Jacob Pick Bittencourt, nasceu em 14 de fevereiro de 1918 e faleceu em 13 de agosto de 1969 no Rio de Janeiro. Também chamado de Jacob do Bandolim, filho único do capixaba Francisco Gomes Bittencourt e da polonesa Raquel Pick, morava na Lapa, onde, com restrições para ir brincar na rua, costumava, da janela, ouvir um vizinho francês cego tocar um violino. E esse foi o seu primeiro instrumento. Ganhou-o da mãe aos 12 anos. Não teve professor, sempre foi autodidata.
No bandolim, repetia trechos de melodias cantaroladas por sua mãe ou por pessoas que passavam na rua. Aos 13 anos, da janela de sua casa, escutou o primeiro choro, É do que há – composto e gravado pelo famoso Luiz Americano – tocado no prédio em frente, onde morava uma diretora da gravadora RCA Victor. Em 20 de dezembro de 1933, apresentou-se pela primeira vez, ainda como amador, na Rádio Guanabara, com um grupo formado por amigos, o Conjunto Sereno.
Sem pretensões profissionais, inscreveu-se e venceu, em 27 de mais de 1934, o Programa dos Novos, na Rádio Guanabara, organizado pelo jornal O Radical, derrotando 28 concorrentes e recebendo nota máxima de um júri. O sucesso foi tanto que Jacob foi contratado pela rádio, passando a se revezar com o grupo do famoso flautista Benedito Lacerda, o Gente do Morro, no acompanhamento dos principais artistas da época, dentre eles, Noel Rosa, Augusto Calheiros, Ataulfo Alves, Carlos Galhardo e Lamartine Babo.
A obra de Jacob do Bandolim transcendeu em muito os limites da Rádio Ipanema, onde começou em 1937, com o conjunto Jacob e Sua Gente.
Em 11 de maio de 1940, Jacob se casou com Adylia Freitas, sua grande companheira para toda a vida. Em 3 de fevereiro de 1941, nasceu Sergio Freitas Bittencourt, que se tornaria compositor e jornalista, tendo atuado como jurado, por vários anos, no Programa Flávio Cavalcante,e em 8 de abril de 1942, chegou Elena Freitas Bittencourt, que Jacob adorava, sendo um verdadeiro pai-coruja e que se tornou cirurgiã-dentista. Elena se tornaria mais tarde presidente do Instituto Jacob do Bandolim.
Em 1955 foi contratado pela Rádio Nacional (tendo ficado até 1959) onde se apresentava com a Regional de César Moreno, composto por Arthur Duarte (violão sete cordas), César Moreno (violão de seis cordas), Índio (cavaquinho) e Luna (pandeiro). Retornou anos depois, quando marcou época com o programa “Jacob do Bandolim e seus Discos de Ouro”, que ficou em cartaz até o seu falecimento (1969), sendo que o último programa, gravado na véspera, não chegou a ir ao ar.
Em 1955, Jacob foi convidado pela TV-Record/ SP para organizar um “especial de TV”, um programa de Choro que se chamaria Noite dos Choristas. O sucesso foi tanto que no ano seguinte, em 1956, a TV-Record realizou a 2ª Noite dos Choristas. Empolgado com a repercussão do mega-regional do primeiro programa, e elogiado pelos maestros Pixinguinha e Guerra Peixe, Jacob se superou e colocou no palco um regional ainda maior, com 133 integrantes, assim distribuídos: 17 bandolins, 14 acordeons, uma flauta, um pífano, um saxofone alto, um trombone, 4 violinos, 4 violões tenores, 18 cavaquinhos, um serrote, 40 violões, 5 ritmistas e 3 baterias.
No início de agosto de 1969, Jacob interrompeu uma estadia em Brasília onde estava se tratando com o “cardiobandolinista” Dr. Veloso e retornou ao Rio de Janeiro para reassumir suas funções no Conselho de Música Popular do Museu da Imagem e do Som do RJ, onde ocupava a cadeira n° 22 e para retomar as gravações de seu programa de rádio na Rádio Nacional – Jacob e seus Discos de Ouro – um dos poucos programas especializados em choro e samba no rádio brasileiro, sempre transmitido às 23h30. Nessa época, por precaução, após dois enfartes, Adylia não permitia que Jacob saísse sozinho. Mas, no dia 13 de agosto 1969, uma quarta-feira, Jacob insistia em ir ver Pixinguinha de qualquer jeito. D. Adylia que estava adoentada e não podia acompanhá-lo, relutou mas acabou concordando. Dentre outras coisas, Jacob queria acertar com o amigo Pixinguinha a realização de um velho sonho. A gravação de um disco só com músicas do velho mestre e com a renda revertida para ele. Jacob passou a tarde com Pixinguinha e ao retornar para sua residência em Jacarepaguá, ainda dentro do carro sofreu o terceiro infarte, falecendo na varanda de sua casa, nos braços da esposa, por volta das 19h.
Nos seus últimos cinco anos de vida, no auge de sua carreira, de 1965 até 1969, Jacob gravou em estúdio apenas um LP, Vibrações, considerado por unanimidade o seu principal disco e um dos melhores discos instrumentais de todos os tempos.
São de sua autoria clássicos do choro como Vibrações, Doce de Coco, Noites Cariocas, Assanhado, Lamento, e Receita de Samba. A primeira gravação de disco em 78 rotações foi em 1947 e Long Plays a partir de 1955 até 1968.
Noites Cariocas:
Assanhado:
Doce de coco:
Lamento:
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