Por Mauro Ferreira, G1
Simone na capa do álbum 'Pedaços', de 1979 — Foto: Fernando Carvalho / Reprodução de capa de disco
A VOZ DA MULHER EM 1979 (PARTE 5) – Duas músicas lançadas em disco em 1979 são as mais perfeitas traduções da tomada de posição das mulheres na MPB naquele ano que projetou cantoras e compositoras como Angela Ro Ro, Fátima Guedes, Joyce Moreno e Marina Lima.
Ambas as músicas fizeram parte da trilha sonora de Malu mulher, série estreada pela TV Globo em maio daquele ano de 1979 que contribuiu para consolidar a revolução feminina na música e, por extensão, na sociedade.
Uma é o samba Feminina, composto por Joyce em meados dos anos 1970 e lançado pelo Quarteto em Cy em gravação incluída tanto no LP com a trilha sonora de Malu mulher quanto no álbum Quarteto em Cy em 1.000 kilohertz (1979).
A outra – a libertária canção Começar de novo – foi composta por Ivan Lins e Vitor Martins sob encomenda da TV Globo justamente para a trilha de Malu mulher. O diretor da emissora na época, Boni, cogitou o nome de Maria Bethânia para gravar Começar de novo.
Como Bethânia recusou o convite para dar voz à composição inédita, Começar de novo ganhou vida com Simone em gravação antológica que inseriu o nome dessa cantora baiana na revolução feminina da MPB em 1979.
Propagada na abertura da série Malu mulher, Começar de novotambém abriu o álbum lançado por Simone naquele ano, Pedaços(1979), obra-prima da discografia da artista. Surgiu ali uma Simone de imagem mais sensual, evidenciada na foto clicada por Fernando Carvalho para a capa do LP.
Arte do encarte do álbum 'Pedaços', de Simone — Foto: Fernando Carvalho / Reprodução de encarte de disco
"Ah, meu amor, estamos mais safados / Hoje tiramos mais proveito do prazer", explicitou Simone em versos de Condenados, música da então emergente compositora Fátima Guedes.
Aos ouvidos de 2019, tais versos podem soar até banais. Há 40 anos, eles simbolizavam uma pequena revolução comportamental e musical. A mulher passava a ter voz ativa, inclusive como compositora, deixando de reverberar somente o pensamento masculino através da música. E desde então nada mais foi como antes.
Simone não compunha, mas, como intérprete, também foi bafejada com os ventos da liberdade que sopraram naquele ano de 1979, regido sob o signo da mulher na música brasileira.
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