorando 50 anos de carreira.
No encontro de duas horas e meia que aconteceu em São Paulo, na segunda-feira, 3 de maio de 2010, Roberto comentou que a admiração pela Beija-Flor vem de longa data, disse que pretende acompanhar os preparativos do desfile bem de perto, e não fez nenhum pedido ou exigência aos carnavalescos na criação do espetáculo.
Para o diretor de carnaval Laíla, o aspecto mais marcante deste primeiro contato com Roberto Carlos foi a simplicidade.
- O Roberto é de uma simplicidade que impressionou todos da comissão. Ele disse que está à disposição da escola e que os carnavalescos podem ligar direto pra ele quando quiserem tirar alguma dúvida na hora de fazer a pesquisa do enredo. Em determinado momento da conversa, ele perguntou se a gente tinha certeza que a história dele daria um enredo que pudesse levar a escola a ser campeã. Foi a hora que todos nós ficamos sensibilizados – revelou Laíla, acrescentando que Roberto Carlos pediu que, se fosse possível, gostaria de estar presente à entrega da sinopse aos compositores, que deve acontecer na segunda quinzena de junho, na quadra da escola. Ainda de acordo com Laíla, a escolha da homenagem que a Beija-Flor fará a Roberto Carlos na Marquês de Sapucaí não foi atrelada a nenhum patrocínio.
Na conversa com os integrantes da comissão de carnaval, Roberto Carlos afirmou que pretende compor um samba-exaltação para a escola. O Rei está em turnê pelas Américas e retorna ao Brasil no próximo dia 11.

O D.N.A. DE JORGE VERCILLO

D.N.A.: Substantivo Masculino. Ácido desoxirribonucléico. Elemento molecular responsável pelo armazenamento de todo o código genético dos seres vivos. D.N.A.: Nome que batiza o 8º álbum de estúdio do cantor e compositor Jorge Vercillo e que registra, na trajetória do artista, o início de muitas estreias.


Produzido pelo próprio Vercillo e por Paulo Calasans, o disco marca a estreia do artista em sua nova gravadora, a Sony Music. No melhor sentido da expressão, D.N.A. foi concebido de modo artesanal e também inaugura o estúdio “Poeta Paulo Emílio”, montado na casa do cantor. O estúdio foi batizado em homenagem ao compositor Paulo Emílio, sogro de Vercillo, e parceiro de Aldir Blanc, João Bosco, Sueli Costa, dentre outros.

O disco traz ao todo doze faixas, sendo dez canções inéditas, todas de autoria de Jorge Vercillo, sozinho ou em colaboração com parceiros habituais, como Dudu Falcão e Ana Carolina. D.N.A. ainda registra a primeira parceria do compositor com Alexandre Rocha, no ijexá “Por nós”, além do encontro inédito do cantor com o multi-instrumentista Filó Machado, no samba funk latino “Arco-Íris”.

Abrindo o álbum, “Há de ser” (Jorge Vercillo) traz o primeiro trabalho em conjunto do cantor com um de seus ídolos, Milton Nascimento, com quem o cantor faz um sofisticado dueto. “Jorge é o que eu entendo por verdadeiro músico. É um amigo, faz parte de minha família, assim como abriu as portas da dele. E como se não bastasse ainda me deu a felicidade de cantarmos juntos Há de ser, uma obra prima. Irmão, obrigado a você e a seus músicos maravilhosos”, declara-se Milton Nascimento.

Outra estreia significativa desse novo álbum é a parceria entre o cantor e sua esposa, Gabriela Vercillo. Juntos, eles dividem a letra do standard jazz “Memória do prazer”, que tem melodia do compositor. Com regência e arranjo de cordas de Jaques Morelembaum, a canção conta ainda com a participação especial da talentosa voz da cantora Ninah Jo, apresentada por Vercillo.

Eleita como o primeiro single do disco, “Me transformo em luar” (Jorge Vercillo) remonta às origens musicais de Jorge Vercillo quando, no início do novo milênio, ele surgiu no cenário musical trazendo em seu D.N.A. o rhythm & blues e a black music, em canções como “Final feliz” e “Leve”, vertentes ausentes em “Todos nós somos um”, seu disco de estúdio anterior.

Em setembro de 2009, o cantor embarcou para uma temporada de shows em Luanda, Angola, onde gravou a afro “Quando eu crescer” (Jorge Vercillo), que tem parte da letra cantada em Kimbundo, um dos dialetos angolanos, em versão criada por Felipe Mukenga. A canção tem a participação do cantor angolano Dodô Miranda nos vocais, a percussão de Dalu Rogê e o apoio de um coral de adolescentes angolanos. Jorge Vercillo e Felipe Mukenga doaram integralmente os diretos autorais dessa música para o projeto de alfabetização das crianças angolanas.

D.N.A. traz ainda a jazzística “Caso perdido”, primeira parceria de Vercillo com Max Viana, nascida em um dos vários encontros de compositores, promovidos por Vercillo e Dudu Falcão, também parceiro de Vercillo em “Cor de mar”, que traz elementos de salsa, reggae, xote e shufle.

Pela primeira vez Vercillo usa cavaquinho, surdo, violão de sete cordas e formação original de samba num disco. A música “Verdade oculta”, de sua autoria, mostra o momento de envolvimento do cantor com a teosofia, ufologia e uma visão holística do mundo (“Como é que eu devo ter medo do que é só amor? / Perceba a cumplicidade entre espinho e flor... / Quem não julga o desigual nada vai descriminar...”). Em “Ventos elísios”, também de sua autoria, Vercillo faz um questionamento sobre a nossa incapacidade de compreender e de se aprofundar no que é impalpável e indizível (“É raso quando falo do profundo / É claro o despreparo se eu adentro pelo escuro”).

Jorge Vercillo ainda elegeu duas de suas canções já registradas por grandes - e queridas - intérpretes: “O que eu não conheço” (parceria com Jota Velloso), gravada por Maria Bethânia em 2009, no disco “Tua”, que agora ganha uma versão mais intimista, e “Um edifício no meio do mundo” (Jorge Vercillo/Ana Carolina), registrada pela parceira no projeto “Dois Quartos”, de 2009.

A canção “Deve Ser”, parceria com Dudu Falcão, entrou como faixa bônus. A balada, que compõe o repertório do último DVD de Vercillo, “Trem da Minha Vida”, está na trilha sonora da novela “Viver a Vida”, da TV Globo.

Esse é o mais puro D.N.A. de Jorge Vercillo.

Susana Ribeiro, abril de 2010



“D.N.A.”, por Jorge Vercillo:

1- “Há de ser” (Jorge Vercillo) - A ambiguidade está marcada aí. Seja no amor, na vida em si. Acho que ela é dramática, pesada e, ao mesmo tempo, dócil e inconsequente. A participação do Milton, com sua voz do “Altíssimo” emociona muito a todos. Acho que fica bem claro toda a minha influência de sua música. Tem um alguns xamãs e caciques rondando por ali também. Por isso, inseri aquela tribo no início e no fim. 2 - “Arco-íris” (Filó Machado / Jorge Vercillo) - É uma realização pessoal poder apresentar esse gênio musical para o meu público. Sou fã do Filó desde 1983, quando eu comecei a ouvir seus discos. Mas só nos conhecemos em 2009, num show em São Paulo. Na casa dele, em Sampa, fizemos juntos parte da melodia. Filó trouxe todo o seu talento nas percussões e seus improvisos, cheios de swing.

3 - “Verdade oculta” (Jorge Vercillo) - Essa é um samba que fala sobre aceitação e tolerância entre culturas, religiões, etnias, etc. Existe uma outra parte da canção, que é revelada depois do “final”. 4 - “Memória do prazer” (Jorge Vercillo / Gabriela Vercillo) – É a primeira parceria minha com a minha mulher, Gabriela. Eu já tinha essa melodia, que remetia aos standards da Broadway. Ocasionalmente eu a cantarolava e a Gabi começou a se envolver naturalmente, me salvando no labirinto das palavras e das rimas. Não tinha como ser diferente, pois ela já estava refém da melodia que há dias girava em looping na sua mente (rs). Desde o primeiro momento, eu pensava em dividir essa canção em duo com a Ninah Jo, que nos encanta pela força e emoção da sua voz. Tenho agora a felicidade de poder apresentar um pouco do grande talento dela.

5 - “Cor de mar” (Jorge Vercillo / Dudu Falcão) - Mistura de reggae, xote, valsa, MPB e pop, essa é mais uma parceria com meu amigo Dudu. Na introdução e no final, traz nos talentoso teclado do Calasans, um efeito que batizei como “baleias asiáticas”.

6 – “Quando eu crescer” (Jorge Vercillo): Ritmo originado no meu violão com clara influência africana. Essa letra retrata nossas reminiscências infantis, como as primeiras paixões de sala de aula, que nunca foram correspondidas.

7 - “Me transformo em luar” (Jorge Vercillo) – Ela traz uma mistura de MPB com o rhythm & blues ou charme, como nós chamamos aqui no Rio. A levada de violão no começo e nos refrões tem sido uma forma minha e de muitos músicos da nova geração de tocar esse instrumento tão brasileiro de um jeito “guitarrístico”, explorando um recurso usado no pop e na música africana chamado “pica-pau”, que traz notas mudas e percussivas na guitarra. A letra fala de uma paixão avassaladora, tanto carnal quanto sagrada. E fala também de alquimia, outro tema pelo qual tenho particular interesse.

8 - “O que eu não conheço” (Jorge Vercillo / Jota Velloso): Uma vez, o Jota me falou de uma frase linda que tinha ouvido de sua tia Bethânia, que, por sua vez, tinha ouvido de uma bordadeira em Santo Amaro, que dizia que “o mais importante do bordado é o avesso”. Foi lá mesmo em Salvador que comecei a musicar aqueles versos...

9 – “Caso perdido” (Jorge Vercillo / Max Viana) - Essa canção nasceu nos nossos encontros de compositores no RJ. Quando Max me mostrou a primeira parte da melodia, fiquei ainda mais impressionado com seu talento criativo. Ela traz o jazz como principal tempero, mas com pitadas de fox e blues.

10 - “Ventos Elísios” (Jorge Vercillo) - Fala de nossa dificuldade de entender a energia da vida separada do mundo físico e aceitá-la como real. Como lidar com a fé e espiritualidade se nossos parâmetros são tão reféns do plano material? Ao mesmo tempo, como se cegar às evidências de que somos muito mais energia do que matéria?

11 – “Por Nós” (Jorge Vercillo / Alexandre Rocha) - Parceria antiga, da época que eu ainda tocava na noite. Traz sensações, aromas, lembranças prazerosas, ligadas a lugares e pessoas queridas. Fiz há pouco tempo o refrão que faltava e o Alexandre gostou. Tenho uma energia muito ligada ao sol e ao mar.

12 – “Um edifício no meio do Mundo” (Jorge Vercillo / Ana Carolina) - Essa é uma mistura do meu DNA com o da Ana. Começa com a percussão conduzindo a levada nos violões. Depois o arranjo cresce com a entrada da bateria, cordas e o naipe no ultimo refrão.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

20 ANOS SEM ELIZETH CARDOSO

Faz 20 anos hoje, 7 de maio de 2010, que Elizeth Cardoso (1920 - 1990) saiu definitivamente de cena. Sintoma dos descaminhos da cultura musical brasileira, nenhum lançamento foi programado pela indústria fonográfica para lembrar a data, mas o fato é que o padrão de interpretação da Divina resiste ao tempo como valiosa herança de um outro tempo, de uma outra era. Elizeth ajudou a elevar o padrão da música popular brasileira gravada no século 20. Cantora sofisticada que conseguiu alcançar o gosto popular, Elizeth tinha técnica exemplar que realçou o brilho de uma voz já naturalmente bela. A respiração, a afinação e a emissão eram perfeitas. Um nível tão alto de interpretação pedia um repertório à altura - algo que Elizeth passou a ter somente a partir dos anos 60, sobretudo quando Hermínio Bello de Carvalho passou a direcionar sua discografia. Antes, na primeira metade da década de 50, imersa no universo folhetinesco do samba-canção, a cantora nem sempre acertou no repertório. Contudo, sua obra - no todo - é tão digna quanto a artista, cuidadosa faxineira das canções que encarava cada música como diamante a ser lapidado.


Desde cedo precisou trabalhar e, entre 1930 e 1935, foi balconista, funcionária de uma fábrica de saponáceos e cabeleireira, até que o talento foi descoberto aos dezesseis anos, quando comemorava o aniversário. Foi então convidada para um teste na Rádio Guanabara, pelo chorão Jacob do Bandolim.
Apesar da oposição inicial do pai, apresentou-se em 1936 no Programa Suburbano, ao lado de Vicente Celestino, Araci de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa e Marília Batista. Na semana seguinte foi contratada para um programa semanal na rádio.
Casou-se no fim de 1939 com Ari Valdez, mas o casamento durou pouco. Trabalhou em boates como taxi-girl, atividade que exerceria por muito tempo.
Em 1941, tornou-se crooner de orquestras, chegando a ser uma das atrações do Dancing Avenida, que deixou em 1945, quando se mudou para São Paulo para cantar no Salão Verde e para apresentar-se na Rádio Cruzeiro do Sul, no programa Pescando Humoristas.

Além do choro, Elizeth consagrou-se como uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção (surgido na década de 1930), ao lado de Maysa Monjardim, Nora Ney, a maior intérprete do gênero, Ângela Maria e Dolores Duran. O gênero, comparado ao bolero, pela exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo ou fossa. O samba canção antecedeu o movimento da bossa nova (surgido ao final da década de 1950, 1957), com o qual Maysa já foi identificada. Mas este último representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações em detrimento do drama e das melodias ressentidas, da dor-de-cotovelo e da melancolia.

Elizeth migrou do choro para o samba-canção e deste para a bossa nova gravando em 1958 o LP Canção do Amor Demais,[1] considerado axial para a inauguração deste movimento, surgido em 1957. O antológico LP trazia ainda, também da autoria de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, Chega de saudade, Luciana, Estrada branca, Outra vez. A melodia ao fundo foi composta com a participação de um jovem baiano que tocava o violão de maneira original, inédita: o jovem João Gilberto.


Nos anos 1960 apresentou o programa de televisão Bossaudade (TV Record, Canal 7, São Paulo). Em 1968 apresentou-se num espetáculo que foi considerado o ápice da carreira, com Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio, no Teatro João Caetano, em benefício do Museu da Imagem e do Som (MIS) (Rio de Janeiro). Considerado um encontro histórico da música popular brasileira, no qual foram ovacionados pela platéia; long-plays (Lps) foram lançados em edição limitada pelo MIS. Em abril de 1965 conquistou o segundo lugar na estréia do I Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) interpretando Valsa do amor que não vem (Baden Powell e Vinícius de Moraes); o primeiro lugar foi da novata Elis Regina, com Arrastão.


Apelidos
Teve vários apelidos como A Noiva do Samba-Canção, Lady do Samba, Machado de Assis da Seresta, Mulata Maior, A Magnífica (apelido dado por Mister Eco) e a Enluarada (por Hermínio Bello de Carvalho). Nenhum desses títulos, porém, se iguala ao que foi consagrado por Haroldo Costa –- A Divina -- que a marcou para o público e para o meio artístico.

Elizeth Cardoso lançou mais de 40 LPs no Brasil e gravou vários outros em Portugal, Venezuela, Uruguai, Argentina e México.

Elizeth Cardoso morreu aos 69 anos, vítima de câncer.

Elizeth foi capaz de gravar discos antológicos (como por exemplo o precursor da bossa-nova "Canção do Amor Demais" de 1958) e de extremo bom gosto. Segue abaixo como exemplo 02 discos e suas respectivas faixas para da divina para matar a saudade de uma das maiores intérpretes da música popular brasileira:

01 - Elizeth interpreta Vinícius de moraes (1963)
Faixas:
01 - Mulher Carioca (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
02 - Pela Luz dos Olhos Teus (Vinicius de Moraes)
03 - Sempre a Esperar (Vadico / Vinicius de Moraes)
04 - Menino Travesso (Moacir Santos / Vinicius de Moraes)
05 - Consolação (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
06 - Triste de Quem (Moacir Santos / Vinicius de Moraes)
07 - Se Você Disser Que Sim (Moacir Santos / Vinicius de Moraes)
08 - Ai de Quem Ama (Nilo Queiroz / Vinicius de Moraes)
09 - Lembre-se (Moacir Santos / Vinicius de Moraes)
10 - Valsa Sem Nome (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
11 - Canção do Amor Ausente (Baden Powell / Vinicius de Moraes)

Download:
http://lix.in/-5abdee


02 - Elizeth Cardoso - Live in Japan (1978)
Faixas:
01 - Preciso Aprender a Ser Só (Marcos Valle / Paulo Sergio Valle)
02 - É Luxo Só (Ary Barroso / Luis Peixoto)
03 - Outra Vez (Tom Jobim)
04 - Naquela Mesa (Sergio Bittencourt)
05 - Manhã de Carnaval (Luis Bonfá / Antônio Maria)
06 - Última Forma (Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
07 - A Noite do Meu Bem (Dolores Duran)
08 - Na Cadência do Samba (Ataulfo Alves / Paulo Gesta)
09 - Barracão (Luis Antônio / Oldemar Magalhães)
10 - Apelo (Baden Powell / Vinicius de Moraes)

Download:
http://lix.in/-76ba21

quinta-feira, 6 de maio de 2010

MIGUEL ÂNGELO DE AZEVEDO, O NIREZ

Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez nasceu na cidade de Fortaleza, aos 15 dias do mês de maio de 1934. Além de jornalista, também é historiador e desenhista técnico aposentado, além de ser um dos mais respeitados pesquisadores da música popular do Brasil e dono de um dos mais completos arquivos sobre a cidade de Fortaleza, Ceará.

Filho do poeta, escritor e pintor Otacílio de Azevedo, Nirez foi batizado em homenagem ao artista renascentista Michelangelo. Começou trabalhando como desenhista técnico no DNOCS, onde ficou até o ano de 1991, quando foi transferido para a para a Rádio Universitária FM da Universidade Federal do Ceará, mas desde 1956 colabora com jornais de Fortaleza, tais como: Tribuna do Ceará, Correio do Ceará e O Povo. Seu filho, Nirez de Azevedo, seguiu os passos do pai como escritor, tendo inclusive escrito um livro sobre a história do futebol no Ceará intitulado "A História do Campeonato Cearense de Futebol".



Nirez mantêm em sua casa, localizada à rua Professor João Bosco, 560 - bairro Rodolfo Teófilo, segundo o jornal Folha do Ceará, a maior discoteca particular do país. Boa parte de seu acervo foi conseguido quando a emissora de rádio Uirapurú, a "Emissora do Pássaro", resolveu atualizar sua discoteca com LP's e, graças ao radialista e ex-senador Cid Carvalho, os discos de 78 rotações foram doados ao Nirez. Possui também um grande registro de imagens históricas de Fortaleza e outros munícipios do estado, formada quando o estúdio fotográfico ABAFILM se desfez de seus arquivos de sua sede no centro de Fortaleza. O Arquivo Nirez, conhecido em todo Brasil, é composto por um rico acervo bibliográfico, arquivístico e museológico, como: livros, revistas, rótulos, fotos, slides, negativos, equipamentos antigos, etc. Possui como principal atração a coleção de gravações em 78 rotações (discos de cera) considerada uma das maiores do país em gravações brasileiras comerciais, com um montante de mais de 22 mil exemplares, contemplando todas as fases da produção musical nacional de 1902 a 1964. A coleção, por ser bastante volumosa, torna a pesquisa rica, porém demorada; por se encontrarem em bom estado de conservação os discos permitem que se desenvolva um trabalho de digitalização, visando sua preservação definitiva e facilitando o acesso às informações (fonogramas), que apesar de parte das músicas serem pouco conhecidas do grande público são fundamentalmente importantes para a história da música brasileira. Nirez faz um programa semanal na rádio Universitária, que está no ar desde 1960.



Pelo seu trabalho, Nirez recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos, entre eles: Medalha do Mérito Cultural da Fundação Joaquim Nabuco (Recife - PE), em 1982, Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em l994, Prêmio Sereia de Ouro, também em 1994. Em 2002, seu arquivo foi contemplado no concurso da Petrobrás, recebendo apoio para reformá-lo e digitalizá-lo. O Projeto “Meio Século de MPB - Disco de Cera” consistiu na digitalização de todo o acervo de discos de cera (78 rpm) do Arquivo Nirez (22 mil exemplares) e a disponibilização dos dados na Internet. O projeto contou com as etapas de higienização, catalogação e digitalização dos discos (captura em meio digital dos fonogramas analógicos através de softwares de áudio específicos), sob a coordenação de profissionais com larga experiência na área. Ao final, deu-se a gravação definitiva dos arquivos musicais em padrões “cda” "wav" e “mp3” com cópia de segurança. O projeto que se realizou entre 2004 e 2005 contou ainda com a supervisão do Nirez, assessoria técnica da Cia. de Audio e o patrocínio da Petrobras através da Lei Rouanet do Ministério da Cultura.



Bibliografia:
O Balanceio de Lauro Maia
Fortaleza de Ontem e de Hoje
Cronologia Ilustrada de Fortaleza


Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nirez

O PROJETO "MEIO SÉCULO DE MPB - DISCO DE CERA"

O projeto consistiu na digitalização da coleção completa de discos de cera (78 rpm) do Arquivo Nirez (22 mil exemplares) e a disponibilização dos dados catalográficos na Internet.

O projeto contou com as etapas de higienização, catalogação e digitalização dos discos (captura em meio digital dos fonogramas analógicos através de softwares de áudio específicos), sob a coordenação de profissionais com larga experiência na área.

Ao final, produziu-se a gravação definitiva dos arquivos musicais em padrões “cda” "wav" e “mp3” com cópia de segurança.

O projeto que se realizou entre 2004 e 2005 contou com a supervisão de Miguel Ângelo Azevedo - Nirez, assessoria técnica da Cia de Audio e o patrocínio da Petrobras através da Lei Rouanet do Ministério da Cultura.

Objetivo geral do projeto

- Digitalização de 22 mil discos de cera (78rpm) pertencentes ao Arquivo Nirez


Objetivos específicos do projeto
- Mudança do formato analógico dos fonogramas (músicas) para arquivos digitais, com a finalidade de preservar os originais (discos) e facilitar seu manuseio;

- Preservação e difusão da música brasileira do período dos discos de cera (78rpm) 1902 a 1964;

- Promoção de pesquisa em música brasileira da primeira metade do século XX;

- Criação/alimentação de banco de dados com catalogação (informações detalhadas) dos discos de cera do Arquivo Nirez.


Justificativa do projeto
O Arquivo Nirez, é um museu particular, conhecido em todo Brasil, composto por acervos bibliográficos, arquivísticos e museológicos, que são: livros, revistas, jornais, rótulos, fotografias, slides, negativos, equipamentos de imagem e som, etc., (ver tabela quantitativa do acervo abaixo). Possui como principal atração a coleção de gravações em 78 rotações (discos de cera) considerada uma das maiores do país em gravações brasileiras comerciais, com mais de 22 mil exemplares, contemplando todas as fases da produção musical nacional de 1902 a 1964.

A coleção por ser bastante volumosa, torna a pesquisa rica, porém demorada. Por se encontrarem em bom estado de conservação, os discos permitem que se desenvolva um trabalho de digitalização, visando sua preservação definitiva e facilitando o acesso às informações (fonogramas), que apesar de parte das músicas serem pouco conhecidas do grande público são fundamentalmente importantes para a história da música brasileira.


Etapas do projeto
1- Higienização e mudança das embalagens dos 22 mil discos;

2- Captura das músicas individualmente utilizando equipamentos de som e computador através de software profissional;

3- Conversão dos arquivos de cda para mp3;

4- Gravação dos CDs com os backups;

5- Alimentação/atualização do banco de dados (Catalogação);

6- Disponibilização on-line do catálogo digital no sítio do projeto: http://www.projetodiscodeceranirez.com.br;

7- Divulgação do projeto por mala direta e em mídia falada e escrita.

Profissionais envolvidos no projeto
- Coordenação geral
- Coordenação técnica
- Assessoria técnica em digitalização de áudio
- Técnicos em digitalização de áudio
- Técnicas em higienização
- Administração financeira
- Assessoria contábil
- Designer gráfico


Benefícios oferecidos aos patrocinadores do projeto:

A Petrobras e o Ministério da Cultura tiveram como contrapartida sua marca veiculada no material promocional do projeto, abaixo listado:

- 22 mil capas dos discos de 78rpm - cera;

- 300 capas dos CDs com backups;

- Mil folders de divulgação;

- Divulgação do sítio do projeto (www.projetodiscodeceranirez.com.br) via endereço eletrônico para instituições e particulares interessadas em música brasileira


Equipe do projeto

Coordenação geral: Miguel Ângelo de Azevedo - Nirez - 3281.6949 - nirez@terra.com.br

Coordenação técnica: Myreika Falcão - myreika@gmail.com

Assessoria técnica: Cia de Audio / SP

Digitalização: Otacílio de Azevedo, Daniele Maitas - matiasli@hotmail.com

Higienização: Aureniza Silva - aureniza@ig.com.br e Milark de Oliveira

Designer: Francisco Jesus - jesusf4@gmail.com

Administração financeira: Danielli Parente

Contabilidade: Assessora Emprsesarial S/S Ltda. - Fone: 3261.2500 - assessora@assessoraempresarial.com.br

Produção: Andrea Vasconcelos - Ideais Produções. http://ideaisproducoes.blogspot.com/

16º FESTIVAL DA SERESTA DO RECIFE

Durante o período de 5 a 8 de maio, o Recife vai mergulhar em um clima de romance e nostalgia. É o 16º Festival Nacional da Seresta, evento que conta com patrocínio da Prefeitura do Recife e Governo do Estado e é realizado pela Raio Propaganda. Para os quatro dias de festa, a PCR direcionou um investimento de R$250 mil, entre recursos diretos (R$150 mil) e serviços públicos de infra estrutura urbana e montagem do palco.

Cada noite será segmentada por tema, agradando aos mais variados gostos: a quarta-feira será dedicada às Grandes Vozes, que será seguida pelas noites dos Anos 70, Bolero e Jovem Guarda. Os shows começam sempre às 20h. Este ano, o Festival traz nomes consagrados da música popular e romântica, como Ângela Maria, tida como uma das maiores cantoras brasileiras dos últimos tempos; Agnaldo Timóteo, cuja voz é reconhecida por várias gerações; e Moacyr Franco, que se apresentam no dia 5. Já na quinta-feira (6), o público vai conferir estrelas como Fernando Mendes, famoso pelos hits “Cadeira de Rodas” e “Você não me ensinou a te esquecer”; Peninha, que estreia no Festival da Seresta; e Joanna, uma das cantoras mais queridas do País, que vem pela terceira vez participar o evento.

Na Noite do Bolero, que acontece no dia 7, a festa fica por conta dos nossos Expedito Baracho e Adilson Ramos; além de Leonardo Sullivan; Altemar Dutra Jr, lembrando os sucessos do pai; e Gilliard, que, com certeza, entoará “Nosso Juramento” e “Quem me dera”. Na noite de encerramento do 16º Festival Nacional da Seresta, sobem ao palco Mozart, Wanderley Cardoso, Jerry Adriane e os Golden Boys, um dos grupos mais aplaudidos da Jovem Guarda. Quem encerra a maratona de seresta é Renato e Seus Blue Caps, com um grande baile dedicado ao Dia das Mães, já que a festa deve se estender até a madrugada do domingo.


PROGRAMAÇÃO 16º FESTIVAL NACIONAL DA SERESTA
Marco Zero – Recife/PE – 5 a 8 de maio de 2010
(Prefeitura do Recife / Governo do Estado)

5 de maio – quarta-feira
A Noite das Grandes Vozes
20h00 – ROBERTO BARRADAS
20h40 – ROBERTO SILVA
21h30 – ANGELA MARIA
22h30 – AGNALDO TIMÓTEO
24h00 – MOACYR FRANCO

6 de maio – quinta-feira
Noite dos anos 70
20h00 – NADJA MARIA
20h40 - AUGUSTO CÉSAR
22h00 – FERNANDO MENDES
23h00 – PENINHA
24h00 - JOANNA

7 de maio – sexta-feira
Noite do Bolero
20h00 – ESPEDITO BARACHO
20h40 – LEONARDO SULLIVAN
22h30 – ALTEMAR DUTRA JR
23h30 – GILLIARD
00h30 – ADILSON RAMOS

8 de maio – sábado
Noite da Jovem Guarda
20h00 – MOZART
20h40 – WANDERLEY CARDOSO
22h00 – GOLDEN BOYS
23h30 – JERRY ADRIANE
00h30 – RENATO E SEUS BLUE CAPS

terça-feira, 4 de maio de 2010

DOLORES DURAN TEM SUA DISCOGRAFIA LANÇADA EM EXCELENTE BOX

Dolores Duran (1930 - 1959) foi compositora muito à frente de seu tempo. A fina arquitetura melódica e poética de suas 35 músicas ergueu obra de modernidade atemporal, quase sempre distante da construção melodramática do samba-canção que imperou na década de 50. Como cantora, Dolores teve se ajustar às regras da indústria fonográfica da época, se valendo de sua versatilidade como crooner diplomada na noite carioca para urdir discografia curiosa, mas aquém de sua obra autoral. É a crooner - e não a compositora - que é enfatizada na produção fonográfica reunida na oportuna caixa Os Anos Dourados de Dolores Duran. Produzida por Rodrigo Faour, a caixa reúne - em seis CDs - as 75 gravações oficiais feitas pela artista no selo Star e na extinta Copacabana entre 1951 e 1959. De quebra, o box embala CD duplo, O Negócio É Amar, com gravações (irregulares) das 28 músicas de Dolores que a autora não teve tempo de registrar em sua própria voz. Com visão tacanha na época, a indústria fonográfica dos anos 50 não apostava na produção autoral de mulheres que se aventuravam na arte da composição, da qual Dolores foi pioneira ao seguir a trilha aberta por Chiquinha Gonzaga (1847 - 1935). O que justifica o fato de ter gravado apenas sete de suas 35 músicas.
A bela caixa reedita os quatro álbuns oficiais de Dolores e duas coletâneas póstumas editadas em 1960. Até então inédito em CD, Dolores Viaja (1955) traçou rota mundial para a crooner poliglota, que gravou até em alemão (Kaiser Waizer, que vem a ser a Valsa do Imperador, do compositor Richard Strauss) e em esperanto (Nigraj Manteloj, versão do fado Coimbra). Mas o curioso é que foi em solo brasileiro que Dolores alçou maior voo nas paradas ao gravar a Canção da Volta (Antonio Maria e Ismael Neto), seu primeiro sucesso como cantora. Como faixas-bônus, Dolores Viaja apresenta as duas primeiras gravações de Dolores, Que Bom Será e Já Não Interessa, feitas em 1951 para um disco de 78 rotações por minuto editado pelo selo Star. Do acervo raro do Star, vem também Outono - samba-canção de Billy Blanco.
A crooner versátil também foi requisitada nos dois álbuns seguintes da artista - como já anunciavam os títulos Dolores Duran Canta para Você Dançar... (1957) e Dolores Duran Canta para Você Dançar nº 2 (1958). Foram nestes discos - que já haviam sido reeditados no formato de CD no estilo Dois em Um - que a compositora teve a oportunidade de registrar, pela primeira vez, suas criações, gravando Por Causa de Você, Não me Culpe e Solidão. A novidade é que o segundo volume incorpora na atual reedição sobra até então inédita, Mes Mains, tema francês de autoria de Gilberto Bécaud. Na sequência, Dolores se embrenhou em terras nordestinas no que viria a ser seu último álbum, Esse Norte É Minha Sorte (1959), todo dedicado aos xotes e baiões.
Para que a caixa inclua todas as 75 gravações oficiais de Dolores, as boas coletâneas A Noite de Dolores Duran e Estrada da Saudade agregam fonogramas dispersos na discografia da artista por terem sido lançados em discos de 78 rotações por minutos ou em compactos. A Noite de Dolores Duran rebobina as duas últimas gravações da compositora, A Noite do meu Bem e Fim de Caso, feitas em compacto editado em 1959, pouco antes da morte da artista. Estrada de Saudade reapresenta, entre fonogramas raros, duas gravações que marcaram a carreira de Dolores como intérprete: o samba A Banca do Distinto (Billy Blanco) e o baião A Fia de Chico Brito (Chico Anysio). Aliás, pelo tom coloquial de seu canto, Dolores Duran poderia ter ido mais longe como intérprete. Contudo, a precoce saída de cena da artista - em 24 de outubro de 1959, aos 29 anos - impediu que a cantora tivesse tempo de transitar por outras bossas. Ainda assim, o legado de sua obra autoral é valioso e garante seu lugar na lista dos grandes nomes da música brasileira produzida naqueles dourados anos do século 20.

domingo, 2 de maio de 2010

CALENDÁRIO MUSICAL - MAIO

Dia 01 - Dia da literatura brasileira.

Dia 02 - Nasce o compositor mineiro Ataúlfo Alves (1909).

Dia 03 - Nasce o cantor carioca Agnaldo Rayol (1938).

Dia 04 - Nasce o cantor e compositor carioca Luís Maurício Pragana dos santos, popularmente conhecido por Lulu Santos (1953).
Nasce o cantor e compositor paraibano Herbert Viana (integrante dos Paralamas do Sucesso) (1961).

Dia 05 - Morre o cantor e compositor mineiro Geraldo Pereira (1918).

Dia 06 - Nasce a cantora e compositora carioca Fátima Guedes (1958).

Dia 07 - Nasce o compositor, jornalista e escritor carioca Orestes Barbosa (1893).
Morre a cantora Elizeth Moreira Cardoso, popularmente conhecida por Elizeth Cardoso (1990).

Dia 08 - Morre o compositor Adelino Moreira (2002).

Dia 09 - Nasce no Rio de Janeiro o escritor, filólogo, bacharel em Direito, poeta, compositor e sambista Nei Braz Lopes - Nei Lopes (1942).

Dia 10 - Morre o compositor maranhense Catulo da paixão Cearense (1947).

Dia 11 - Nasce na Rua Fonseca Telles, bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro, o cantor e compositor José Bispo Clementino dos Santos - Jamelão (1913).

Dia 12 - Nasce a cantora e compositora americana Bebel Gilberto (1966).

Dia 13 - Nasce o cantor e compositor baiano Waldick Soriano (1933).

Dia 14 - Morre cantora paraibana Marinês (2007).

Dia 15 - Nasce e São Paulo, o cantor Mário Ramos - Vassourinha (1923).
Nasce em Muriaé (MG), Geraldo Teodoro, Mestre Teodoro, fundador da Folia de Reis "Estrela Dalva do Oriente, no subúrbio da Penha, Rio de Janeiro (1926).

Dia 16 - Nasce o cantor evangélico paulista Luiz de Carvalho. Ele foi o primeiro cantor evangélico a gravar um LP de 33 rpm no Brasil no ano de 1958 intitulado "Boas Novas".

Dia 17 - Nasce no Rio de Janeiro, João Machado Guedes - João da Baiana, compositor, ritmista, autor de sambas, corimá, chulas, batucadas e vários pontos de candomblé. (1887).

Dia 18 - Nasce o cantor paulista Edu Falaschi, nome artístico de Eduardo Falaschi (1972).

Dia 19 - Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o cantor, compositor e instrumentista Alfredo José da Silva - Johnny Alf (1929).

Dia 20 - Nasce no Recife (PE), o músico, compositor e instrumentista Felipe Neri Trindade (1714).
Morre após apresentação em uma roda de samba em Botafogo (RJ), o maior compositor de sambas-enredo de todos os tempos, Silas de Oliveira Assumpção (1972).

Dia 21 - Nasce o cantor e compositor carioca Roberto Frejat (1962).

Dia 22 - Morre o músico carioca Milton Banana (1999).
Morre o cantor e compositor Zé Rodrix, nome artístico de José Rodrigues Trindade (2009).

Dia 23 - Nasce o cantor e compositor carioca Sílvio caldas (1908).

Dia 25 - Morre no Rio de Janeiro, o pianista e compositor Alcir Pires Vermelho (1994).

Dia 26 - Nasce o sanfoneiro paraibano Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca (1930).

Dia 27 - Nasce o curitibano Fernando Ouro Preto, popularmente conhecido por Dinho Ouro Preto (1964).

Dia 29 - Nasce o cantor e compositor manauense Vinícius Cantuária (1951).

Dia 30 - Morre o compositor Carioca Mário Lago (2002).

Dia 31 - Nasce o carioca Falcão, compositor e vocalista do grupo O Rappa (1973).