Por Mônica Ramalho
O nome de Pedro Dias Carneiro já circula legal nas cenas musicais do Rio de Janeiro, onde mora, e de Belo Horizonte, para onde vai regularmente a fim de levar um som com talentos locais, como as jovens cantoras e compositoras Luiza Brina e Brisa Marques (eles acabaram de gravar "Fodam-se felizes para sempre", ainda sem previsão de lançamento) e o experiente produtor Chico Neves. "Coração cabeção", o álbum que está lançando em formato virtual, é dedicado ao mestre (download gratuito).
"Com o Chico aprendi a produzir, gravar, mixar e tantos lances importantes sobre a vida, e hoje trabalho no estúdio que ele ajudou a construir. É a minha forma de agradecer", comenta. Pedro é um dos produtores do novo álbum de Luís Capucho e deve produzir muito mais este ano. Como músico e compositor, está finalizando o segundo disco da banda Dos Cafundós, que criou em 2002 com amigos de adolescência. "Coelho Caolho" deve sair da toca no próximo semestre.
Há outros projetos em vista. O quarteto Boreal vai fazer uma imersão para gravar a segunda bolacha, ainda sem nome. E o terceiro trabalho do Vovô Bebê, outro com o título em aberto, deve começar a ser gerado também neste 2017. O instrumental dos dois volumes dessa trilogia foram tocados por Pedro, com participações especiais. Para este, uma certeza: quer gravar com os músicos que estão na gig com ele.
Pedro - ou Vovô Bebê, a persona artística que comanda as suas redes sociais - é um rapaz tranquilo, sem vaidade, que não corta o cabelo desde 2010 e anda desencanado com os seus quase dreads. Ele jura que não fez promessa. Apenas está deixando ao natural. A sua musicalidade gira assim, nessa rotação natural. E existe uma verdade muito grande no que ele canta. E uma estranheza que soa parente distante da Vanguarda Paulista. No fundo, não importa. Mania de jornalista buscar comparações. É a música que move, sabe?
Aos 31 anos, Pedro está gostando mais de viver, o que reverbera em cada verso ou acorde que escreve, claro. Ele perdeu os pais cedo e teve que cuidar muito de si para continuar. A mãe, aos 10 anos. O pai, aos 24. Escreveu as tramas que envolveram essas despedidas n´O Livreto, encartado no primeiro "Vovô Bebê", prensado no final de 2015, após longos cinco anos de feitura. Mudou de fase no jogo, quando terminou esse disco. E demorou quase um ano para fazer o show de lançamento.
Ele é um cara que pensa muito antes de sintonizar mas, quando escolhe a frequência, aumenta o som. Fez esse show e mais alguns até que, após uma apresentação em que todo mundo curtiu, saiu pra baixo, se sentindo um impostor. Acordou no dia seguinte com a missão de decifrar o enigma: Parar de tocar ao vivo e comprar a briga do produtor ou fazer show pra caramba e entender como isso funciona, afinal. Escolheu a segunda opção e, outro dia, percebeu que estava sentindo o maior prazer ali, no palco.
A troca com o público tem sido uma alegria e tudo começou com uma música ainda inédita, mas sempre presente nos roteiros dos shows. "Saparada", corruptela da gíria carioca "essa parada", caiu nas graças até dos filhos dos amigos. Para quem achava que a sua música era muito hermética, fazer um sucessinho entre a criançada deve significar. "Deu um novo sentido para a minha música", situa.
Os erros ao vivo que o tiravam do eixo, ele aprendeu a sublimar. "Cada situação é uma. A onda é conseguir passar por várias pra saber o que fazer quando vierem as novas. Pode acontecer de você entrar no teatro e encontrar a plateia fria. E aí? Vai fazer o quê? Puxar o público pro teu som!", destaca. "O meu instrumento é o violão, mas toco baixo, guitarra, flauta e bateria na cara de pau. Quero melhorar e, talvez, virar músico de outros artistas". Alguém aí duvida?
Nenhum comentário:
Postar um comentário