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domingo, 17 de maio de 2009

35 ANOS DO LP CHICO BUARQUE - SINAL FECHADO

Como Chico não poderia gravar nenhuma música nova de sua autoria e precisava viver, cantar, fazer um disco, a sua saída foi a que lhe sugeriu a direção da Philips: fazer um disco cantando músicas de outros compositores. Os colegas estavam ansiosos para colaborar com inéditas. Rigoroso e autocrítico, Chico resistiu no início, porque nunca se considerou um cantor e tinha grandes inseguranças vocais. E ainda mais tendo João Gilberto como modelo e agora cunhado: João estava casado com sua irmã Miúcha.
Era a melhor — talvez a única — alternativa ao silêncio que o regime queria lhe impor. E Chico mergulhou com entusiasmo — e raiva — no trabalho. Pesquisou músicas antigas, com letras fortes, recebeu músicas inéditas de Gil, Caetano e Tom Jobim e elegeu a emblemática “Sinal fechado”, de Paulinho da Viola, a canção-título do disco. Fez uma reinterpretação pop da estupenda “Me deixe mudo”, de Walter Franco, recente revelação da vanguarda paulistana, recriou clássicos de Caymmi, Noel Rosa e Geraldo
Pereira, revelou a obra-prima secreta de Nelson Cavaquinho e Augusto Tomaz Júnior, “Cuidado com a outra”. Cantou melhor do que nunca e produziu um dos melhores discos de sua carreira, um disco histórico que marca a estréia — e a breve carreira — de
Julinho da Adelaide.
O desconhecido Julinho assinava duas pérolas no disco de Chico, “Acorda amor” e “Jorge maravilha”. Na primeira, um samba sincopado, Julinho apresentava uma visão dramática e hilariante da paranóia repressiva:
“... são os homens, e eu aqui parado de pijama eu não gosto de passar vexame chame, chame, chame, Chame o ladrão!”
Na segunda, um samba-rock de linguagem jorge-beniana, celebrava a liberdade e proclamava:
“Mais vale uma filha na mão do que dois pais sobrevoando. Você não gosta de mim mas sua filha gosta...”
Todo mundo acostumado a ler nas entrelinhas entendeu que a coisa era com o general Geisel, novo presidente da República, e sua filha Amália Lucy, que tinha dito em entrevista que admirava as músicas de Chico. Chico desmentia vigorosamente, ninguém
acreditava.
Com a invenção de Julinho da Adelaide, como um Garrincha enfurecido, Chico marcou um golaço por debaixo das pernas da ditadura. Combateu se divertindo, criando não só um personagem, mas sua mãe cruzadista Adelaide e seu meio-irmão e parceiro que o explora, Leonel Paiva. Quando as músicas começaram a fazer sucesso, deu uma longa e hilariante entrevista a Mário Prata, na Última Hora de São Paulo, em que Julinho
contava cínica e deslavadamente toda a história de sua vida, da mãe favelada e do pai alemão, da invenção do “samba-duplex”, que pode ser lido de duas maneiras, de sua felicidade em ser gravado por Chico Buarque.


CHICO BUARQUE - SINAL FECHADO (1974)

Faixas:
01 - Festa Imodesta
02 - Copo Vazio
03 - Filosofia
04 - O Filho Que Eu Quero Ter
05 - Cuidado Com A Outra
06 - Lágrima
07 - Acorda Amor
08 - Ligia
09 - Sem Compromisso
10 - Você Não Sabe Amar
11 - Me Deixe Mudo
12 - Sinal Fechado

sexta-feira, 15 de maio de 2009

DICAS DA MUSICARIA

Essa dica da Musicaria de hoje é especial. Especial porque é dedicada ao grande amigo e futuro jornalista Joás "Feijão", cara antenado com o que há de melhor em nossa MPB e receptivo para as novas tendências que a música popular brasileira tem assimilado. Esse álbum do Roberto o faz lembrar da época em que seu pai, escutava o velho "bolachão" de vinil e viajava nesse fantástico disco. Salve, salve a música popular brasileira e todos os seus afluentes que dão nessa maravilha.
Pinto do Monteiro certa vez falou: "saudade de amor ausente não é saudade, é lembrança". Fica aqui registrada então a minha homenagem ao Grande Joás e ao seu saudoso pai.


Roberto Carlos em ritmo de aventura (1967)
Faixas:
01 - Eu Sou Terrível
02 - Como É Grande O Meu Amor Por Você
03. - Por Isso Corro Demais
04 - Você Deixou Alguém a Esperar
05 - De Que Vale Tudo Isso
06 - Folhas de Outono
07 - Quando
08 - É Tempo de Amar
09 - Você Não Serve Pra Mim
10 - E Por Isso Estou Aqui
11 - O Sósia
12 - Só Vou Gostar De Quem Gosta De Mim

CÁSSIO CAVALCANTE LANÇA BIOGRAFIA SOBRE NARA LEÃO

O Brasil talvez ainda não tenha se dado conta de que, em 7 de junho de 2009, vai fazer 20 anos que Nara Leão (1942 - 1989) partiu, vítima de complicações decorrentes de um câncer no cérebro que já dera os primeiros sinais em 1979. A biografia Nara Leão - A Musa dos Trópicos chega à cena - em edição independente de Cássio Cavalcante, escritor cearense radicado em Recife (PE), fã da cantora - para reviver uma artista que marcou época na música brasileira de seu tempo. Já existe uma biografia de Nara Leão no mercado - escrita por Sérgio Cabral, lançada em 2001 e reeditada em 2008. O livro de Cavalcante nada acrescenta de substancial ao já contado por Cabral, mas prima por enfatizar as audácias estilísticas da obra fonográfica de Nara. Com base em reportagens e críticas sobre discos e shows de Nara Leão, publicadas em jornais e revistas dos anos 60 aos 80, o autor refaz a trajetória desbravadora da cantora na MPB - sigla, aliás, que bem pode ter como ponto de partida a gravação do primeiro LP da artista, Nara (1964), cujo repertório inovou ao trazer para o universo musical do asfalto músicas de compositores do morro como Cartola (1908 - 1980), Zé Ketti (1921 - 1999) e Nelson Cavaquinho (1911 - 1986). Uma atitude pioneira que fez com que, já no ano seguinte, 1965, uma cantora classuda como Elizeth Cardoso (1920 - 1990) subisse o morro para gravar álbum igualmente antológico dedicado ao samba de compositores populares. Nara Leão não foi intérprete de grandes recursos vocais, mas, por seu fio de voz, passaram informações e músicas que fizeram a cabeça de gerações e influenciaram todo o panorama da MPB a partir dos anos 60. Musa mítica da Bossa Nova, Nara logo extrapolou a estética elitista do gênero. Aderiu a música de protesto no lendário espetáculo Opinião, deu voz à música de compositores nordestinos como João do Vale (1933 - 1996), pediu passagem para a música de Chico Buarque antes de o compositor ganhar projeção nacional com A Banda em festival de 1966, avalizou de imediato a geléia geral tropicalista de 1967/1968, criou a moda de discos de duetos nos anos 70 (Meus Amigos São um Barato, 1977), surpreendeu as elites ao dedicar um álbum inteiro ao cancioneiro de Roberto e Erasmo Carlos (...E que Tudo Mais Vá pro Inferno, 1978) e, já reconciliada com a Bossa Nova, ajudou a propagar o gênero no Japão nos anos 80, tendo sido a primeira cantora brasileira a gravar (em 1985) um disco com a tecnologia digital do compact disc, o popular CD (o álbum, Garota de Ipanema, chegou às lojas em 1986). Dividida em 15 capítulos, a biografia enfatiza o caráter desbravador da carreira de Nara Leão. Para chegar ao mercado em merecido âmbito nacional, o livro - que inclui discografia, filmografia e belas fotos da cantora - precisa somente para passar por cuidadosa revisão para que os erros gramaticais do texto sejam limados e, dessa forma, a narrativa tenha o rigor estilístico típico da obra e do canto livre e pioneiro de Nara Leão.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

MARINÊS - 02 ANOS DE SAUDADES

Da primeira vez que se apresentou num programa de calouros, na extinta Voz da Democracia, em Campina Grande, na Paraíba, Marinês ganhou o prêmio de primeiro lugar . Eleita pelas palmas do público, que se concentrava na frente da rádio, levou pra casa um sabonete eucalol. Era o início de uma carreira que comemora meio século divulgando os ritmos nordestinos genericamente chamados de forró.
Fosse o baião simbolizado pelo triângulo e , sem dúvida, Marinês seria o vértice, tendo Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga na base. Coroada pelo velho Lua Rainha do Xaxado, Marinês é o ''último mito vivo da música nordestina", como gosta de frizar, sua voz possante e cristalina, como água limpa de serra abaixo ainda se preserva e supreende como no último CD "50 anos de forró" em que emparelha o gogó com mais treze discípulos. divididos.
Filha do ex-cangaceiro do bando de Lampião Manoel Caetano de Oliveira e da dona de casa Josefa Maria de Oliveira, dona Donzinha, a menina Maria Inês Caetano de Oliveira nasceu em 1936, em São Vicente Ferrer , Pernambuco. Seria a Paraíba que acolheria no lombo da Borborema, em Campina Grande, a família que se mudou em 1940. Ali viveu a infância, a mocidade, o começo da carreira e a união com o sanfoneiro Abdias.
As músicas que mais atraiam a sua atenção eram os sucessos do Rei do Baião, divulgadas pelo altos falantes em postes das difusoras de Campina Grande. Qui nem Jiló, Respeita Januário, Xanduzinha, No Ceará não Tem disso não e Asa Branca, eram apenas algumas músicas que ela já sabia de cor por lhe tocarem a alma de sertaneja.
A primeira vez que viu seu Luiz, influência capital no desenvolvimento de seu estilo foi em 1950 , comício para escolha do Governador da Paraíba. Luiz Gonzaga estava animando o comício do candidato Argemiro de Figueiredo e do candidato a senador pela UDN Pereira Lyra, que encomendaram a ele e a Humberto Teixeira a música da campanha, chamada "Paraíba", hoje considerado uma espécie de segundo hino do estado.
Nesta mesma época, Maria Inês ingressa no ginásio no Colégio das Damas, frequentado pela classe média local. Sua estada por lá não iria durar muito. Ainda no primeiro ano largaria os estudos. Motivo: a velha falta de dinheiro. Não tirou por menos, sabedora do seu potencial vocal, se engajou na Voz da Democracia, no bairro da Liberdade.
e logo estava no papel de locutora. Passou depois para a difusora A Voz de Campina Grande. Só ia entretanto adentrar o mundo da música profissional em 1951, quando pelas mãos do compositor Rosil Cavalcanti (Sebastiana) , e do Diretor da Rádio Cariri, Arnaldo Leão, assinou contrato se integrando ao time da rádio. Debutou com o bolero Dez anos, número integrante do seu repertório romântico.
Sempre chamando atenção pelo seu canto afinado e pujante, atraiu a atenção dos diretores da Rádio Borborema, que a contrata para os seus programas de auditório em 1952. No mesmo ano contratariam o sanfoneiro paraibano Abdias Farias. Começam a namorar e após pedir permissão aos pais da moça , o talento da consertina se casa com a Maria Bonita do Forró ,dois anos depois. Cerimônia simples, só parentes e mais uns chegados.
Rescindem contrato com a Rádio Borborema e recebem em seguida convite para integrar o cast da Rádio Difusora de Alagoas- RDA- antigo lar artístico de Abdias. Foi preparada toda uma festança para a estréia do casal. Desde o programa de estréia Marinês roubou as atenções, castigando seu triângulo, xaxando que nem uma carrapeta. A apresentadora os batizaria como o "Casal da Alegria".
Começaram a fazer alguns shows pelo interior do estado e a fama do casal começou a reverberar por outras praças nordestinas. Marinês veio a falecer aos 72 anos, no Recife em uma data como hoje há 02 anos atrás.

MARINÊS E SUA GENTE - 50 ANOS DE FORRÓ
01 - A noite toda (Tadeu Mathias - Yeda Dantas)
02 - Coco da Mãe do mar (Siba - Lenine) - com Lenine
03 - Se lembra coração (Luiz Fidélis - Ferreira Filho)
04 - Forró das cumadre (João Silva) - com Elba Ramalho
05 - Mundo de amor (Dominguinhos - Anastácia) – com Dominguinhos
06 - Forró do beliscão (Ary Monteiro - Leôncio - João do Vale) - com Genival Lacerda
07 - Pelas ruas que andei (Alceu Valença - Vicente Barreto) - com Alceu Valença
08 - Fulutiado (Jarbas Marins - Chico César) - com Chico César
09 - Lamento sertanejo (Dominguinhos - Gilberto Gil) - com Ney Matogrosso
10 - Remelexo, swing e suor (Aracílio Araújo - Marinês)
11 - Meu Cariri (Dilú Melo - Rosil Cavalcanti) - com Zé Ramalho
12 - Bulir com tu (Cecéu) - com Marcos Farias
13 - Tempero do forró (Geraldo Amaral - Geraldo Azevedo) - com Geraldo Azevedo
14 - Rompeu aurora (Antônio Barros) - com Margareth Menezes
15 - Medley de xotes: com Antônio Barros e Ceceu
• Sou o estopim (Antônio Barros)
• Por debaixo dos panos (Cecéu)
• Bate coração (Cecéu)
• Desabafo (Cecéu)
16 - Mais dias, menos dias (Moraes Moreira) - com Morais Moreira
17 - Assim nasceu o xaxado (Agripino Aroeiro - Onildo Almeida)

A INVEJÁVEL LIBERDADE ARTÍSTICA DE CAETANO VELOSO

Por Régis Tadeu

Há décadas suas canções e atitudes desafiam o senso comum. Em inúmeros momentos, ele pareceu lutar consigo mesmo contra a acomodação, tendo nas arquibancadas e nos camarotes o público espectador que o ama e o odeia, às vezes ao mesmo tempo. Ninguém jamais vai acusá-lo de não se encontrar em pleno movimento como músico e compositor.

O resto da história você já sabe. Caetano Veloso, hoje, é uma lição de como emanar energia criativa sem se ater às regras do mercado fonográfico - se é que elas ainda existem - que ainda povoam os sonhos e pesadelos dos inúmeros grupelhos que insistem em nos assombrar com canções péssimas e álbuns milimetricamente escrotizados em sua pasteurização. Por vezes, Caetano se mostra mais escroto do que precisa, ao devolver um ar afetado às críticas que recebe - algumas delas, bastante justas, diga-se de passagem. Mas ao cuspir discos brilhantes como Cê e agora o seu novíssimo Zii e Zie - "tios e tias" em italiano -, ele se vê em condições de tirar onda com os artistas mais jovens, mas que soam muito mais velhos - no pior sentido da palavra. E isso passa por um ponto invejável na vida de quem se mete a cantar e tocar: a conquista da liberdade artística. Que outro cantor pode assinar um disco usando só o seu primeiro nome? Caetano não só pode como o fez em seu mais recente trabalho.
Enquanto muitos teimam em compor maçarocas em forma de canções, em que não se ouve direito justamente o binômio harmonia/melodia, Caetano corre por fora, subvertendo as referências sonoras que a maioria das pessoas tem a seu respeito, injetando em suas novas canções guitarras repletas de feedbacks nervosos, quase insanos - como nos solos cortantes, quase dissonantes, de "Perdeu, a belíssima canção que abre Zii e Zie, um "esquizo-samba" desconcertante em seu concretismo, e da delicada "Lobão Tem Razão".
Veja abaixo Caetano mostrando "Perdeu" ao vivo, antes mesmo do lançamento de Zii e Zie:


Os arranjos legais que permeiam todo o disco têm origem no formato instrumental que Caetano escolheu a partir de Cê - violão, guitarra, baixo e bateria - tudo gravado da maneira mais "orgânica" possível, sem teclados de churrascaria, sem backing vocals de casamento brega, sem timbres 'limpinhos'. Ao cantar com incrível falsete em "Por Quem?", Caetano parece ter imaginado que a canção pudesse ser interpretada por Gal Costa. A recriação de "Incompatibilidade de Gênios" (de João Bosco e Aldir Blanc) é ritmicamente conduzida por uma bateria "torta", que cruza de modo esquizofrênico e interessantíssimo com os acordes de guitarra, enquanto que "Base de Guantánamo" é genial em sua simplicidade composicional, o que só realça o curto e contundente discurso crítico da letra.
Assista Caetano experimentando o arranjo de "Incompatibilidade de Gênios":


E "Base de Guantánamo":


O auge de sua liberdade artística aparece na letra de marchinha rocker "Menina da Ria", com uma série de brincadeiras linguísticas e simbolismos - "a moça do outro lado da poça" pode ser uma garota de Niterói, com "poça" remetendo à baía da Guanabara, em uma "aparição transatlântica", explicando que a ação se passa em Portugal. Ao extrapolar o sentido dúbio das palavras, Caetano mostrando que ainda consegue fazer uma coisa ridícula soar irresistível.
Não que ele não tenha cometido equívocos ao longo da carreira - os maiores exemplos disso são o pretensioso e pseudoexperimental Araçá Azul (um manifesto invejoso do trabalho que Walter Franco fazia na época), o insípido e oportunista Velô, e o terrível A Foreign Sound -, mas é inegável que Caetano nunca deixou de tentar injetar modernidade e jovialidade às suas composições. A união entre guitarras indie e o samba, iniciada de modo mais explícito em Cê, é outra prova disso.
Para ouvintes submissos, acostumados ao bundamolismo que reina em grande parte da cena musical, isso pode soar arrogante e pretensioso. Na verdade, é justamente disso que precisamos: artistas e bandas que nadam contra a correnteza que carrega futilidades e frivolidades.

terça-feira, 12 de maio de 2009

ELBA RAMALHO LANÇA BALAIO DE AMOR, ÁLBUM QUE VALORiZA O FORRÓ PERNAMBUCANO

Por José Teles
Balaio de amor é, antes de tudo, o disco de uma mulher apaixonada. A parceria com Cezinha (os dois assinam a produção do disco) está refletida em todo o trabalho, da capa ao repertório, essencialmente de xotes românticos. Neste caso, o xote com letras de amor não se torna redundante ou repetitivo, como acontece na maioria dos que fazem o pé-de-serra atualmente. Não se torna porque é um disco conceitual. A intenção era reunir canções de amor para celebrar o momento. Sem esquecer que o tratamento que Elba Ramalho dá ao que canta revaloriza as composições. Uma das melhores cantoras do País, que forjou um estilo próprio de cantar (seguido por muitas cantoras pernambucanas, ou que atuam no Estado), Elba, nos dois últimos discos juntou-se à turma de Lula Queiroga & Cia., uma linha de montagem de grandes composições, ótimas produções, habilidosos instrumentistas. Os metais do disco foram gravados no estúdio da Luni, enquanto Tostão Queiroga está em várias faixas.A sanfona de Cezinha é a viga mestra que segura estas 14 canções, uma delas, Recado, foi composta por ele e Fábio Simões. Quase todas as faixas têm fogo para disparar nas paradas, caso sejam tocadas no rádio (o que a própria Elba acha que vai acontecer pouco). Ela trabalha Fuxico (Flávio Leandro), porém a mais fácil de pegar é Riso cristalino, que tem a marca registrada de um mestre do gênero, Dominguinhos (em parceria com Climério Ferreira).
Este disco celebra mais do que 30 anos de carreira, é também a celebração de um novo amor, o que fica explícito na apresentação assinada por Elba no encarte: “A sanfona está nas mão de um jovem e brilhante músico. Cezinha, também produtor deste disco e parceiro de todas as horas. A ele toda a minha gratidão e o beijo mais doce. Obrigada por traduzir meus sentimentos em um disco tão bonito... Com amor e paixão! Assim se faz a história de um povo, de uma nação”.Com pique todo, 57 anos (58 em agosto), Elba tem engatilhados mais outros projetos, um álbum com canções de um só autor – ou Chico Buarque ou Zé Ramalho. “Estou na dúvida, mas será de um desses dois”, diz Elba, que já começou a pré-produção de mais um DVD, último e maior projeto da celebração dos 30 anos de carreira e que será gravado no Recife. “Vou fazer um show no Marco Zero e convidar as pessoas que contribuíram para eu chegar aqui, Chico Buarque, um monte de gente”, diz Elba, que tem mais projetos pernambucanos. “Tenho muita afinidade com os pernambucanos, fui das primeiras a gravar Lula Queiroga e a trabalhar com Spok. Pretendo fazer um disco com ele e a orquestra, só com clássicos do Carnaval de Pernambuco”.

O disco Balaio de amor é o primeiro projeto da comemoração, que culminará com a gravação de um DVD na Praça do Marco Zero.
Elba Ramalho conta os anos de sua carreira a partir de 1979, quando gravou O meu amor, de Chico Buarque, um dueto com Marieta Severo incluído no disco anual do compositor. Naquele mesmo ano ela lançaria seu primeiro disco individual, Ave de prata. “Chico foi meu padrinho no Rio. Fiz parte do elenco da primeira montagem de A ópera do malandro e ele me deu música inédita para meu álbum de estréia”, conta a cantora, em entrevista por telefone.Embora ela tenha participado de shows do Quinteto Violado já em 1974, Elba está este ano celebrando 30 anos de carreira, e o primeiro passo na comemoração é uma volta às suas origens pernambucanas (o Estado natal do pai dela), com Balaio de amor (Biscoito Fino), disco que tem um repertório quase todo assinado por autores de Pernambuco. Mas esta pernambucanidade toda tem uma explicação. A dica para as canções que Elba gravou foram passadas pelo seu atual companheiro, o sanfoneiro e cantor Cezinha. “Sou meio pernambucana, mas confesso que a maioria destas músicas foi Cezinha que me apresentou. Ele, que é um ótimo intrumentista, possui uma grande sensibilidade para o que é bom. Foi por ele que conheci Xico Bizerra, Rogério Rangel. Maciel (Melo), eu já conhecida, já havia gravado. O lado mais positivo deste trabalho é que muitos destes compositores agora vão ser conhecidos fora do Nordeste, então eu trago eles para outra vitrine, revestindo suas canções, que já são conhecida aqui, com uma nova roupagem”.
Das 14 faixas de Balaio de amor, muitas vêm sendo cantadas no Nordeste nas vozes de Santanna, Irah Caldeira, Maciel Melo, Rogério Rangel e Josildo Sá. São assinadas por nomes como Petrúcio Amorim, Flávio Leandro, Terezinha do Acordeom e Jorge de Altinho, fazendo de Elba Ramalho praticamente mais um membro da Sociedade dos Forrozeiros Pé-de-Serra e Ai, à qual grande parte deles está filiada. É também uma acertada estratégia, já que quando fizer o primeiro show do disco, na abertura do São João de Caruaru, o público vai conhecer quase todo o repertório, que tem xotes de sucesso como Me dá meu coração (Accioly Neto), ou Se tu quiser (Xico Bizerra). Vale ressaltar a gravadora pela qual está sendo lançado o disco, a Biscoito Fino, que hoje abriga a fina flor da música popular brasileira, e agora lança um disco de forró. “Conheço Olívia (Hime) há anos. Dei o disco para Olívia e pedi que ela ficasse à vontade, que me ligasse dali a três dias. Ela ligou. Isso é muito interessante porque levo meu trabalho para uma casa que tem artistas que fazem música classe A, e eu levo meu trabalho tanto para este público quanto para um público popular, então a Biscoito é importante por permitir esta abertura”, comenta Elba.
Presença certa nos festejos juninos da Capital do Agreste, a cantora não esconde que gostou da decisão da prefeitura da cidade, que vetou da programação a grande maioria das bandas de fuleiragem music: “Nada contra as bandas, mas achei a decisão altamente salutar. Acho que elas descaracterizam a festa, e é preciso preservar a cultura nordestina. Além do que elas fazem uma coisa apelativa e não é bem isso que se entende como representação cultural, é feito no Carnaval se lançar marchinhas com apelação nas letras”.Voltando aos 30 anos, ela comenta que, com Balaio de amore os autores incluídos no disco, está começando a comemorar a efeméride saudando a nação nordestina: “E aquele lado (referindo-se às letras das bandas) não é nossa cultura, queria que fosse também um disco romântico”, continua Elba Ramalho.

SALVE, SALVE O CABOCLO SONHADOR - 25 ANOS DE CARREIRA ARTÍSTICA

Filho ilustre do município de Iguaraci, no sertão pernambucano, filho de Mestre Louro, músico e consertador de foles de oito baixo, Maciel Melo, aos 16 anos, mudou-se para Petrolina, onde morou durante 16 anos. Em 1986, influenciado pelo som catingueiro de Elomar, Vital Farias, Xangai, Dominguinhos mergulha na música, incorporando a ela toda bagagem que trouxe da pequena Iguaraci. Estreou em disco, no ano seguinte, com um LP,Desafio das léguas,no qual ratificava seu talento de letrista e melodista,mas também escancarava as influências dos artistas citados (Vital Farias, Xangai e Décio Marques participam do disco). O Quinteto Violado foi o primeiro grande nome da música nordestina a gravar Maciel Melo, uma música chamada Erva-doce,em 1985. Depois do namoro com os sons da caatinga, Maciel Melo descobriu sua vocação de forrozeiro, e provavelmente o mais talentoso e autêntico desde José Marcolino. Em 1992, ele estava com dois grandes sucessos radiofônicos,Que nem vem-vem, na voz de Elba Ramalho, e Caboclo Sonhador,com Flávio José, depois gravado também por Fagner.Aí ele já se sacramentara como um dos grandes nomes da música nordestina,continuamente gravado por diversos intérpretes,de Irah Caldeira, a Xangai ou Alcymar Monteiro. Mas sem se descuidar de sua própria carreira de cantor, lançando discos praticamente todo ano.


Já está nas lojas o novo CD de Maciel Melo, Sem Ouro e Sem Mágoa.
Com participações de Geraldo Azevedo, Xangai, Geraldo Maia, Jorge de Altinho, Josildo Sá, Maestro Spock, Naná Vasconcelos, Santana, o Cantador, e Silvério Pessoa, o robusto álbum com 17 músicas reforça a ótima tendência de rechear CDs e DVDs com a participação de outros artistas. O fato não apenas valoriza a obra com a soma de talentos, mas também reforça a idéia de união entre poetas e cantadores, intérpretes e autores.
Sem Ouro e Sem Mágoa traz nada menos que 17 músicas, algumas parcerias importantes, como a que dá nome ao CD, com letra de Fausto Nilo. Outros nomes brilhantes da constelação nordestina dão a sua luz: Xico Bizerra (em Pelos Cantos da Casa, predestinado a ser um sucesso), Teca Calazans (em Mamãe, Papai Me Disse), Anchieta Dali e Luiz Homero (com a lírica Da Cor do Chão), Jessier Quirino no brincante Bolero de Isabel, Maciel Correia e Carlos Vilela (na intrigante Estrelas do Passado), Geraldo Maia com uma singela homenagem à Nossa Senhora da Conceição em Fronteira da Graça, sem esquecer os parceiros Genaro e Ananias Júnior.

LANÇAMENTO DO CD E DVD "TREM DA MINHA VIDA""

Durante o mês de abril, devido as postagens dedicadas ao rei, o lançamento do CD e DVD do cantor e compositor Jorge Vercillo passou "desapercebido" durante tal acontencimento. Agora venho me redimir e falar desse mais novo e excelente trabalho feito por Jorge nessa sua contínua contribuição para a qualidade da música popular brasileira.

Um artista em mutaçãoCom o objetivo de sempre mudar e criar, Jorge Vercillo lança CD e DVD ‘Trem da minha vida’THIAGO ROQUEO compositor e cantor carioca não se intimidou com o sucesso de seu último trabalho, “Todos nós somos um” e resolveu mexer no time: trocou os músicos da banda, fez novos arranjos para antigas e mais recentes canções e até em ufologia está acreditando e se dedicando mais agora.
O resultado de tudo isso (das novas roupagens, dos novos músicos, das novas crenças) está em “Trem da minha vida”, show gravado ano passado no Canecão (RJ) e lançado em CD e DVD pela gravadora EMI.
“É uma evolução do meu trabalho”, garante Jorge, por telefone, ao BOM DIA. “Durante a estrada, as canções foram sofrendo mutações, modificações, melhoras, transformações.”
A mudança é significativa: salsa, big band, pop, balada, standard jazz e outros ritmos passeiam por clássicos do cantor, como “Que nem maré”, “Homem aranha”, “Fênix”. Mas o compositor deixa bem claro aos fãs: “É um outro show, bem diferente do que já apresentei, mas ainda sou eu lá, em cada canção.”
NaturalVercillo “culpa” sua eterna busca pelo compor esse processo de mutação. “Pra mim, criar é um prazer. Só há razão em eu continuar lançando trabalhos se eu estiver compondo, arriscando, testando… É algo natural em mim, não tem como ser diferente”, explica.
Por isso, “Trem da minha vida” surge como um divisor de águas para o artista carioca. “É um passo adiante no sentido da musicalidade do meu trabalho. Meu objetivo era fazer algo pop, mas com um ar sofisticado, com essa influência do jazz que marca meu trabalho atualmente”, conta.
Eu vi e ouviPop sofisticado salta aos olhos, mas só no DVD“Trem da minha vida” é um show bacana, com um repertório rico que vai agradar aos fãs de Jorge Vercillo e também da música brasileira.
Mas invista um pouco mais de reais e compre o DVD.
Primeiro porque o DVD é mais completo – 24 canções contra as “míseras” 14 do álbum. Segundo porque só pelo DVD você se deliciará com a iluminação e o clima de show. Além disso, Jorge tem bom carisma no palco, coisa que o CD não transmite.
No DVD, você vê também pout-porris (junção de canções) que não está no CD – destaque para “Coros Populares”, emendada de “Eu só quero um xodó” e a surpresa “Epitáfio”, do grupo Titãs.
De quebra, o cantor carioca vai além dos já batidos registros musicais brasileiras, e traz uma parte de extras bem bacana: “Em casa ou qualquer lugar” mostra o artista tocando e cantando em casa, ambiente que o faz pra lá de feliz.
Então resta ouvir ese deliciar com mais esse trabalho de excelente qualidade do Jorge.

domingo, 10 de maio de 2009

JOÃO GILBERTO - REGISTROS NA CASA DE CHICO PEREIRA (1958)

Aqui estão registros anteriores ao primeiro disco de um dos precursores da Bossa-Nova, o baiano João Gilberto. Registros Gravados em clima de sarau, além das músicas tocadas por João, ainda há diálogos do encontro. Raro!

Por Ronaldo Evangelista


Surpresa! Vazou essa semana na blogosfera uma das gravações caseiras lendárias de um João Gilberto pré-disco, ali por 57-58. Feita na casa do fotógrafo Chico Pereira (co-responsável pelas lindas e cultuadas capas da Elenco), a gravação tem mais de 20 músicas curtas - algumas nunca gravadas por ele em disco, como "Beija-me" e "João Valentão" - e ainda conversas e atmosfera.

Quem recupera as gravações, com ajustes possíveis, é o blog Toque Musical, de raridades brasileiras pouco óbvias e sempre interessantes. Já circulam por aí mp3s dos primeiros compactos do João e do show O Encontro, mas é a primeira vez que vejo vir a público qualquer das gravações efetivamente caseiras, feita entre amigos em gravadores antepassados dos portastudios.

E estamos em 1958 - um ano antes de João gravar seu álbum de estréia, portanto. Mesmo ano em que participou tocando violão (e dando pitacos nem sempre benquistos) no disco "Canção do Amor Demais", tido como o movimento inicial do movimento.

João já sabia de tudo.

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No indispensável Chega de Saudade, Ruy Castro conta mais:

Uma das pessoas que João conhecera com Roberto Menescal e Carlinhos Lyra fora o fotógrafo da Odeon, Chico Pereira. Pela quantidade de hobbies a que Chico dispensava total dediacação - som, jazz, aviação, pesca submarina -, era difícil imaginar como lhe sobrava tempo para fazer um único clique como fotógrafo. Mesmo assim, Pereira conseguia dar conta das fotos de todas as capas da Odeon. Menescal era seu companheiro de pesca e os dois eram também irmãos em Dave Brubeck. Quando João Gilberto cantou pela primeira vez em seu apartamento, na rua Fernando Mendes, levado por Menescal, Chico experimentou a mesma sensação que tivera ao conhecer o fundo do mar. Com a vantagem de que a voz e o violão de João Gilberto podiam ser capturados. Não perdeu tempo: assestou um microfone, alimentou seu gravador Grundig com um rolo virgem e deixou-o rodar. Foi a primeira das muitas fitas que gravaria com João Gilberto em sua casa.

Antes mesmo que o 78 de "Chega de Saudade" invadisse as rádios - antes mesmo de ter saído o disco -, fitas domésticas de rolo, contendo a voz e o violão de João Gilberto já circulavam pela Zona Sul. Circulavam é força de expressão. Poucos possuíam gravadores naqueles tempos pré-cassete, o que limitava a audiência de uma fita aos amigos do dono do gravador. Uma dessas fitas tinha sido gravada pelo fotógrafo Chico Pereira, felizmente um homem cheio de amigos; outra, pelo cantor Luís Cláudio. Em quase todas João Gilberto cantava "Bim Bom", "Hô-ba-la-lá", "Aos pés da cruz", "Chega de Saudade" e coisas que nunca gravaria em disco, como "Louco", de Henrique de Almeida e Wilson Batista, e "Barquinho de Papel", de Carlinhos Lyra.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

PAULO DINIZ

Nascido no interior de Pernambuco, foi para Recife trabalhar como crooner e baterista em casas noturnas. Foi locutor e ator de rádio e televisão, em Pernambuco e no Ceará. Em 1964 foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Rádio Tupi e passou a compor com mais freqüência. Sua primeira gravação saiu em 1966, com a música "O Chorão". Quatro anos depois lançou dois LPs, e em seguida dedicou-se à tarefa de musicalizar poemas de língua portuguesa de autores como Carlos Drummond de Andrade ("E Agora, José?"), Gregório de Matos ("Definição do Amor"), Augusto dos Anjos ("Versos Íntimos"), Jorge de Lima ("Essa Nega Fulô") e Manuel Bandeira ("Vou-me Embora pra Pasárgada"). Suas músicas foram gravadas por Clara Nunes, Emílio Santiago, Simone e outros. Entre seus sucessos destacam-se "Pingos de Amor", gravado por vários intérpretes, "Canoeiro", "Um Chopp pra Distrair", "I Want to Go Back to Bahia" (uma homenagem a Caetano Veloso, então exilado em Londres) e "Quem Tem um Olho É Rei", todas em parceria com Odibar. o MUSICARIA BRASIL deixa aqui disponibilizado os primeiros álbuns desse artista pernambucano para que quem não conhece venha a conhecer um pouco mais sobre a obra desse grande músico.


Paulo Diniz - Brasil, brasa, braseiro (1967)

Faixas:
01 - Brasil,brasa,braseiro
02 - Vou explodir de felicidade
03 - Seria bom
04 - O trevo
05 - Quem desdenha quer comprar
06 - O chorão
07 - Se o mundo pudesse me ouvir
08 - Só que a minha pele é negra
09 - O telegrama
10 - Eu quero ter um tigre em mim
11 - O chorão no dentista
12 - O risonho


Paulo Diniz - Quero voltar pra Bahia (1970)

Faixas:
01 - Piri Piri (Paulo Diniz / Odibar)
02 - Um Chope Pra Distrair (Paulo Diniz / Odibar)
03 - Ninfa Mulata (Paulo Diniz / Odibar)
04 - Quero Voltar Pra Bahia (Paulo Diniz / Odibar)
05 - Felicidade (Lupicínio Rodrigues)
06 - Marginal III (Paulo Diniz / Odibar)
07 - Chutando Pedra (Nenéo)
08 - Chega (Paulo Diniz / Odibar)
09 - Canseira (Paulo Diniz / Odibar)
10 - Ponha Um Arco-íris na Sua Moringa (Paulo Diniz / Odibar)
11 - Me Leva (Nanuk)
12 - Sujeito Chato (Paulo Diniz / Pedrinho)


Paulo Diniz (1971)

Faixas:
01 - O meu amor chorou
02 - Pingos de amor
03 - Canoeiro
04 - Velho solar
05 - Rosa da fonte
06 - Asa branca
07 - Verei verei
08 - Caminhando pelo parque
09 - Metrô
10 - Debandada geral
11 - Viva maria
12 - Canção do meu amor


Paulo Diniz - E agora José?(1972)

Faixas:
01 - Vou-me Embora (Paulo Diniz / Roberto José)
02 - José (Paulo Diniz / Carlos Drummond de Andrade)
03 - Bahia Comigo (Paulo Diniz / Odibar) with Odibar
04 - Gosto Aborrecido (Paulo Diniz / Odibar)
05 - Chora Morena (Tradicional mineiro / Adpt. Paulo Diniz)
06 - Quem Tem Um Olho É Rei (Paulo Diniz / Odibar)
07 - Rasgo Seda à Bessa (Paulo Diniz / Odibar)
08 - Como (Luis Vagner)
09 - Miradouro (Paulo Diniz / Odibar)
10 - Maria Portugal (Paulo Diniz / Odibar)
11 - Pés Descalços (Paulo Diniz / Odibar)



Paulo Diniz (1974)
Faixas:
01 - Pirim Pim Pim
02 - Pedra Do Arpoador
03 - Love Question
04 - Cante Alguma Coisa
05 - Mito Solar Da Morte
06 - São Paulo Demais
07 - Vê Se Pisa No Braseiro
08 - Baião
09 - Balão Colorido
10 - Sem Você No Interior
11 - Chica Bethania
12 - Rena Rendou

quinta-feira, 7 de maio de 2009

CURIOSIDADES DA MPB

Foi em uma data como a de hoje há exatamente 02 anos atrás no 13º Festival da Seresta do Recife que a cantora Núbia Lafayette subiu ao palco para uma apresentação pela última vez. Após o show ela viajou para São Paulo onde teve um AVC e veio a falecer cerca de 42 dias após o seu último show.

15º FESTIVAL DA SERESTA DO RECIFE

A partir desta quarta-feira (6), o Recife será tomado pelo romantismo, com a 15ª edição do Festival Nacional da Seresta. Serão quatro dias de shows com a participação de grandes nomes da música romântica brasileira. Como já é tradição, a cada dia a programação do festival será definida por um tema. Haverá a Noite da Jovem Guarda, Noite dos Anos 70, Noite do Bolero e a Noite das Mães. Os shows seguem até o próximo sábado (09), sempre a partir das 20h, na Praça do Marco Zero, no Bairro do Recife. Este ano sobem ao palco do festival cantores populares e românticos como Fernando Mendes, Gilliard, Almir (ex-Fevers), Paulo Diniz, Leonardo e Adilson Ramos. Esta edição também marca a volta do Conjunto Pernambucano de Choro, do cantor Roberto Silva, e também do jovem Altemar Dutra Junior, que tem feito bastante sucesso cantando as músicas do pai.O cantor Márcio Greyck será uma das estréias deste festival, que cantará sucessos como “Aparências”, “Impossível Acreditar que Perdi Você”, e “O Infinito”. Na sexta-feira (8), na Noite do Bolero, a cantora carioca Walesca, conhecida como Rainha da Fossa, fará uma homenagem a Maysa, uma das grandes estrelas do Brasil.


PROGRAMAÇÃO

Quarta-feira (6)
Noite da Jovem Guarda
20h – Mozart
21h – Túnel do Tempo
22h30 – Márcio Greyck
00h – Almir Ex-Fevers

Quinta-feira (7)
Noite dos anos 70
20h – Augusto César
21h – Paulo Diniz
22h30 – Leonardo Sullivan
00h – Fernando Mendes

Sexta-feira (8)
Noite do Bolero
20h – Expedito Baracho
21h30 – Walesca
22h30 – Gilliard
00h – Adilson Ramos

Sábado (9)
Noite das Mães
20h – Nadja Maria
20h40 – Conjunto Pernambucano de Choro
22h – Roberto Silva
23h30 – Altemar Dutra Júnior

ADELINO MOREIRA - 07 ANOS DE SAUDADES

Nascido em Porto, Portugal, com um ano de idade veio para o Brasil, indo morar em Campo Grande, subúrbio do Rio. Aos 20 anos, começou a aprender bandolim, passando logo após à guitarra portuguesa. Seu pai era o patrocinador do programa Seleções Portuguesas, na Rádio Clube do Brasil, dirigido pelo maestro Carlos Campos, seu professor de guitarra. Sendo assim, conseguiu atuar em seu programa como cantor. Convidado por Braguinha, gravou seis discos na Continental nessa época. Em 1945, começou a tocar violão. Três anos depois voltou a Portugal, gravando canções brasileiras. Retornando ao Brasil, no início dos anos 50 intensificou sua atividade de compositor. Em 1952, conheceu o cantor Nelson Gonçalves e iniciaram uma intensa parceria. Em geral Adelino compunha e Nelson gravava, mas em algumas músicas como o bolero "Fica Comigo Esta Noite", os dois assinaram em dupla. A primeira canção gravada por Nelson foi "Última Seresta" (1952), seguida de inúmeras outras que passaram a dominar os discos do cantor – normalmente sambas-canções dramáticos – dos quais destacam-se o clássico "A Volta do Boêmio" (que vendeu a astronômica cifra de um milhão de cópias), "Meu Dilema", "Escultura", "Meu Vício É Você", "Doidivana", "Deusa do Asfalto", "Êxtase", "Flor do Meu Bairro", entre outras. A partir de 1959, a cantora Núbia Lafayette foi lançada como um Nelson Gonçalves de saias, cantando basicamente o repertório de Adelino, que a projetou com os sambas-canções "Devolvi" e "Solidão". Muitos outros cantores também gravaram as canções de Adelino, como Ângela Maria, que faria muito sucesso com os chá-chá-chás "Beijo Roubado" e "Garota Solitária" e os sambas-canção "Cinderela" e "Meu Ex-Amor". Em 64, Adelino rompeu com Nelson por algum tempo (quando lançou um clone vocal do cantor, Carlos Nobre), voltando às boas somente em 75. Em 67, atuou como disc-jockey na Rádio Mauá (RJ). Em 70, abriu uma churrascaria em Campo Grande, onde levou vários cantores famosos. Sua música mais famosa e mais regravada é "Negue" (com Enzo de Almeida Passos), que depois de ser gravada por Carlos Augusto, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto encontrou novamente o sucesso, graças a uma interpretação definitiva por Maria Bethânia no LP "Álibi" (1978). A música também foi regravada em 1986 numa versão punk pelo grupo Camisa de Vênus e em 1991 por Ney Matogrosso e Raphael Rabello. Em 1980, Ângela Ro Ro fez uma releitura de "Fica Comigo Esta Noite" — música que foi faixa-título do CD de Simone em 2000 — e em 1998 as irmãs Alzira e Tetê Espíndola reviram "Garota Solitária".

Adelino faleceu em 07 de maio de 2002, aos 84 anos no Rio de Janeiro durante o sono.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

DICAS DA MUSICARIA

HERMETO PASCOAL E GRUPO - SÓ NÃO TOCA QUEM NÃO QUER (1987)
Faixas:
01 - De sábado pra Dominguinhos
02 - Meu barco
03 - Viagem
04 - Zurich
05 - O correio
06 - Intocável
07 - Flávia
08 - Candango
09 - Suíte Mundo Grande
10 - Parnapuã
11 - Canção da tarde
12 - Mente clara
13 - Ilha das Gaivotas
14 - Rebuliço
15 - Convento
16 - Quiabo
17 - Menina azul
18 - Garrote
19 - Rancho das sogras

O ÍDOLO LINCHADO

O filme Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei joga luz sobre um dos episódios mais cruéis da história brasileira. E responde à pergunta: afinal, o cantor era ou não informante da ditadura?


Por André Nigri

No dia 7 de setembro de 1971, o jornal carioca O Pasquim publicou um dos cartuns mais cruéis da história da imprensa brasileira. No desenho, vê-se a mão de um homem com o dedo indicador esticado, apontando para alguém. No texto que acompanha o cartum, lê-se: "Como todos sabem, o dedo de Simonal é hoje muito mais famoso do que sua voz. A propósito: Simonal foi um cantor brasileiro que fez muito sucesso no país ali pelo final da década de 60". O desenho tem uma pitada de racismo, e o texto, um teor tragicamente profético. Racismo: a mão é negra. Profecia: de 1971 até sua morte, no ano 2000, o cantor Wilson Simonal viveu uma situação ímpar no show business brasileiro. Pelo "crime", jamais provado, de que teria sido informante da ditadura (daí o dedo do delator desenhado pelo Pasquim), teve o pior castigo que um artista pode sofrer: o ostracismo. As gravadoras, a televisão e as casas de show lhe fecharam as portas. Com a carreira violentamente amputada, Simonal mergulhou na depressão e no alcoolismo. Isso depois de ele ter se consagrado como o maior artista pop de seu tempo, rivalizando com Roberto Carlos. Nos 29 anos em que o cantor sobreviveu à tragédia pessoal e artística, até sua obra foi esquecida. "Eu não existo na história da música popular brasileira", costumava dizer à segunda mulher, Sandra Cerqueira. O nome Simonal deixou de evocar suas músicas. A menção a ele em rodas de conversa trazia sempre à tona uma pergunta infalível: afinal, ele delatou mesmo?
A melhor resposta já dada a essa questão está no documentário Simonal — Ninguém Sabe o Duro que Dei, dirigido por Claudio Manoel (um dos integrantes do humorístico Casseta & Planeta), Micael Langer e Calvito Leal, que estreia nos cinemas neste mês. A verdade sobre Simonal emerge de uma miríade de depoimentos sensacionais, alguns verdadeiros furos de reportagem, que permitem ao espectador reconstituir com alguma precisão a verdade sobre o cantor. Antes de mergulhar fundo no momento que transformou radicalmente a vida de Simonal, no entanto, o filme se dedica a mapear sua trajetória e mostrar a dimensão de seu sucesso. Wilson Simonal de Castro nasceu em uma favela da zona sul do Rio de Janeiro, filho de uma empregada doméstica que trabalhava em residências em Ipanema e no Leblon. Sua vida começou a mudar quando o adolescente que não havia tido a oportunidade de estudar entrou para as Forças Armadas. Lá, descontraía os colegas recrutas cantando. Foi então descoberto pelo produtor musical Carlos Imperial (1939-1992), o mesmo que lançara Roberto Carlos no início da década de 1960. Em poucos anos, Simonal se transformou em um dos cantores mais populares do Brasil, tendo como único rival justamente o "rei" Roberto Carlos.
Numa das muitas cenas incríveis do documentário, Simonal aparece cantando para uma plateia de cerca de 30 mil pessoas no Maracanãzinho, numa época em que cantores só lotavam pequenas boates e teatros. O show fez parte da final do Festival de MPB da TV Record em 1969. O sucesso se devia, em parte, a seu carisma no palco. Simonal, mais do que um cantor, era o que os americanos chamam de entertainer, um showman talentoso e irresistível. Balançando os braços, ele levava a multidão a cantar como um maestro rege seus músicos. Em outra cena antológica do filme, aparece cantando em inglês ao lado de Sarah Vaughan, àquela altura considerada uma das maiores intérpretes do mundo (Simonal não falava inglês, mas com o ouvido privilegiado tirava as letras foneticamente). Fora dos palcos, o cantor ainda aparecia em comerciais de televisão. No fim da década de 1960, ele se tornou garoto-propaganda da petrolífera Shell, no maior contrato de publicidade assinado até então por uma celebridade brasileira. Seu modo de vida era de um popstar da época. Gastava o que ganhava em carros importados (tinha três Mercedes-Benz; Roberto Carlos, uma) e bons uísques e vivia cercado de mulheres lindas.
A tragédia começou em meados de 1971. O cantor viu sua conta bancária emagrecer e resolveu dar uma olhada na contabilidade da sua empresa, a Simonal Produções. Desconfiou que seu contador, Raphael Viviani, o estava roubando. É nesse momento que, com base nos depoimentos, é possível reconstituir com relativa precisão o episódio que mudou a vida do cantor. Em sua primeira entrevista longa em quase 40 anos, Viviani conta que foi procurado em casa por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Negando-se a assumir o roubo, foi levado para um dos muitos porões da ditadura. Apanhou, levou choques elétricos e acabou assinando a confissão de que havia, sim, desviado dinheiro. Segundo Viviani, na manhã que se seguiu à noite de torturas, o próprio Simonal apareceu no Dops — um indício de que os gorilas do regime teriam agido a mando dele.
Colocado em liberdade, Raphael foi prestar queixa em uma delegacia de polícia. Poucos dias depois, o caso ganhou as páginas da imprensa. Um inspetor, Mário Borges, deu uma entrevista dizendo que Simonal era informante do Dops — a afirmação sem provas que, amplificada, acabou ganhando contornos de verdade e destruindo a carreira do cantor, que nada fez para desmenti-la na ocasião. Ao contrário. Pressionado, o próprio Simonal deu entrevistas dizendo ser "de direita". Pior: justificou o fato de ter procurado o Dops usando uma história mirabolante. Acusou o contador de ser terrorista, tendo feito ameaças de atentado a ele por telefone. Segundo Viviani, Simonal teria sido orientado por um mau advogado a lançar mão de tal disparate. O contador faz questão de frisar, também, que nunca roubou — diz que as finanças do músico começaram a minguar quando a Shell rompeu o contrato com ele.
Pela surra encomendada, Simonal foi investigado e condenado em 1972 a cinco anos e quatro meses de prisão, cumpridos em liberdade. A pena, no entanto, foi o de menos. O pior foi o castigo imposto pela chamada "esquerda intolerante" — na expressão usada pelo falecido deputado Paulo Alberto Monteiro de Barros, o Artur da Távola —, que se aferrou à versão de que Simonal era delator, embora não houvesse nenhuma prova disso. De acordo com depoimentos dos filhos de Simonal, Simoninha e Max de Castro, vários artistas da MPB ligaram para casas de espetáculo ameaçando nunca mais tocar nos estabelecimentos caso shows do pai fossem contratados (os dois músicos não mencionam nomes). José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então um dos diretores da TV Globo, conta no filme como o cantor acabou banido também dos programas da emissora, embora não houvesse ordens expressas para isso. Segundo ele, a antipatia por Simonal era grande entre os roteiristas e diretores dos programas, motivo pelo qual ele não era mais convidado.
O ostracismo resistiu à redemocratização do país. Em 1995, Simonal chegou a procurar a Secretaria de Direitos Humanos do governo Fernando Henrique em busca de um "nada consta" do Dops — ou seja, um documento que atestasse que ele nunca havia trabalhado, formal ou informalmente, para o órgão da repressão. Conseguiu-o, mas na época ninguém quis saber. Nas dezenas de depoimentos que compõem o filme, não se encontrou ninguém que soubesse de denúncia ou delação feita por Simonal, o que mostra que a afirmação leviana do inspetor Mário Borges era apenas isto: afirmação leviana. Capaz, no entanto, de destruir uma carreira de forma definitiva. Em 2000, Simonal morreu de falência hepática decorrente do uso compulsivo de bebida.
As duas mortes de Simonal — a primeira em 1972, com seu banimento como cantor, e a segunda em 2000 — começam a suscitar inúmeras análises. De acordo com o historiador Gustavo Alves Affonso Ferreira — que prepara um livro sobre o cantor, a ser lançado ainda neste ano pela editora Record —, havia dois lados bem definidos no fim dos anos 60. De um deles, estavam os generais e todo o simbolismo de que se cercavam ou era associado a eles: o tricampeonato da seleção brasileira na Copa do México, em 1970, o ufanismo dos desfiles militares, o "Brasil grande" com seus ícones, como a rodovia Transamazônica, a usina nuclear de Angra dos Reis e alguns cantores. Estes, identificados como bregas, não incomodavam a esquerda. Do outro lado, no "Brasil do bem", estavam os artistas eleitos pretores da resistência, mesmo sendo tão díspares como Caetano Veloso e Chico Buarque. E, meio fora desses dois mundos, havia Simonal. Definitivamente, ele não era brega: cantava ao lado de Elis Regina e Jorge Benjor e era parceiro de Roberto Menescal. Fazia parte do time de frente da MPB com sua música suingada, muito dançante e bem cantada. Talvez tenha sido essa a sua desgraça.A esquerda da época precisava de um Judas para malhar, e Simonal, com sua origem humilde, parecia não compreender o momento histórico. Sua mensagem política se resumia a exibir a pele negra e dizer que um sujeito de cor, nascido na favela, podia chegar ao sucesso. O linchamento de Simonal, assim, acabou sendo uma maneira enviesada de enxovalhar o regime. Para entender o que se passou, pode-se pegar de empréstimo, por fim, uma ideia do escritor e ensaísta italiano Roberto Calasso. Segundo ele, há momentos históricos em que a sociedade repete um rito primitivo de linchamento para expiar a própria culpa. Esse ritual se dá, metaforicamente, na forma de uma rodinha de pessoas em torno de um cadáver. Quem participa da rodinha pertence a uma seita vastíssima de devotos, inerme e persecutória, que Calasso chama de "Opinião Pública". Pode-se dizer que, nos anos 70, quem estava no centro da roda era Wilson Simonal.


O FILME
Simonal — Ninguém Sabe o Duro que Dei, de Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal. Estreia prevista este mês.

NANA CAYMMI LANÇA NOVO CD

O CD "Sem Poupar Coração", trás de volta para os fãs a inigualável Nana Caymmi. Isso tudo deve ser agradecido à novelista Glória Perez. Se a autora da novela "Caminho das Índias" não tivesse pressionado a cantora, no fim do ano passado, por uma canção de amor que servisse de tema para o casal central de sua trama, o novo disco de Nana, praticamente só de inéditas, não sairia tão cedo.
"Eu estava com o disco pra começar a fazer, pra poder me levantar do luto, ver que rumo ia tomar na minha vida, porque cantar ia dar uma saudade horrível dos meus pais, quando a Glória me disse: ‘Você vai entrar na minha novela. Que negócio é esse de parar de cantar?’", conta Nana, referindo-se à profunda tristeza que a tomou por conta das perdas consecutivas do pai, Dorival, aos 94 anos, e da mãe, Stella, aos 86, em agosto, num intervalo de 11 dias.
Aquela que é considerada por muitos a maior cantora brasileira chegou mesmo a cogitar interromper a carreira de quase 50 anos. Para prosseguir, recorreu à companhia dos irmãos, Dori e Danilo, que participaram do CD com composições (Dori com duas e Danilo com uma, ambos com parceiros), arranjos (Dori) e como instrumentistas (Dori no violão; Danilo na flauta).
O CD sai pela Som Livre. As gravações, que contaram com músicos que já trabalham com ela há anos, foram concluídas pouco antes do carnaval. Para atender ao pedido de Glória, Nana enviou duas canções que entraram no CD. Mas a novelista já tinha em mente "Não se Esqueça de Mim" (de Roberto e Erasmo Carlos), que ela gravara em 1998 no bem-sucedido álbum "Resposta ao Tempo".
Nana incluiu também, entre outras, canções de Fátima Guedes ("Pra Quem Ama Demais"), Sueli Costa ("Violão", com Paulo César Pinheiro), João Donato e Ronaldo Bastos ("Caju em Flor"), Cristóvão Bastos e Aldir Blanc ("Contradições"), esta já gravada por Altemar Dutra Jr. De Rosa Passos e Fernando Oliveira, entrou "Esmeraldas", do repertório de Rosa; de Guinga e Paulo César Pinheiro, "Senhorinha", que já tem registro de Mônica Salmaso.


SEM POUPAR CORAÇÃO (2009)
Faixas:
01 - Sem Poupar Coração (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro)
02 - Contradições (Cristóvão Bastos e Aldir Blanc)
03 - Caju em Flor (João Donato e Ronaldo Bastos)
04 - Senhorinha (Guinga e Paulo César Pinheiro)
05 - Bons Momentos (Zé Luiz Lopes e Márcio Proença)
06 - Visão (Danilo Caymmi e Manu Lafer)
07 - Dúvida (Márcio Ramos)
08 - Confissão (Antonio Carlos Bigonha e Simone Guimarães)
09 - Fora de Hora (Dori Caymmi e Chico Buarque)
10 - Pra Quem Ama Demais (Fátima Guedes)
11 - Diamante Rubi (Alice Caymmi)
12 - Esmeraldas (Rosa Passos e Fernando Oliveira)
13 - Violão (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro)
14 - Não se Esqueça de mim (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), com Erasmo Carlos

sexta-feira, 1 de maio de 2009

COCO RAÍZES DE ARCOVERDE

O grupo Coco Raízes de Arcoverde foi fundado em 1994 por Lula Calixto, no Alto do Cruzeiro, em Arcoverde, Pernambuco. É um coco um pouco diferente, pois o samba de coco do Raízes de Arcoverde tem outras raízes. As influências vão do sertanejo à cultura indígena (da tribo Xucuru), passa pelo xaxado e samba de roda.
Voltando à história do grupo, mesmo com a morte do fundador Lula Calixto em 1999, o grupo continuou. A casa de Lula abriga hoje a sede do grupo e um pequeno museu em seu nome. Hoje, Seu Damião e Seu Assis comandam o grupo. Até janeiro de 2002, Ciço Gomes também fazia parte, mas se afastou do grupo. Filhos, irmãos, sobrinhos, amigos, todos participam do Coco. O repertório tem canções compostas pelos componentes do grupo e músicas recolhidas de domínio público.O grupo não é só música, é dança também. Esta é marcada pelo passo de coco, coco de roda e pelo trupé, batida mais acelerada. Os tamancos especiais marcam a música, principalmente no trupé.

POR QUE TANTA MULHER CANTANDO NA MPB?

Se o quanto não bastasse o que Chiquinha Gonzaga fez por essas mulheres, ela ainda escondeu no filho seu verdadeiro amor, seria por demais hercúleo enfrentar filhas, pai e sociedade. A heroína Chiquinha só faltou cantar, mas abriu as portas do cancioneiro popular, na era do telefone, para as cantoras do rádio, e logo a primeira nos foi afanada por Hollywood e devolvida depois de devidamente sugada, por não termos dado ouvidos ao “taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim”. Não permitiram que a luz de Carmen Miranda nos guiasse, mas seu carnaval de cores pintou a estética do tropicalismo que fizeram o mundo gay gargalhar à vontade da platéia atônita. O caminho ficou livre para “Chiquita bacana, lá da Martinica”, Emilinha e Marlene se digladiavam na arena da Rádio Nacional, Ângela Maria já convocava Cauby Peixoto ululando “Babalu”, Linda e Dircinha Batista atraíam as atenções de Getúlio Vargas, enquanto Nelson Gonçalves desfiava Adelino Moreira na boneca de trapo, meu vício é você, pedaço de vida que vive perdida no mundo a rolar, farrapo de gente e inconsciente, peca só por prazer, boneca eu te quero, com todos os vícios, com tudo afinal, eu quero esse corpo que a plebe deseja, embora seja prenúncio do mal. Foi o que bastou para Dolores Duran não ver outra saída para a mulher e aceitar a bandeira da rejeição nas músicas de Antônio Maria em “ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama, de meu amor, a vida passa, e eu sem ninguém” e a fracassomania de “cansaço da vida, cansaço de mim, velhice chegando e eu chegando ao fim”.Quem canta, seus males espanta. As letras das músicas não necessariamente refletem o que passa pela glote de quem bebe e compõe, afirma com ar de entendido quem passou pela vida em branco e já entregou os pontos.Mas a lua atravessava o céu de zinco e salpicava o chão de estrelas dos morros onde era sempre feriado nacional, e fez surgir a Divina, Elizeth Cardoso, num palco iluminado, vestida de dourado, alimentando as perdidas ilusões de Jacob do Bandolim nas “Noites Cariocas” e Ciro Monteiro tamborilando sua indefectível caixa de fósforos, no fundo do quintal.Indubitavelmente, as cantoras brasileiras, em todos os gêneros, são o que há de melhor no mundo. Mania de grandeza, ferroada do argentino. Elis Regina entre Sarah Vaughan e Barbra Streisand. Ela não se conformou com o bel far-niente do “Barquinho” de Ronaldo Bôscoli e se transformou na nossa diva e de César Camargo Mariano no “Falso brilhante”, em que “amor é um disparate, me faz pintar os cabelos, dobrar os joelhos, mesmo diante do canto do cisne, me dá forças para o grito de carnaval”.Maria Bethânia, Gal Costa, Nana Caymmi, Rita Lee, libertam a mulher do invólucro que as encerrava, despachando a fragilidade, toque perverso incutido na sua formação, para os quintos do inferno. Sob as bênçãos da guerreira Clara Nunes, morena d’Angola, em seu candomblé rítmico. Ê baiana, a rainha do partido-alto da “Portela na Avenida”, saravá meu pai, e “o mar serenou”. Não se sacrificou à toa, “bem que se quis” Marisa Monte para tirar a Velha Guarda da Portela do fundo do baú assim como outros esquecidos na rala memória da Aquarela do Brasil. “O que é que a gente não faz por amor?”, “a gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte”, a liberdade de cantar composições de escolas e gerações completamente diferentes entre si, unidas pela qualidade musical e poética, firmando o bello canto brasileiro, aberto e libertário. “Eu perco o chão, não acho as palavras, eu estou no meio, mas chego no fim, tenho por princípios nunca fechar portas, para mim estrelas são estrelas, para mim”, Adriana Calcanhoto não gosta de sinal fechado e compôs um hino que supera a Cidade Maravilhosa. “Cariocas” são bonitos, sacanas, dourados, espertos, diretos e, no gogó, com sotaque, não gostam de dias nublados. Mulheres cantando, preferência nacional, e não é por estarem falando mais grosso com os homens, é porque conseguiram virar a página do século e agora suas vozes finalmente estão sendo ouvidas.

ROSINHA DE VALENÇA

Rosinha de Valença (Maria Rosa Canelas) nasceu em Valença RJ em 30 de Julho de 1941. Ainda criança começou a se interessar por violão, assistindo aos ensaios do conjunto regional de seu irmão Roberto. Estudou sozinha, ouvindo musicas de rádio, e aos 12 anos já tocava violão num regional que animava bailes e na Radio de Valença, acompanhando cantores. Em 1960 abandonou os estudos para se dedicar a carreira musical, indo para o Rio de Janeiro RJ em 1963. Através de Sérgio Porto, conheceu, na boate Au Bon Gourmet, o violonista Baden Powell e Aluísio de Oliveira, produtor da gravadora Elenco, que a contratou para gravar seu primeiro disco, Apresentando Rosinha de Valença. Seu nome artístico foi criado por Sérgio Porto, que costumava dizer que ela tocava por uma cidade inteira. Ainda em 1963, foi sucesso durante oito meses na boate carioca Bottle's. Seguiram-se apresentações em televisão, rádio, teatro e outras casas noturnas, e em maio de 1964 apresentou-se no show O fino da bossa, no Teatro Paramount, em São Paulo SP. No fim do mesmo ano, excursionou durante oito meses pelos EUA com o conjunto Brasil 65, de Sérgio Mendes, e gravou dois discos. Viajou novamente no final de 1965, participando como solista de um grupo de música brasileira, patrocinado pelo Itamaraty, que se apresentou em 24 países europeus. Foi a violonista do espetáculo Comigo me desavim, de Maria Bethânia, em 1967, e no ano seguinte iniciou uma série de apresentações na URSS, Israel, Suíça, Itália, Portugal e países africanos, voltando ao Brasil em 1971. Trabalhou então com Martinho da Vila, participando de seus quatro LPs seguintes. Realizou depois novas tournées no exterior, e de volta, em 1974, organizou uma banda que teve varias formações e contou com a participação de artistas como o pianista João Donato, o flautista Copinha e as cantoras Ivone Lara e Miúcha. Um dos espetáculos da sua banda foi gravado pela Odeon, que lançou em 1975 o LP com o titulo Rosinha de Valença e banda. Tem ainda 11 LPs editados no Brasil, EUA, RFA. e França, em diversas marcas, entre as quais RCA, Odeon, Forma, Pacific Jazz e Barclay. Abandonou a carreira artística algum tempo depois, por motivos graves de saúde.
Rosinha faleceu em Valença, RJ, em 10 de junho de 2004.
Fica aqui uma das obras da Rosinha, para vocês possam conhecer um pouco do talento dessa grande artista:

Sivuca & Rosinha de Valença - Ao vivo (1977)

Faixas:
01 - Homenagem à velha guarda (Sivuca)
Interpretação: Sivuca
02 - Quando me lembro (Luperce Miranda)
• Vassourinha (Mathias da Rocha - Joana Batista Ramos)
Interpretação: Sivuca
03 - Reunião de tristeza (Sivuca)
Interpretação: Sivuca
04 - Feira de Mangaio (Sivuca - Glória Gadelha)
Interpretação: Sivuca
05 - Asa branca (Luiz Gonzaga - Humberto Teixeira)
Interpretação: Rosinha de Valença / Sivuca
06 - Adeus, Maria Fulô (Sivuca - Humberto Teixeira)
Interpretação: Sivuca
07 - Lamento (Vinicius de Moraes - Pixinguinha)
Interpretação: Rosinha de Valença / Sivuca
08 - Tema do Boneco de Palha (Sivan Castelo Neto - Vera Brasil)
Interpretação: Rosinha de Valença