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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

PAUTA MUSICAL: ETERNAMENTE CLARA NUNES

Por Laura Macedo



Clara Nunes (12/8/1942 – 2/4/1983) - uma das maiores cantoras que o Brasil já teve e que deixou fãs, amigos e toda uma infinidade de admiradores com apenas 39 anos de idade. Hoje ela estaria completando 70 ANOS. Sua única composição é “À flor da pele” em parceria com Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro.

Paulo César Pinheiro disse tudo na lápide da inesquecível Clara Nunes.

UM 2019 FELIZ E MUSICAL!

Resultado de imagem para 2018 2019

O ano de 2018 não foi fácil nos mais variados contextos. Para ser honesto, culturalmente falando, as coisas nunca foram fáceis ao menos para nós que fazemos o Musicaria Brasil, mas a perseverança sempre foi nosso combustível. 2018 tivemos a oportunidade de sedimentarmos amizades musicais e conhecer novos artistas e projetos voltados para a rica música brasileira; 2018 acabou nos trazendo a perda de um dos mais estimados colunistas que tive a oportunidade de trabalhar não só aqui como também em outros canais virtuais: Joaquim Macedo Junior, o Quincas, pessoa a qual desde o início de nossos contatos me despertou uma estima escomunal. Durante anos esteve presente aqui no Musicaria sempre aos sábados (além de participar de outros contextos comigo). Uma lacuna impreenchível ele deixa no campo profissional assim como também no campo pessoal, pois acabamos nos tornando amigos mesmo eu estando em Pernambuco e ele em São Paulo, estado que adotou.

Partindo para o Mercado fonográfico este ano foi profícuo, pois alguns os principais nomes de nossa MPB apresentaram novos álbuns, como é o caso do Djavan ("Vesúvio"), Caetano Veloso ("Ofertório"), Gal Costa ("A pele do futuro"), Gilberto Gil ("OK OK OK"), Chico Buarque ("Caravanas - Ao vivo"), Maria Bethânia e Zeca Pagodinho ("De Xerém a Santo Amaro"), Lenine ("Em trânsito"), Joyce Moreno ("50"), Elba Ramalho ("O ouro do pó da estrada"), Elza Soares ("Deus é mulher") entre outros.

Que ano que tem por palavra de ordem resistência, abarque também a cultura e a boa música brasileira. Sucesso, saúde, discernimento e saúde a todos os amigos leitores!!


Bruno Negromonte

domingo, 30 de dezembro de 2018

COMPOSITOR RONALDO BASTOS GANHA HOMENAGEM DA BANDA SAMUCA E A SELVA

Disco 'Tudo que move é sagrado' traz releituras de 12 canções, celebrando os 70 anos do artista


Por Ana Clara Brant 


Banda Samuca e a selva está lançando o segundo disco
(foto: José de Holanda/Divulgação)


Tem salsa, reggae, cumbia, pegada africana, jazz e guarânia. A diversidade marca a banda paulista Samuca e A Selva. Apesar de estar em atividade há apenas quatro anos, o grupo mostra maturidade artística, o que fica evidente em seu segundo disco, Tudo que move é sagrado, parceria entre os selos YBMusic e Dubas.

Pegando emprestado o verso de Amor de índio (Beto Guedes e Ronaldo Bastos), o álbum presta homenagem a Bastos, um dos expoentes do Clube da Esquina. Depois do lançamento do trabalho de estreia, Madurar – indicado ao 28º Prêmio da Música Brasileira na categoria grupo/canção popular –, a banda liderada pelo cantor e compositor Samuel Samuca sentiu confiança para este novo passo. “O primeiro trabalho nos deu certa confiança, a gente sentiu que era a hora de partir para o segundo. Maurício Tagliari, um dos sócios da YBMusic, veio com a ideia de fazer um tributo ao Ronaldo Bastos, já que ele completaria 70 anos em 2018”, lembra.

O intuito era dar nova cara ao repertório do compositor fluminense, imprimindo certa ousadia às canções. Em princípio, a sugestão assustou Samuca. “Até bambeei na hora. Fui pra casa e comecei a refletir. Sempre fui fã do trabalho dele, do Milton Nascimento, do pessoal do Clube. Ronaldo Bastos é o autor que quero ser quando crescer. Ao mesmo tempo em que tem uma obra ultrapoética, é autor de hits”, comenta.

Depois de muito pensar, o vocalista e o coletivo – formado por Guilherme Nakata (bateria), Fábio José (percussão), Allan Spirandelli (guitarra e violão), Lucas Coimbra (teclados e acordeom), Léo Malagrino (contrabaixo), Victor Fão (trombone), Felippe Pipeta (trompete), Kiko Bonato (sax-tenor) e Bio Bonato (barítono e flauta transversal) – aceitaram a proposta. “Não dá para negar um convite desses. O cavalo passou na nossa porta e a gente teve que subir”, diz Samuel Samuca.


NOVIDADE

Maurício Tagliari, que assina a produção e a direção musical do disco, conta que o objetivo jamais foi gravar homenagem “chapa branca”. Daí o desejo de convidar a nova geração de artistas. “Temos todo o respeito pelos parceiros e velhos amigos do Ronaldo, mas a gente queria justamente a turma nova. Foi um divertido quebra-cabeças definir quem ia cantar tal faixa”, diz.

Entre os convidados especiais estão Criolo, Luedji Luna, Filipe Catto, Liniker, Siba, a moçambicana Lenna Bahule, a colombiana Victoria Saavedra e a uruguaia Alfonsina. Chegar ao repertório final de 12 faixas, num universo de cerca de 300 canções, representou um desafio. Ao mesmo tempo em que queria trazer os clássicos do “Ronaldo Bastos Clube da Esquina”, como Fé cega, faca amolada, O trem azul e Cais, o projeto pretendia abordar o lado mais pop do compositor, como Um certo alguém, Chuva de prata e Suerte, versão em espanhol criada por Samuca para a parceria de Bastos com Celso Fonseca, hit de Gal Costa.

“Sem contar o lado B, as músicas que não se tornaram tão conhecidas, mas nem por isso menos importantes. A gente queria apresentar o lado plural, diverso e atemporal do Ronaldo Bastos. Já produzi muito disco na vida, mas esse me deu um certo orgulho. Não é todo dia que a gente tem matéria-prima como essa nas mãos. E ainda celebramos um letrista”, afirma Maurício Tagliari. Em 2019, ele vai lançar seu primeiro disco autoral, que trará parceria justamente com Ronaldo Bastos.


TORCIDA

O homenageado não participou do projeto, mas soube que ele ocorreria. “Torci muito para dar certo e avisei que não ia dar pitaco. Escutei as primeiras mixagens pouco antes do lançamento e foi o suficiente para saber que se tratava de um trabalho feito tanto com seriedade quanto irreverência. Fui almoçar com eles e logo de cara rolou uma sintonia fina. Independentemente da idade cronológica, a juventude é o que me move”, ressalta Ronaldo.


O compositor diz que não consegue eleger a faixa preferida. “Gostei muito de todas, sinceramente. Curto muito o disco como uma coisa só. A banda tem frescor e arrebenta nos arranjos. Eles conseguiram fazer tudo soar atual. Por outro lado, Samuca brilha com seu carisma tanto no estúdio quanto no palco. Aliás, recomendo muito ver uma apresentação da banda. Gostei demais de todas as participações, inclusive das internacionais, que não conhecia. Sou muito grato por ser abraçado por esta nova geração da música brasileira, como velhinho roqueiro que sou. Tudo que move é sagrado”, comemora.

Ronaldo Bastos aprovou a homenagem (foto: Rodrigo Ferdinand/divulgação) 


O coletivo caprichou em todos os aspectos, explica Samuel Samuca. Tanto nos arranjos, na produção quanto na qualidade do áudio e na parte gráfica. Por isso, a homenagem não se faz presente apenas na sonoridade. A capa traz intervenções sobre uma foto de Ronaldo Bastos tirada em Búzios no “século passado”, como brincou o fundador do Clube da Esquina, nascido em Niterói.

“Ronaldo está de braços abertos, num campo de várzea. A gente usou essa imagem e colocou vários elementos gráficos que têm a ver com o nosso trabalho e com o dele. No encarte, temos fotos nossas num campo de futebol no ABC Paulista retratando o mesmo espírito daquela fotografia do Ronaldo. As imagens representam o que nós e o homenageado pregamos: o respeito à diversidade, à vida e à simplicidade”, afirma o vocalista.

Ronaldo Bastos concorda. “Tem tudo aí: liberdade, juventude, espaço, alegria de viver. Meu amigo Peninha (Ronaldo Gorini), da Nuvem Cigana (coletivo artístico), registrou este cara hippie aqui defendendo o gol de uma bola que não existe, e ainda com o detalhe surrealista da vaca no primeiro plano, alheia ao que estava acontecendo. A escolha foi acertada, pois combina muito bem com o espírito da banda. Renato Breder, o designer gráfico, fez um belíssimo trabalho juntando essa foto a outras da banda no zine que encarta o CD na versão física do álbum. Psicodelia e música”, opina.



APCA

Samuca revela que não poderia estar mais satisfeito e realizado com o projeto, que, inclusive, entrou na lista dos 50 melhores discos do ano selecionados pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). E melhor: com a aprovação do sócio-fundador do Clube da Esquina.

“A gente brinca que o álbum traz versões do avesso. Mas, modéstia à parte, elas ficaram muito bacanas. Ronaldo Bastos se emocionou, disse que o disco não poderia ser considerado um simples tributo. Para ele, Tudo que move é sagrado tem a nossa aura, a nossa energia, e é uma continuidade explícita do que fizemos em Madurar”, diz Samuca. “Enfim, o Ronaldo está presente, mas é um disco nosso. Ouvir isso só atesta que estamos no caminho certo, mesmo com uma carreira tão curta.”

A turnê de Samuca e A Selva começa no início de 2019. “Minas não vai faltar. Pode ter certeza”, promete Samuel.

DISCO DE JUAREZ MOREIRA LEMBRA O FAMOSO REDUTO DE ARTISTAS NA SAVASSI

Compositor e violonista lança o álbum Cine Pathé com participação de convidados e profunda sonoridade mineira

Por Carolina Cassese


(foto: Élcio Paraíso/Divulgação)

Quando falava que queria largar o curso de engenharia para ser músico, todos achavam que eu estava completamente doido”


Juarez Moreira, músico

“Lembro-me da Belo Horizonte de anos atrás com uma certa nostalgia. Era uma cidade muito bonita… Infelizmente, não conseguimos preservar muito sua memória. Ando pelas ruas e me recordo da arquitetura original, revisito todas as minhas lembranças.” A relação de Juarez Moreira com BH é central em muitas de suas obras. Natural de Guanhães, o compositor e violonista chegou à capital mineira no início dos anos 1970, em pleno regime militar. “Naquela época, quando falava que queria largar o curso de engenharia para ser músico, todos achavam que eu estava completamente doido”, recorda Juarez.

Os cinemas eram um ambiente de refúgio. Foi em referência à relação com os espaços da sétima arte que ele lançou, em novembro, o álbum Cine Pathé, inspirado na faixa de mesmo nome, que homenageia a antológica sala dedicada ao cinema de arte. Desativado há 19 anos, o local era situado na região da Savassi e marcou uma geração de artistas.

O disco, afirma o músico, é um produto mineiro: “Claro que ele conta com a participação de músicos de outros cantos do Brasil, mas, em geral, as canções têm uma identidade bem característica do nosso estado. É quase uma crônica sobre Belo Horizonte”. Alaíde Costa, Mônica Salmaso e Renato Motha participam do CD, acompanhados dos instrumentistas Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas, Gilson Peranzzetta e Kiko Mitre.

Ao fazer um balanço dos 40 anos de carreira, Juarez garante que nunca se imaginou em outra profissão. “Ser músico é difícil, exige sacrifícios. É importante que você realmente ame o que faz”, afirma. O artista explicita o desejo de estar sempre ativo. A agenda de 2018, conta, foi apertada: shows ao redor de todo o Brasil e duas turnês pela Europa. Sobre a diferença entre os públicos, pontua: “Não dá pra falar que uma é melhor do que a outra, mas com certeza a plateia brasileira é mais calorosa do que a europeia. Por outro lado, vejo que lá fora o público é muito concentrado, quase não conversa durante a apresentação. Gosto de observar as particularidades”.

Para 2019, o cantor promete mais novidades, como a produção de um disco que registra a homenagem feita a Tom Jobim em janeiro. Parar ou dar um tempo, definitivamente, não é uma opção. “Estou rodeado de bons amigos que sempre rendem parcerias excelentes. As músicas deles se encaixam em minhas melodias e é sempre surpreendente”, comenta, orgulhoso.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

CANÇÕES DE XICO


MÃE NATUREZA

Olho o sol beijando o mar sob a vista cúmplice de um céu azulzinho. Esse encontro provoca rimas de alto valor. Não mais escreverei poesias, resolvo. Para que, se a poesia maior já está ali, à minha frente, com todos os parágrafos, palavras, sílabas e letras? Já metrificada e no ritmo adequado a ternurizar o coração. Para que escrever o que já está tão bem escrito? Existirá poema mais belo que este que a natureza escreve e nos oferece à leitura? Deixemos que o espelho do mar escreva versos tão belos para que o sol, embevecido, se retire ao final do dia pra voltar na manhã seguinte declamando o sagrado poema do renascer. A alma, tão embevecida quanto sol, agradecerá aos Deuses pela existência da poesia dessa mãe chamada Natureza.

BATERISTA NENÊ COMEMORA 50 ANOS DE CARREIRA COM DOIS DISCOS NOVOS

Um dos instrumentistas mais brilhantes do país, músico gaúcho lança Verão e Pantanal, registros de seu multifacetado talento





O gaúcho Nenê legitima a constatação de que o músico toca nada mais do que aquilo que ele é. O tempo o deixou mais enigmático, talvez menos pesado, e sua música tem sido também assim. Em outros tempos, Nenê tocava com mais explosão, mais volume, sem medo das toneladas do próprio braço, mas há discos em que ele busca nuances que o aproximam dos compositores eruditos, apostando na bateria que fala tanto quanto um instrumento de sopro ou de cordas. Quanto mais homens houver ali dentro, mais recursos o baterista terá.

Seja quantas forem suas facetas, o fato é que Nenê se tornou um dos maiores instrumentistas do Brasil. Seus 50 anos de baquetas são comemorados agora com dois álbuns. Em Verão, ele vem produzido pelo também baterista Carlos Ezequiel, que acaba de dar dignidade a outro obelisco das percussões, Airto Moreira, que fez pela primeira vez um álbum no Brasil depois de mais de 50 anos. Sua formação aqui é de trio, com Irio Jr. (piano) e Alberto Luccas (contrabaixo), e a ideia é fechar uma quadrilogia. Outono saiu em 2009 e Inverno em 2013. O próximo será Primavera.


JAZZ

Verão abre com o Nenê dos experimentos e do jazz. Sua música tem imagem e seu instrumento parece interferir na melodia, tamanho seu desprendimento do chão rítmico. A seguinte, Calunga, tem mais tensão, com o diálogo do trio, de novo, em alta intensidade A experiência que a música propõe é outra, de absorção, como um livro. Uma história está sempre sendo contada. Fraterna é outra criação que sai de uma cabeça fora do lugar comum. Um piano que parece brincar, como se estivesse criando a melodia ali mesmo. E Meu sábado cai sempre no domingo inicia por um solo. Nenê é da época em que os bateristas solavam.

O outro disco tem o nome de Pantanal, com a mesma produção de Carlos Ezequiel. Além de Nenê, estão nele Rodolfo Guilherme (trompete), Gustavo Benedetti (sax), Fabio Leandro (piano) e Jakson Silva (contrabaixo). A história aqui é outra.

Um grupo grande, com sopros, vem mais ironicamente quente que o verão. É agora uma música suingada que aparece em Pantanal. Calunga, do álbum anterior, é de novo mostrada; e seguem Tarde fria, Dark square, Choramingando. Mais melodias, belíssimas, até que outros temas de Verão são reapresentados em uma nova proposta. (Estadão Conteúdo)


QUARTETO NOVO

Nascido em 1947, Realcino Lima Filho começou a tocar profissionalmente aos 15 anos. Assim que Airto Moreira foi para os Estados Unidos, o gaúcho de Porto Alegre assumiu o lugar do colega catarinense no antológico Quarteto Novo. Ao lado de Elis Regina, gravou o disco e fez parte da temporada histórica de Falso brilhante. Mais tarde, Nenê cairia nos braços de Milton Nascimento para fazer shows de Geraes e gravar Clube da Esquina 2. Hermeto Pascoal foi outro companheiro de palco e de estúdio do gaúcho.


Fonte: Estado de Minas 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

GRAMOPHONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*



"Samba-canção, matriz 3280. O acompanhamento é da Orquestra Pan American, de Simon Bountman." (Samuel Machado Filho)



Canção: Tudo inútil

Composição: José Toledo - O. Teixeira

Intérprete - Gilberto Alves

Ano - 1968

Álbum - Gilberto Alves - E As Valsas Voltaram - vol. 3 (Copacabana)


* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 10.000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).

CURIOSIDADES DA MPB

Noel Rosa cursou, em 1931, um ano da faculdade de Medicina, beneficiado por um decreto que permitiu a entrada de estudantes na faculdade. Por influência do curso, compôs a música "Coração", cujos versos dizem: "Coração, grande órgão propulsor/ transformador do sangue venoso em arterial; coração, não és sentimental; mas entretanto dizem que és o cofre da paixão."

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

CAPITAL INICIAL LANÇA ÁLBUM COM PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DE NOVOS NOMES DO ROCK

Sonora é o 14º projeto autoral do grupo, o 20º da carreira e segue a alma roqueira

Por Irlam Rocha


Fernando Hiro/Divulgação (foto: Fernando Hiro/Divulgação)


Um encontro de Dinho Ouro Preto com músicos de bandas da nova geração do rock nacional, na garagem da casa de Lucas Silveira, vocalista da Fresno, em São Paulo, foi determinante para a criação de Sonora, o novo álbum do Capital Inicial. Esse disco, o 14º projeto autoral do grupo brasiliense e 20º da carreira, segue a alma roqueira e conta com várias participações.

No álbum, disponível nas plataformas digitais, o Capital Inicial une forças com bandas que têm presença destacada na cena independente — entre elas Scalene, Far From Alaska, CPM 22 e a citada Fresno. O resultado é um disco de 11 faixas que, mesmo com as colaborações de outros músicos, mantém a pegada característica do Capital, fruto da conexão entre Dinho Ouro Preto, Flávio Lemos, Fê Lemos e Ives Passarel. Dez músicas têm a assinatura de Dinho e de Alvin L., de quem o vocalista é parceiro há 30 anos.

Eles são autores de Parado no ar, Seja o céu, Nada vai te machucar, Atenção, Tudo vai mudar, Tempestade, Velocidade, Invisível e Só eu sei, com as participações de Flávio Lemos, Kiko Zambianchi, Thiago Castanho e Lucas Silveira. Com o líder da Fresno, Dinho fez Universo paralelo, responsável por indicar o conceito de Sonora, que vai do rock pesado à balada.

Atento às novas formas de aproximação do público consumidor de música, o Capital optou pela estratégia de lançar as canções por meio de singles. Uma outra novidade é que, pela primeira vez na história da banda, todas as 11 faixas vão ganhar clipes, dirigidos por jovens profissionais.


Entrevista/ Dinho Ouro Preto

Em que Sonora difere de outros discos do Capital, gravados em estúdio?
Difere em vários aspectos. No tecnológico, foi gravado longe dos moldes tradicionais. O Lucas (Silveira) criou um modo alternativo de gravar, simulando os equipamentos convencionais, próprios dos grandes estúdios.

Na prática, qual foi a contribuição do Lucas para este projeto?
Além de ser o produtor, ele participou da gravação de todas as faixas, sugeriu sonoridades, texturas, arranjos. No estúdio dele, no Sumaré, em São Paulo, fiz contato com músicos de bandas que participam de um grupão de WhatsApp, em que se conversa sobre o futuro do rock e outros assuntos, do qual passei a fazer parte.

Como surgiu a parceria entre vocês?
Mostrei para o Lucas uns acordes de uma possível nova canção, que não conseguia resolver. Aí, fomos para o estúdio e ele encontrou uma solução surpreendente, que resultou na canção Universo paralelo, que inaugurou nossa parceria.

O que músicos de bandas da nova geração do rock trouxeram para este trabalho? 
Como queríamos um disco colaborativo, além do Lucas, contamos com a participação de Fernando Badauí e Phill Fargnoli (CPM 22), Gustavo Bertoni (Scalene), Emmily Barreto e Cris Botarelli (Far Fron Alaska), que trouxeram frescor para as canções, fazendo vocal ou tocando instrumentos.

Que avaliação faz da participação do Gustavo Bertoni, vocalista do Scalene? 
Sou 30 anos mais velho que o Gustavo, um legítimo representante da nova geração do rock brasileiro. Ele é um cantor inspirado, que me deixou de queixo caído, por sua habilidade e precisão vocais.

Você tem ideia de quantas músicas já compôs com o Alvim L., seu parceiro mais frequente?
Perdi a conta, mas acredito que são mais de 150. Somos parceiros há 30 anos e, desde Independência, tem música nossa em quase todos os discos do Capital. Temos uma grande sintonia musical.

Com tantas contribuições e participações, houve mudança na sonoridade do Capital?
Mesmo com um trabalho feito de forma colaborativa e orgânica, em que foram absorvidas novas contribuições, o Capital manteve sua personalidade, mas com outra sonoridade.


SONORA
De Capital Inicial
11 faixas
Sony Music
39,90

GRUPO ATITUDE 67 LANÇA NOVO EP COM QUATRO FAIXAS

'Praia 67' mostra diversidade do grupo ao abordar letras românticas, divertidas e reflexivas



Grupo do Mato Grosso do Sul consolida carreira de sucesso (foto: Claudio Zaia/Divulgação)

Atitude 67, grupo do Mato Grosso do Sul, apresenta ao público o novo trabalho ao vivo, o EP Praia 67. A produção autoral conta com quatro faixas e mistura um pagode “turbinado”, com influências do raggae e rap.

Karan, Leandro, Pedrinho, Éric, GP e Regê estão juntos há 17 anos, contam com o apadrinhamento de Thiaguinho e têm Neymar como um dos maiores fãs. No novo trabalho, as faixas Solteirô, Abacagin, Nuvem e A gente se pá mostram a diversidade das letras do grupo.

Solteirô versa sobre as primeiras fases do amor em um relacionamento, já Abacagin mergulha nos trocadilhos de um popular drink de verão, enquanto Nuvem tem uma abordagem mais lúdica e leve. A última, A gente se pá, propõe uma reflexão sobre a vivência social contemporânea, entre excesso de conexão e momentos únicos.


Fonte: Redação EM Cultura

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

COM LETRAS INCISIVAS, BACO EXU DO BLUES CONDENA ESTEREÓTIPOS SOBRE O NEGRO

Em seu novo álbum, o rapper baiano cria o conceito de bluesman para designar tudo o que foge aos padrões e alerta para os efeitos psicológicos do racismo

Por Débora Anunciação


(foto: Alex Takaki /divulgacao)


Baco é o deus dos excessos. Exu, o orixá do movimento. O nome artístico de Diogo Moncorvo, de 22 anos, aponta para a sua renúncia aos padrões e moldes comerciais. Um ponto fora da curva, Baco Exu também é Blues. As influências do ritmo criado por afro-americanos no Sul dos Estados Unidos vão além da sonoridade do rapper, perpassam a importância do blues para a dignificação dos negros.

“A partir de agora considero tudo blues/ O samba é blues, o rock é blues, o jazz é blues/ O funk é blues, o soul é blues/ Eu sou Exu do Blues/ Tudo que quando era preto era do demônio/ E depois virou branco e foi aceito eu vou chamar de blues/ É isso, entenda/ Jesus é blues/ Falei mermo.” A letra de Bluesman, canção-título do novo disco de Baco Exu do Blues, é incisiva e dita o tom autoafirmativo do trabalho recententemente disponibilizado nas plataformas digitais. A faixa inicial destaca a aceitação pós-embranquecimento de gêneros musicais, atitudes e estilos antes hostilizados – a referência bíblica não é ao acaso. Ali, aliás, nada é.

Baco explica: “Ser bluesman é não se enquadrar em estereótipos, não ser aquilo que os outros esperam de você”. Na capa do disco, uma fotografia de João Wainer mostra um negro no Carandiru tocando guitarra. Além de simbólica, é uma representação fiel do “ser bluesman”. “A expectativa (da sociedade) é que eu seja forte, tenha um trabalho braçal, seja envolvido com crime, jogador de futebol, ou um músico ligado aos padrões do que as pessoas acham que posso fazer”, diz. Para ele, recusar os rótulos é um ato de luta.

Bluesman já figura na lista dos 50 discos de 2018 da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Para o músico, as pessoas querem que o homem, principalmente o rapper, aja como os homens das cavernas. “É um rolê em que você precisa ostentar e dizer que faz coisas e é perigoso. Isso não faz bem, é só mais um estereótipo. E já falo isso pra caralho, mas não é o que quero ser e como quero que as pessoas enxerguem”, conta. Para ele, seu conceito de bluesman implica desafiar padrões, seja de gênero, cor, idade ou classe social. Sem titubear, aponta outros bluesmen da atualidade: “O Lázaro (Ramos), o Fabrício Boliveira, o Caetano, o Gilberto Gil, a Pabllo Vittar, o Hiran... O Ney Matogrosso é bluesman pra caralho. A maioria das pessoas são, só não sabem ainda. Quem se enquadra como livre é bluesman”, conclui.

Nas entrelinhas das rimas se camuflam questionamentos sobre a saúde mental dos negros. O rapper expõe a própria depressão nas composições para pautar a sociedade sobre o impacto do racismo na psicologia dos indivíduos. “Todo negro passa por racismo, e isso vai te minando, mesmo sem você entender. É muito provável que, se não todos, a maioria dos negros tem grandes problemas de saúde mental, e as pessoas ignoram isso”, diz. Em Girassóis de Van Gogh, Baco aborda o suicídio, e Me desculpa Jay-Z traz referências sobre a bipolaridade. Já Queima minha pele é um discurso sobre a depressão e Flamingos discorre sobre a dependência afetiva. “Vivemos em uma sociedade onde não se pode admitir isso como negro. As pessoas acham que o negro é forte o tempo todo e nossas preocupações são só sociais e nunca interiores”, comenta, destacando a carência de debates sobre o tema na academia.

Na letra de Kanye West da Bahia, com participação de DKVPZ e Bibi Caetano, Baco assume entender o ponto de vista do polêmico rapper norte-americano Kanye West, e avisa: “Não me chame de preto bonito/ Preto inteligente/ Preto educado/ Só de pessoa importante/ Seu rótulo não toca na minha poesia/ Eu sou o Kanye West da Bahia”.

Mas, enquanto o West dos Estados Unidos declarou publicamente apoio ao governo de Donald Trump, o nordestino usou o Instagram para afirmar que na sua terra, “a extrema-direita não se cria”. Para Baco, posicionamento político do rapper americano, no entanto, é apenas mais um motivo para torná-lo digno da alcunha. “Ele é bluesman por tudo que já fez na vida. E até isso foi bluesman da parte dele, usar da sua liberdade, ainda que seja para apoiar algo ruim. Falo sobre ele pelo fato de ser um cara que não se deixa levar pelo ritmo musical, e isso é ser bluesman pra caralho”, explica Baco.

Suas referências passeiam por ritmos variados. Do blues a MPB, de Beyoncé a Tom Zé. O lançamento do disco chamou a atenção da cantora norte-americana, que enviou uma mensagem para Baco nas redes sociais. Mas o que a estrela disse, ele não revela.

As críticas contra a concentração do cenário rap no eixo Rio-São Paulo ditaram o tom dos trabalhos anteriores, e continuam atuais. “Sulicídio (parceria com o pernambucano Diomedes Chinaski) foi melhor pra cena do Centro-Oeste do que para o Nordeste. Em BH, por exemplo, você tem a Clara Lima, o Hot & Oreia, Djonga... entre outros vários. Mas se perguntarem, você vai saber falar quantos nomes de rappers de Salvador e de Recife?”, questiona.

CURIOSIDADES DA MPB

A música "Capoeira do Arnaldo" foi criada por causa de uma provocação do amigo Arnaldo Horta, artista plástico. Ele disse para Vanzolini que o artista plástico argentino, radicado na Bahia, Carybé, havia trazido a capoeira para São Paulo. "Você é um merda, porque esse gringo aí cheio de capoeira e você nunca fez nenhuma", desafiou Horta. O compositor disse: "Amanhã te trago uma". A canção surgiu na noite daquele mesmo dia.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

ELBA RAMALHO LANÇA O OURO DO PÓ DA ESTRADA, O 38º ÁLBUM DE SEUS 40 ANOS DE CARREIRA

Com forte acento nordestino a cantora mistura canções de jovens autores e regravações de Belchior, Gonzagão e Dominguinhos



A cantora paraibana comemora os 40 anos de carreira e anuncia turnê para fevereiro (foto: Alexandre Sant'Anna/divulgacao)


“Vamos pisar no chão!” É assim que Elba Ramalho abre a conversa com a reportagem do Estado de Minas. A frase não deixa de sintetizar o espírito do seu mais recente álbum, O ouro do pó da estrada, o 38º de seus 40 anos de carreira, disponível em todas as plataformas digitais. O disco físico chega às lojas em janeiro pela gravadora Deck. A terra, o Nordeste, o amor, as preocupações com o mundo estão presentes ao longo das 13 faixas do projeto que tem produção e arranjos de Yuri e Tostão Queiroga, também responsáveis por Qual o assunto que mais lhe interessa? (2007). “O repertório tem muita força e muito a ver comigo. Fala do chão, das raízes. Quanto mais regional a gente é, mais universal nos tornamos”, afirma a cantora.


A canção de abertura é a potente Calcanhar, de Yuri e Manuca Bandini, mescla suingue, rock, uma pitada de manguebeat e conta com texto incidental do poeta Bráulio Tavares. Foi a escolhida para o lançamento do videoclipe. “Ela já é uma pancada. Mostra a que veio”, diz. A cantora paraibana faz dueto com Ney Matogrosso em O girassol da caverna (do cantor, compositor e poeta pernambucano Lula Queiroga, tio de Yuri).

Em O mundo (André Abujamra), convidou as cantoras e amigas Maria Gadú, a conterrânea Lucy Alves e Roberta Sá. “As meninas são minhas parceiras. Roberta, então, é uma pessoa que adoro. Queria comemorar e fazer este disco com pessoas que admiro e estão na estrada comigo”, conta. Apesar de ser de 1995, a composição não deixa de ser um retrato dos tempos de hoje. (O mundo – caquinho de vidro/ tá cego do olho, tá surdo do ouvido/ O mundo tá muito doente/ O homem que mata, o homem que mente/ Todos somos filhos de Deus/ Só não falamos as mesmas línguas.) “É sim uma visão da realidade. Várias dessas músicas são atemporais e sobrevivem a todos os tempos e ocupam todos os espaços”, acredita.

Elba Ramalho mostra a obra de autores contemporâneos como Marcelo Jeneci e Chico César, em Oxente, José, de Siba, além do estreante no ramo, o ator George Sauma. É dele a delicada Se não tiver amor, abertura de Pais de primeira, seriado que protagoniza na Globo aos domingos. “Temos algumas revelações em termos de composição como o próprio George. Achei a música dele linda. E tem também Areia, do Juliano Holanda, que é um compositor de Pernambuco maravilhoso”, elogia.

Reggae A cantora incluiu regravações, que ganharam nova roupagem. Girassol, sucesso com o grupo Cidade Negra, se transformou em uma espécie de reggae. “Sou fã do Cidade, do Tony (Garrido), e queria que essa canção, que é tão linda, estivesse nesse disco. A música tem frescor.” Elba também resgata o cancioneiro de grandes nomes da música brasileira. Dominguinhos e Fausto Nilo, em Além da última estrela; Luiz Gonzaga e Nelson Valença, em O fole roncou; e Belchior, em Princesa do meu lugar.

Mesmo com tantas preciosidades, Elba optou pela faixa O ouro no pó da estrada, parceria de Yuri e Lula Queiroga, para batizar o projeto. “A música é, sem dúvida, umas das mais belas do disco. O Yuri Queiroga é um ‘menino’ de 30 anos que tem talento para produzir e para compor. Isso já vem de berço porque ele é filho do Mestre Spok e da Nena Queiroga, uma grande cantora de frevo. Ele e Tostão trabalharam muito bem a questão do ritmo e deu super certo com este álbum.”

Na canção que dá nome ao álbum, Elba canta: “Minha janela é o mundo”, “o trem da vida apitou chamando” ou “prometo que um dia eu volto, mas eu vou sozinho”, Para ela, os versos resumem de maneira poética a rotina dos artistas. “Fala muito da nossa relação com a arte. A nossa vida é na estrada e muito solitária, apesar de ter equipe, produção e, banda. E a gente sempre está indo para algum lugar como diz a composição, que é lindíssima”, diz. A própria capa – que tem direção de arte de Mana Bernardes – traz essa atmosfera de levantar a poeira e pôr o pé na estrada com Elba no meio de um caminho trajando um vestido em que, literalmente, carrega as músicas no corpo.

A cantora se diz extremamente feliz com o resultado final e afirma que o disco revela um Brasil que ela queria mostrar, de qualidade e com o pé no chão. “O ouro no pó da estrada tem muito da nossa cultura. Poder explorar isso foi maravilhoso. Tudo foi muito caprichado e te digo que cantar essas faixas não foi fácil. Mas ficou um trabalho primoroso e vamos com tudo para a turnê que começa em fevereiro, em São Paulo”, avisa.


Fonte: UAI

PAUTA MUSICAL: "A CENA MUDA"

Por Laura Macedo



No acervo do MRL (Museu Regional do Livro) é possível pesquisar a revista “A Cena Muda”, no período que corresponde à década de 1940 e início da década de 1950.

Esta revista divulgava as notícias de Hollywood, mostrava o que as atrizes da época estavam usando e fazia a publicidade dos filmes americanos. A revista funcionava como um método americano de inserir sua cultura em outros lugares, como o Brasil.

As propagandas incitavam a utilização das roupas e acessórios que as glamorosas atrizes americanas utilizavam. Também mostrava as idéias americanas de um modo geral, pois os filmes em cartaz durante a II Guerra Mundial, por exemplo, narravam o mal que o nazismo significava, e assim, mostravam a importância da participação “heróica” na guerra, dos americanos; e são esses filmes que a revista vai divulgar. Em suma, o periódico apresentava o lado americano das situações.


Clicando aqui, é possível acessar algumas imagens (capas) da revista.

domingo, 23 de dezembro de 2018

MILTON NASCIMENTO LANÇA NADA SERÁ COMO ANTES, SEU PRIMEIRO PROJETO TOTALMENTE ACÚSTICO

O EP reúne os clássicos Clube da Esquina e Clube da Esquina 2 e parcerias com outros artistas

Por Ângela Faria 


"A gente tem de usar a tecnologia", diz Milton Nascimento (foto: Andre Patroni/Divulgacao)


Todo artista tem de ir aonde o povo está, diz a letra de Fernando Brant em Nos bailes da vida, uma das canções mais conhecidas de Milton Nascimento. Pois foi ouvindo a voz do povo que o cantor e compositor decidiu gravar seu primeiro projeto inteiramente acústico. De acordo com ele, o EP Nada será como antes (Universal), que acaba de ser lançado, surgiu de pedidos dos fãs. Nas cinco faixas, Milton está acompanhado pelo violão de Wilson Lopes, o maestro de sua banda.

O EP reúne os clássicos Clube da Esquina e Clube da Esquina 2, parcerias dele com Lô e Márcio Borges; Para Lennon em McCartney, dobradinha com Fernando Brant, Márcio e Lô; Saudade dos aviões da Panair, dele e de Fernando Brant; e Nada será como antes, parceria com Ronaldo Bastos. Nesta entrevista, concedida por e-mail, ele fala sobre o novo trabalho e comenta sua relação com a música digital.

Você lançou dezenas de álbuns marcantes da MPB. Atualmente, mudou a forma de fazer música devido à internet, plataformas de streaming e ao YouTube. Chegou a vez dos singles, EPs... Você se adequou a esse jeito contemporâneo de fazer música?

Tem um lance na minha vida e de que nunca abri mão, que é o seguinte: nunca fui obrigado a fazer nada. Até na época em que sofri muita pressão pra sair do Brasil, decidi ficar justamente porque não queria ir embora. Agora a gente tem que usar a tecnologia que temos à disposição. Se a coisa agora é lançar música pela internet, então vamos lançar.


Todas as canções do EP foram compostas durante ditadura militar, nos chamados Anos de Chumbo. De que forma elas dialogam com o atual momento do Brasil?

Nunca fui muito de analisar música, principalmente as minhas. Acho que isso é uma coisa que vai de pessoa pra pessoa. Minha parte é compor, depois cada um sente a música de um jeito muito pessoal. Gosto quando as pessoas vêm me contar o que sentem. Isto, sim, é o que conta mais, o sentimento dos fãs.


As canções do novo EP são “quarentonas”, digamos assim. Ao regravá-las, você as renovou? Acrescentou algo para que soassem, digamos, contemporâneas?

A gente não ficou pensando muito nisso não. Música, pra mim, é um lance que chega bem naturalmente. Nesse projeto, a gente apenas tocou. E deixamos que a música nos guiasse.


Como é o seu diálogo com a nova geração? Os meninos da Dônica, por exemplo, são “discípulos” seus. Jovens rappers te adoram. O mineiro Djonga “copiou” a capa do Clube da Esquina 1 em seu disco Heresia. Criolo virou seu parceiro. Você gosta de rap? Pensa em se aventurar nessa nova linguagem? 

Gosto de música que me emociona. Independente do gênero, se emocionar já valeu. Na verdade, essas parcerias já existem. Criolo e eu já fizemos uma turnê juntos em 2014, a Linha de frente. Depois, fizemos uma música juntos, Dez anjos, que foi até gravada pela Gal Costa. Então, acho que esse movimento já está acontecendo.


 

NADA SERÁ COMO ANTES• Milton Nascimento e Wilson Lopes
• Universal
• Disponível nas plataformas digitais

sábado, 22 de dezembro de 2018

'I LOVE', NOVO DISCO DE NATIRUTS, FAZ UMA ODE AO AMOR

O álbum que foi lançado na sexta-feira, 7, é o oitavo que a banda grava em estúdio



Depois de um período eleitoral complicado no Brasil, com muita violência e manifestações de ódio, a banda de reggae brasiliense Natiruts faz uma ode ao amor em seu novo disco, I love, que será lançado nesta sexta-feira (7). Já é o oitavo álbum de estúdio do grupo.


“Falar de amor nesses momentos é um gesto de protesto, e no caso do Natiruts vem com propriedade, é um tema que a banda trata desde sempre”, explica o vocalista da banda, Alexandre Carlo. Ele afirma que o protesto do grupo, por meio de suas letras, vai além. “Falamos de preservação da natureza e de contemplação, que por mais que seja algo, por vezes, estereotipado, é coerente.”

As músicas já estavam prontas quando a banda decidiu eleger uma delas, I love, para nomear o disco, firmando assim o tema central do trabalho. Para Carlo, é um tema comum ao reggae, em geral. “A mensagem de Bob Marley em One love é um dos pilares do reggae, tem a ver com o amor universal.” Além de amor e de natureza, as músicas do novo disco falam de positividade, uma marca da banda. “As pessoas que seguem o Natiruts procuram músicas sobre a espiritualidade, sobre força de vontade”, acredita.

Por conta dos temas retratados ao longo dos mais de 20 anos de carreira, o grupo reuniu fãs que não são, necessariamente, amantes da música reggae, uma superação, segundo ele, não tão comum. “Poucos artistas conseguiram ultrapassar a barreira dos dogmas, principalmente religiosos”, opina Carlo, que mais uma vez cita Bob Marley. “As músicas transcenderam os dogmas religiosos do rastafári.”

Por seu estilo mais pop e voltado para um público mais aberto, o Natiruts, segundo ele, sofreu resistência dentro do próprio reggae no início da carreira. “Há 20 anos, a banda era contestada pelos fãs do reggae, mas em vez de assimilar esse protesto, a gente sempre foi de encontro.” É algo perceptível no disco, que mistura gêneros musicais brasileiros e internacionais. “A gente sempre gostou de mesclar e viajar por todos os lados. Arte é para libertar, não para prender.”

“Fomos uma das bandas que fizeram a comunidade do reggae entender que existem várias vertentes”, explica o vocalista. De acordo com ele, algumas dessas variações são o reggae mais próximo ao rastafári, como na banda Ponto de Equilíbrio, o reggae com mensagem mais política, como o de Edson Gomes, e o reggae mais praiano, como no trabalho de Armandinho. “O reggae no Caribe é como o rock nos EUA”, diz Alexandre. “São várias vertentes, como o punk, o pop rock, mas todos estão dentro de um grande chapéu do rock.” No novo disco, a banda mistura, inclusive, elementos eletrônicos, como na canção Xaxado de amor. “Essa música é quase um dancehall, estilo derivado do reggae que, nos anos 1980, usava como base baterias eletrônicas.”


PARTICIPAÇÕES 

Na mescla de estilos do novo disco do Natiruts entram alguns temperos importados. A faixa que dá título ao trabalho, I love, conta com participação da banda de reggae norte-americana Morgan Heritage. “São descendentes diretos de músicos jamaicanos, mandaram muito bem na música”, elogia Carlo. A canção, que mistura português e inglês, será lançada ainda numa versão em espanhol. Há ainda, no trabalho, uma outra faixa que ganha versão na língua hispânica, Deriram.

Mais uma parceria internacional do álbum é a canção Mergulhei nos seus olhos, com vocais de Logan Bell, cantor e guitarrista da banda neozelandesa Katchafire. “Nos conhecemos quando estávamos em turnê pela Oceania”, explica Carlo. O disco conta ainda com mais duas parcerias nacionais. O cantor Thiaguinho compôs a faixa Serei luz e entregou ao Natiruts. “Ele nos enviou a canção e resolvemos convidá-lo para cantar juntos”.

O último nome é Gilberto Gil, que empresta seus vocais para Verde do mar de Angola. “Foi um sonho realizado, sabemos da dimensão dele para a música mundial”, afirma o vocalista do Natiruts. “Até retomando a questão política, vimos muitas pessoas destilando ódio contra ele, por causa de seu posicionamento, mas nunca vamos deixar ninguém rebaixar a importância de um ídolo como ele.”


Fonte: Estadão Conteúdo

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

CANÇÕES DE XICO



HISTÓRIA DE MINHAS MÚSICAS

Música inserida no meu primeiro CD – Forroboxote 1, de 1999, interpretada por Nico di Pádua e Serginho Luz. Para o trabalho, como sanfoneiro, convidamos um dos grandes músicos de Pernambuco – embora não reconhecido na dimensão que merece – ZÉ BICUDO, de Caruaru, que também é irmão de uma cantora talentosa chamada JOANA ANGELICA. Os intérpretes são amigos que cantavam em dupla num Shopping pequeno perto de minha casa, na época em Boa Viagem. O disco foi muito bem recebido tanto pela crítica como pelo público em geral, o que motivou a continuação do Projeto FORROBOXOTE que já se encontra em sua 10ª. edição. Um crítico musical revelou-me, recentemente, que este disco trazia a ludicidade que hoje não se vê mais nos forrós. Não sei. É a opinião dele.


TODO FORRÓ BOM TEM
Xico Bizerra

saia da janela, venha forrozar mais eu
faz tempo, tô te olhando e só tu não percebeu
eu vim de longe seduzido pelo fole
e pelo bole-bole que todo forró bom tem
me preparei, armei o maracatu
mas se eu não dançar com tu
eu não danço com mais ninguém
tava sonhando, em fogo transformei meu gelo
roupa nova, tirei selo, avisei ao coração
quando cheguei, te vi, tu tava na janela
pensei comigo, é ela, mas tu não quer dançar não

todo forró bom tem,
todo forró bom tem sanfona, tem triango, tem zabumba a zabumbar
todo forró bom tem,
todo forró bom tem triango, tem zabumba, tem sanfona a sanfonar
todo forró bom tem,
todo forró bom tem zabumba, tem sanfona, tem triango a triangar
todo forró bom tem,
todo forró bom tem saudade de gonzaga espalhada pelo ar
todo forró bom tem,
todo forró bom tem poeira levantando, arrasta-pé pelo salão
todo forró bom tem,
todo forró bom tem sanfona tocando xote e baião
todo forró bom tem,
todo forró bom tem chiado de chinela arrastando pelo chão
todo forró bom tem,
todo forró bom tem gente alegre, satisfeita e muita paz no coração

CURIOSIDADES DA MPB

Como se não bastasse os apelidos que recebeu na infância, Pixinguinha também carregou por um tempo a alcunha de "Carne Assada". Dado por seus familiares quando foi pego de surpresa saboreando um pedaço de carne antes do almoço que seria oferecido a convidados.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

GRAMOPHONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*



"Samba-canção, matriz 3280. O acompanhamento é da Orquestra Pan American, de Simon Bountman." (Samuel Machado Filho)


Canção: Terna saudade (Por um beijo)

Composição: Anacleto de Medeiros - Catullo da Paixão Cearense

Intérprete - Gilberto Alves 

Ano - 1968

Álbum - Gilberto Alves - E as valsas voltaram - vol. 3. (Copacabana)



* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 10.000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).

LOS HERMANOS ANUNCIAM RETORNO AOS PALCOS EM 2019 COM PASSAGEM POR BH




Depois de quatro anos longe dos palcos, a banda Los Hermanos anunciou, no dia 05/12, uma turnê de abril a maio de 2019 no Brasil. O grupo fará nove shows em nove cidades brasileiras. Entre elas, Belo Horizonte, que recebe os artistas em 26 de abril no Estádio Mineirão, na Pampulha.

Documentário acompanha turnê comemorativa dos Los Hermanos
A nova turnê dos Los Hermanos começa em 5 de abril na Arena Fonte Nova, em Salvador, e depois segue por Fortaleza (6 de abril), Recife (12 de abril), João Pessoa (13 de abril), Belo Horizonte (26 de abril), Brasília (27 de abril), Rio de Janeiro (4 de maio), Curitiba (10 maio) e São Paulo (18 de maio). 

Os ingressos estarão à venda a partir de 8 e 9 de dezembro em formato pré-venda para clientes Elo. A abertura será a partir das 10h no site www.eventim.com.br. A venda para o público geral será a partir de 10 de dezembro, também às 10h, no mesmo site.


Fonte: Redação EM Cultura

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

GARGALHADAS SONORAS

Por Fábio Cabral (Ou Fabio Passadisco, se preferir)


Resultado de imagem para passa disco


Deixe de vender CD e vá estudar para concurso!

DUDU PINHEIRO LANÇA O PRIMEIRO DISCO SOLO COM FAIXAS AUTORAIS

Letras abordam temas sociais, como a questão indígena e o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco

Por Lucas Lanna Resende



“Se não existisse a música, qual seria a arte que a substituiria?” Essa questão mobiliza o sambista Dudu Pinheiro. O título do álbum, O samba que mora em mim, serve bem de resposta à inquietação do artista.

Nascido e criado em Belo Horizonte, ele sempre teve contato com ritmos, melodias e harmonias. Pequeno, ouvia todos os tipos de música, mas ficou fascinado pelos instrumentos de percussão que distinguia nitidamente em Alvorada, clássico de Cartola. Percebeu, então, que não teria dificuldades para se tornar percussionista.

Só na adolescência Dudu ganhou o primeiro instrumento, um pandeiro. “Lá em casa, tinha um violão da minha mãe, ela tinha aprendido algumas coisinhas nele. Mas eu nem olhava. Além de respeito, morria de medo de encostar naquele violão”, brinca dele.

Formado em publicidade, o músico trabalhou em algumas agências, mas nunca deixou de se apresentar e compor. “Chegou a hora em que precisei decidir. Escolhi a música, mas o curso de comunicação foi muito importante para meu processo artístico. Consigo perceber que não basta compor, há todo um entorno aí. Preciso saber o que fazer para as minhas músicas chegarem aos outros”, afirma. Ele se formou em comunicação social pela PUC Minas e em música pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Dudu Pinheiro tem 30 anos. Participou de alguns projetos com o grupo de samba Chapéu Panamá e, depois disso, decidiu lançar o primeiro álbum solo, com cinco faixas autorais.

Com arranjos leves e bem desenvolvidos, além de letras ricas em metáforas, O samba que mora em mim traz, além de questões pessoais de Dudu, denúncias de crimes e injustiças que ocorrem no país. Karajá, a segunda faixa, é uma delas. O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, ocorrido em março deste ano, surge de maneira sutil na homenagem aos índios carajás.

Roda, que abre o álbum, revela como as rodas de samba ajudam Dudu Pinheiro a transcender a realidade de preconceitos e injustiças que presencia.

“A gente tem que reverberar as nossas ideias, propor coisas novas. Esse trabalho vem da necessidade crescente de apresentar minhas ideias sobre a música e sobre a vida”, aponta.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

ZÉ DO NORTE, 110 ANOS


Alfredo Ricardo do Nascimento nasceu em Cajazeiras (PB), em 18 de dezembro de 1908. Era cantor, compositor, poeta, folclorista e escritor, mas antes de desenvolver tantas atividades intelectuais, pegou no pesado. Trabalhou desde os nove anos na enxada, no sertão do Estado. Depois foi apanhador de algodão e tropeiro. Sempre cantou, mas não imaginava que isso iria tornar-se uma atividade profissional.


Em 1921, foi para Fortaleza, alistou-se no Exército e acabou indo servir no Rio de Janeiro, morando, mais tarde, próximo ao morro de Mangueira. Convidado por Joracy Camargo, atuou no show Aldeia Portuguesa, obtendo grande sucesso com uma embolada de sua autoria.

Acabou sendo levado para a Rádio Tupi onde cantou adotando o pseudônimo de Zé do Norte, em 1940. No ano seguinte, foi para a Rádio Transmissora Brasileira (atual Rádio Globo) e participou de programas, como Desligue, Faz Favor e Hora Sertaneja. Passou depois para as rádios Fluminense, Clube do Brasil, Guanabara (onde teve como sanfoneiro um iniciante João Donato) e Tamoio – nessa última, atuando como animador, organizador, cantor e declamador.

Zé do Norte publicou o livro Brasil Sertanejo em 1948 e, cinco anos depois, atuou como consultor do linguajar nortista e compositor num clássico do cinema brasileiro. Sua música Mulher Rendeira ficou mundialmente conhecida após ser incluída na trilha sonora do referido filme. "Olê muié rendera, olê muié rendá. Tu me ensina a fazê renda, que eu te ensino a namorá". Quem nunca cantarolou essa me3lodia? Ela é atribuída a personalidade de Virgulino Ferreira, "o Lampião", no filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto, de 1953, que foi considerado o melhor filme de aventura do Festival de Cannes daquele ano.

Mesmo nordestina, a música de Zé do Norte é tão enraizada no imaginário coletivo, que a maioria das pessoas interpreta "Mulher Rendeira", como herança folclórica, de domínio público e autor desconhecido. A trilha do filme, que tem parte das músicas de outros autores, em muito contribuiu para tornar a música de Zé conhecida em todo mundo, já que, na época, a obra foi assistida em mais de 80 países e por quase 50 milhões de expectadores.

Entre as suas mais de 100 composições, a segunda mais famosa é "Sodade Meu Bem, Sodade" (1953), gravada pela primeira vez pela cantora, atriz e diretora brasileira, Vanja Orico. Foi regravada por vários artistas como Nana Caymmi, Maria Bethânia, Raul Seixas, Geraldo Azevedo, e ainda por estrangeiros, como a cantora folkamericana Joan Baez.  É dele também "Meu Pião", gravada em 1971 e imortalizada na voz de Geraldo Azevedo.

Por volta dos anos 60, vários artistas, como Bob Dylan e a própria Baez foram buscar no folclore americano e na música da América Latina fonte de inspiração. E é num de seus primeiros discos, o "Joan Baez 5", que encontramos a "Mulher Rendeira", com o título de "O Cangaceiro" e com os créditos de Zé do Norte, atribuídos ao seu nome de batismo, Alfredo Ricardo do Nascimento.

Suas músicas, além de atribuídas as coisas sertanejas, têm muito lirismo, como se vê em "Sapato de algodão ("eu fui dançar/ com meu sapato de algodão/ o sapato pegou fogo/ eu fiquei de pé no chão"), outra, de versos singelos, que também é atribuída em várias regiões do Nordeste, como música do folclore, é "Lua bonita", em parceria com Zé Martins, também de 1953 e regravada por Raul Seixas no disco "A Pedra do Gênesis" (1988).

Boa parte de suas composições ainda necessitam de um trabalho de catalogação. Sua obra é cantada hoje no Brasil e no exterior, embora nem sempre a fonte seja citada. É o caso por exemplo de Caetano Veloso "It's a long way" (disco "Transa" - 1972) em que no meio da canção versos de Zé do Norte são citados ("os óios de cobra verde/ hoje foi que arreparei/ se arreparasse há mais tempo/ não amava quem amei (...) arrenego de quem diz/ que o nosso amor se acabou/ ele agora está mais firme do que quando começou"), mas, nos créditos da música, eles são atribuídos ao compositor baiano.

Além de cantor e compositor, como folclorista Zé do Norte desempenhou um grande trabalho de pesquisa sobre o ritmo do "Coco", chegando a lançar vários "LPs". "Muitas vezes ele pegava as letras das músicas cantadas pelos cangaceiros, adaptava e registrava como dele. Mas antes que alguém o questionasse, ele dizia que se não fizesse isso, as belas canções se perderiam no tempo", afirmou o jornalista e crítico musical, Ricardo Anísio. O cantor e compositor baiano Xangai, já confirmou o lançamento de um disco totalmente dedicado às composições de coco compostos pelo poeta e folclorista paraibano. Zé do Norte faleceu no Rio de Janeiro, em 1979.

A seguir, a letra de duas de suas músicas mais conhecidas:


Mulher Rendeira
Olé muié rendeira
Olé muié rendá
Tu me ensina a fazê renda
Que eu te ensino a namorá

Lampião desceu a serra
Deu um baile em Cajazeiras
Botou as moças donzelas
Pra cantá muié rendeira.

As moças de Vila Bela
Não têm mais ocupação
De que ficá na janela
Namorando Lampião.


 Sodade Meu Bem, Sodade

Sodade, meu bem, sodade,
Sodade do meu amor,
Sodade, meu bem, sodade,
Sodade do meu amor.

Foi embora e não disse nada,
Nem uma carta deixou,
Os óios da cobra verde,
Hoje foi que arreparei,
Se arreparasse há mais tempo,
Não amava a quem amei.

Quem levou meu amor,
Deve ser o meu amigo,
Levou pena deixou glória,
Levou sodade consigo,
Arrenego de quem diz,
Que o nosso amor se acabou,
Ele agora está mais firme,
Do que quando começou.

Sodade, meu bem, sodade,
Sodade do meu amor,
Sodade, meu bem, sodade,
Sodade do meu amor . . .


Fonte: Cultura Nordestina