Empresa brasileira transferiu para esse formato álbuns antigos de Nando Reis, Pitty, Planet Hemp e o novo do Arctic Monkeys
Por Mariana Peixoto
João Augusto, da Deck Disc, gravadora que aposta na volta da fita cassete ao mercado brasileiro. Produção atual tem maior qualidade sonora, segundo ele.
Na era do streaming parecia improvável, mas estão em pré-venda nas lojas de e-commerce, por R$ 49,90 cada uma, fitas cassete de Planet Hemp (o álbum Usuário, 1995, estreia da banda de Marcelo D2 e BNegão); Nando Reis (Voz e violão – No recreio, 2015); Pitty ({Des} Concerto ao vivo, 2007); e Arctic Monkeys (Tranquility Base Hotel & Casino, recém-lançado trabalho da banda inglesa).
Depois de voltar, em 2009, a produzir álbuns de vinil, a Polysom está fazendo a duplicação de fitas cassete. A produção ainda é pequena – são até 4 mil unidades por mês. Mas o projeto, que vem sendo preparado há um ano, está amparado justamente na franca aceitação das bolachas. Entre 2015 e 2017, houve um aumento de 38% na venda de vinis – a previsão é de que em 2018 esse índice chegue à casa dos 35%, se comparado ao ano anterior.
E, vale dizer, o investimento para o consumidor não é pequeno. O preço sugerido dos LPs é de R$ 109,90. Para o redivivo cassete, das duas, uma: ou você tira a poeira do velho toca-fitas guardado no fundo do armário ou investe em um aparelho novo. E opções já começam a aparecer no mercado, como atesta João Augusto, consultor da Polysom e fundador da gravadora Deck.
“Quando o vinil reapareceu, havia apenas duas fábricas (de equipamento) no mundo. Hoje, são mais de 20 marcas, fabricando do mais simples ao mais sofisticado equipamento. Acreditamos que o mesmo irá ocorrer com o cassete. A Tascam e a Marantz, duas das grandes marcas do passado, já fabricam modelos de alta qualidade. Se o formato vingar, outras virão atrás”, diz ele.
DECADÊNCIA
A fita cassete foi lançada em 1963 pela Philips. Popularíssima entre as décadas de 1970 e 1980, entrou em decadência a partir dos anos 1990, com o crescimento da produção em CD. Mídia barata em sua época, a fita foi o ponto de partida para o lançamento de vários artistas e bandas independentes. E como era facilmente reproduzível, não havia na época quem não tivesse uma fitinha gravada por um amigo.
Agora, o cassete 2018 tem uma qualidade superior, garante João Augusto. “Fundamentalmente, o cassete não tem som de CD, tem som de fita. E isso significa que tem seus chiados e diferenças básicas de audição. No passado, a produção era feita em escala tão grande que não havia jeito de exercer um controle de qualidade adequado. E o público era bem menos exigente que o de hoje. As fitas que a Polysom importa são bem diferentes das que eram usadas no passado, bem melhores nas respostas de frequências.”
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Ele tem consciência de que as fitas dos dias atuais vão atender a um outro tipo de consumidor. “O valor é alto, devido à importação dos principais suprimentos, com destaque para o próprio cassete. As taxas de importação no Brasil são muito elevadas e, em sua maioria, incidem também sobre o frete, que é muito elevado em razão da nossa distância dos países fornecedores.” Para chamar a atenção tanto de nostálgicos quanto de novidadeiros, as fitas da Polysom têm lá seus encantos. São coloridas e as artes dos rótulos são impressas diretamente nas fitas, em até quatro cores.
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