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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

CANÇÕES DE XICO


HISTÓRIA DE MINHAS MÚSICAS

Quando Dominguinhos me mostrou esse choro, pedindo para que eu colocasse a letra, emocionei-me desde então. É uma melodia riquíssima, cheia de contornos harmoniosos próprios de gênios da estatura de José Domingos de Morais (que são pouquíssimos). Ao escutá-la com Elba Ramalho, nova cachoeira de emoções ao ouvir a voz da paraibana enfeitando nossa canção. Ainda hoje, sempre que a ouço, fico feliz pela oportunidade de ter tido seu Domingos como parceiro neste meu último trabalho – LUAR AGRESTE NO CÉU CARIRI, o Forroboxote 10. Felicidade apenas menor que a tristeza pela ausência do grande Mestre de nossa música popular brasileira.


ESTRELAS QUE SE ENCANTAM
Xico Bizerra e Dominguinhos

quem diz que uma sanfona não chora
está por fora, chora sim
ela é amiga e confidente de um violão plangente
de um cavaco e um bandolim
chora o pranto da beleza, sem tristeza ou soluçar
e em cada tecla em que debulha harmonia
desinventa a agonia pra essa vida se alegrar

quando uma estrela se espreguiça
e se enfeitiça com o luar
passa a brilhar toda dengosa
que nem pedra preciosa cobiçando o lapidar
outras estrelas se encantam e acalantam o sonhar
mas o brilho que emana lá de cima
reflete a obra-prima do brilho do teu olhar

a doce flauta quando se achega
terna e meiga só faz bem
saudade boa daquele que foi
certeza que um dia ele vem
e se delicia pintando o dia com as notas do amor
e até parece que a sua melodia
é uma fantasia desenhada pela flor

esse choro não vai findar, eu sei
pois o amor não vai deixar
enquanto houver a ternura assim cantada
a alma apaixonada da canção existirá

e assim sorrindo pela vida eu vou
de mãos dadas com o luar
vou sorrindo com a sanfona
tão alegre desse choro que é pra você não chorar

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