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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DANIELLA ALCARPE - O CANTO DOCE DE UM NOVO TALENTO DA MPB


Por Bruno Negromonte


Na primeira audição, o que chama a atenção no trabalho da Daniella Alcarpe são as características tão peculiares das diversas regiões existentes em nosso país. O seu trabalho perpassa pelos ritmos das mais variadas regiões de nosso Brasil, e esse regionalismo acaba por fazê-la universal. Com seu canto suave, Alcarpe envolve nos de corpo e alma em seu trabalho de estreia. Sua voz nos guia a outras vertentes culturais e, no caso dos aspectos literários, faz-nos ter a plena convicção que nem Graciliano Ramos nem muito menos Guimarães Rosa (logo eles, autores tão representativos do regionalismo em nossa literatura) se vivos não seriam capazes de mensurar em suas respectivas obras o talento incontestável de Alcarpe em seu primeiro trabalho. Talvez por se tratar de algo tão simplório, mas paradoxalmente de um requinte irrepreensível.

Alcarpe iniciou seus estudos musicais ainda criança e, desde então, sempre procurou aperfeiçoasse ao longo dos anos. Formada em Música pela Faculdade de Artes Alcântara Machado (FMU/FAAM), a artista passou por diversos conservatórios paulistas, dentre eles o Conservatório Musical Souza Lima (renomado centro de estudos relacionado a música no estado de São Paulo). Ainda hoje, estuda técnica vocal com o cantor lírico Jeller Filipe (o brasileiro que mais cantou a obra de Mozart), tendo por propósito o aprimoramento de seu canto voltado à música popular. Vale ressaltar que esse seu primeiro álbum trata-se de um projeto que vem sendo lapidado há algum tempo, uma vez que Daniella vem no mercado musical alternativo galgando o seu espaço a partir de diversos projetos, dentre os quais o Trio DellazSoma-se também a sua biografia uma breve temporada na Europa (Itália e Holanda), onde a artista procurou levar a estes países muito daquilo que há de melhor em nosso cancioneiro ao longo desse período.

A partir da receptividade do público Europeu, Daniella voltou ao Brasil mais disposta do que nunca em divulgar aquilo que tanto a enchia de orgulho em pairagens distantes. Em sua terra, a artista procurou trazer para o seu trabalho o que de melhor ela tem a oferecer. E o resultado dessa oferta visceral traduz-se em “Qué que cê qué?”. Quem tiver a oportunidade de conhecer este trabalho, poderá observar que a cantora vive em uma constante busca pela primazia da beleza e qualidade, seja no repertório, seja na sonoridade presente naquilo que costuma fazer. Por falar em repertório, o seu é composto por versões de antigos clássicos da MPB e também de canções inéditas, tudo isso sendo amparada por compositores contemporâneos que ainda são desconhecidos do grande público, no entanto “Qué que cê qué?” buscou prezar pelo ineditismo.


A verdade é que há um fundamento convincente na afirmação existente no início deste texto: o regionalismo presente no trabalho da Daniella Alcarpe a faz universal, e talvez por esta condição ela tem conseguido cada vez mais firmarse no cenário musical brasileiro, com um repertório requintado e diversificado. Neste primeiro álbum Daniella já é capaz de mostrar a partir de sua autenticidade para o que veio e o que tem a contribuir para a nossa música popular brasileira de agora em diante. Esta sua estreia no mercado fonográfico, que veio de forma independente, já pode ser considerada um marco na carreira da cantora, pois poucos são os artistas que conseguem prender a atenção daquele que escuta um álbum do começo ao fim como é o caso de “Qué que cê qué?”, da Daniella. Esse álbum é daqueles poucos discos existentes que procuram ir nas entranhas da mais tradicional musicalidade brasileira, revelando para o ouvinte uma cantora de canto marcante a partir de interpretações tão próprias. Como dito, as composições são inéditas e tem como características essa grande diversidade musical tão nossa; por tal razão o repertório passa por uma gama de ritmos, que vão desde os choros, sambas, cocos, toadas e maracatus até cirandas. Em síntese, “Qué que cê qué?” é um trabalho bem elaborado e lindíssimo, que evidencia de modo primordial e bem adornado a questão do regionalismo, sem deixar de lado todas as influências musicais contemporâneas e cosmopolitas que permeiam o canto e o trabalho da Daniella. A escolha do repertório foi a dedo, talvez tendo como critério não apenas a qualidade poética das letras, mas também a riqueza melódica de cada uma das faixas escolhidas e, é claro, a sua identificação pessoal. Talvez seja por isso que cada peça esteja eternizada no álbum a partir de uma interpretação plena de zelo e talento. As canções são assinadas pelo paulista Carlos Careqa (autor de “Qué Que Cê Qué?”, “Meu Querido Santo Antônio”), Dimitri Bentok (“Cantiga antiga”), João Marcondese e Joca Freire (“Outros tempos”), Lucy Casas (“Canção do colo”) e o compositor maranhense Zé de Riba, que assina “Vestidim”, “Não Tenho Culpa Se Você Não Sabe Sambar”, “Mais Um Conselho” e “Caradum Cara do Outro”. Como arranjador e produtor musical quem está a frente é João Marcondes (que tem um trabalho paralelo intitulado “Oferendar”, onde Daniella também participa cantando em uma das faixas presentes no álbum, a canção “Passe bem”).

Ressaltando, a estética musical do CD busca uma sonoridade original, trazendo novos elementos musicais aos já consagrados ritmos brasileiros, em arranjos que utilizam violão de 7 cordas, violão de corda de aço, violão de corda de nylon, guitarra fretless, guitarra semiacústica, bandolim, cavaquinho, percussões, flauta transversal, trombone, saxofone, teclado e baixo. É um disco basicamente acústico. Sem muito me estender, porém já me estendendo, recomendo anotar este nome: Daniella Alcarpe! A dona de um doce canto que emociona e encanta pelo talento e simplicidade. A cantora que vem mostrando um dos mais bonitos trabalhos fonográficos de 2010.


Maiores Informações:


Contatos para shows: producao@alcarpe.com.br

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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

10 ANOS SEM KID MORENGUEIRA

Por Julio Cesar de Barros


Moreira: o rei do breque

O cantor e compositor Antônio Moreira da Silva, o Morengueira, criador do samba-de-breque, morreu no dia 6 de junho de 2000. Cheio de manhas e filosofias, ele foi o protótipo do malandro carioca. Mas só no visual e no gogó. Trabalhou a vida inteira, conciliando a carreira de cantor com empregos fixos. Suas tiradas de humor que vão do pitoresco ao ácido, compõem uma antologia, que reunimos neste perfil. Contar a história de um homem que viveu 98 anos a partir de depoimentos do autor e de seus contemporâneos é uma coisa complicada. As pessoas normalmente fabulam sobre o passado, superdimensionam seu papel em episódios nos quais tiveram escassa participação e se esquecem das mancadas que deram. Ou seja, só falam das pingas que tomaram, mas não se lembram dos tombos que levaram. Isto aqui é um breve levantamento da vida de Moreira da Silva a partir de entrevistas e declarações feitas à imprensa ao longo de seus últimos 40 anos de vida.

NASCE UM ASTRO
Morengueira, nasceu no Rio de Janeiro. Há alguma controvérsia sobre a data exata de seu nascimento, mas é ele quem informa: “Nasci em 1902, no 1º de abril, na rua Santo Henrique, hoje Carlos Vasconcelos, na Tijuca” (Fatos e Fotos, 11 de dezembro de 1973). E morreu em sua cidade natal, no dia 6 de junho de 2000. Filho de Dona Poladina e de Bernardino da Silva Paranhos, um trombonista da banda da Polícia Militar do Rio de Janeiro que morreu de cirrose hepática, o sambista nunca bebeu nem fumou, sempre trabalhou, casou-se em 1928 e permaneceu casado por 56 anos com a mesma mulher, Maria de Lurdes Lopes Moreira, a Mariazinha, a quem conheceu fazendo uma serenata no morro de São Cristóvão. “Nunca tomei um porre em toda a minha vida”, diria pouco tempo antes de morrer. “Não bebia e ainda fazia apologia do leite?”, escreveu o chargista e amigo Adail, quando de sua morte. Criado nos morros da cidade -- “eu morei no Morro do Salgueiro também” -- e formado na zona boêmia do Mangue, Moreira encarou o batente cedo e com uma assiduidade exemplar. Aos 9 anos foi para a escola. Mas logo deixou o Colégio Barão de Pilares, na Tijuca, e foi à luta para ajudar a família. “Filho de pobre, quando morre o pai, a coisa fica preta”. Criança, vendeu doce nas ruas do Rio, entregou marmita e catou papel.

Na adolescência, trabalhou numa fábrica de meias, em Botafogo. “Eu andava oito quilômetros a pé por dia, com uma comidinha muito fraca, que mal dava para enganar o estômago. Estava muito longe da minha mãe, que era cozinheira. Minhas irmãs foram morar na casa de umas tias e eu fiquei sozinho no barraco. Meu almoço era geralmente um bolo de milho e bananada. Depois, água por cima. Inchava o estômago, e eu passei a sofrer do fígado” (Fatos e Fotos). Levou a vida nesse sufoco até que, aos 19 anos, arrumou um emprego na fábrica de cigarros Souza Cruz, onde começou a trabalhar como ajudante de motorista. Por essa época já se apresentava em festas de conhecidos e fazia serestas em que cantava modinhas de Hermes Fontes e Cândido das Neves. “Fiz muitas meninas chorar, dando o meu recado em serestas”. Uma dessas meninas foi Jandira, a quem engravidou. A moça e a criança morreram no parto. “O mulatinho ficou triste, mas um pouco aliviado. De alguma forma, tirou uma grande responsabilidade das costas”, diria mais tarde, para espanto de muitos. Tempo de vacas magérrimas. Chegou a trabalhar numa barraca na festa da Penha em troca de um prato de comida: “Para mim, aquele ensopado de repolho valeu como uma das sete maravilhas do mundo”, elogiou o cardápio, comido “no maracanã e de remo” (em prato fundo e com a mão).

Em 1923 tirou a carteira de motorista e, antes de virar artista consagrado, foi chofer de táxi . A partir de 1926, foi também motorista de ambulância, acumulando as funções durante algum tempo para sustentar uma irmã e a mãe. “Fui pedir emprego na Assistência Municipal e com meu modo de falar, modéstia à parte, consegui. Fiz um exame superficial e fui aprovado”. Ficou lá por doze anos. A Revolução de 30 foi encontrá-lo como motorista de Arsênio de Souza Matos, secretário do prefeito Prado Júnior (“Um dos melhores prefeitos que tivemos nessa ex-capital federal”), que fora ao palácio solidarizar-se com o presidente Washington Luís. “Veja você, o terceiro regimento sublevado, era dia de praia e eu lá no Palácio. De vez em quando, um tirinho aqui, outro ali”, fabularia Moreira décadas depois. “Se os revoltosos do Regimento da Urca soltassem mesmo as tais bombas de 400 quilos que ameaçaram jogar naquele dia, eu teria meu revertere ad locum tuum sem apelação”. Como o bom malandro não anda sempre na linha, “que o trem pega”, Moreira também tinha os pés bem fincados na orgia. Durante a juventude frequentou rodas de baralho, botequins e a zona do meretrício. Conviveu com os malandros históricos da Lapa, gente como Brancura, Manoel Carretilha, Waldemar da Babilônia e João Cobra. E com bambas do Estácio, como Marçal, Bide, Baiaco e Ismael Silva.

Lapa: reduto da boemia

Tornou-se figura conhecida da boemia. “Convivi muito tempo no meio de malandros, e eles respeitavam minhas batucadas”, dizia. “Eu sempre ia às festas na Praça Onze, onde tinha roda com rasteira, rabo-de-arraia. Era magrinho, novinho, mas entrava na roda e era respeitado”, dizia sem falsa modéstia. Chegou a complementar sua renda com o dinheiro de uma prostituta que se encantou com sua lábia afiada. “Não gostava dela, mas a moça me satisfazia”. Apesar disso, a boemia para ele foi sempre na base da “canja e ovos quentes”. O vago-mestre (rei da malandragem) era consciente de seu lero: “Se me deixar falar, o ladrão não me assalta. Se me deixar falar muito, eu tomo uma grana emprestada. O malandro de hoje anda armado de 45, matando motorista de táxi”, indignava-se. “Adoro o Rio, mas hoje só saio com um objetivo, por causa da violência”. Um contraste grande com o submundo que conheceu, onde “a arma do malandro era a saliva, o papo, a baba de quiabo”. Dizia que “antigamente, você deixava o carro aberto e o máximo que entrava era mosquito. Crime era só passional. Hoje, nas ruas, só tem punguista, ladrãozinho barato. Tem menino de 16 anos que está emprenhando gente e na hora em que comete um crime diz que é de menor”.

Praça Onze: roda de samba com rasteira e rabo-de-arraia

A CARREIRA
Foi dirigindo táxi que encontrou seu caminho: “Nessa época, meu principal passageiro era o compositor Ismael Silva. Foi o Ismael quem botou na minha cabeça a idéia de me transformar em cantor. Graças a ele gravei meu primeiro disco”, declarou Moreira em entrevista à Revista do Rádio, em 1965. “Nesse tempo eu cantava muito nas horas vagas. Era seresteiro, dava o meu recado”. Sua primeira incursão em disco foi na Odeon, onde gravou dois pontos de macumba de Getúlio Marinho (Ererê e Rei de Umbanda, de 1931). “O Getúlio me chamou e disse: Moreira, quero usar sua voz para gravar para mim”. Mas gravar música de macumba deixou o mulato cabreiro. “Eu não sou supersticioso, mas me veio um troço assim… Então, sai dessa, malandro, disse para mim mesmo”. (Havia motivo para a cisma: “Já vi o sobrenatural”, disse, fazendo referência a uma aparição com a qual deparou aos 19 anos, quando chegava em casa, na rua Major Ávila. Uma mulher de preto surgiu à sua frente e desapareceu em seguida.)

O primeiro sucesso veio com Arrasta a Sandália, de Aurélio Gomes e Baiaco (malandro histórico e compositor da Deixa Falar, a primeira escola de samba), em 1932. Em 1934, passou a integrar o casting do Programa Casé, na rádio Philips. No ano seguinte, estourou com Implorar, de Kid Pepe, Germano Augusto e J. Gaspar, pela gravadora Columbia. Moreira afirmava que a primeira parte desse samba era dele e que J. Gaspar “herdou” seus versos. Em 1937, César Ladeira o viu cantar no Cassino Atlântico, que ficava no posto 6, em Copacabana, e o levou para a rádio Mayrink Veiga. “Todo mundo corria para casa para me ouvir cantar, como hoje corre para ver novela”, dizia sem modéstia. “Quando anunciavam o nome do Moreira numa boate de lona (circo), aquilo enchia”. Um ano depois, retornou à Odeon, onde gravou Acertei no Milhar, de seus amigos Wilson Batista e Geraldo Pereira.

Em 1939, levado pelo cantor português Manuel Monteiro, viajou a Portugal, onde se apresentou no teatro Politeama (“O navio jogava mais que viciado em corrida de cavalo”). Foi um sucesso: “Abafei, com meu passinho de malandro”. Agradou tanto que fez uma participação no filme A Varanda dos Rouxinóis. A década mudou e ele embarcou numa seqüência de sucessos. Gravou Amigo Urso, em 1941, Fui a Paris (Moreira e Ribeiro Cunha) e Dormi no Molhado (Moreira), em 1942. No ano seguinte, gravou Conversa de Camelô, de T. Silva e S. Valença. Em 1950 foi contratado pela rádio Tupi, do Rio, e lançou seu primeiro long-play, pela gravadora Santa Anita. Em 1958 fez um novo retorno à Odeon, onde gravou o segundo LP, O Último Malandro, em que se destaca o clássico Na Subida do Morro (Moreira e Ribeiro Cunha). Moreira canta Na Subida do Morro com Roberto Carlos:

Moreira: novidade no reino dos vozeirões

UM CANTOR DIFERENTE
Cantar numa época em que as ondas do rádio eram dominadas por canários como Chico Alves e Sílvio Caldas, intérpretes sutis como Mário Reis e afetados como Carmen Miranda, -- “no tempo em que cantor tinha que esticar a veia do pescoço” -- era um desafio gigantesco para Moreira. Mas encarnando a imagem dos malandros autênticos, terno de linho branco HJ-S 120, sapato bicolor (“de pelica, ou botinha com botões de madrepérola”) e chapéu panamá, o marido de dona Mariazinha convenceu e cavou seu lugar ao sol. Moreira levou as melodias sincopadas de Geraldo Pereira ao radicalismo do samba-de-breque em clássicos como Na Subida do Morro. Ele mesmo atribuía pouca importância à sua criação. “Eu queria mesmo era ser advogado, ter o dom de falar como o Carlos Lacerda”. Dizia que foi por acidente que o breque apareceu, durante um show num cinema do subúrbio carioca do Méier, em 1936. “Foi por acaso, como quase todas as descobertas dos cientistas. Eu estava cantando um samba fraquinho e decidi interromper e improvisar umas falas só para brincar com a platéia”, disse. “O Tancredo Silva me deu um samba de quatro linhas (Jogo Proibido) e eu improvisei em cima: ‘Meto a solingen na garganta do otário e ele geme, ai, ai, meu Deus. Não posso mais. Vou me acabar’. Aí nasceu o breque”, declarou ao Jornal do Brasil, em 1972. “O público aplaudiu de pé, e eu pensei: é aí que está o petróleo, malandro. Vou meter a sonda”.

Terno de linho branco HJ-S 120

Foi o ponto de partida para seus sucessos no gênero que fez o inferno na vida de um violonista conhecido como Frazão, numa história que entrou para o folclore musical brasileiro. Depois de acompanhar Moreira num show no Teatro Olímpico, o músico virou-se para o cantor e bronqueou: “Foi a primeira vez que acompanhei conversa”. Estava criado o rap caboclo, muitas décadas antes do Public Enemy. “O Luís Barbosa já cantava esse samba fazendo uma espécie de breque corrido”, afirmou Moreira em entrevista à revista Ele & Ela (maio de 1982). Moreira teria dado o breque geral, falando de improviso sem acompanhamento de instrumentos. Seu segundo samba-de-breque é o pouco conhecido Fui a São Paulo:

Eu fui a São Paulo
Assistir uma partida
Da famosa Copa Roca
Em companhia da Maroca
Fiquei satisfeito
De ver nosso time se desenvolver
Traçando o couro pra valer…

Moreira vira o Rei do Gatilho:

MORENGUEIRA
Depois veio Doutor em Futebol, em que mostrava que para ter nome não era preciso ser diplomado: “Basta saber controlar o caroço com inteligência”. Seu último sucesso, já na década de 60, foi o samba O Rei do Gatilho, de Miguel Gustavo, cuja letra falava de um caubói que, como o Zorro americano, tinha por companheiro fiel um índio. Era o Kid Morengueira, que passou a ser o apelido que o acompanhou pelo resto da vida. Miguel Gustavo compôs outros sambas em sequência à série que falava das aventuras do herói brasileiro: O Último dos Moicanos, Os Intocáveis, Moreira Contra 007 e O Seqüestro de Ringo. Foi um renascimento do sambista, que graças à parceria com Miguel Gustavo reconquistou as ondas do rádio, “já agora junto ao público mais sofisticado da Zona Sul do Rio de Janeiro, graças a letras que exploravam situações engraçadas mais próximas do interesse da chamada classe A”, fuzilou o crítico José Ramos Tinhorão, com sua opinião de pedra. Coincidência ou não, é nessa época (1968) que Moreira se apresenta pela primeira vez numa boate da Zona Sul, a Chez Toi.
Mas os tempos já eram outros. No final dos anos 60 ele se queixava da concorrência dos “cantores cabeludos que estão dando sopa e que cantam até de graça para aparecer nos programas”, dizia, ressentido com a televisão. Em entrevista a Ilmar Carvalho, do Correio da Manhã (9 de abril de 1970), ele se dizia feliz com a venda de seus dois últimos álbuns (Os Sucessos de Moreira da Silva Continuam, 1968 e Manchete do Dia, 1969, só com sambas inéditos) lançados pelo selo Cantagalo: 30 000 discos. “Isso porque a gravadora não tem um plano de relações públicas (sic) e vendas para o Rio, onde tenho um público bom e fiel”, dizia. E explicava seu novo rompimento com a Odeon: “Apareceu gente mais nova, ótimos profissionais, e os mais antigos, como eu, ficaram no come e dorme, sem cobertura da gravadora”, resignava-se. “Creio que Vôo Espacial vai fazer o sucesso de Amigo Urso“, sonhava o velho malandro, citando uma das faixas do disco Manchete do Dia. “O sucesso corre como água de regato. Às vezes pára um pouco, faz aquele remanso, mas a onda vem de novo”, diria em depoimento no Museu da Imagem e do Som, em 1967. Mas o sucesso já era coisa do passado.

FINAL DE CARREIRA DE MALANDRO?
“O malandro, aquele malandro velho, sucumbiu”, pontificava Moreira sobre a criminalidade daquele início de anos 70, numa frase que soava como uma auto-referência. “Hoje, infelizmente, o que tem é bandido, assassino”, diria anos depois. Mas ele ainda tinha muita lenha para queimar. Em 1970 a EMI-Odeon relança, pelo selo Imperial, o LP A Volta do Malandro, que abre com sua fantástica interpretação de Gago Apaixonado, de Noel Rosa, compositor a quem sempre foi fiel. Em 1971, gravou Moreira da Silva na Academia, alugou um fardão e dirigiu-se para a Academia Brasileira de Letras. Austregésilo de Athaíde, o presidente da casa, não gostou da piada e barrou sua entrada. Sua briga com a ABL prosseguiu até 1984, quando gravou Clã dos Imortais, do jornalista William Prado, criticando o sistema fechado da entidade, que não aceitava mulheres.

Em 1973, Ivan Cardoso rodou o documentário Moreira da Silva:

No mesmo ano, Moreira gravou pela CID o disco Consagração de Moreira da Silva, sem qualquer sucesso. Mas garantia que seu burro estava na sombra: “Hoje não sou rico, mas ganho 5 000 cruzeiros por mês com direito a aumento, tenho direitos autorais, fundo no banco e apartamentos, um na rua do Senado e outro onde mora minha filha”. Já naquela época o mercado para o samba tradicional era São Paulo: “Aqui (Rio) urubu está voando baixo. Em São Paulo atuo no Canal 7 e na TV Cultura. Até recebi uma medalha de ouro na boate Jogral, onde só se toca samba tradicional”. Mas a pancada vinha embutida: “Só que gravam tapes para todo o lado e não nos pagam”. A televisão já era a televisão. “Não posso me queixar da vida. Tenho uma rendazinha que dá para enfeitar o babado”. Em 1976, o velho malandro começou uma nova fase. Retornou aos palcos ao lado de Jards Macalé (“É meu único aluno”). Apresentaram-se juntos no Projeto Seis e Meia, do Teatro João Caetano. No ano seguinte, inauguraram o Projeto Pixinguinha. Passaram a fazer shows por todos os cantos. Em 1979, participaram de um festival promovido pela extinta TV Tupi, com o samba, única parceria da dupla, Tira os Óculos e Recolhe o Homem, que foi classificado, o que lhes valeu uma vaia da torcida dos novos artistas, que afinal eram o alvo do concurso. A vaia não o abateu, mas ficou indignado: “É a primeira vez que sou vaiado, pô!”. Era fichinha para ele. Seu lugar no panteão dos grandes da música brasileira já estava garantido como o criador do samba-de-breque, um gênero que marcou época. Em 1987, voltaram a fazer shows juntos, em comemoração aos dez anos do Projeto Pixinguinha -- e voltam a excursionar.

Festival da TV Tupi, 1979: vaias para Morengueira

Ainda em 1979 lançaria pelo selo Jangada (EMI/Odeon) o LP O Astro, “Talvez o melhor disco da carreira de Moreira”, no dizer de Tinhorão. No final do mesmo ano lançou novo disco, O Jovem Moreira, pela Polygram, em que regrava Diplomata, de Henrique Gonçalves, composto em 1939 e Homenagem a Noel, de sua autoria. Seu próximo álbum só apareceria sete anos mais tarde, pela Top Tape: Cheguei e Vou Dar Trabalho (1986), em que inova ao oferecer 18 faixas aos seus fãs, entre elas -- surpresa -- A Volta do Boêmio (samba-canção de Adelino Moreira, lançado em 1956, grande sucesso na voz de Nelson Gonçalves) e Último Desejo (Noel Rosa, 1937), em que relembra seus dotes de seresteiro. Ouça:

Nesse disco dá nova roupagem a outro samba-canção, As Rosas Não Falam, clássico de Cartola. Aos 84 anos ele já não era o mesmo cantor que encantou multidões pelas ondas do rádio. “Um tanto forçado nas passagens de nota, é verdade, mas ainda eficiente nos graves”, analisaria o crítico Tárik de Souza. Mas ele seguiria em frente. Em 1989 entrou em estúdio com músicos do naipe de Dino Sete Cordas e Mauro Senise, para gravar o LP 50 Anos de Samba de Breque, pela CID/Fama. Nesse disco regrava mais uma vez Na Subida Do Morro, O Rei do Gatilho e Acertei no Milhar. E ainda a crônica do sufoco do Rio às voltas com as enchentes em Cidade Lagoa (Cícero Nunes e Sebastião Ferreira).

1989: 50 anos de samba de breque

DON JUAN
Desde que a mulher morreu, em 1983, o sambista não descansou. “Se pudesse, teria um harém, nem que fosse só para olhar”, disse a O Globo. “Nunca prestei. E depois que começou a carreira artística, então… Mas sempre amei a minha mulher”, confessou. Moreira entrou nos anos 90 ao lado de Denise Conceição, uma morena de apenas 24 anos de idade. “Estamos casados pela lei Divina”, babava ao lado da mulher com quem dizia estar tendo um caso havia cinco anos. Ou seja, ele tinha 83 anos quando conheceu Denise com 19. “Já legalizei a situação de Denise no INSS e lhe dei uma pensão de 35 000 cruzeiros, além de uma casa em Saracuruna, subúrbio do Rio, e vou colocá-la também no Iaserj para ter seus direitos garantidos”, cuidava ele. Mas continuaram morando separados. “Ela me chama de meu amor olhando nos meus olhos”, acreditava o velho malandro.

Não permitia que a filha e o genro interferissem na relação. Para quem imaginava que ele estava fazendo papel de tolo, o velho sambista dava o breque: “Eu encaro até hoje, pois sou protegido pelas almas benignas. Meu nome é Antônio Moreira da Silva, noventa e um anos, corpo limpo, sem varizes, afogando o ganso com cara de pavão misterioso. Tomo chá de jurubeba com alcachofra e faço exames periódicos”. Embalado nos braços de Denise, ele fez em maio de 90 uma série de shows na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio. Em junho, estréia temporada curta no Jazzmania. No mês seguinte deu um depoimento ao Museu do Carnaval, no módulo Velha Guarda, entrevistado por Ricardo Cravo Albim, Osmar Frazão, Aidran Galvão, Vani Bayon e Tárik de Souza. O jornal O Globo (30 de julho de 1990) registra algumas frases do depoimento: “Tem um tal de Cabral que aparecia todos os domingos de carnaval lá em casa para comer feijoada. Hoje, ele só me escreve para pedir voto”.

Em 1991, Moreira foi escolhido pela prefeitura do Rio de Janeiro, para inaugurar com um show a reurbanização da Lapa, o velho reduto da malandragem, dos bares e cabarés. O então prefeito, Marcello Alencar, fez questão, já que o artista representaria o verdadeiro espírito do bairro. O rei do breque atendeu com naturalidade à convocação: “Sou um símbolo carioca”. Mas ele diria mais tarde que nunca foi de frequentar a Lapa. “Eu freqüentava o mangue. Parava o táxi e namorava as prostitutas. A Lapa era um refúgio de artistas que moravam longe e iam dormir com as prostitutas”. Mesmo assim, ao ser convocado, falou com hilariedade dos bons tempos do bairro: “Os táxis faziam ponto perto do lampadário. Havia os botecos, a leiteria da Rua Visconde de Maranguape, os cabarés. A rapaziada corria atrás das mariposas da Rua Joaquim Silva. Uma vez, quando eu era motorista de táxi, peguei um freguês que me disse precisar de uma mulher. Fui à Joaquim Silva e botei uma mulher no carro. Seguimos para a Vista Chinesa, mas quando chegamos lá o cara tinha dormido. Eu, então, executei a lebre”.

Nos anos seguintes comemorou seus 90 anos com um show na boate People, e os 91 no Jazzmania, no Rio. Estava em plena atividade. Em 1993 lançou Moreira da Silva Fotografando a Cidade, o primeiro CD, em que reuniu os sucessos do período 1958-60, pela EMI/Odeon. E novamente grava Na Subida do Morro e Olha o Padilha. Regrava também Conversa de Botequim, de Noel Rosa e Pistom de Gafieira, de Billy Blanco. Em outubro, abriu a série de shows do Projeto Cultural da Caixa, no Teatro Nelson Rodrigues. Em 1995, comemorou seus 93 anos na Ritmo, no Rio, com um show em que cantou vinte de seus sambas mais conhecidos. Durante o espetáculo, foi entrevistado pelo jornalista Sérgio Cabral. O afilhado Jards Macalé subiu ao palco mais uma vez com seu professor, para dele receber o bastão (o chapéu panamá), pois o mestre estava oficialmente abandonando os palcos. “As pernas estão ficando bambas e, se não dá para sambar, não tem mais graça”, lamentava-se. “É uma honra ser herdeiro de uma crônica viva do Rio”, declarou Macalé. Fazia vinte anos que os dois haviam dividido pela primeira vez um palco, no show do Teatro João Caetano. A triste despedida de Moreira não foi triste nem despedida. Já no ano seguinte ele cantou no pequeno palco do bar Vou Vivendo, de São Paulo, um reduto do melhor samba encravado numa esquina da Avenida Pedroso de Moraes, no bairro de Pinheiros. Embalado pelo sucesso do CD Os Três Malandros, que dividiu com os sambistas Bezerra da Silva e Dicró, seu último disco, lançado no ano anterior, Moreira não perdeu a irreverência e aproveitou para dar um chega-pra-lá no neo-samba da terra da garoa: “Só vale o balanço”.

Com Dicró e Bezerra: na cola dos três tenores:

Em 1996, finalmente, sai a primeira biografia de Moreira da Silva, O Último dos Malandros, do jornalista baiano Alexandre Augusto Gonçalves, pela editora Record, baseada em depoimentos do sambista. O jornalista João Máximo chamou a obra de livro de fã. Para ele faltou a análise da música de Moreira. Máximo divide a obra de Moreira em duas fases. A dos grandes sambas com grandes parceiros -- Amigo Urso, Acertei no Milhar -- e a da saturação, com a repetição de falas já manjadas no momento do breque. Nesta segunda fase a temática empobrece. “O Moreira do 007, do filme americano, do último dos moicanos, já não tinha o mesmo apelo”, disse na resenha do livro. “Nos seus últimos tempos em forma, era preferível ouvi-lo reviver Cigano, de Lupicínio, a emparceirar-se com Macalés, Dicrós e Bezerras”, escreveu o jornalista. Mais conhecido das novas gerações exatamente pela sua fase Miguel Gustavo, não há como negar que o melhor do Moreira é exatamente o que foi gravado na chamada época de ouro da música brasileira, os anos 30 a 50.

Seus 96 anos foram comemorados em grande estilo. Pela manhã, tomou café com crianças carentes assistidas pela Legião da Boa Vontade. Queria se lembrar dos tempos difíceis da infância. Depois, Jards Macalé e Ellen de Lima cantaram para ele seus antigos sucessos, no Teatro João Caetano. De lá, caminhou acompanhado por uma banda para um almoço no tradicional Bar Luiz, na Rua da Carioca. Moreira ainda ganhou um par de sapatos brancos de uma loja do centro e uma homenagem da Sociedade Amigos da Rua da Carioca. Dois anos antes de sua morte, o velho Morengueira sonhava figurar no Guiness Book of Records, como o cantor mais velho em atividade. E vivia a expectativa do lançamento na Austrália e em Portugal de alguns dos 26 álbuns que gravou ao longo da vida. Ainda ativo, tinha na gaveta o samba-de-breque Pra Fazer 97, em parceria com Reginaldo Bessa e Ecologia, com Aidran do Grajaú. Foi com Bessa que ele se apresentou numa temporada no Vinícius Bar, no início de 1997.


LÍNGUA NÃO TEM OSSO
Moreira nunca foi de fazer média. Deitou falação sem travas na língua. Para ele “a batida da Bossa Nova é quase a de rumba”. Caetano Veloso queria mesmo “é rebolar, um atrevido. Imagine que outro dia ele criticou a Aquarela do Brasil por causa da palavra inzoneiro. Ora, quem é Caetano Veloso para falar de Ary Barroso?”, tascou. “Tião Motorista é que é o bom da Bahia”. E mais: “Edu Lobo e Tom Jobim são razoáveis”, disse à revista O Cruzeiro, em dezembro de 1968. “Gosto mesmo é de serestas e das baladas do Agnaldo Timóteo”, feriu o malandro. “Gosto do Roberto Carlos, mas não gosto do seu Jesus Cristo, uma jogada com o nosso Pai para ganhar dinheiro”, castigou em outra entrevista. “O Chico Buarque é o Noel muito devagar”. Paulinho da Viola? “É ainda água-com-açucar. É sofrível”. E tome polca: “Outro dia eu vi aquela menina, a Gal Costa, uma porcaria, ela é neutra”. Martinho da Vila: “É sempre aquilo que você tá vendo aí. Inclusive o Batuque na Cozinha não é dele não. Isso é mais antigo que Dom Pedro II”. Elis Regina: “Eu sou melhor do que ela em qualquer parte do mundo que a gente bater”. Donga é que era o tal: “Foi um cara bom. Grande compositor e tocava violão muito bem”. Mas ele também levou troco. Rigoroso com os outros, sofreu o rigor do também longevo Carlos Cachaça, o grande mangueirense. “Os sambas dele eram mais comerciais, mais rentáveis. Nem as minhas parcerias com Cartola renderam muito dinheiro”.

Moreira também deitou falação contra os meios de comunicação. “No rádio é que é o jabaculê. O disc-jóquei leva o dinheiro e diz que está em primeiro lugar. Tudo grupo, entende?”, disse em entrevista ao Pasquim, na década de 70. “Na TV a coisa funcionava diferente. A Tupi combinava 700 cruzeiros (de cachê). Quando chegava lá, um cara dizia: ‘escuta, o rapaz que te telefonou disse que era 700, mas só pode ser 500’”. Desse tempo para cá a coisa piorou bem. O cachê minguado cedeu lugar ao pagamento feito pelo artista ou pela gravadora para divulgar a música. No começo dos anos 70, Moreira soltou as cobras contra o apresentador Abelardo Barbosa, o Chacrinha: “Há 40 anos mandei fazer dois ternos pra ele, cantei com amigos de graça para arranjar-lhe uma nota, que ele estava duro. Hoje, o malandro não paga e até quer que a gente pague para se apresentar no seu programa”.

Incisivo com os colegas, ele pegava leve com o poder. Gravou um samba em homenagem a Getúlio Vargas, quando o Brasil declarou guerra ao eixo: “Minha bandeira foi ultrajada, temos um homem de fibra, Getúlio Vargas, posso empunhar um fuzil pela honra do meu Brasil”, babou no chapéu panamá. Gostou do velhinho até o fim: “Foi o único político que eu vi apertar a mão de um lixeiro”, justificava. Para Juscelino Kubitschek gravou Cutuca, Nonô, de Miguel Gustavo. Não gostava de agitação: “passeata não resolve”. E chegou a se candidatar a vereador pelo PTB do antigo Distrito Federal, levando apenas 400 votos: “A moçada parece que não acreditou em mim”.

Chapéu panamá, terno de linho: conquistador

Se o povo o tratou mal, o Estado o tratou bem. Aposentou-se em 1959 como encarregado de garagem, mas desde que se tornou um artista consagrado não desempenhava a função. “Os colegas tiravam meu plantão”, declarou ao Pasquim. Moreira não era político, não militava, mas suas músicas revelavam em crônica as desigualdades e a injustiça social, sem panfleto. Insurgiu-se de leve contra a invasão da música estrangeira. Ao jornal Opinião exibiu, em 1976, seu nacionalismo corporativo: “Uma estação de rádio não é uma propriedade definitiva, aquilo é um veículo de propaganda (sic) que pode levar até a envenenar a nossa pátria”. Em 1984 gravou Moreira Já, de William Prado, um samba pelas eleições diretas, lançado com 1 500 compactos durante show no Mistura Fina, em Ipanema. Do outro lado do disco, o samba com que espicaçou a Academia Brasileira de Letras. “Afinal de contas, sou pelas eleições diretas”, justificou. Moreira confessou ter votado em Lula para presidente: “O FHC eu não gosto, parece que vai descontar dos aposentados”. Cruel crítico dos colegas, louvador de presidentes e amante das eleições livres, Moreira era coluna do meio na questão do direito autoral. Perguntado no Pasquim pelo produtor e crítico Mariozinho Rocha se tinha queixas do órgão arrecadador, foi pelo caminho suave: “Não, não, não. Aí eu sou neutro. Sabe como é que é…”, desconversou. Seu comportamento tinha outra explicação: era conselheiro da SBACEM, órgão responsável pelo recolhimento de direitos autorais.

SAMBAS PRÊT-À-PORTER
A autoria da obra de Moreira como compositor era questionada por ele próprio: “A necessidade faz o sapo pular”, dizia. “Já vendi e comprei muito samba”. No começo da carreira, não: “Naquele tempo eu não era muito esperto para pedir parceria, hoje eu peço”, confessou em 1973. Moreira falava com tranqüilidade sobre o comércio de sambas: “O esquema de entrar é o seguinte: o sujeito chega perto e diz: Moreira, eu tenho este samba aqui, pode ter esquema de entrar… Quem me vendeu muita música foi o Zé Com Fome (o compositor José Gonçalves, também conhecido como Zé da Zilda, sua mulher, compositora que por sua vez se assinava como Zilda do Zé)”. Ele conta que pagou 150 mil-réis pelo samba Dormi no Molhado, do Zé da Zilda. “O Francisco Alves comprava”, entregou na mesma entrevista. Ao jornal Opinião confessou ter recebido de presente a parceria do samba A Carne, de Nelson Cavaquinho. “Ele andava na pior, sem amparo. Ele vendia por qualquer preço a música dele. Ele vendeu para um rapaz, o Roxo”, disse. Foi das mãos de Roxo que Moreira ganhou a parceria em troca de gravar o samba. Em depoimento ao Museu do Carnaval, em 1990, ele seria franco e direto: “Paguei um conto e trezentos mil-réis ao Geraldo Pereira por uma música. Era um bom dinheiro. Mas quando ele estava sem nenhum para pagar o quarto, me vendia por 150 mil-réis, confessou. “Comprar música é subjetivo. Desde o começo da música os compositores vendem suas canções”, justificava.


ENCARANDO A PERPÉTUA
Moreira dizia não ser saudosista, mas viveu se queixando das novidades que surgiram no meio musical, às quais atribuía o fim de seu reinado: “Um Ari Barroso, um Noel Rosa, a gente tem que respeitar. Esses meninos de hoje são muito água-com-açucar”. No mais, se conformava. Só estranhava a explosão demográfica: “Tá nascendo gente pra danar”. Recebeu o ano 2000 sem cerimônias. “Velhice para mim não existe. Parece que cheguei ontem ao planeta”, dizia. Aos 97 anos, sua visão da virada do milênio era trivial: “O que vier eu traço. Enquanto São Pedro não manda a ordem de captura, eu vou vivendo com habeas-corpus preventivo”. Da janela do apartamento no Catumbi, onde vivia sozinho desde que Mariazinha morreu, em 1983, ele mirava o cemitério, onde o jazigo número 6 o esperava. “Meus futuros guardiães, que trabalham ali embaixo, me saúdam: não tem aparecido, seu Moreira. Eu fico meio cabreiro e vou saindo de banda. Sai pra lá, mamão”, esconjurava. Mas não temia e até desdenhava da perpétua: “O futuro é uma caveira”. E cantarolava: “Para fazer 97/Tem que ser malandro/Quem não pode, não se mete/Que o bicho tá pegando”. Atribuía sua vitalidade a uma mistura bem brasileira, mas com nome gringo: “black and white”. Não o uísque, que como já se viu não era seu forte. “Minha mãe era black e meu pai era white”.

“O futuro é uma caveira”

Moreira viveu seus últimos dias com o que recebia da pensão como chefe de garagem do antigo Estado da Guanabara e de uma pensão de compositor e cantor pelo INSS. Algo como 1.200 reais. “Dá pro gasto”, conformava-se. Além, é claro, dos cachês de shows que fez até o fim. No apartamento do Catumbi, ele via o tempo passar pela janela sem maior afetação, na manha do gato, mamando e miando: “Passo a maior parte do tempo deitado, só levanto para ver novela e futebol”. Não tinha condições de andar pelas ruas do Rio, como gostava. As pernas não se sustentavam mais. Tempos atrás ele se levantava, tomava o café-com-leite e saía para jogar no bicho, conversar com os vizinhos e passear pela região central da cidade. Ia à Cinelândia, tomava uma mineral no Amarelinho, comia um ensopado de quiabo batizado com seu nome no Paisano, como registrou a revista de Domingo do Jornal do Brasil em março de 1992. Agora, quando saía, era de táxi. “Estou com um pouco de dificuldade para andar por causa de uma cucaracha (barata) que matei na banheira e acabei caindo”, queixava-se. Apesar disso, Bessa estava produzindo o que seria seu último disco. E a saúde parecia estável. “Há pouco tempo fiz um check-up e estava tudo certo: triglicerídeos, colesterol… Minha pressão é 12 por 8″, dizia, atribuindo sua forma ao ginseng para o corpo e ao Advil para a dor-de-cabeça.

Morreu de falência múltipla dos órgãos, no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio. Com sua morte, aos 98 anos de idade, foi-se embora o último malandro. Malandro daqueles cantados por Jorge Ben Jor, que sabem que é bom ser honesto e são honestos só por malandragem. No idioma de Morengueira: “Se um vigarista soubesse quanto é gostoso estar do lado da lei, se tornaria honesto só por vigarismo”. Este era o retrato fiel do Moreira. “A malandragem nunca existiu para mim. Sou um bípede mamífero que sempre trabalhou”, pontificava. “Hoje estou humildemente, modestamente, na história do samba”. Não teve filhos (“Fiz uma vasectomia natural por causa de tanta farra”), mas adotou Marli, que lhe deu dois netos. Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Jards Macalé, Elza Soares, Bezerra da Silva e Sandra de Sá, entre outros artistas, prestaram-lhe homenagem póstuma num grande show no Canecão.


Moreira da Silva - 50 Anos de Samba de Breque (1989)
Faixas:
01 - Fui ao dentista (Cícero Nunes, Sebastião Fonseca)
02 - Cidade lagoa (Cícero Nunes, Sebastião Fonseca)
03 - Fenômeno (Nilton Moreira, Joaquim Domingos)
04 - Na subida do morro (Ribeiro Cunha, Moreira da Silva)
05 - O rei do gatilho (Miguel Gustavo)
06 - Acertei no milhar (Geraldo Pereira, Wilson Batista)
07 - No seca-suvaco (Ribeiro Cunha, Moreira da Silva)
08 - Judia rara
09 - Sou candidato (Aidran Carvalho, Ferreira Gomes)
10 - Margarida (Zózimo Ferreira, Moreira da Silva)
11 - Chave-de-cadeia (Geraldo Gomes, Moreira da Silva)
12 - Jogando com o capeta (Ribeiro Cunha, Moreira da Silva)
13 - Rei do cangaço
14 - Que malandro sou eu (Wilson Mello, José Orlando)
15 - Lapa década de trinta (Dalmo Niterói, M.Micelli)
16 - Sambista de consultório (René Bittencourt, Moreira da Silva)
17 - Dormi no molhado (Ribeiro da Cunha, Moreira da Silva)
18 - Pot-pourri (M. Micelli, Moreira da Silva)
Aquele retrato lindo (Moreira da Silva-M. Micelli) - Implorar (Kid Pepe-Germano Augusto-Gaspar) - Abre a janela (Arlindo Marques Jr.-Roberto Roberti) - Até amanhã (Noel Rosa) - É bom parar (Rubens Soares) - Que samba bom (Geraldo Pereira-Arnaldo Passos)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

TALENTOS HERDADOS

Luciana Mello começou a cantar aos seis e gravou ao lado do pai, Jair Rodrigues, a canção “O Filho do Seu Menino”, composta pelo gaitista e produtor Hildo Hora.

Em 1989 fez um dueto, novamente com o pai, cantando no disco um pout-pourri de “Dois Na Bossa”, gravada por Jair e Elis Regina na década de 1960.

Em 1991 montou uma banda com o irmão, Jair Oliveira, a qual também participava Cíntia Raquel e Vânia Estela, intitulada “Jairzinho e a Patrulha do Barulho”.

Em 1995, aos 16 anos, gravou seu primeiro disco solo, “Luciana Rodrigues”, produzido por Iranfe Maciel e com participação de Emílio Santiago.

Em 1998 Luciana iniciou sua trajetória na noite de São Paulo com o projeto “Artistas Reunidos” ao lado de Jair Oliveira, Daniel Carlomagno, Wilson Simoninha e Pedro Camargo Mariano. Este projeto rendeu um CD registrado ao vivo pela Trama no ano seguinte.

Em 2000 Luciana gravou seu segundo trabalho, o álbum “Assim Que Se Faz”, com a produção assinada por seu irmão, e com os sucessos “Assim Que Se Faz” e “Simples Desejo”.

Em 2002 assinou contrato com a Universal Music e lançou o cd "Olha Pra Mim", também produzido pelo irmão. Este disco traz, pela primeira vez, canções compostas por Luciana, sendo uma em parceria com Jair. Além disso, também conta com duas participações especiais: Ed Motta e Pedro Mariano.

Em 2004 mostra o trabalho "L.M.", um CD com grandes canções que passeiam pelo samba, baladas e músicas dançantes. Entre elas, a regravação de “Molambo” e músicas conhecidas do grande público, que são os temas homônimos do filme "Sexo, Amor e Traição" e da novela "Da Cor do Pecado".

Em 2007 Luciana Mello lança seu quinto disco solo intitulado "Nêga", gravado de forma independente pelo selo "S de Samba", e mais uma vez com a produção de Jair Oliveira. O recém lançado álbum, além das músicas inéditas, possui regravações de “Galha do Cajueiro", de Tião Motorista; “Lágrimas de Diamantes", de Paulinho Moska e “O Samba me Cantou”, de Jair Oliveira. Além disso, têm participações especiais de Gabriel, o Pensador, e Thalles, backing vocal da banda Jota Quest.

Em janeiro de 2010 Luciana Mello uniu-se a Jair Oliveira e juntos lançam o DVD/CD do projeto 'O Samba Me Cantou', gravado em fevereiro de 2009, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Com direção musical dos irmãos e arranjos de Jair Oliveira o DVD traz um repertório escolhido 'a dedo' pelos cantores, a fim de expressar suas influências, reunindo diversos compositores da música popular brasileira.

Destaque para os clássicos do samba como: Coração Leviano, Rosa, Tristeza Pé No Chão, Orgulho De Um Sambista, além dos sambas contemporâneos que não ficaram de fora como: Samba da Doca, Tempestade Em Alto Mar, Dor De Ressaca, entre outros.

Atualmente com 31 anos, Luciana Mello é considerada uma das grandes cantoras da música popular brasileira e surpreende por sua incrível performance nos palcos. A cantora sempre investiu em sua carreira se dedicando a cursos de teatro, cinema, aulas de dança e canto. Já participou dos musicais “Pocket Brodway” "Blood Wedding" "O Rei e Eu" e da peça teatral “Nunca Se Sábado”. Ela apresenta atualmente o programa da (TV Cultura), Almanaque Brasil.

Assim que se faz (2000)
Faixas:
01 - Simples Desejo
02 - Assim Que Se Faz
03 - Calados
04 - Páginas viradas
05 - Reveillon
06 - Frente a Frente
07 - Você tem Razão
08 - E Se Um Dia... (E Se Domani)
09 - Se...
10 - Sem Tempo a Perder
11 - O Mar Serenou

DICAS DA MUSICARIA

O pianista, compositor e arranjador Antônio Adolfo, gravou em 1971 (reedição em cd pela EMI/Music/2003) este segundo álbum com a banda A Brazuca. Com nuances psicodélicas, jazzísticas e de Bossa-Soul, neste trabalho ainda se destacam as belíssimas letras do poeta Tibério Gaspar, citando as faixas "Pela Cidade" e "Cotidiano". Destaque também para a conhecida "Transamazônica", com belos grooves, tema que entrou em diversas coletâneas de "Lounge Music". Raríssimo, absolutamente fantástico e atual!

Faixas:
01 - Panorama
02 - Cláudia
03 - Tributo a Victor Manga
04 - Pela Cidade
05 - Grilopus Nº 1 (Parte 1)
06 - Que se Dane
07 - Atenção! Atenção!
08 - Cotidiano
09 - Transamazônica
10 - Cortando Caminho
11 - Grilopus Nº 2 (Parte 2)
12 - Caminhada

Créditos:
Antônio Adolfo: Piano, Piano Elétrico, Arranjos
Luiz Cláudio Ramos: Guitarras
Luizão Maia: Baixo
Paulo Braga: Bateria
Bimba: Vocais
Luiz Keller: Vocais

terça-feira, 14 de setembro de 2010

MORRE PAULINHO MACHADO DE CARVALHO FILHO, UM DOS IDEALIZADORES DOS GRANDES FESTIVAIS DA TV RECORD

Morreu nesta terça-feira (14) o empresário e comunicador Paulo Machado de Carvalho Filho no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Machado, que tinha 86 anos, estava internado desde o dia 31 de agosto e a causa do falecimento será informada, de acordo com a assessoria do hospital, em breve.

Filho de Paulo Machado de Carvalho, fundador da Rede de Emissoras Unidas de Rádio e Televisão, Paulinho Machado, como era conhecido, esteve a frente da TV Record até que as ações da emissora foram compradas pelo bispo Edir Macedo, em 1990; foi também presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) entre os anos de 1980 e 1982.

Sob o comando de Paulinho, a Record promoveu os famosos festivais de música popular brasileira nas décadas de 1960 e 1970.

Como empresário cultural, Paulo Machado de Carvalho Filho trouxe ao Brasil artistas como Louis Armstrong, Nat King Cole e Sammy Davis Jr.

O velório acontece a partir das 20h desta terça (14), no Cemitério do Morumbi; o sepultamento está marcado para esta quarta (15), às 10h, no mesmo local.

14 DE SETEMBRO - DIA NACIONAL DO FREVO

No final do século 19 e início do século passado, o frevo surgiu como camuflagem da luta dos capoeiras. Além disso, nos desfiles carnavalescos, alguns capoeiristas iam à frente, para defender os músicos das multidões, dançando ao rítmo dos dobrados. A dança adquiriu características próprias, nascendo muito mais da improvisação que já levaram à catalogação de mais de 120 passos (chamados pernadas, giro parafuso, dobradiça, tesoura, saca-rolha etc., envolvendo gingados, malabarismos, rodopios, passinhos miúdos e muitos outros, vários oriundos da capoeira).

A coreografia, individual, denota também a mistura de danças de salão da Europa, incluindo o balé e os malabarismos dos cossacos. A sombrinha de frevo é outra herança dos capoeiras, que utilizavam porretes ou cabos de velhos guarda-chuvas como armas, em conflitos entre grupos rivais.

A música tem relação com as executadas pelas bandas militares e as fanfarras de metais e com as marchas, dobrados, maxixes, quadrilhas e tangos. A década de 30 foi um marco para dividir o ritmo em Frevo-de-Rua, Frevo-Canção e Frevo-de-Bloco. A orquestra do frevo é, geralmente, formada por uma requinta, três clarinetas, três saxofones, três pistões, oito trombones, dois hornos, três tubos, dois taróis e um surdo.

A coreografia, individual, é integrada pelo frenético movimento de pernas que se dobram e estiram. Segundo Tárik de Souza, "O Teu Cabelo Não Nega", de 1932, “considerada a composição que fixou o estilo da marchinha carnavalesca carioca, é na verdade uma adaptação do compositor Lamartine Babo do frevo "Mulata", dos pernambucanos Irmãos Valença.

A primeira gravação com o nome do gênero foi o "Frevo Pernambucano" (Luperce Miranda/ Oswaldo Santiago) lançada por Francisco Alves no final de 1930. Um ano depois, "Vamo se Acabá", de Nelson Ferreira pela Orquestra Guanabara recebia a classificação de frevo. Dois anos antes, ainda com o codinome de "marcha nortista", saía do forno o pioneiro "Não Puxa Maroca" (Nelson Ferreira) pela orquestra Victor Brasileira comandada por Pixinguinha.

Hoje o frevo, música e dança, integra a rica diversidade da cultura brasileira e é marco do carnaval pernambucano, especialmente em Olinda e Recife. Por isso, também é comemorado na capital pernambucana, no dia 09 de fevereiro.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

DJAVAN EMBARCA RUMO AO PASSADO

Ária é o primeiro disco que ele grava como intérprete, sem música autoral, e traz canções que lembram a juventude

Por José Teles

Quando estava com 17 anos, Djavan fugiu de casa. A família queria que ele se submetesse a um concurso da Academia das Agulhas Negras, no Rio. Ele não pretendia seguir carreira militar. Queria ser músico (embora tenha passado um tempo dividido entre o futebol e a música). Veio morar no Recife, na casa de um primo em Casa Amarela. Foi um período de “carência e sofrimento”, recorda, longe de casa. Passou um ano e meio vivendo na Zona Norte recifense. Apesar do astral não estar alto, esta estadia na capital pernambucana foi decisiva para a carreira musical de Djavan. “Não cheguei a trabalhar com música no Recife, era adolescente. Ficava em casa tocando violão, estava começando a tocar. Foi nesse período que desenvolvi meu aprendizado no instrumento”, conta o cantor, em conversa por telefone.

Esta passagem pelo Recife está refletida no seu novo disco, Ária, o primeiro que grava como intérprete, sem música autoral (parceria entre seu selo Luanda e a Biscoito Fino). A música que o faz lembrar dos meses passados em Casa Amarela chama-se Nada a nos separar, de Wayne Shanklin, em versão assinada por Romeo Nunes, gravada em 1963 pelo Trio Esperança e Reinaldo Rayol: “Eu ouvia muito no Recife e quem cantava era Evinha, a principal voz do trio”.

Ária em si é um trabalho com toques proustianos. Uma viagem ao passado, a trilha sonora das reminiscências do cantor, que passeia pelas várias fases de sua existência. Sabes mentir (Othon Russo), por exemplo, é uma canção que o faz lembrar da infância: “Eu deveria ter cinco, seis anos, e minha mãe gostava muito desta música, que foi gravada por Ângela Maria”, explica Djavan.

Assim como Milton Nascimento, no álbum, Crooner (1999), o cantor alagoano, também quis relembrar seus tempos de cantor da noite, com uma passagem, aos 18 anos, pela banda, de Maceió, LSD (Luz, Som, Dimensão): “Quando vim para o Rio fui crooner de boate durante quatro anos, passei por casas conhecidas como a Number One”, continua Djavan. Com as amizades feitas na noite carioca, chegou à Som Livre, onde gravou canções de compositores como Tom Jobim, Marcos Valle, Vinicius de Moraes para trilhas de novelas, até que conseguiu fazer o disco de estreia autoral, A voz, o violão, a música de Djavan (1976).

Ária é a sequência de Matizes, CD de 2007: “Foi o período mais longo que já passei sem lançar um álbum. Normalmente, passo no máximo dois anos. Nos últimos tempos me dei um tempo, de estúdio, palco. Quis dar uma respirada”, explica Djavan.

A respirada para curtir crescimento dos filhos Inácio e Sophia, do segundo casamento com Rafaella Brunini: “Parei para cuidar dos filhos. Na época Sophia estava com três anos (Inácio tem um). Queria me aproximar mais dela nesta fase, tão efêmera, que passa tão rápido. Parei até de viajar, a não ser viagem de lazer com a família. Viajo quando estou com um trabalho novo e aí, normalmente, passo, praticamente, um ano inteiro mundo afora”.

Ária tem 12 faixas, uma eclética coleção de canções de várias épocas, com as quais Djavan comunga sua memória afetiva. Os gêneros também são bem diversos, vai da filosófica Oração ao tempo, de Caetano Veloso, a Fly me to the moon (Bart Howard), e 13 de dezembro, um instrumental assinado por Zé Dantas e Luiz Gonzaga: “Uma música estranha, porque dois grandes letristas fizeram juntos um instrumental?”, indaga-se o cantor, que aproveitou o tempo de ócio criativo para pesquisar o repertório.

“Desde que dei esta parada que comecei a pensar no que gravaria. Reouvi meus discos, busquei sugestões de amigos, lembrei de músicas, que de alguma forma me marcaram”, diz. Entre as que o marcaram está algumas até óbvias, caso de Palco, de Gilberto Gil: “Regravei alguns clássicos, porque quis correr um certo risco, cantando músicas que receberam muitas gravações”.

A única faixa de Ária que não faz parte deste conceito de viagem no tempo de Djavan é La noche, um flamenco dos espanhóis Henrique Heredia Carbonell e Juan Jose Soares Escobar: “Foi uma música que descobri há algum tempo na internet, gostei muito e fiquei pensando que um dia iria gravá-la, até que a oportunidade surgiu”.

ARNALDO ANTUNES, 50 ANOS

Para comemorar a passagem dos 50 anos de um dos maiores artistas do rock nacional, o Musicaria Brasil resolveu montar um retrospecto crononólogico para trazer aos fãs do Arnaldo momentos interessantes de sua vida ao longo desse meio século de existência.


Retrospecto Cronológico:

1960 - Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho nasce no dia 2 de setembro, em São Paulo, SP, Brasil, filho de Arnaldo Augusto Nora Antunes e Dora Leme Ferreira Antunes. Arnaldo, o quarto do sete filhos do casal, tem como irmãos Álvaro, Maria Augusta (Uche), José Leopoldo (Léo), Cira, Sandra e Maria Renata.

1967 - Entra no Colégio Luís de Camões e lá estuda até o segundo ano do ginásio.
Torce para o Santos Futebol Clube (até hoje).

1973 - Muda para o colégio de aplicação da PUC SP, o São Domingos, no bairro de Perdizes.
Passa a gostar de ir a escola e a ter interesse pelas linguagens artísticas de forma geral.
Começa a desenhar e a fazer os primeiros poemas.

1975 - Entra no Colégio Equipe, que desenvolve forte trabalho de arte-educação. Serginho Groissman está a frente da programação musical do Centro Cultural do Equipe, que apresenta shows de artistas como Nelson Cavaquinho, Cartola, Clementina de Jesus, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros.
No Equipe tem aula de cinema, e realiza Temporal, um super 8 de ficção, com 40 minutos de duração.
Conhece Branco Mello, Sérgio Britto, Paulo Miklos, Ciro Pessoa, Nando Reis e Marcelo Fromer, que também estudam no Equipe.
Começa a compor bastante com Paulo, que é da mesma classe. Dos Titãs, só o Bellotto e o Charles não estudaram no Equipe.
Do 2º para o 3º ano publica a novela CAMALEÃO, impressa na gráfica da escola.

1978 - Começa a cursar Letras na Universidade de São Paulo (USP).

1979 - A família muda-se para o Rio de Janeiro, e Arnaldo vai junto, transferindo a faculdade para a PUC-RJ.
Realiza, com um grupo de cinema da faculdade o super 8 experimental Jimi Gogh, de 15 minutos, com quadros de Van Gogh e música de Jimi Hendrix.

1980 - Seus pais continuam morando no Rio, mas Arnaldo resolve voltar para São Paulo, para onde se muda com Go, sua primeira mulher, com quem fica casado por sete anos.
Por uns dois anos, eles moram na casa do artista plástico José Roberto Aguilar, com quem realizam diversas performances, até a formação da Banda Performática. Apresentam-se em diversos eventos no MAM (RJ), Pinacoteca do Estado (SP), Cooperativa dos Artistas Plásticos de São Paulo (SP), Galeria São Paulo (SP), Teatro da Fundação Getúlio Vargas (SP), Paulicéia Desvairada (SP), Parque Lage (RJ), entre outros. Nas performances, Arnaldo, com uma mala cheia de objetos, canta, toca percussão e inventa situações nonsenses, como pentear discos, bater panelas ou jogar livros para o alto.
Escreve e produz com Go, artesanalmente, pequenos livros impressos em xerox: A FLECHA SÓ TEM UMA CHANCE, e DEU NA CABEÇA DE ALGUÉM UMA ÁRVORE, UM PIANO E MUITAS GALINHAS.
Edita com Beto Borges e Sergio Papi a revista Almanak 80.
Compõe intensamente com Paulo Miklos, que também faz parte da Banda Performática. Os dois inscrevem a música Desenho no Segundo Festival da Vila Madalena. Com outra parceria composta com Paulo, A Menor Estrela, Arnaldo ganha o prêmio de melhor letra no Festival de Música da FAAP.

1981 - Edita com Beto Borges, Sergio Papi e Nuno Ramos a revista Kataloki (Almanak 81).
Arnaldo e Paulo Miklos chamam o Trio Mamão (formado por Toni Belloto, Branco Mello e Marcelo Fromer) mais Nuno Ramos, Sérgio Britto, Ciro Pessoa, Fausto Fawcett e outros para participarem da gravação da Fita das musas, que foi lançada no Bar Terceiro Mundo em São Paulo.
Arnaldo segue escrevendo e compondo.
Participa dos vídeos Kataloki, realizado por Walter Silveira especialmente para o lançamento da revista, e Sonho e contra-sonho de uma cidade, de Aguilar.
Canta no evento A idade da pedra jovem, na Biblioteca Mário de Andrade, show que marca a estréia de Arnaldo, Sérgio Britto, Paulo Miklos, Marcelo Fromer, Nando Reis, Ciro Pessoa e Tony Bellotto, entre outros, num mesmo palco.

1982 - Os Titãs do Ieiê apresentam-se pela primeira vez, no Teatro Lira Paulistana e no Sesc Pompéia, em São Paulo, com nove integrantes: Arnaldo (vocal), Paulo Miklos (vocal e sax), Sérgio Britto (vocal e teclado), Branco Mello (vocal), Nando Reis (baixo e vocal), Ciro Pessoa (vocal), Marcelo Fromer e Tony Bellotto (guitarras) e André Jung (bateria).
Aguilar e Banda Performática gravam seu primeiro LP, pelo selo independente Neon Fonográfica.
O grupo segue por dois anos fazendo shows em casas como Napalm, Rose Bombom, Madame Satã, Radar Tantan, Circo Voador (RJ), entre outros. Apresentam-se em programas de TV como Fábrica do Som e Paulicéia Desvairada.
Arnaldo e Go fazem a exposição Caligrafias, na Galeria Cultura, em São Paulo, onde apresentam, na inauguração, a ópera performática A espada sinfônica, com vários convidados. Realizam também performances na Pinacoteca do Estado, Defeitos cônicos, na Livraria Belas Artes, Noite de performance: epicaligráfica, no Sesc Pompéia, Robôs efêmeros, entre outras.
Arnaldo monta com Paulo Miklos, Go e Nuno Ramos o grupo Os intocáveis, que toca no Teatro Lira Paulistana e com o qual apresenta pela primeira vez a canção Bichos escrotos, com participação especial de Nando Reis.
Nesse ano, pela primeira vez, canções de Arnaldo são gravadas por outro intérprete — Belchior inclui em seu disco Paraíso as canções Estranheleza, de Arnaldo, e Ma, uma parceria dele com Aguilar e Nuno Ramos.

1983 - Arnaldo publica seu primeiro livro, OU E, um álbum de poemas visuais, editado artesanalmente. O lançamento é no Sesc Pompéia, com apresentação de Os intocáveis.
"OU/E é um livro e uma caixa. Na tampa da caixa tem dois buracos com um círculo giratório dentro; quando você gira esse círculo, os alfabetos mais distantes vão passando pelos buracos: cine-letra. Dentro da caixa tem 29 poemas soltos: são charadas, coincidências visualizadas, releitura de outros textos (Hoelderlin, Haroldo de Campos, Flaubert, Mick Jagger, Blake, Pagu), perguntas longas com respostas curtas e, em quase todos, caligrafias entoando a leitura. Em tudo você tem de pegar, virar, abrir, cheirar, morder, descobrir, enfim, onde está o poema. […]" (Cine-letra; ou/e, por Nuno Ramos, em Folhetim, 15/01/1984 – Folha de S. Paulo.)

1984 - Arnaldo participa da mostra de poesia visual Poesia Evidência, na PUC-SP.
Ciro Pessoa sai dos Titãs do Ieiê. O grupo assina contrato com a gravadora WEA e passa a chamar-se apenas Titãs. Grava seu primeiro LP, TITÃS, produzido por Peninha. A música Sonífera ilha é sucesso nacional e Arnaldo participa com o grupo dos programas de auditório, de maior audiência na TV, apresentados por Chacrinha, Bolinha, Raul Gil e Barros de Alencar. Os Titãs passam a ser conhecidos em todo o Brasil. Começam a fazer shows em outros estados onde nunca haviam tocado antes.
O grupo Gueto grava a música Respeito, parceria de Arnaldo e Edson X.

1985 - Arnaldo participa do encontro Conversa à luz dos vinte anos de Gil, no jornal Folha de S. Paulo, com Antonio Risério, Waly Salomão e outros.
André Jung sai dos Titãs para o Ira e o baterista Charles Gavin vem do Ira para os Titãs.
Arnaldo grava com os Titãs o LP TELEVISÃO, produzido por Lulu Santos.
Arnaldo segue com os Titãs apresentando o show Televisão, em várias cidades do Brasil, e com eles participa do filme Areias Escaldantes, de Francisco de Paula, no Rio de Janeiro.
Arnaldo é detido (com Toni Bellotto) em flagrante com uma pequena quantidade de heroína e acaba ficando preso por um mês.
Os Titãs gravam a canção Planeta Morto, de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sergio Britto, para o especial da Rede Globo, a Era do Harley. A trilha sonora desse programa é lançada pela Som Livre.

1986 - Os Titãs lançam CABEÇA DINOSSAURO, WEA, primeiro disco produzido por Liminha, que recebeu disco de platina, cujo show excursiona pelo Brasil até 1987.
Usina Press/Gotham City realizam o vídeo Auto-retrato, sobre Arnaldo Antunes, com sua participação.
Arnaldo publica seu segundo livro, PSIA, pela editora Expressão.
A banda Barão Vermelho grava Eu tô feliz, parceria de Arnaldo Antunes e Frejat, no LP DECLARE GUERRA!

1987 - Arnaldo publica artigos e poemas em vários jornais e revistas.
Participa da exposição Palavra Imágica, no MAC/Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e do vídeo Agráfica, produzido por Walter Silveira, em São Paulo, para lançamento da revista homônima.
Grava com os Titãs o álbum JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS, WEA, produzido por Liminha, e que recebe disco de ouro.
Barão Vermelho grava uma segunda parceria de Arnaldo e Frejat, Quem me olha só, no LP ROCK'N GERAL.
A Gang 90, em seu primeiro disco após a morte de Júlio Barroso, grava Vida dura, de Arnaldo e Taciana Barros, no LP PEDRA 90.

1988 - Passa a viver com Zaba Moreau, com quem tem sua primeira filha, Rosa.
Os Titãs fazem o lançamento do novo LP no Hollywood Rock, na mesma noite em que tocam o Ira! e a banda internacional Pretenders. O sucesso dos Titãs é estrondoso tanto na apresentação do Rio de Janeiro como na de São Paulo. "Arnaldo Antunes e seus companheiros do Titãs roubaram a festa preparada para o Pretenders", diz o Jornal do Brasil. Arnaldo destaca-se por sua performance e segue com os Titãs fazendo o show Jesus não tem dentes no País dos Banguelas no Brasil e no exterior.
Co-edita a revista gráfico-poética Atlas (Almanak 88). Ao todo são 84 criadores num álbum que combina poesia, artes gráficas, artes plásticas, música e cinema.
Os Titãs apresentam o show Go Back no XXII Festival de Jazz de Montreux, Suíça, onde relêem canções do repertório de seus primeiros discos em novos arranjos. Antes, ensaiam na Inglaterra, com Liminha, que também participa tocando com eles. Da gravação desse show resulta o LP GO BACK, mixado em Londres e lançado em seguida no Brasil. Excursionam em Portugal, abrindo shows da banda Xutos e Pontapés. GO BACK recebe disco de platina.
Participa da jam session Clássicos do Samba, no Aeroanta, com Akira S., Paulo Zinner, Branco Mello, Hélcio Aguirra e Pamps, tocando músicas de Ataulfo Alves, Noel Rosa, Jackson do Pandeiro, Clementina de Jesus, Luiz Gonzaga, entre outros compositores.
Atua com os Titãs no filme curta-metragem Rock paulista, de Anna Muylaert, São Paulo.
Novas músicas são gravadas pelo Barão — Lente, de Arnaldo e Frejat, e Não me acabo, de Arnaldo e Paulo Miklos. Além disso, uma outra parceria de Arnaldo e Frejat, Onde mora o amor, é gravada por Dulce Quental, ex-integrante da banda Sempre Livre.
Os Titãs lançam, sob o pseudônimo de Vestidos de Espaço um LP single com duas músicas de carnaval, Pipi popô e A marcha do Demo, com participações vocais de Paula Toller e Jorge Mautner.
Uma parceria de Arnaldo e Paulo Leminski, U.T.I., é gravada pela banda Clínica.
Sandra Sá grava Tempo, de Arnaldo e Paulo Miklos, e Roberto de Carvalho grava O Que você quer, de Arnaldo e Roberto de Carvalho.
Marisa Monte grava Comida, de Arnaldo, Fromer e Britto, em seu primeiro disco.

1989 - Arnaldo segue apresentando o show Go Back com os Titãs.
Realiza a curadoria da exposição Olhar do Artista, no MAC / Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, com obras do acervo Museu, onde privilegia "obras em que o processo de criação é mais aparente, ou quando esse projeto se torna o próprio objeto estético".
Grava com os Titãs o LP Õ BLÉSQ BLOM, WEA, produzido por Liminha, que recebe disco de ouro. Arnaldo faz o projeto gráfico da capa e do encarte do disco. Caetano Veloso e Moreno assinam o release.
O show Õ Blésq Blom é apresentado em Los Angeles (M Machine), Boston (Pardise Club) e Nova Iorque (S.O.B.’S), nos EUA e em diversas cidades do Brasil.
Arnaldo participa da encenação d'A Revolução Francesa, interpretando Marat. um espetáculo com 300 atores e orquestra sinfônica, em frente ao estádio do Pacaembu, dirigido por José Roberto Aguilar em comemoração aos 200 anos da Revolução Francesa.

1990 - Arnaldo tem poemas projetados com raio laser na intervenção urbana realizada na Avenida Paulista, com Haroldo e Augusto de Campos e Walter Silveira.
Publica TUDOS, pela Editora Iluminuras.
Faz leituras de poemas de Paulo Leminski, numa homenagem ao poeta, no evento Perhappiness I, na Fundação Cultural de Curitiba.
Participa da mostra de poesia visual Transfutur — Visuelle Poesie, na cidade de Kassel, Alemanha.
Compõe Cabelo com Jorge Benjor, que é gravada por ele e também por Gal Costa.

1991 - Apresenta-se com os Titãs no Rock in Rio II, no Maracanã, na mesma noite do Hanói-Hanói, Guns N’Roses, Billy Idol e Faith No More.
O livro PSIA é reeditado pela Editora Iluminuras.
Nasce Celeste, segunda filha de Arnaldo e Zaba.
Arnaldo participa da mostra de Poesia Visual — Nomuque Edições 1974/1991, no MASP – Museu de Arte de São Paulo.
Pela primeira ele vez grava uma música solo: E só, incluída no LP ROCK DE AUTOR, lançado pelo selo independente Manifesto, ao lado de outros nomes conhecidos do pop brasileiro: Paulo Miklos, Nasi, do Ira!, Akira S., de Akira S. & As Garotas que Erraram etc. A produção gráfica da capa e do encarte do LP ROCK DE AUTOR é de Zaba Moreau.
Arnaldo tem seu poema H2Omem, exposto em outdoor, em projeto da Secretaria da Cultura, homenageando a Avenida Paulista.
Participa da segunda intervenção urbana com a projeção de poemas a laser nas fachadas dos edifícios das avenidas Paulista e Consolação, dessa vez também com versões sonoras. O evento incluiu poemas de Arnaldo, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Walter Silveira e do mexicano Octavio Paz.
Lança com os Titãs TUDO AO MESMO TEMPO AGORA, WEA, produzido pelos próprios Titãs, que recebe disco de ouro. Todas as 15 faixas do LP são assinadas pela primeira vez coletivamente pelos oito titãs. O home video com o making off da gravação do CD é produzido pela Conspiração Filmes.
Apresentam o show de Tudo ao Mesmo Tempo Agora em todo Brasil e em três cidades dos Estados Unidos (San Diego, Los Angeles e São Francisco).
Marisa Monte grava Volte para o seu lar, de Arnaldo Antunes, Eu não sou da sua rua, de Arnaldo Antunes e Branco Mello, e Beija eu, de Arnaldo Antunes, Arto Lindsay e Marisa Monte, em MAIS, seu segundo disco.
Marina Lima grava parceria dela com Arnaldo, Grávida.
A canção Não há perdão para o chato, parceria de Arnaldo com Cazuza e Zaba Moreau, é lançada em POR AÍ…, disco póstumo de Cazuza.

1992 - Participa da exposição p0es1e — digitale dichtkunst, na Galerie Am Market Annaberg-Burchholz, em Munique, Alemanha.
Produz o CD ISTO NÃO É UM LIVRO DE VIAGEM, no qual o poeta Haroldo de Campos grava 16 poemas do livro GALÁXIAS, acompanhado pela cítara de Alberto Marsicano, pela Editora 34.
Recebe o Prêmio de Melhor Música do Ano para Grávida, em parceria com Marina Lima, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA.
Começa a trabalhar animações em computador com Zaba Moreau, Kiko Mistrorigo e Célia Catunda.
Realiza trabalhos gráficos em parceria com Augusto de Campos para o livro RIMBAUD LIVRE, lançado pela Editora Perspectiva.
Publica o livro AS COISAS, pela Editora Iluminuras, ilustrado por sua filha Rosa, então com três anos.
Arnaldo resolve sair dos Titãs depois de dez anos como integrante da banda.
Apesar de sua saída, Arnaldo continuará compondo com os Titãs. Várias dessas parcerias serão incluídas nos futuros discos dos Titãs, assim como nos discos solo de Arnaldo.
Tem composições gravadas por Hanói-Hanói — Pensamento, com Arnaldo Brandão — e por Adriana Calcanhotto — Velhos e jovens, com Péricles Cavalcanti.

1993 - Lança, pela BMG, gravadora que o contrata como artista solo, o CD e vídeo NOME, que vinha realizando com Zaba Moreau, Célia Catunda e Kiko Mistrorigo há mais de um ano, unindo música, poesia e produção gráfica em um único projeto. O CD é produzido por Arnaldo, Paulo Tatit e Rodolfo Stroeter, com participações especiais de Marisa Monte, João Donato, Arto Lindsay, Edgard Scandurra e Péricles Cavalcanti. O vídeo contém 30 peças com o intuito de dar movimento à palavra escrita.
O livro AS COISAS, recebe o Prêmio Jabuti de Poesia.
Arnaldo participa da exposição Arte Brasil, em Konstanz, Alemanha.
Integra o grupo Ouver, com Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Livio Tragtemberg, Walter Silveira e outros, com o qual apresenta performance poética na comemoração dos "30 Anos da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda", Teatro Alterosa, no Centro Cultural da UFMG, em Belo Horizonte, MG, e no "Perhappiness 93", evento em homenagem a Paulo Leminski, organizado pela Fundação Cultural de Curitiba.
Faz a capa do livro TEXTOS E TRIBOS, de Antônio Risério, Editora Imago.
Gilberto Gil e Caetano Veloso gravam, em seu disco conjunto TROPICÁLIA 2, a canção As Coisas, feita por Gil sobre texto de Arnaldo.
O Ira! grava Perigo, parceria de Arnaldo e Edgard Scandurra.

1994 - Participa de diversas exposições no Brasil: Entretexto, individual no Centro de Artes UFF, UFRJ, em Niterói, RJ; Livro de Artista — O livro-objeto, Centro de Artes Visuais Raimundo Cela, Secretaria de Cultura do Estado Ceará; Arte /Cidade (1º Módulo) — A Cidade Sem Janelas, com curadoria de Nelson Brissac, Matadouro Municipal, São Paulo.
Com Lenora de Barros realiza a performance O Desejo é o Começo do Corpo, no II Encontro Bienal da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, "Corpo-Mente, uma fronteira móvel", São Paulo.
O Grupo Cena 11, de Santa Catarina, realiza a performance O Novo Cangaço com músicas de Arnaldo.
Com Zaba Moreau, segue para a Áustria, onde realiza a performance Nome, com música, leitura e projeção do vídeo, no evento Club Dadada, Festival Steirischer Herbst, na cidade Graz.
Durante o ano realiza o show Nome em diversas cidades brasileiras, com cenário de Nuno Ramos, onde o vídeo Nome é projetado sobre camisas brancas gigantescas, infladas por máquinas de vento. A banda que o acompanha é formada por Edgard Scandurra (guitarra), Paulo Tatit (baixo e violão), Zaba Moreau (teclados), Peter Price (percussão) e Pedro Ito (bateria).
No Rio, o show tem a participação de Marisa Monte, cantando com ele Alta noite.
O vídeo NOME é exibido em festivais de vídeo e mostras nos Estados Unidos, Áustria, Itália, França, Alemanha, Suíça, Suécia, Espanha, Holanda, Mônaco, Austrália, Uruguai, Argentina, Colômbia e Chile. Recebe uma Menção Honrosa do Juri de The First Annual New York Video Festival, Nova York, EUA e a Recomendação do Juri do Festival Internacional de Video da Cidade de Vigo, na Espanha, em 1995.
Participa da trilha sonora do filme Mil e Uma, de Susana Moraes, composta por Péricles Cavalcanti, interpretando Tema de Antônio, de Péricles Cavalcanti, e Perfil, de Arnaldo, Nando Reis e Péricles Cavalcanti, lançada no CD MIL E UMA pela Natasha Records,
Participa do disco infantil CANÇÕES DE NINAR, com a canção Dorme, lançado nos Estados Unidos pela Ellipsis arts… no CD BRAZILIAN LULLABY.
Tem composições gravadas por Marisa Monte — Alta noite, dele e Bem leve e De mais ninguém, em parceria com Marisa —, Adriana Calcanhotto — Estrelas, com Sérgio Britto —, Cássia Eller — Socorro, com Alice Ruiz —, Margareth Menezes — O que — e pela banda Golpe de Estado — No Entanto.

1995 - Grava o CD NINGUÉM, pela BMG Brasil, produzido por Liminha, com a banda que já o vinha acompanhando em shows, Edgard Scandurra, Paulo Tatit, Pedro Ito, Peter Price e Zaba Moreau.
NINGUÉM tem a participação especial de Jorge Mautner, na faixa Consciência. O release de apresentação é escrito por Gilberto Gil.
Compõe e grava a música Lavar as mãos para o Castelo Rá Tim Bum, programa infantil da TV Cultura, cuja trilha musical é também lançada em CD.
A música De mais ninguém, parceria de Arnaldo com Marisa Monte, gravada por ela, é incluída na trilha do filme norte-americano Sem Fôlego (Blue in the face), dirigido por Wayne Wang e Paul Auster. No ano seguinte, esta música seria também gravada por Nelson Gonçalves no último CD de sua carreira.
Alguns espetáculos de dança utilizam músicas de Arnaldo, como: A...Cor...Do...Des...Acordo...Acordo, Cristina Castro, da Bahia; Hay-Kay, Grupo Vórtice, de Minas Gerais; Versus, da Companhia de Dança Quasar, de Minas Gerais, Respostas Sobre a Dor, Grupo Cena 11, de Santa Catarina.
Realiza uma exposição de poemas visuais, caligrafias e instalação de painéis gráfico-poéticos, no Long Beach Museum of Art, CA/EUA, dentro do projeto Dentro Brasil (Inside Brazil), junto a uma instalação multi-media de Bruce e Norman Yonemoto e uma mostra de vídeos de 23 artistas brasileiros.
A performance Nome é apresentada por Arnaldo e Zaba na abertura desse evento.
Arnaldo participa dos CDs IRA! 7, do Ira!, interpretando Nasci em 62, de Edgard Scandurra, e do CD SOBRE AS ONDAS, de Péricles Cavalcanti, na canção Deuses e Homens, de Péricles Cavalcanti.

1996 - Excursiona com o show Ninguém por todo Brasil. Tem poemas incluídos na Antologia Poética: Brasil-Colômbia (Para Conocernos Mejor), organizada por Aguinaldo José Gonçalves e Juan M. Roca, Editora Unesp, São Paulo. Participa nos Estados Unidos da exposição Manipulated Word/Text and Image, South Florida Arts Center/Ground Level Gallery, integrando o New Vison Florida-Brazil/A Festival Exchange, em Miami, na Flórida. Grava o CD O Silêncio, pela BMG Brasil, produzido por Mitar Subotic (Suba), com Edgard Scandurra, Paulo Tatit, Pedro Ito, Zaba Moreau e participações especiais de Carlinhos Brown e Chico Science. O release de apresentação é escrito por Péricles Cavalcanti.
Nos Estados Unidos apresenta a performance Nome, no Festival New Vison Florida/Brazil/A Festival Exchange, no Colony Theater, em Miami, Flórida. Estréia o show de lançamento do CD O Silêncio e tem as músicas Eva e Eu, Que Te Quero e Desce gravadas com a orquestra Jazz Sinfônica em apresentação ao vivo no TUCA e no SESC Pompéia. Essas faixas foram lançadas no CD Mundo São Paulo.
Participa do home video Barulhinho Bom, de Marisa Monte, com Carlinhos Brown e Davi Moraes, realizado pela Conspiração Filmes e do CD O Triângulo Sem Bermudas, com releituras de músicas dos Mutantes, interpretando Dia 36. Tem músicas gravadas por Maria Bethania (Lua vermelha, com Carlinhos Brown e Alegria), Odair José (Baby, com Marcelo Fromer e Paulo Miklos), O Terço (Folhas secas) e Palavra Cantada (Era uma vez e Pipoca, com Paulo Tatit e Sandra Peres).

1997 - Nasce Brás, terceiro filho de Arnaldo e Zaba.
Arnaldo tem poemas incluídos nas antologias NORTE Y SUR DE LA POESÍA IBEROAMERICANA — ARGENTINA. BRASIL, CHILE, COLÔMBIA, ESPANHA, MÉXICO, VENEZUELA, organizada por Consuelo Triviño, Editorial Verbum, Colômbia e NOTHING THE SUN COULD NOT EXPLAIN — CONTEMPORARY BRAZILIAN POETS, antologia bilíngüe de vinte poetas brasileiros contemporâneos, organizada por Michael Palmer, Régis Bonvicino e Nelson Ascher, com colaboração de João Almino, Sun & Moon Press, Los Angeles, EUA.
A faixa O Silêncio é incluída na antologia Bati Macumba, lançada pela Bad New Records, no Japão.
Arnaldo participa do Festival da Cultura Caribenha – Fiesta del Fuego, em Santiago de Cuba, e da VI Bienal de La Havana — O indivíduo e sua memória, Havana, Cuba.
Prossegue apresentando o show O Silêncio por todo o Brasil.
Compõe e grava trilha sonora (em parceria com Leonardo Aldrovandi), para o espetáculo Nº 2, de Tiago Carneiro da Cunha, apresentado no Grec 97 – Festival d'estiu de Barcelona e na Expo Portugal.
Participa novamente do festival New Vison Florida/Brazil, dessa vez apresentando performance conjunta com o violinista Cuba Alfredo Triff, na Galeria Ambrosino, Miami, EUA.
Participa da gravação do CD e DVD TITÃS — ACÚSTICO, a primeira apresentação e gravação com os Titãs, desde sua saída da banda no final 1992.
Canta na faixa Xiquexique, de PARABELO, trilha sonora de Tom Zé e Zé Miguel Wisnick, para espetáculo de dança do Grupo Corpo. Essa faixa é também incluída no CD DEFEITO DE FABRICAÇÃO, de Tom Zé, Luaka Bop (EUA).
Publica, pela Editora Perspectiva, dentro da coleção Signos, organizada por Haroldo de Campos, o livro de poemas 2 OU + CORPOS NO MESMO ESPAÇO, que vem acompanhado de um CD com sonorização de alguns poemas em vários canais de vozes simultâneas, gravado especialmente por Arnaldo, produzido por Alê Siqueira.
Participa do CD coletivo CANÇÕES DO DIVINO MESTRE, que acompanha a edição do Bhagavad Gita, traduzido por Rogério Duarte, no qual vários artistas musicam trechos do texto. Arnaldo participa do CD BENZINA, de Edgard Scandurra, interpretando uma parceria dos dois Um olho na ponta de cada dedo. Edgard também grava Gera, degenera, dele e Arnaldo.
Gilberto Gil grava A ciência em si, parceria dele e Arnaldo, em seu CD QUANTA. • Rita Lee grava O que você quer, de Arnaldo e Roberto de Carvalho.
Ornella Vanoni grava SantÁllegria, versão em italiano da música Bem leve, de Arnaldo e Marisa Monte.


1998 - Tem poemas incluídos na antologia ESSES POETAS — UMA ANTOLOGIA DOS ANOS 90, organizada por Heloisa Buarque de Holanda, Aeroplano Editora, Rio de Janeiro, Brasil.
As Faixas Imagem, de Arnaldo e Péricles Cavalcanti, e O seu olhar, de Arnaldo e Paulo Tatit, dos CDs NOME e NINGUÉM são incluídas na antologia de música brasileira, compilada por David Byrne, BELEZA TROPICAL 2 — NEW! MORE! BETTER!, lançada pela Luaka Bop/Warner Bros, nos EUA.
A Companhia de Dança Orgone, apresenta o espetáculo O Meu Dentro é o Que Escorre, baseado nas gravações do CD que acompanha o livro 2 Ou + Corpos no Mesmo Espaço.
Participa da exposição Handmade, Ideogramas, Caligrafias, etc., com Walter Silveira, apresentando ideogramas e caligrafias no Ybakatu Espaço de Arte, em Curitiba.
Grava, com Arto Lindsay e Davi Moraes, a faixa Sem Você, parceria com Carlinhos Brown, para a coletânea Onda Sonora — Red Hot + Lisbon, Red Hot Organization/Movieplay Portuguesa.
A faixa Abraço, parceria com Suba, gravada por ele em seu CD SP Confessions, é incluída na antologia Freezone 5: The Radio Is Teaching My Goldfish Ju-jitsu, lançada pela Crammed Discs, na Bélgica.
Realiza a produção fonográfica do CD Crisantempo de Haroldo de Campos, que acompanha o livro de mesmo título, Ed. Perspectiva, São Paulo.
Grava o seu quarto CD solo, Um Som, pela BMG Brasil, produzido por Chico Neves, do qual participam os músicos Edgard Scandurra, Paulo Tatit, Pedro Ito, Zaba Moreau, Bartolo, Davi Moraes, Moreno Veloso, Fabio Tagliafferri, Paulo Freire, Pedro Sá, Saadet Türkoz, Toninho Ferragutti, Marco Suzano e João Barone. A mixagem deste foi feita na Inglaterra, no estúdio Real World, de Peter Gabriel. O release de apresentação de Um Som é escrito por Marisa Monte.
Participa da XXIV Bienal Internacional de São Paulo, com uma instalação gráfico-poética com camadas de cartazes colados e rasgados.
Estréia o show Um Som, excursionando por diversas cidades do Brasil.
Tem duas parcerias com Carlinhos Brown gravadas por ele em seu CD Omelete Man.
Participa novamente do projeto infantil Palavra Cantada, dessa vez no CD Canções Curiosas, com as músicas Cultura e Criança Não Trabalha (com Paulo Tatit).
O Grupo Molejo grava Família (de Arnaldo e Toni Bellotto).

1999 - Arnaldo prossegue apresentando o show Um Som pelo Brasil.
Tem poemas incluídos nas antologias FESTA DA LÍNGUA PORTUGUESA 2 – VOZES POÉTICAS DA LUSOFONIA, editado em Sintra, Portugal, pela Câmara Municipal e Instituto Camões, e na LKM – DINGE ZWISCHEN LEBEN, Kunst & Werk, Lebemskunstwerke, Alemanha.
Participa da trilha do filme Gêmeas, uma adaptação da obra de Nelson Rodrigues, dirigido por Andrucha Waddington, interpretando a canção Bandeira Branca (de Max Nunes e Laércio Alves).
É lançado o CD FOCUS – O ESSENCIAL DE ARNALDO ANTUNES, uma coletânea do trabalho solo organizada pela BMG Brasil.
Recebe o prêmio de Melhor Clip Pop Brasileiro, com o clipe de Música para Ouvir, dirigido por Andrew Waddington e Toni Vanzolini, da Conspiração Filmes, na quinta edição do MTV Awards Brasil.
Participa da II Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre, evento distribuído em três espaços, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, na Usina do Gasômetro e em sete armazéns às margens do rio Guaíba, onde expõe duas grandes instalações construídas com letras de alumínio pintadas — Cresce e Infinitozinho.
Tem músicas gravadas por Ana Carolina — Agora ou Nunca, parceria com Sérgio Britto e Marcelo Fromer —, pela Timbalada — Pense Minha Cor, parceria com Carlinhos Brown —, Lenine — Rua da Passagem, com Lenine — e Cássia Eller — Um Branco, Um Xis, Um Zero, parceria com Marisa Monte e Pepeu Gomes.
Para o selo infantil Palavra Cantada, compõe Do Vento, gravada no CD MIL PÁSSAROS – 7 HISTÓRIAS DE RUTH ROCHA, canção que depois virá a regravar em seu CD PARADEIRO.
Participa do SONGBOOK JOÃO DONATO, interpretando A Bruxa de Mentira, de João Donato e Gilberto Gil; do SONGBOOK CHICO BUARQUE, interpretando Cotidiano, de Chico Buarque; dos CDs SÃO PAULO CONFESSIONS, de Suba, com a canção Abraço, de Arnaldo e Suba, e do TRIBUTO A CAZUZA, interpretando Mal Nenhum, Cazuza.

2000 - Apresenta o show Um Som no Festival Ritmos e Festas do Mundo, na cidade do Porto, e no Festival Transatlântico, em Lisboa (Portugal) e no Festival La Mar de Músicas, em Cartagena (Espanha).
É lançada na Espanha, pelas editoras Zona de Obras e Tangará, DOBLE DUPLO, uma antologia de poemas de Arnaldo, traduzida e organizada por Iván Larraguibel, com prefácios de David Byrne e Arto Lindsay.
Compõe e grava trilha para espetáculo de dança O Corpo, do Grupo Corpo, de Minas Gerais, que comemora 25 anos. A trilha é lançada no CD OCORPO.
Lança, pela Editora Iluminuras, o livro 40 ESCRITOS, organizado por João Bandeira, que reúne artigos, ensaios, prefácios, releases e textos publicados em diversos meios (jornais, revistas, catálogos etc.) desde 1980.
Tem sete canções incluídas no filme Bicho de Sete Cabeças, dirigido por Laís Bodanzki, premiado em festivais na Itália, França e Suíça.
Tem um poema incluído no espetáculo de dança 12 Poemas para Dançarmos, de Gisela Moreau, apresentado no Sesc Vila Nova, São Paulo.
Compõe uma parceria com o grupo português Clã, H2Omem, gravada por eles.
Tem novas composições gravadas por Marisa Monte: Não Vá Embora, parceria com Marisa, e Não é fácil e Água Também é Mar, com ela e Carlinhos Brown.
Edvaldo Santana grava Beija-flor, de Arnaldo e Edvaldo; Zé Renato grava Porque Eu Estou Aqui, de Arnaldo e Zé Renato; Sérgio Britto, Os Olhos do Sol e Pensamento #2, de Arnaldo e Britto; e a banda Rumbora grava Tá Com Medo?, de Arnaldo e Rumbora.
Participa do CD MEMÓRIAS, CRÔNICAS E DECLARAÇÕES DE AMOR, de Marisa Monte, dizendo um texto de Eça de Queiróz na faixa Amor I love you, de Carlinhos Brown e Marisa Monte. Participa também como ator na gravação do clipe.

2001 - Lança o livro OUTRO, poema escrito em conjunto com Josely Vianna Baptista, sobre trabalho visual de Maria Angela Biscaia, pela Fundação Cultural de Curitiba.
Compõe (em parceria com Kassin) a música de abertura do programa Um Pé de Quê? , de Regina Casé, no Canal Futura.
O filme Bicho de Sete Cabeças, recebe o Prêmio de Melhor Trilha Sonora, no Festival de Recife. A trilha original do filme é lançada em CD, produzido por André Abujamra.
Morre Marcelo Fromer, dos Titãs, amigo e parceiro de Arnaldo.
Com Guilherme Kastrup, realiza a performance Nome no Festival de Poesia Sonora Correntes de Ar, na cidade de Guarda, em Portugal.
Grava o CD PARADEIRO, pela BMG Brasil, produzido por Carlinhos Brown e Alê Siqueira, no estúdio Ilha dos Sapos, no bairro do Candeal, Salvador, BA. Participam do disco músicos de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. A faixa-título tem a participação especial de Marisa Monte, dividindo com Arnaldo os vocais. O disco tem parcerias com Carlinhos, Davi Moraes, Alice Ruiz e Edgard Scandurra, entre outros, além de uma canção de Paulo Leminski e uma regravação de Exagerado, de Cazuza.
Realiza a performance Nome com Zaba Moreau, no Festival Internacional ROMAPOESIA, em Roma, Itália e, na volta, inicia a turnê do show Paradeiro. A banda é formada por Chico Neves, Zaba Moreau, Bartolo, Chico Salém, Guilherme Kastrup, Henrique Alves e Curumim.
Na cidade do Porto, em Portugal, monta a instalação Palavra Desordem, na Galeria Labirintho e apresenta performance, com Guilherme Kastrup e Chico Neves, no festival Porto 2001, Museu de Arte Contemporânea.
Nasce Tomé, quarto filho de Arnaldo e Zaba.
Arnaldo tem suas músicas gravadas por Zélia Duncan: Alma, parceria com Pepeu Gomes; por Frejat: Ela, com Frejat e Lenine e No Escuro e Vendo, com Frejat e Marisa Monte; por Suzana Salles: Paraíso Eu; por Cid Campos: Máximo Fim, com Cid Campos; pelo Ira!: Pecado, com Edgard Scandurra; Biquini Cavadão: Quem me Olha Só, com Frejat; e por Paulo Miklos: Sem amor, com Paulo Miklos.
Participa dos discos TUTANO, de Walter Franco, interpretando com ele a canção Nasça, de Arnaldo e Walter Franco; MELOPÉIA, no qual vários artistas musicam sonetos de Glauco Matoso, com a canção Confessional, de Arnaldo e Glauco Matoso; SUBMARINO VERDE E AMARELO, uma homenagem aos Beatles, interpretando Don’t let me down, de John Lennon, Paul McCartney, e EU E MEU GUARDA-CHUVA, projeto infantil de Branco Mello, na faixa O mistério de Jonas, de Branco Mello e Ciro Pessoa.

2002 - Continua excursionando pelo Brasil com o show de Paradeiro.
Realiza a exposição individual de caligrafias Cérebro Sexo, na galeria Portinari, da Fundación Centro de Estudos Brasileiros, em Buenos Aires, Argentina.
Grava música-tema para o filme Dois Perdidos Numa Noite Suja, adaptado da obra de Plínio Marcos, dirigido por José Joffily.
Publica o livro de frases PALAVRA DESORDEM, pela editora Iluminuras, São Paulo, SP.
Recebe prêmio de Melhor Clipe, do Prêmio Multishow da Música Brasileira, com o clipe de Essa Mulher, dirigido por Lais Bodanzky.
Grava o CD TRIBALISTAS, projeto conjunto de Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte, acompanhados pelos músicos Dadi e Cezar Mendes, com a participação especial de Margareth Menezes numa das faixas.
Tem obra incluída na exposição Brazilian Visual Poetry, no Mexic-Art Museum, na cidade de Austin, Texas, EUA, sob a curadoria da artista brasileira Regina Vater.
Realiza performance Nome no auditório do Centro Cultural Borges, em Buenos Aires, Argentina.
Apresenta-se com a Orquestra Jazz Sinfônica, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Realiza performances poéticas no KOSMOPOLIS 2 – Festa Internacional de la Literatura, no Centro de Cultura Contemporània de Barcelona, Barcelona, no Ciclo Internacional de Conferências FUTURISME, em Palma de Mallorca, na Espanha, e no Festival Internacional ROMAPOESIA - Roma, a performance Poemix Brasil, com Lenora de Barros, João Bandeira e Cid Campos.
Grava, com Chico Neves, três temas incidentais e a canção Alegria para a trilha sonora do filme Benjamim, de Monique Gardenberg.
Participa dos discos de Aldo Brizzi com Abraça meu abraço, de Arnaldo e Aldo Brizzi; e do de Fábio Tagliaferri com Esqueça, de Arnaldo e Fábio Tagliaferri.
Tem músicas gravadas por Elza Soares: Eu vou ficar aqui; pela Timbalada: Justifique Baby, parceria com Carlinhos Brown e Alain Tavares; por Jussara Silveira: Menino meu, com Cézar Mendes; por João Donato: Nunca mais, com João Donato e Marisa Monte; por Ortinho: O engano do humano, com Ortinho e Antônio Risério; por Jota Quest: Tanto faz, com Rogério Flausino; por Davi Moraes: Na Massa, com Davi e Via Lapa, com Davi e Brown; e por Gal Costa: Socorro, com Alice Ruiz.

2003 - O CD TRIBALISTAS recebe disco de platina triplo no Brasil e platina na Itália e em Portugal.
No carnaval da Bahia Arnaldo canta nos trios Camarote Andante, de Carlinhos Brown, e Expresso 2222, de Gilberto Gil.
Participa da gravação do DVD e CD JOTA QUEST AO VIVO MTV, em Belo Horizonte, MG, cantando com eles a sua parceria Tanto Faz.
O CD TRIBALISTAS recebe o prêmio na categoria Música Popular, de Melhor Disco do Ano, da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes.
Lança ET EU TU, livro de poemas de Arnaldo sobre imagens da artista Marcia Xavier.
Recebe, com os tribalistas, os troféus de Melhor Música, Melhor CD e Melhor DVD, no Prêmio Multishow da Música Brasileira.
Realiza a exposição ESCRITA À MÃO, individual da série de caligrafias, no Centro Universitário Maria Antônia, em São Paulo, e também no Rio de Janeiro, na galeria Nova Laura Marsiaj, no Rio de Janeiro.
Apresenta o show Paradeiro no Festival Sudoeste, no Alentejo, Portugal, e no Festival de Navarra, em Pamplona, Espanha.
Tem músicas gravadas por Carlinhos Brown: Carlito Marrón e Baby Groove, parceria com Carlinhos Brown, e Ifá de Copacabana, com Brown e Davi Moraes; e por Daniela Mercury: To remember, com Carlinhos Brown.
Os tribalistas recebem o Prêmio Tim de Melhor Grupo e o Prêmio Austregésilo de Athaíde, na categoria Melhor CD. Recebem o Troféu Imprensa 2002 de Melhor Grupo e Melhor Música – Já Sei Namorar
Os tribalistas apresentam-se juntos, pela primeira vez, no encerramento da festa do Grammy Latino 2003, em Miami, EUA, onde recebem o prêmio de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro. Apresentam-se em Verona, Itália, no Festivalbar, onde recebem o Troféu de Música do Ano – Já Sei Namorar. E em Paris fazem showcase. Recebem o troféu Ondas de Ouro de Melhor Artista ou Grupo Latino, no Premios Ondas 2003 – España. Recebem o prêmio Italian Music Awards Italy (2003) – Best Breaktrough International Artist. No Brasil recebem o Prêmio Nickelodeon Brasil 2003 – Melhor Música (Já sei namorar) e Melhor Banda.
No estúdio de Chico Neves, no Rio de Janeiro, Arnaldo começa a gravar o novo CD SAIBA, com os seguintes músicos: Bartolo, Boghan Costa, Carlinhos Brown, Cézar Mendes, Chico Neves, Dadi Carvalho, Daniel Jobim, Edgard Scandurra, Fabio Tagliaferri, Haxi, Jaques Morelenbaum, Léo Bit Bit, Paulo Tatit, Pedro Sá, Walter Costa e Zaba Moreau, e a participação especial de Marisa Monte.

2004 - Realiza exposição de reprodução de poemas visuais, trabalhos gráficos e plásticos, e exibição do vídeo NOME, na 4ª edição do Festival de Arte do Centro Histórico em João Pessoa, Centro em Cena.
Lança o CD SAIBA, o primeiro pelo seu próprio selo Rosa Celeste, com distribuição e promoção da BMG.
Excursiona com o show SAIBA por diversas cidades do Brasil. A banda que o acompanha é formada por Bartolo (guitarra), Chico Salém (violão e guitarra), Curumim (bateria), Henrique Alves (baixo) e Marcelo Éfori (percussão e sampler). O cenário e o figurino são concebidos por Suzana Yamauchi.
Tem as músicas Alegria e Tema de Benjamim incluídas no CD BENJAMIM, trilha do filme de M. Gardenberg.
Participa da Festa Literária Internacional de Parati (FLIP) (RJ), na mesa redonda "A lírica exata: três vozes", ao lado de Francisco Alvim e Antonio Cícero e realiza performance.
Participa do Revezamento Musical que encerrou a passagem da Tocha Olímpica pelo Rio de Janeiro.
Participa do Sonoras Galáxias, evento em homenagem ao poeta Haroldo de Campos, em São Paulo.
Canta o Hino do Santos no CD Hinos do Placar.
Tem músicas gravadas por Davi Moraes: Pretoriana, de Arnaldo e Carlinhos Brown; por Lula Queiroga: Sentimental, de Arnaldo, Lenine, Lula Queiroga; pelos Titãs: Esperando para atravessar a rua, de Arnaldo, Tony Bellotto, Branco Mello, Charles Gavin; por Margareth Menezes: Passe em casa, Arnaldo, Carlinhos Brown, Margareth Menezes; por Adriana Calcanhotto: Saiba; por Nando Reis: Mantra, dele e Arnaldo.
O grupo português Clã grava Eu ninguém e Seja como for, de Arnaldo Antunes e Hélder Gonçalvez no CD ROSA CARNE, da EMI Music Portugal.
Grava o clipe de "Saiba", música título do novo cd, dirigido por Estevão Ciavatta, em um armazém do Cais do Porto, no Rio de Janeiro.
Realiza performance de poesia no Museo de la Ciudad de México, na 4ª Feira do Livro do Zócalo, que tinha por tema: "La Ciudad, um libro abierto", e a Performance Poética na 50ª Feira do Livro de Porto Alegre.
O livro de poesia ET EU TU, ganha o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, pelo 1º lugar na CATEGORIA PROJETO e PRODUÇÃO EDITORIAL. Os produtores são Carlito Carvalhosa, Arnaldo Antunes e Marcia Xavier.
Arnaldo abre o festival Estación Brasil, no Teatro Gran Rex, em Buenos Aires, Argentina, com o show Saiba.
Expõe a escultura Infinitozinho, um totem de 125 cm de altura, com a palavra "infinitozinho", na coletiva MÚLTIPLOS, na galeria Laura Marsiaj Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil.
Participa da exposição Tudo é Brasil, organizada por Lauro Cavalcanti, no Paço Imperial do Rio de Janeiro.

2005 - Arnaldo apresenta o show Saiba, em Portugal: no Centro Cultural de Belém, Lisboa, e no Teatro Rivoli, na cidade do Porto.
Participa da exposição Tudo é Brasil, no Instituto Itaú Cultural.
Realiza Performance Poética em Turim, Itália.
Apresenta o show Saiba em diversas cidades da Espanha: na Sala Clamores, em Madri, no Centro Cultural Delicias, Zaragoza, no 16º Festival de Jazz y Música Creativa Woll Damm de Ciutat Vella, em Barcelona, no Auditorio de Múrcia, em Múrcia, no Festival Sons da Diversidade, em Santiago de Compostela, no Festival Territorios, em Sevilha.
Realiza a Exposição Palavra Imagem, na galeria Bolsa de Arte, em Porto Alegre, RS.
Participa, com o grupo Clã, do show da Gala da Fundação Luso-Brasileira, no Cassino do Estoril, em Portugal.
Realiza performance/show de poesia, com o lançamento do CD de poesia TRANSBORDA, produzido pelo Absolute Poetry - October Poetry Festival, em Monfalcone, na Itália.
Participa da antologia São Paulo em preto e branco pelo olhar de seus escritores, organizada por Maria Aparecida Junqueira e Maria Rosa Duarte de Oliveira, lançada pelo Sesc e Puc-SP.
Tem música gravada pela A Cor do Som , “O dia de amanhã”, dele e Dadi; pelo AfroReggae, “Nenhum motivo explica a guerra”, com letra de Arnaldo.
Dadi grava as parcerias com Arnaldo: “2 perdidos”, “Da aurora até o luar”, “Cantado por você”, “Se assim quiser”, “Bandeira clara”, “Imaginado”. Juliana Diniz grava “Eu sonhei com você”, de Arnaldo, Marisa Monte e Mauro Diniz; as Porcas Borboletas, “Eu”, de Arnaldo Antunes e Enzo Banzo; Renato Godá grava “Música alta”; a Revista do Samba, “Ela dança bem”, de Arnaldo Antunes e Paulo Miklos.
Sandra Peres e Paulo Tatit gravam “África”, de Arnaldo Antunes, Paulo Tatit e Sandra Peres, e “Oiá”, de Arnaldo e Sandra Peres.
Participa da exposição A Imagem do Som de Dorival Caymmi, com trabalho sobre a música “Vatapá”. Este trabalho é publicado no livro “A imagem do Som - volume VI - Dorival Caymmi, 80 composições de Dorival Caymmi interepretadas por 80 artistas contemporâneos”.
É um dos entrevistados do livro Sobre o Silêncio, de Andréa Bomfim Perdigão, O Pulso Editorial, São José dos Campos, São Paulo.


2006 - A Sony/BMG relança NOME num kit composto por CD + DVD, remixado e remasterizado e com as imagens restauradas. Como extra, letras dos 30 poemas em português, inglês e espanhol. Arnaldo Antunes lançou originalmente NOME em 1993 como um projeto multimídia composto de CD + VÍDEO + LIVRO.
É um dos entrevistados do livro Estación Brasil - Conversaciones con músicos brasileños, de Violeta Weinschelbaum, do Grupo Editorial Norma, Buenos Aires, Argentina.
Nos CDs Universo ao meu redor e Infinito particular, Marisa Monte lança as parcerias com Arnaldo Antunes: A alma e a matéria, A primeira pedra, Aconteceu, Até parece, Cantinho escondido, Infinito particular, Levante, O bonde do dom, O rio, Quatro paredes, Satisfeito, Universo ao meu redor e Vilarejo.
Arnaldo participa da exposição The Image of Sound: Football, na Copa da Cultura, na St. Elisabeth Kirche, em Berlim, de 15 de junho a 9 de julho.
Participa da exposição A imagem do som de Dorival Caymmi, no Museu Afro Brasil, São Paulo, que mostra criações de 80 artistas inspiradas nas canções de Caymmi.
Apresenta-se em Berlim, com o show Saiba, na Copa da Cultura.
Lança em Portugal, nas cidades do Porto, Lisboa e Coimbra, o livro Antologia de Arnaldo Antunes, pela editora Quasi.
Participa, junto com artistas brasileiros, portugueses e espanhóis, da exposição Entre la palabra y la imagen, na Fundación Luis Seoane, em La Coruña, Espanha, e realiza performance poética.
Tem poemas incluídos na Antologia comentada da poesia brasileira do século 21, de Manuel da Costa Pinto, Publifolha, São Paulo, Brasil.
Tem letras incluídas no livro Curioso Clã, ed. Relógio d’Água, Portugal.
Lança o álbum QUALQUER, gravado em 3 dias, ao vivo no estúdio, com Dadi Carvalho, Edgard Scandurra, Daniel Jobim, Cézar Mendes e Chico Salem.
Luiza Possi grava Se no meio do que você está fazendo você pára, de Arnaldo e Nando Reis.
Realiza performance poética, no Psiu Poético, em Montes Claros, MG.
Realiza leitura de poemas no projeto Reading with the Ears, no Centro Brasileiro Britânico, São Paulo
Participa do Sempre um Papo, em Brasília, Curitiba e Itabira (MG).
Participa da exposição A Imagem do Som da Música Popular Brasileira, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, com trabalho sobre a música Até quem sabe, de João Donato e Lysias Ênio.
Lança Como É que Chama o Nome Disso - Antologia, editado por Arthur Nestrosvki, Publifolha.
Lança o livro Frases do Tomé aos Três Anos, pela editora Alegoria.
Realiza a instalação Palavra Desordem, nas paredes de vidro do Clo Restaurante, em São Paulo.
Edvaldo Santa grava “Chacina”, dele e Arnaldo.

2007 - Arnaldo Antunes continua com sua excursão do cd “Qualquer” em várias cidades do país, além de algumas participações especiais, como em um show de Lenine em Recife/PE e de Carlinhos Brown, em Salvador/BA, ambos em fevereiro. Em agosto realiza show com Edgard Scandurra, parceiro de longa data, em Maceió/AL. No mês de outubro participa do conceituado projeto do Sesc “Era Iluminada”. Faz também alguns shows no exterior como, por exemplo, em Barcelona (Espanha), em abril.
Realiza performances poéticas no Brasil e no exterior, (Cidade do México, em outubro, Guadalajara, México, em dezembro)
Com o andamento da turnê, a sonoridade das apresentações foi ficando mais coesa e surgiu a oportunidade de registrá-la em DVD. Então, no dia 14 de agosto é gravado “Ao Vivo no Estúdio”, no Estúdio Mosh, São Paulo, para uma platéia de 50 convidados, com participações especiais de Nando Reis, Edgard Scandurra, Branco Mello e dos “Tribalistas” Carlinhos Brown e Marisa Monte. Lançado pela gravadora Biscoito Fino em novembro.
Faz participação especial no DVD Infantil “Pé Com pé”, do Palavra Cantada, lançado no inicio do ano. Paulinho da Viola grava no CD/DVD “Acústico MTV”, a canção Talismã em parceria com Arnaldo Antunes e Marisa Monte. Péricles Cavalcanti regrava Eva e Eu, parceria dele com Arnaldo, no CD “O Rei da Cultura”.
Arnaldo também participa do CD “Salvador Negroamor”, produzido por Mayanga Produções, na faixa Zumbi, com Aloísio Menezes, com produção de Arto Lindsay. Maria Bethânia grava no CD “Dentro do mar tem rio” a música Debaixo d’água, de Arnaldo e Agora (dele com Titãs). Timbalada grava ao vivo Regionágua, de Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Peu Meurray.
Participou da gravação do CD em homenagem a Maysa – Maysa – Esta Chama que não vai passar - , cantando “Até quem sabe” , lançado pela Biscoito fino.
Lu Horta, grava no seu CD Lu Horta – Paraíso eu “Paraíso Eu” de Arnaldo Antunes.

2008 - O álbum “Ao Vivo No Estúdio” é indicado ao Grammy Latino, como Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro e recebe o Prêmio Tim por melhor álbum Pop/Rock.
O show “Ao Vivo no Estúdio” prossegue por várias cidades do Brasil.
Arnaldo é convidado para participar de alguns shows do encontro entre os Titãs e Paralamas do Sucesso em comemoração aos 25 anos de carreira das bandas, em Porto Alegre/RS, Florianópolis/SC, Belo Horizonte (BH), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), onde foi gravado o DVD.
Apresenta concerto como convidado da Orquestra Sinfônica da Paraíba, no XII Fernart – Festival Nacional de Artes.
Participa da 4º edição da virada Cultural, em São Paulo, no “Palco rock Republica”.
Em julho, apresenta performance poética no “Poesie Festival Berlin”, na Alemanha e shows do “Ao Vivo No Estúdio” em Cisterino (Itália), Lisboa e Porto (Portugal). Volta a Portugal em agosto, para se apresentar no “Festival do Sudoeste,” em Zambujeira do Mar.
Integra em 26 de setembro, o festival “Conexão Latina”, com o peruano Eber Riveros “Chocolate” e os “Los Cajones”, no auditório Simon Bolívar, Memorial da América Latina (SP).
Participa de encontro literário na “XII Feira Pan – Amazônica do Livro”, dia 28/09 em Belém/PA e da Feira do Livro, em São Luiz do Maranhão, dia 19/10.
No mês de outubro foi a vez de dividir um show com a cantora baiana Pitty no projeto “Loucos por Música”, no Rio de Janeiro/RJ e em Salvador/BA.
Elabora, com Edgard Scandurra, um show inédito, em duo, com parcerias produzidas ao longo de 10 anos, e se apresentam em Nova Lima/MG, São Paulo/SP em agosto. Em novembro a parceria rende shows internacionais no dia 15/11, no Niceto Club, em Buenos Aires (Argentina) e 16/11, no Teatro Plaza, em Montevideo (Uruguai). As apresentações foram sucesso de critica e público em ambos os países.
No mês de dezembro ele faz a exposição “Máximo, Vírgula e 360º”, na galeria de arte Laura Marsiaj em Ipanema, no Rio de Janeiro.
O grupo Palavra Cantada lança “Palavra Cantada Tocada”, com a canção Do Vento, parceria de Arnaldo com Paulo Tatit e Sandra Peres e o CD em espanhol “Canciones Curiosas”, que inclui uma versão de Criança não Trabalha (Arnaldo e Paulo Tatit).
Outros artistas gravam canções de Arnaldo Antunes no decorrer do ano. Simone e Zélia Duncan regravam Grávida (Arnaldo Antunes e Marina Lima) e Alma (Arnaldo e Pepeu Gomes), no CD e DVD ao vivo “Amigo é Casa”.
Tom Zé faz 4 parcerias com Arnaldo Antunes e as grava no CD “Estudando a Bossa”. Arnaldo participa também do CD “Movimenta o C.e.l.e.b.r.o”, da banda Gigante. Adriana Calcanhotto grava Para lá, parceria dela com Arnaldo, no álbum “Maré”. Ney Matogrosso nomeia seu novo show de Inclassificáveis, canção de Arnaldo, e a grava em CD e DVD ao vivo. A canção Se tudo pode acontecer é gravada por Wanderlea no CD “Nova Estação” e por Lua no cd “Lua”. Cris Aflalo grava Quase tudo (Arnaldo Antunes com Péricles Cavalcanti) e Um som (Arnaldo Antunes e Paulo Tatit). Lenine grava duas novas parcerias com Arnaldo — O Céu é Muito e Excesso Exceto, no CD “Labiata”. Outra parceria dos dois, Rua de Passagem - Trânsito, é regravada por Elba Ramalho. Grava também com Liliana Herrero a canção Beija-me, Amor, dos Mutantes, para coletânea de regravações deles feitas por artistas latinos.
Arnaldo ainda publica muitos textos no decorrer do ano, como:
Prefácio do livro “Retratos Falantes”, de Paulo Fridman, lançado pela editora DVA Dórea Books and Art;
Texto para catálogo da exposição “B.a.b.i.l.a.q.u.e.s. : alguns cristais clivados”, de Waly Salomão, da Contra Capa livrarias e Kabuki, realização “Oi futuro”;
Release do livro “Música, Ídolos e Poder – do vinil ao download”, de André Midani, da editora Nova Fronteira;
Texto para o livro “Omara e Bethânia - Cuba & Bahia”, ao lado de Omara Portuondo, Maria Bethânia, Frank Padrón, Lya Luft e Mônica Waldvoguel, lançado pela editora Nova Fronteira; Publicação de entrevista na revista americana “Bomb – Winter”, na edição de nº 102, por Eucanaã Ferraz e tradução de Claudio Brandt;
Publicação de poemas na revista “Inimigo Rumor” nº 14, da editora Cosac & Naify.

Em 27 de Abril, participou do show “Uma noite para Maysa”, realizado no SESC Vila Mariana – SP, cantando ao lado de Chico Salém “Meu mundo caiu”, que gerou CD Ao Vivo, pela Lua Music.

2009 - Continua as apresentações do Duo com Edgard Scandurra pelo Brasil.
Lançamento do CD para crianças Pequeno Cidadão, com Edgard Scandurra, Taciana Barros e Antonio Pinto.
Em maio, começa a turnê do Pequeno Cidadão, projeto em parceria com Antonio Pinto, Taciana Barros e Edgard Scandurra, fazendo shows em várias cidades brasileiras, começando na Virada Cultural em São Paulo.
Em 23 de julho, participou do Festival de Inverno de Garanhuns – PE, cantando com o grupo Nação Zumbi.
Participação especial no show em homenagem a Nelson Cavaquinho, no SESC Pinheiros – SP, nos dias 15 e 16 de agosto.
Participação com o Pequeno Cidadão no “Criança esperança” da Rede Globo de Televisão.
Lançamento do CD “IÊ IÊ IÊ” , no mês de setembro, pela Rosa Celeste.
Patrocinado pela Natura dentro do programa “Natura Musical”, no dia 12 de setembro começa a turnê do CD “IÊ IÊ IÊ” começando pela cidade de Belo Horizonte – MG, e prosseguindo para as cidades de, Manaus – AM, Belém – PA, Brasília – DF, Porto Alegre – RS, Curitiba – PR, São Paulo – SP, Rio de Janeiro – RJ, Ribeirão Preto – SP, Recife – PE, Fortaleza – CE, Salvador – BA e Campinas – SP
Participa do Filme “PALAVRA ENCANTADA”, de Helena Solberg e Marcio Debellian e do show de lançamento com Adriana Calcanhotto, no auditório Ibirapuera – SP
Participa da gravação no DVD ao vivo de Wanderléa, cantando com ela “SE TUDO PODE ACONTECER”, de sua autoria.
Participa do CD do “Cidadão Instigado UHUUU!” nas faixas “DOIDO” e “O CABEÇÃO”
Participa da gravação do DVD do grupo Nação Zumbi
Participa no DVD de Michael Sullivan, cantando com ele “ME DÊ MOTIVO”

Outros eventos
outubro:
“Sentimentos do Mundo” – organizado pela UFMG
“Fórum das Letras” – encontro de escritores - em Ouro Preto – MG
novembro:
Filiporto – Feira Literária de Porto de Galinhas – PE
Apresentação do show “IÊ IÊ IÊ” no festival “ABOUT US” , na chácara do Jockey Clube de São Paulo, com Afroreggae, Carlinhos Brown, Lenine, Jason Mraz e Sting.
Participa da homenagem a Luiz Gonzaga, no marco zero em Recife PE.
Maria Bethânia grava – “ATÉ O FIM” de César Mendes e Arnaldo Antunes, no CD “TUA”
Mônica Freira – grava “NA LAJE” de Liminha, Arnaldo Antunes e Mônica Freire / “VOCÊ TEM QUE DECIDIR“ de Arnaldo Antunes e Liminha / “BEIRA” de Arnaldo Antunes, Liminha Dan Gigon e Mônica Freire – no CD NA LAJE
Adriana Partimpim – grava a musica “NA MASSA” parceria de Davi Moraes e Arnaldo Antunes, no CD “PARTIMPIM DOIS”
Ana Cañas grava “NA MULTIDÃO” – de Ana Cañas / Liminha e Arnaldo Antunes c/ participação de Arnaldo Antunes, “COÇANDO” de Dadi / Ana Cañas / Liminha e Arnaldo Antunes, “AQUÁRIO” - de Ana Cañas / Liminha e Arnaldo Antunes, “A MENINA E O CACHORRO” de Liminha / Ana Cañas e Arnaldo Antunes, “NÃO QUERO MAIS” - de Liminha / Ana Cañas e Arnaldo Antunes – no CD “HEIN? “
Titãs grava a musica “PROBLEMA” parceria de Paulo Miklos / Arnaldo Antunes e Liminha, no CD “SACOS PLASTICOS”
Ritchie grava “OUTRA VEZ” parceria com Arnaldo Antunes, no CD e DVD “RITCHIE OUTRA VEZ - AO VIVO NO ESTUDIO” .
Karla Sabah grava em seu CD “ CALA A BOCA E ME BEIJA” - “PEDIDO DE CASAMENTO” – de Arnaldo Antunes - “SEM VOCE” – de Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes .

Literatura
Editora DBA publica o livro/CD “Saiba – todo mundo foi neném" – “A nossa casa é onde a gente está” , com desenhos de Dulce Horta - canção “SAIBA” de Arnaldo Antunes e “A NOSSA CASA” canção de Arnaldo Antunes, Alice Ruiz, Celeste Moreau, Edith Derdyk, João Bandeira, PauloTatit e Suely Galdino
Participou de varias coletâneas, revistas, livros.
No Brasil:
- “Traçados Diversos” - Uma Antologia de poesia contemporânea -, organizada por Adilson Miguel, - Editora Scipione
No México:
Poemas Y Ensayos – “Alguna poesía brasileña” - Antología – (1963 – 2007)
Edição bilíngüe – Selección e tradución y notas – Rodolfo Mata y Regina Crespo – Prólogo Rodolfo Mata – Universidad Nacional Autônoma de México – México 2009
Realiza a colagem sonora “Tradição” , para a revista virtual Errática, com animação de André Vallias
Textos e poemas publicados em livros e revistas:
- Inimigo Rumor – Nº14 - Cosasc Naify Edições
- BLISS – Revista de poesia – nº único - Editora 7 Letras

2010 - Música
Continuam os shows do "IÊ IÊ IÊ" e do Pequeno Cidadão.
Inicia o projeto "Duo", em parceria com Edgard Scandurra.
Apresenta o show "IÊ IÊ IÊ" na 6ª edição da Virada Cultural de São Paulo em dois palcos (Av. São João e Sesc).
Grava o "Ao vivo lá em casa", para o canal VH1, com participações de Demônios da Garoa, Erasmo Carlos e Jorge Ben e direção de Andrucha Waddington.

Literatura
Lança o livro de poesia "n.d.a.", pela Editora Iluminuras.
Lança a antologia poética "Arnaldo Antunes: Melhores Poemas" selecionada e organizada por Noemi Jaffe, pela coleção Melhores Poemas da Editora Global.

Outros eventos
Apresenta performance poética do "Festival Brazil", em Londres.


Discografia:

- Titãs (1984)

- Televisão (1985)

- Cabeça Dinossauro (1986)

- Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987)

- Go Back (1988)

- Õ Blésq Blom (1989)

- Tudo ao Mesmo Tempo Agora (1991)

- Nome (1993)

- Ninguém (1995)

- O silêncio (1996)

- Um som (1998)

- O corpo (2000)

- Paradeiro (2001)

- Tribalistas (20012)

- Saiba (2004)

- Qualquer (2006)

- Ao vivo no estúdio (2007)

- Iê Iê Iê (2009)

- Pequeno Cidadão (2010)