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sábado, 11 de novembro de 2017

PETISCOS DA MUSICARIA

Por Joaquim Macedo Junior



MULHERES CANTORAS E COMPOSITORAS DE PERNAMBUCO – TIA AMÉLIA BRANDÃO


Tia Amélia: a primeira mestra


Amélia Brandão Nery já esteve aqui em nossas páginas, brilhando noutra série dita assim “Os Quase Anônimos Grandes Nomes da Música Brasileira”, publicada em agosto de 2015.

Quando relembrarem do trabalho, carreira, vida e talento verão porque “Tia Amélia” está também – obrigatoriamente – aqui, como estaria em tantos outros títulos e tópicos que se viesse a escrever sobre música pernambucana e brasileira.

Ficou conhecida do grande público, por breve tempo, por meio da canção “Minha Tia”, de Roberto e Erasmo Carlos, gravada em 1976. No início da carreira, quando Roberto foi morar no Rio, ficou hospedado na casa de tia Amélia, lá na Vila da Tijuca, recebendo influência sua nos primeiros passos.

O apelido “Tia Amélia”, que alguns creditam a Roberto, na verdade foi consagrando em crônica escrita em 1953, por Vinícius de Moraes.

Quem “descobriu” Amélia Brandão para mim foi Zeca Macedo, irmão, músico e que guarda uma bela memória musical.

Pois bem, passei semanas lendo e ouvindo tudo o que tinha sobre Amélia.



Casa onde residiu Amélia Brandão, na Rua Duque de Caxias, em frente a Pça Santos Dumont, próximo aos Correios de Jaboatão-Centro



Nascida em Jaboatão-PE (hoje, Jaboatão dos Guararapes) em 25 de maio de 1897, morreu em Goiânia-GO, em 18 de outubro de 1983.

Pianista e compositora, começou a carreira como pianista erudita, mas passou a dedicar-se sobretudo à música brasileira, particularmente, ao choro, sendo muitas vezes comparada a Chiquinha Gonzaga (Rio, 1847-1935), de quem foi contemporânea.

Amélia nasceu em família de músicos. O pai era violonista, clarinetista e regente da banda da cidade, enquanto a mãe tocava piano. Aos 4 anos, Amélia já tocava piano de ouvido; aos 6, iniciou aulas de música; e aos 12 anos, compôs a valsa “Gratidão”.

Enquanto caminhamos em sua biografia, podemos começar a entender melhor “Tia Amélia”, com o belíssimo maxixe “Bordões ao Luar”, com André Mehmari (piano) e Marco Aurélio (bandolim) de 1959.



Bordões ao Luar, de Tia Amélia, Seu desejo era ser artista, mas o pai e, depois o marido, tentaram impedir que seguisse carreira. Mesmo assim, Amélia fazia pesquisas sobre o folclore brasileiro, que serviriam, mais tarde, de tema para suas composições.

Casou-se aos 17 anos com um rico fazendeiro, escolhido pelo pai. Deixou o engenho Jardim, em Moreno-PE, município vizinho a Jaboatão, onde foi morar, na fazenda do sogro, que morreu dois anos depois do casamento do filho. Atolado em dívidas, o engenho teve de ser vendido, bem como a fazenda.

Após a perda dos bens, o marido de Amélia não existiu e morreu, vítima de colapso, deixando-a viúva aos 25 anos, com quatro filhos para criar. Chegou a vender o próprio piano para ajudar nas despesas de casa.

Amélia Brandão – Maestríssimo Cipó





Certa vez, ao se apresentar em recital de caridade deixou entusiasmado com sua interpretação, o governador do estado, que lhe concedeu apoio para empreender uma turnê, durante a qual pode se realizar como pianista internacional.

Em 1929, foi ao Rio de Janeiro para esclarecer uma questão de direitos autorais relacionados com uma composição sua, gravada sem autorização pela Odeon. Na capital federal, contratada para se apresentar em um concerto no antigo Teatro Lírico, obteve enorme sucesso. Trabalhou em diversas emissoras de rádio e tocou piano com Ernesto Nazareth.

Na Odeon, além de recebido seus direitos autorais, foi convidada para a gravação de um disco.

Casa de Farinha, de Amélia Brandão Nery – com Stefana de Macedo, gravação de 1930


Em 1933, a convite do Itamaraty, Amélia fez uma excursão pelas Américas, com sua filha, a cantora Silene de Andrade. Em Washington, EUA, chegou a jantar com presidente Franklin Roosevelt e esteve com celebridades como Greta Garbo e Shirley Temple.

Representava o Brasil, a pedido de Getúlio Vargas. Sua última gravação em 1980, aos 83 anos, foi pelo selo Marcus Pereira.

Semana que vem tem mais…


Fontes:
1. Site ‘Famosos que Partiram’ – Tia Amélia;
2. DE MORAES, Vinícius. Samba Falado (crônicas musicais). Miguel Jost, Sérgio Cohn e Simone Campos (Org.). Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2008;
3. Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira;
4.Amélia Brandão por Semira Adler Vainsencher;
5. Portal Luiz Nassif

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