Compositor e violonista lança o álbum Cine Pathé com participação de convidados e profunda sonoridade mineira
Por Carolina Cassese
(foto: Élcio Paraíso/Divulgação)
Quando falava que queria largar o curso de engenharia para ser músico, todos achavam que eu estava completamente doido”
Juarez Moreira, músico
“Lembro-me da Belo Horizonte de anos atrás com uma certa nostalgia. Era uma cidade muito bonita… Infelizmente, não conseguimos preservar muito sua memória. Ando pelas ruas e me recordo da arquitetura original, revisito todas as minhas lembranças.” A relação de Juarez Moreira com BH é central em muitas de suas obras. Natural de Guanhães, o compositor e violonista chegou à capital mineira no início dos anos 1970, em pleno regime militar. “Naquela época, quando falava que queria largar o curso de engenharia para ser músico, todos achavam que eu estava completamente doido”, recorda Juarez.
Os cinemas eram um ambiente de refúgio. Foi em referência à relação com os espaços da sétima arte que ele lançou, em novembro, o álbum Cine Pathé, inspirado na faixa de mesmo nome, que homenageia a antológica sala dedicada ao cinema de arte. Desativado há 19 anos, o local era situado na região da Savassi e marcou uma geração de artistas.
O disco, afirma o músico, é um produto mineiro: “Claro que ele conta com a participação de músicos de outros cantos do Brasil, mas, em geral, as canções têm uma identidade bem característica do nosso estado. É quase uma crônica sobre Belo Horizonte”. Alaíde Costa, Mônica Salmaso e Renato Motha participam do CD, acompanhados dos instrumentistas Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas, Gilson Peranzzetta e Kiko Mitre.
Ao fazer um balanço dos 40 anos de carreira, Juarez garante que nunca se imaginou em outra profissão. “Ser músico é difícil, exige sacrifícios. É importante que você realmente ame o que faz”, afirma. O artista explicita o desejo de estar sempre ativo. A agenda de 2018, conta, foi apertada: shows ao redor de todo o Brasil e duas turnês pela Europa. Sobre a diferença entre os públicos, pontua: “Não dá pra falar que uma é melhor do que a outra, mas com certeza a plateia brasileira é mais calorosa do que a europeia. Por outro lado, vejo que lá fora o público é muito concentrado, quase não conversa durante a apresentação. Gosto de observar as particularidades”.
Para 2019, o cantor promete mais novidades, como a produção de um disco que registra a homenagem feita a Tom Jobim em janeiro. Parar ou dar um tempo, definitivamente, não é uma opção. “Estou rodeado de bons amigos que sempre rendem parcerias excelentes. As músicas deles se encaixam em minhas melodias e é sempre surpreendente”, comenta, orgulhoso.
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