RESUMO:
O forró “Pé de Serra” contagia muitos jovens da cidade de Belo Horizonte. Assim, este estudo procura compreender o motivo que os levam a viver e reviver esta dança, música e espaço definido como forró. Primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica para apresentar o significado do forró “Pé de Serra”, do jovem e da motivação. Posteriormente, uma observação em um dos espaços da cidade em que se realiza o forró e uma aplicação de questionários a 20 jovens freqüentadores, deu continuidade à pesquisa. Quanto aos resultados verificou-se que, mesmo com as influencias externas do meio, os jovens possuem um forte envolvimento intrínseco com o forró pelo forte despertar de sentimentos e emoções.
PALAVRAS-CHAVE: Dança. Atividades de Lazer. Recreação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A MOTIVAÇÃO DOS JOVENS PARA VIVER E REVIVER O “PÉ DE SERRA”
Por meio desse estudo, percebe-se que a motivação abrange uma dimensão ampla e dependente de fatores internos e/ou externos para manifestar-se. Foi possível diagnosticar a força da manifestação das emoções e dos sentimentos quando os jovens “vivem” o forró “Pé de Serra”. São reações internas incontroláveis, que os permitem: sorrir, chorar, amar, apaixonar, “chamegar”, enfim... emocionar. O forró torna-se um momento único de esquecer os problemas, de viver como se fosse a última vez, de fazer com que se queira reviver aquela experiência novamente. Alceu Valença mostra numa de suas músicas o quanto o homem ilude-se, ao achar muitas vezes, que “o coração” não tem valor em seu comportamento, porém é ele que define muitas vezes nossas respostas a favor do amor, da compreensão, do perdão... é ele que age impulsivamente, sem controle, sem direção e sem permissão. O cantor chama de “Coração bôbo”:
Meu coração tá batendo
Como quem diz não tem jeito
Zabumba, bumba esquisito
Batendo dentro do peito
Teu coração tá batendo
Como quem diz não tem jeito
O coração dos aflitos
Batendo dentro do peito
Coração bobo, coração bola
Coração balão, coração São João
A gente se ilude
dizendo Já não há mais coração
(ALCEU VALENÇA, 1980).
Portanto, talvez seja pela força incontrolável das emoções e dos sentimentos, que os jovens forrozeiros têm como motivação principal o envolvimento intrínseco com as músicas e com a dança do forró “Pé de serra”. Essa motivação traz prazer e leveza ao corpo e a alma desses jovens. No entanto, percebe-se também, a importância do meio externo na construção da identidade e na presença do prazer, por meio da vivência do forró “Pé de Serra”, na vida dos jovens forrozeiros. Assim, sem os fatores externos (o ritmo e letras das canções, envolvimento com o outro na dança, clima e visualização do ambiente ou, até mesmo, roupas e acessórios) seria impossível que os jovens sentissem o amor, o chamego, a paixão, o acelerar do coração, o arrepio do corpo e o prazer de viver o forró. Então, verifica-se a importância da interação do homem com o meio para que o corpo possa falar, sentir e expressar a necessidade de viver novamente a experiência.
Ser jovem e ser forrozeiros: é aventurar-se; é se encontrar e descobri quem realmente você é, é entregar-se ao que realmente admira; é ter coragem para afirmar-se na sociedade e caminhar em busca dos seus objetivos e ideais; é ser, viver e buscar prazer através da sensibilidade dos sentimentos e emoções. Portanto, foi possível perceber, em cada jovem pesquisado, a importância: do meio social, da vivência com o ambiente agradável, da relação com outras pessoas, dos acessórios e roupas que os deixam á vontade e, principalmente, do envolvimento emotivo e sentimental quando ouvem ou dançam o forró... o som e o ritmo tocam, de forma mais intensa e marcante, os corações desses jovens. Eles expressam o prazer que vem “de dentro”. Essa vivência é tão boa que os fazem reviver a experiência de viver o forró, como disseram alguns jovens pesquisados: “é um vício”, um “refugio”, uma “paixão”. Neste contexto, o forró “Pé de serra” se torna uma alternativa de lazer para esses jovens, faz bem ao corpo físico e psicológico. Ele é um meio cultural, social e histórico que estimula a educação e o respeito através da relação com o outro, ativa as reações fisiológicas importantes para um bom funcionamento do organismo (o batimento acelerado do coração, sudorese, aumento da circulação sanguínea...) e promove a motivação intrínseca não somente para a vivência do forró, mas também para a vida afetiva, familiar, profissional e pessoal, pois, o forró leva-lhes o bem estar, prazer, harmonia, felicidade...proporcionando-lhes autoestima, vontade de viver. Com o forró eles se encontram, permitem-se, sentem a necessidade pelo prazer de ser e viver o “Pé de Serra”.
Concluindo, Bergamini citado por Bandeira (2008), relata que tanto os comportamentos condicionados quanto os incondicionados exigem alguma necessidade ativa intrínseca para se realizarem de forma enérgica, motivando o comportamento. Então, considera-se que a motivação dos jovens forrozeiros é envolvida por vários fatores que compõe o forró, fazendo surgir prioritariamente os fatores intrínsecos, que despertando sentimentos e emoções e que os motivam a viver e reviver essa experiência.
REFERÊNCIAS
ALFONSI, Daniela do Amaral. O forró Universitário em São Paulo. IN: MAGNANI,José Guilherme Cantor; SOUZA, Bruna Mantese de (Org.). Jovem na Metrópole:
etnografias de circuitos de lazer, encontro e sociabilidade. São Paulo: Terceiro nome,
2007. p. 42-65.
ATKINSON, Rita L. et al. Introdução à psicologia de Hilgard . 13. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. 372p.
BANDEIRA, Benna. Motivação: um fator fundamental para a aprendizagem. Recanto das letras, 2008. Disponível em: http://www.recanto das letras.com.br/artigos. Acesso em: 28 dez. 2011.
BOCK, Ana Mercês Bahia.; FURTADO, Odair.; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São paulo: Saraiva, 2002. 368p.
BROWN, Carlinhos. Segue o seco. In: MONTE, Marisa. Barulhinho bom . Faixa10. CD player. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/marisamonte/novosite/novositeport.htm>. Acesso em: 08 nov. 2010.
CORTÊS, Gustavo Pereira. Dança Brasil: festas e danças populares. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2000. 186p.
DE ROSTO COLADO. Disponível em: http://letras.terra.com.br/trio-alvorada/1497819
.Acesso em: 22 nov. 2010.
FONSECA, João José Saraiva da. Metodologia da pesquisa cientifica. Universidade estadual do Ceará, 2002. 127p. Disponível em: <http://books.google.com.br>. Acesso em: 21 dez. 2011.
GORDURINHA; GONZAGA, Luis. Súplica Cearense. In: GONZAGA, Luis. Maxximum. lugar: Sony, 2005. Faixa 16. CD player.
GRINSPUN, Miriam Paura Sabrosa Zippin. Juventude: uma luz que transcende o olhar. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007. 88p.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001. 243p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. População jovem do Brasil.
1999. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/populacao_jovem_brasil/default.sh
tm> Acesso em: 26 ago. 2010.
INSTITUTO CIDADANIA. Projeto Juventude: documento de conclusão. São Paulo, 2004.
JUNIOR, Antonio C. de Quadros. et al. Caracterização do xote e do Baião dançados no interior do Estado de São Paulo. Revista Movimento . Porto Alegre, v.15, n.03, p.233-
247, jul/set. 2009.
JUNIOR, Carlos de Quadros;VOLP, Catia Mary. Forró universitário: a tradução do forró nordestino no sudeste brasileiro. Revista Motriz. Rio Claro,v.11,n.2, p.117-120,mai/ago. 2005.
LANCELLOTTI, Julio Renato. O jovem: a imagem nas telas nas ruas. In: DIDONÉ, Iraci Maria; SOARES, Ismar de Oliveira (Org.). Jovem e a Comunicação: leitura do mundo, leitura de si. São Paulo: Loyola, 1992. p. 11-14.
LEÓN, Oscar Dávila.; ABRAMO, Helena Wendel. Juventude e Adolescência no Brasil:
referências conceituais. São Paulo : ação educativa, p. 5-35, nov. 2005. Disponível em:
<http://www.uff.br/emdialogo/sites/default/files/caderno_juventude_e_adolescencia_no
_brasil_0.pdf > Acesso em: 26 dez. 2011.
LOMÔNACO, Beatriz Penteado et al. Mundo jovem. São Paulo: Fundação Tide Seterbal, 2008. 179p.
MALINO, Kuque. Inovação. In: ESTAKAZERO. Lua minha . Leke, 2005. Faixa 01. CD player.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. São Paulo: Papirus, 1987. 144p. PROJETO FORRÓ BH. Disponível em: <http://www.portalpedeserra.com.br/blog/sobre> Acesso em: 11 out. 2010.
SANTOS, José Faria dos. Luis Gonzaga: a música como expressão do Nordeste. São Paulo: Ibrasa, 2004. 208p.
SAUDADE DE ITAÚNAS. Disponível em: <http://www.letras.terra.com.br/obandodemaria> Acesso em: 13 out. 2010.
SILVA, Expedito Leandro. Forró no asfalto: mercado e identidade sociocultural. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2003. 153p.
SILVA, João; AQUINO, J.B. de. Jerimum de Gogo. In: Marinês. Siu,siu,siu. 1964. Faixa 08. CD player. Disponível em: <http://www.cantorasdobrasil.com.br/cantoras/marines.htm> Acesso em: 02 de set. 2010.
TEIXEIRA, Humberto; GONZAGA, Luiz. Baião. Rádio batuta: Instituto Moreira Sales
. 1949. Disponível em: < http://homolog.ims.com.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/> Acesso em 10/11/2010.
. 1949. Disponível em: < http://homolog.ims.com.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/> Acesso em 10/11/2010.
VALENÇA, Alceu. Coração bobo. In: VALENÇA, Alceu. Coração bobo . Ariola, 1980. Faixa1. Disco de Vinil. Disponível em: <http://www.alceuvalenca.com.br> Acesso em: 08 nov. 2010.
VERNON, Magdalen Dorothea. Motivação Humana: a força interna que emerge, regula e sustenta todas as nossas ações. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 1973. 303p.
VILUTIS, Luana. Cultura e juventude : a formação dos jovens nos pontos de cultura. 2009. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
* Bacharel em Educação Física pela PUC- Minas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário