Eutu ubuntu reforça as raízes regionais e universais do grupo mineiro
Por Ana Clara Brant
“Eutu” é um neologismo que significa “a junção do eu com o outro numa pessoa só”. Já ubuntu é uma palavra africana de origem zulu. Quer dizer “sou porque todos nós somos”. Para reforçar o espírito de união, a força do diálogo e a importância de se reconhecer em seus pares, os integrantes do grupo musical Cromossomo Africano decidiram batizar seu terceiro trabalho fonográfico como Eutu ubuntu. O disco terá lançamento com show nesta terça-feira (14), no Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil Vallourec. “É um projeto que tem tudo a ver com o que somos. Desde o último álbum, Pangeia, a gente já utiliza desse simbolismo, já que Pangeia é o continente único, tem tudo a ver com união”, ressalta Ricardo Cunha, guitarrista da banda e responsável pela direção musical do álbum, já disponível nas plataformas digitais.
Viabilizado através de financiamento coletivo, o CD reforça as raízes afromineiras e sua conexão com a brasilidade como lembra o músico. “Fazemos uma homenagem às raízes regionais e às universais. É algo que está presente na nossa sonoridade desde os primórdios. A gente costuma dizer que Cromossomo Africano é muito mais do que um nome, é um conceito”, diz Ricardo, que também assina a produção do projeto, ao lado de Celso Ramos.
Com 12 faixas, sendo um bônus, Eutu ubuntu celebra a música negra, apesar de o gênero ser amplo. Influenciadas por Banda Black Rio, Funkadelic, Fela Kuti, Tim Maia, James Brown e Nação Zumbi, as composições não deixam se aprofundar na matriz africana. “A nossa base é o funk setentista, mas a gente costuma ter um afrobeat, um soul, um groove. Não deixa de ser um trabalho bem eclético. Apesar de as faixas serem diversas e cada uma ter a sua essência, quem ouve o disco do começo ao fim percebe uma unidade.” Além de Ricardo Cunha, a banda é formada por Michelle Oliveira (voz), Marcelo Kavalim (sax-tenor, teclado e voz), Leonardo Brasilino (trombone), Alexandre Arnoni (bateria), Gláucio de Deus (contrabaixo), Léo Lana (percussão) e DJ Flávio Machado (toca-discos).
O álbum amplia também o debate sobre empoderamento feminino, orgulho negro e combate à intolerância – bandeiras sempre presentes na obra do Cromossomo Africano. Ricardo Cunha afirma que não se trata de modismo e explica que esses temas são algo natural, pois o Cromossomo Africano “é um coletivo plural, misto de pessoas brancas e negras”. Nossa vocalista, Michelle Oliveira, que também é compositora, é uma voz muito ativa dentro da banda. As letras que eu e ela fizemos refletem o que vivemos no nosso cotidiano.”
O disco contou com participações especiais, como Sérgio Pererê, Tambor Mineiro, Eduardo DW e Hironaky, nomes que estarão presentes no show de logo mais, além dos bailarinos Wanderley Campos e Machado Brown. “Vai ser uma grande festa e espero que o público de Belo Horizonte nos prestigie nesta véspera de feriado. Já é o começo das celebrações dos nossos 10 anos de carreira que serão completados em 2019”, reforça Ricardo.
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