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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

DUDU PINHEIRO LANÇA O PRIMEIRO DISCO SOLO COM FAIXAS AUTORAIS

Letras abordam temas sociais, como a questão indígena e o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco

Por Lucas Lanna Resende



“Se não existisse a música, qual seria a arte que a substituiria?” Essa questão mobiliza o sambista Dudu Pinheiro. O título do álbum, O samba que mora em mim, serve bem de resposta à inquietação do artista.

Nascido e criado em Belo Horizonte, ele sempre teve contato com ritmos, melodias e harmonias. Pequeno, ouvia todos os tipos de música, mas ficou fascinado pelos instrumentos de percussão que distinguia nitidamente em Alvorada, clássico de Cartola. Percebeu, então, que não teria dificuldades para se tornar percussionista.

Só na adolescência Dudu ganhou o primeiro instrumento, um pandeiro. “Lá em casa, tinha um violão da minha mãe, ela tinha aprendido algumas coisinhas nele. Mas eu nem olhava. Além de respeito, morria de medo de encostar naquele violão”, brinca dele.

Formado em publicidade, o músico trabalhou em algumas agências, mas nunca deixou de se apresentar e compor. “Chegou a hora em que precisei decidir. Escolhi a música, mas o curso de comunicação foi muito importante para meu processo artístico. Consigo perceber que não basta compor, há todo um entorno aí. Preciso saber o que fazer para as minhas músicas chegarem aos outros”, afirma. Ele se formou em comunicação social pela PUC Minas e em música pela Universidade Federal de Minas Gerais.

Dudu Pinheiro tem 30 anos. Participou de alguns projetos com o grupo de samba Chapéu Panamá e, depois disso, decidiu lançar o primeiro álbum solo, com cinco faixas autorais.

Com arranjos leves e bem desenvolvidos, além de letras ricas em metáforas, O samba que mora em mim traz, além de questões pessoais de Dudu, denúncias de crimes e injustiças que ocorrem no país. Karajá, a segunda faixa, é uma delas. O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, ocorrido em março deste ano, surge de maneira sutil na homenagem aos índios carajás.

Roda, que abre o álbum, revela como as rodas de samba ajudam Dudu Pinheiro a transcender a realidade de preconceitos e injustiças que presencia.

“A gente tem que reverberar as nossas ideias, propor coisas novas. Esse trabalho vem da necessidade crescente de apresentar minhas ideias sobre a música e sobre a vida”, aponta.

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