Escrevendo sobre Poesia e História, Octávio Paz observa que "os 'poetas malditos' não são uma criação do romantismo: são o fruto de uma sociedade que expulsa aquilo que não pode assimilar. A poesia não ilumina nem diverte o burguês. Por isso ele desterra o poeta e faz dele um parasita ou um vagabundo" (O arco e a lira).
Se por um lado, distanciamo-nos um pouco da mirada de Paz, demasiadamente imersos que estamos hoje na "sociedade do espetáculo", com o entretenimento pesando mais que a cultura (conjunto de práticas de um lugar) e a arte (conjunto de práticas específicas de uma linguagem), por outro lado, essa definição atemporal de poesia e de poeta, recobrando preceitos platônicos, sugere que todo poeta e toda poesia são malditos, párias, fantasmas, vagabundos.
Isso é percebido do lugar que a poesia ocupa nas estantes das livrarias até os espaços destinados aos poetas nas celebradas festas-feiras literárias. Passando pelo fato de que a poesia não tem valor, cotação. Desse modo, seguindo essa linha de raciocínio, podemos dizer que os adjetivos que damos à poesia e aos poetas - maldito, marginal - são uma exigência do ordenamento social e do mercado.
Forma é conteúdo. Porém, observando particularmente a nossa historiografia, ancorada em leituras sociológicas, percebemos que os adjetivos, bem como a periodização da literatura feita no Brasil, além de tomar por empréstimos termos estrangeiros, estão mais fincados nos temas. E poesia, sendo arte, é forma.
É desse modo que, quando a noite entra no jogo, notada e assumidamente com os românticos, o conceito de "maldito" cola na poesia e no poeta. A noite e seus mistérios, suas figuras e personagens nublam a harmonia sacerdotal e filosófica. A noite revela (para usar um termo caro a Octavio Paz) sentimentos e sensações até então meticulosamente controlados, ordenados pela religião. Se "a missão do poeta é restabelecer a palavra original, distorcida pelos sacerdotes e pelos filósofos", como sugere Paz, as perguntas lançadas pelos românticos persistem sendo a tônica da poesia desde sempre.
Por essa perspectiva, as canções que Luís Capucho guarda no disco Poema maldito (2014) são malditas tanto nos temas, quanto na performance vocal de dicção "marginal", "fantasmática", não-radiofônica, livre dos programas de afinação vocal. Dicção que vocaliza sujeitos noturnos, de "braços atrofiados", camponeses de bad trip, desassossegados, que acordam babados "tarados de você".
Tomemos como exemplo a canção que dá nome ao disco. Assinada por Luís Capucho e Tive, "Poema maldito" recupera questões urgentes à poesia oitocentista brasileira, porém, atualizado em gesto afórico, ou seja, no entre-lugar da euforia e da disforia.
O sujeito da canção, em primeira pessoa, diz: "Sou luís capucho e escrevi o Cinema Orly e tenho namorado". Paquerado na praia por "um sujeito aleijado", vai à casa desse beber e ver filme pornô. Mas o outro cai no chão. De "louva-deus sagrado" passa a ser visto como um "inseto moribundo".
Usar o cotidiano como objeto estético requer repertório literário e artístico. O que poderia parecer a "escrita automática" de uma memória (os verbos estão no presente, mas o "vou embora dali" demonstra distância temporal) revela-se a consciência entre as coisas, o homem e a linguagem: a) referência biográfica a Luís Capucho, autor e personagem do fato cancional; b) uso das comparações - "louva-deus" e "inseto moribundo"; c) presença do sujeito de "braços atrofiados" como tema noturno, em contraste com a situação vivida na praia; d) apatia diante da agonia do outro; e) exploração do tempo em flashs cinematográficos; f) homoerotismo.
Por sua vez, o sexo é dessacralizado, dessublimado. A interdição sexual é resultado do confronto quase barroco entre a ideia de um "louva-deus" e a revelação de um "inseto moribundo". O corpo do outro interdita e intimidade, promove um abandono próprio capturado e ressemantizado pelo sujeito da canção.
Mas de nada valeria esse trabalho verbal, esse contar das coisas estranhas sem a vocalização afórica - estéril - de Luís Capucho, dando significado cruel, mau, maldito ao sujeito cancional. Esse sujeito parece dialogar esteticamente com os versos do poeta decadentista Medeiros e Albuquerque: "Que importa a Idéia, contanto / que vibre a Forma sonora, / se da Harmonia do canto / vaga alusão se evapora?".
Esses versos traduzem a dicção de Luís Capucho: crua. Como crus são os temas abordados em sua poesia, prosa, canções. O autor de Cinema Orly transita com movimentos estranhos ao mainstream: entre sutilezas e brutalidades, gestos e afetos, tradição e ruptura, fatos culturais e estética. E a autorreferência cruel, diferente dos selfies comuns e integrados de "alegria", é artifício que revela o outro lado do espelho onde se reflete o espírito (ou seria o fantasma?) de uma época.
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Poema maldito
(Luís Capucho / Tive)
Tô na praia
Com um sujeito aleijado
Que busca intimidade comigo
Ele tem os braços atrofiados e isso faz
Com que ele se pareça um louva-deus sagrado
Estamos conversando
Ele me diz que vive só
E que prefere assim
Porque gosta de se deitar no sofá
A ver filme pornô
Eu disse:
- Sou luís capucho e escrevi o Cinema Orly e tenho namorado.
Em todo caso ele me chama pra beber e ver filme pornô na sua sala.
Então, se aproxima e trata de sentar-se do meu lado
Mas não sei como aconteceu, ele caiu no chão
Com movimentos estranhos que não entendo
Fico um tempo a reparar que não vai se levantar sozinho
E vou embora dali
E o abandono em sua agonia de inseto moribundo.
* Pesquisador de canção, ensaísta, especialista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Literatura Comparada, Leonardo também é autor do livro "Canção: a musa híbrida de Caetano Veloso" e está presente nos livros "Caetano e a filosofia", assim como também na coletânea "Muitos: outras leituras de Caetano Veloso". Além desses atributos é titular dos blogs "Lendo a canção", "Mirar e Ver", "365 Canções".
Bandolinista e compositor. Multi-Instrumentista (piano, violão, cavaquinho, bandola, viola de dez cordas e acordeom). Pintor amador. Nasceu no bairro da Penha Circular, subúrbio do Rio de Janeiro. Aos 10 anos começou a se interessar por música através do piano, logo depois passou a tocar cavaquinho. Aos 14 anos iniciou os estudos de piano no curso Dionéia, em Brás de Pina e posteriormente estudou acordeom na Academia Mário Mascarenhas. Aos 18 anos ingressou no Conservatório Brasileiro de Música, onde estudou piano clássico com o professor Max de Menezes Gil. Em decorrência de problemas auditivos (surdez total do ouvido direito) abandonou a carreira musical aos 22 anos. Trabalhou na companhia aérea Panair do Brasil. Formou-se em técnica radiológica trabalhando no Hospital das Clínicas Pedro Ernesto, INPS e Instituto Médico Legal. Estudou teoria musical com o Professor Ian Guest. No ano de 1968 retornou à música graças a seu irmão Joyr Nascimento (violonista e fundador do bar Sovaco de Cobra), que levou Dr. Oraci (advogado e músico amador) à casa de Joel. Dr. Oraci pediu a Joel que tocasse cavaquinho e ao ouvi-lo, o doutor o convidou para participar das rodas de choro em sua casa e em 1969 presenteou o músico com um bandolim. Um dos fundadores do bar Sovaco de Cobra, considerado um dos principais redutos do gênero choro no Rio de Janeiro nas décadas de 1960/70, sendo o principal responsável pela divulgação em todo o Brasil e no exterior. Ministrou os Cursos de Extensão Universitária - Prática de Conjunto e Bandolim - da Oficina de Música de Curitiba, nos anos de 1995, 1996, 1998, 1999 e 2004. Participou do "XIX Curso Internacional de Verão" da Escola de Música de Brasília (1997) e do "Festival de Londrina", como professor do Curso de Bandolim e Oficina de Choro de 1996 a 2007. Em 2000 foi homenageado com o troféu da 8ª oficina de música popular brasileira da Fundação Cultural de Curitiba. Em 2005, ministrou o Curso de Bandolim e Oficina de Choro no "I Festival Internacional de Inverno de Brasília" - FIIB. Sobre Joel Nascimento declarou o maestro Radamés Gnattali: "Joel Nascimento toca colorido enquanto os outros tocam em preto e branco". Radamés Gnattali lhe dedicou um concerto para bandolim e orquestra, o qual Joel gravou com a orquestra de Câmera de Blumenau, um trio para bandolim e dois violões e dedicando-lhe a nova versão da composição "Retratos", obra em quatro movimentos dedicada à Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Pixinguinha e Anacleto de Medeiros, ídolos do maestro. Joel Nascimento foi quem deu a ideia ao então prefeito Jaime Lenner para a fundação da Escola de Música Popular Brasileira de Curitiba. Em 2010 foi convidado a ministrar a aula inaugural do Curso de Bacharelado em Bandolim da Escola de Música da U.F.R.J. No ano de 2011 recebeu o diploma "Ademilde Fonseca de Mérito no Choro", da Fundação José Ricardo (FUNJOR).
Na ocasião da entrega foi homenageado na Roda de Choro Arruma o Coreto, na Praça São Salvador, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano o escritor Jorge Roberto Martins deu início a uma biografia do músico e compositor. No ano de 2012 foi incluído no livro "MPB - A História de Um Século", de Ricardo Cravo - 2ª ed. Revista e ampliada, Rio de Janeiro: MEC/Funarte/Instituto Cultural Cravo Albin, no qual foi estampado em página inteira com legendas em quatro línguas: inglês, espanhol, francês e português, nas quais o autor comentou: "Joel Nascimento, o bandolinista preferido de Jacob do Bandolim, é um dos herdeiros das melhores tradições dos chorões do Brasil. Joel, que entre outros conjuntos, fundou o Camerata Carioca, é um virtuose aclamado por plateias do mundo inteiro". No ano de 2013 foi homenageado pelo Bar do Quinto, também conhecido por "Suvaquinho de Cobra", na Rua Ênes Filho, na Penha, bar em frente onde funcionava o antigo Sovaco de Cobra, um dos principais redutos do choro na Zona Norte do Rio de Janeiro na década de 1970. Na homenagem foi inaugurada uma foto no local, onde acontece a roda de choro tradicionalmente no primeiro domingo do mês, frequentada pelo músico. Em 2015, ao lado do jornalista e escritor Joaquim Ferreira dos Santos e do violonista Luis Filipe de Lima, compôs uma mesa redonda sobre a "Música na Penha", com mediação e curadoria de Rosana Lanzelotte, em projeto da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (Secretaria Municipal de Cultura), nas comemorações dos 450 anos da cidade. O evento foi apresentado na Arena Carioca Carlos Roberto de Oliveira - Dicró, no Parque Ary Barroso, na Penha. Na ocasião, acompanhado do violão de sete cordas de Luis Filipe de Lima, interpretou ao bandolim alguns clássicos de Ernesto Nazareth e Tom Jobim, entre outros. A convite de Sílvia Fraiha e Tiza Lobo, escreveu o prefácio "Memórias da Penha" para o livro "Ramos, Olaria & Penha", integrante da Coleção Bairro do Rio (Editora FRAIHA), projeto viabilizado pela Secretaria de Culturas Rio Arte, da Prefeitura do Rio de Janeiro e patrocinado pelo SESC Rio de Janeiro.
Nos anos 50 formou seu primeiro grupo Joel e Seu Ritmo, atuando em bailes e no qual tocava cavaquinho eletrificado, acordeom e piano. Em 1954 teve o primeiro encontro com Jacob do Bandolim. Em 1973 iniciou amizade com Radamés Gnattali ao tocar para ele a composição "Retratos", de autoria do maestro. No ano posterior, em 1974, entrou em estúdio pela primeira vez, levado por Lygia Santos, filha de Donga, para gravar no LP "A música de Donga", juntamente com Elizetth Cardoso, Altamiro Carrilho, Abel Ferreira, Dino, Meira, Canhoto, Marçal, Jorginho do Pandeiro, Gisa Nogueira, Elizeu Félix, Luiz Paulo da Silva, Leci Brandão, Almirante e Paulo Tapajós, além do próprio Donga em algumas faixa e em trecho do depoimento dado pelo compositor ao MIS (Museu da Imagem e Som, do Rio de Janeiro, em 1969). Neste mesmo ano foi convidado por João Nogueira a participar do disco "E lá vou eu", de João Nogueira, no qual atuou nas faixas "Braço de boneca" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) e "De rosas e coisas" (Ivor Lanceloti). Entre 1975 e 1976 integrou os grupos A Bandola (que acompanhava João Nogueira) e A Fina Flor do Samba, que acompanhava Beth Carvalho. No ano de 1976, pela gravadora Odeon, lançou seu primeiro disco "Chorando pelos dedos", produzido por João Nogueira. No LP interpretou "Apelo" (Baden Powell e Vinicius de Moraes), "Marambaia" (Henricão e Rubens Campos), "Carolina" (Chico Buarque), "Chorinho do Sovaco de Cobra" (Abel Ferreira), "Tempo à beça" (João Nogueira), "Evocação de Jacob" (Avena de Castro), "Wave" (Tom Jobim), "Cantiga por Luciana" (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), "Sambista chorão" (Mané do Cavaco), "Castigo" (Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves) e "Valsa de realejo" (Guinga), composta pelo violonista e dedicada em sua homenagem: "Essa valsa foi feita par ao bandolim do Joel" Mais tarde, depois da gravação instrumental, a composição viria a ganhar letra de Paulo César Pinheiro e seria gravada por Clara Nunes. No disco também foi incluída "Ecos", composição de sua autoria e o maior sucesso do LP. O choro "Ecos", também iria ganhar uma letra de Paulo César Pinheiro, feita a pedido da cantora Clara Nunes que queria gravá-lo, porém, não chegou a fazê-lo. O disco foi lançado no reduto do choro da época, o bar Sovaco de Cobra, na Penha Circular. Segundo o jornalista Sergio Cabral: "Em uma festa antológica, só tive conhecimento de um evento parecido feito para o cantor Orlando Silva". Em 1977 ganhou o "Prêmio Playboy" na categoria "Melhor instrumentista de Cordas". Neste mesmo ano ao lado de Waldir Azevedo, Paulo Moura, Zé da Velha, Abel Ferreira e Copinha, apresentou o show "Choro na praça", com direção de Albino Pinheiro, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.
O espetáculo, apresentado em três dias no mês de junho, gerou um álbum duplo, ao vivo, no qual foram gravadas 19 composições, entre as quais participou como bandolinista das seguintes faixas: "Apanhei-te cavaquinho" (Ernesto Nazareth), "Murmurando" (Fon-Fon), "Naquele tempo" (Pixinguinha e Benedito Lacerda), "Lamento" (Pixinguinha), "Urubu malandro" (Pixinguinha) e "Ecos", de sua autoria. No ano seguinte, em 1978, lançou os LPs "O pássaro" e "Meu sonho". No disco "O pássaro", produzido por João Nogueira, foi acompanhado pelos músicos Dino (violão de 7 cordas), Wilson das Neves (bateria), Moacyr Silva (sax), Antonio Adolfo (teclados), Copinha (flautas e flautins), Luiz Roberto (baixo), Dazinho (ganzá), Jorginho (pandeiro), Jorginho (flautas e flautins), Geraldo Vespar (guitarras e arranjos), Eduardo Souto Neto (órgão e piano), Ricardo (teclado), Laércio Freitas (piano) e Ubirajara Silva (bandoneon) interpretando "Topei com você" (Cláudio Jorge), "Bares da cidade" (João Nogueira e Paulo César Pinheiro), "Doralice" (Dorival Caymmi e Antônio Almeida), "Saveiros" (Dori Caymmi e Nélson Motta), "A felicidade" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), "Até pensei" (Chico Buarque), "Xeque-mate" (arranjo e composição de Gaya), "Canto triste" (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) e "Sorriso de Cristina" e "Somente saudade", ambas de sua autoria, além da faixa-título "O pássaro", também de sua autoria. No disco "Meu sonho" incluiu "Peneirando", "Meu sonho" e "Congada do sino", as três de sua autoria e ainda interpretou "As rosas não falam" (Cartola), "Bala com bala" (João Bosco e Aldir Blanc), "Amigos" (Geraldo Vespar, arranjador do disco), "Coincidência" (Nivaldo Duarte e Paulo César Pinheiro), "Maninha" (Chico Buarque), "Entre mil... Você" (Jacob do Bandolim, com arranjos de Luiz Roberto), "Bijuterias" (João Bosco e Aldir Blanc), "Bandoladas" (Geraldo Vespar) e "Três entrelinhas", de Anacleto de Medeiros. Neste mesmo ano de 1978 recebeu, pela segunda vez, o "Prêmio Playboy da MPB", novamente na categoria "Melhor Instrumentista de Cordas". Por essa época, apresentou-se com a Orquestra Sinfônica Brasileira e da Orquestra de Câmera de Blumenau, de Santa Catarina, entre outras. Tem como marco principal em sua carreira, a ideia e o pedido feito a Radamés Gnattali, no final de 1978, para transcrever a composição "Retratos", de autoria do maestro, para a formação chamada regional (bandolim, cavaquinho, três violões e ritmo), originalmente escrita para bandolim solo e orquestra de cordas. Joel Nascimento reuniu um grupo para tocar a peça, que ganhou uma forma camerística, resultando em uma nova concepção musical e instrumental à formação tradicional dos conjuntos de choro. A primeira audição da nova versão de "Retratos" aconteceu na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, com Joel Nascimento e o grupo que o mesmo havia formado para execução desta nova versão da composição. Além de Joel, integrava o grupo, ainda sem nome, Maurício Carrilho (responsável por essa primeira apresentação da composição), Rafael Rabello, Luciana Rabello, Celso Silva e Luiz Otávio Braga (pouco depois substituído por João Pedro Borges). Com essa nova formação, a inclusão do violonista João Pedro Borges, o conjunto apresentou-se em Curitiba, São Paulo e Brasília. Logo o grupo estava em estúdio para o que viria a ser o último disco de Joel Nascimento na EMI/Odeon "Tributo a Jacob do Bandolim", disco que teve Radamés Gnattali como arranjador e pianista. O ano era 1979 e o disco, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, foi uma homenagem a Jacob do Bandolim que completava 10 anos de falecimento. Este mesmo disco, devido a um impasse entre Joel Nascimento e a gravadora Odeon, seria lançado em 1980 pela WEA (gravadora com a qual o músico assinou contrato apenas para o disco "Tributo a Jacob do Bandolim") é atribuído, erroneamente, através de sua capa, a Radamés Gnattali, Joel Nascimento e Camerata Carioca. Contudo, o LP é somente de Joel Nascimento como é assinalado no label (selo) do fonograma. Não há na WEA qualquer registro de disco da Camerata Carioca. O conjunto como Camerata Carioca, só existiria alguns meses depois da gravação do referido disco, sendo o nome do conjunto dado por Hermínio Bello de Carvalho. No LP "Tributo a Jacob do Bandolim" Joel Nascimento interpretou a composição "Retratos" em seus quatro movimentos: "1º - Pixinguinha", "2º - Ernesto Nazareth", "3º - Anacleto de Medeiros" e "4º Chiquinha Gonzaga" e ainda as composições "Conversa mole/Jacobeana" (Radamés Gnattali), "Gostosinho", "Doce de coco", "Voo da mosca", "Noites cariocas" e "Vibrações", todas as composições de autoria de Jacob do Bandolim. Em 1982, integrando o grupo Camerata Carioca, lançou o disco "Vivaldi & Pixinguinha", através do "Projeto Almirante", projeto da Funarte por onde o disco fora lançado. Com produção artística e coprodução executiva de Hermínio Bello de Carvalho no LP foram incluídas as faixas "Jubileu" (Anacleto de Medeiros), "Batuque" (Henrique Alves de Mesquita), "Marreco quer água" (Pixinguinha), "Devagar e sempre" (Pixinguinha e Benedito Lacerda), "Tapa buraco" (Pixinguinha), "Um a zero" (Pixinguinha e Benedito Lacerda), "Carinhoso" (Pixinguinha e João de Barro), "Ingênuo" (Pixinguinha e Benedito Lacerda), "Vou vivendo" (Pixinguinha e Benedito Lacerda), além de "Concerto grosso op. 3 n. 11 - estro armonico" em seus movimentos "Allegro", "Largo" e "Alegro final", de Antonio Vivaldi.
O disco contou com a participação especial do maestro Radamés Gnattali (cravo, piano acústico e arranjos), além dos músicos que integravam o Camerata Carioca na ocasião Joel Nascimento (bandolim e seu principal solista), João Pedro Borges (violão), Maurício Carrilho (violão), Luiz Otávio Braga (violão de sete cordas), Henrique Cazes (cavaquinho) e Beto Cazes (reco-reco e pandeiro). Após a gravação do LP "Vivaldi & Pixinguinha", João Pedro Borges deixou o grupo, sendo substituído pelo violonista Joaquim Santos. Neste mesmo ano apresentou-se no Lincoln Center-Alice Fully Hall, em Nova York, ao lado de Arthur Moreira Lima e Raphael Rabello, entre outros. No ano de 1983, integrando o grupo Camerata Carioca e como seu principal solista, lançou o LP "Tocar", já contando com um novo integrante no grupo, o flautista e saxofonista Dazinho. Com esta formação, o conjunto adquiriu uma forma mais elaborada. Os arranjos foram assumidos por Luiz Otávio Braga, Maurício Carrilho, Joaquim Santos e Radamés Gnattali. No LP o grupo interpretou "Fugata" (Astor Piazzolla), "Choro de mãe" (Wagner Tiso), "Marreco quer água" (Pixinguinha), "Valsa triste" (Radamés Gnattali), "Ainda me recordo" (Pixinguinha), "Terna saudade" (Anacleto de Medeiros), "Remexendo" (Radamés Gnattali), "Uma rosa para Pixinguinha" (Radamés Gnattali), "Lenda do caboclo" (Heitor Villa-Lobos) e "Fuga nº 1" (Léo Brouwer). Com o grupo acompanhou em gravações Nara Leão, Zezé Gonzaga e Elizeth Cardoso. Por essa época, apresentou-se em solo em vários shows e eventos internacionais e em turnê por vários países, entre eles Alemanha, Suíça (Festival de Montreux), Áustria, França (Festival de Nice e Córsega), Portugal, Argentina, Japão e Guiana Francesa. Participou também do "Festival de Câmara do Novo México" (EUA). Em 1985 a gravadora EMI/Odeon lançou a coletânea "As rosas não falam", com algumas faixas de seus discos solos anteriores. No ano seguinte, em 1986, pelo Selo Basf, foi lançado o LP "Radamés Gnattali - 80 Anos de Música Brasileira - Waldemar Henrique", disco, no qual atuou como solista da Orquestra de Câmara de Blumenau, em trabalho que homenageou a obra de dois importantes compositores eruditos. Além da própria orquestra, destacaram-se neste trabalho o maestro e regente Norton Morozowicz e a soprano Ruth Staerke. Destacou-se também no disco o "Concerto para bandolim e cordas", composto por Radamés Gnattali e dedicado a Joel Nascimento. No ano de 1987 lançou, somente no mercado japonês, o CD "Joel Nascimento" no qual interpretou "Caburoso" (Cabuloso - Jacob do Bandolim), "No meu tempo era assim" (Eduardo Souto), "Primavera" (Joel Nascimento), "Escovado" (Ernesto Nazareth), "Iara" (Anacleto de Medeiros), "Coralina" (Alberto Pimental), "É do que há" (Luis Americano), "No coreto" (Pedro Amorim), "Nuvem que passou" (Mitsuru Inque), "Treme-treme" (Jacob do Bandolim), "Pardal embriagado" (Patrocínio Gomes), "revendo o passado" (Freire Júnior) e "Na minha vida", de autoria de Mitsuru Inque, músico cavaquinista que atuou no disco, assim como Luiz Otávio Braga (violão de 7 cordas e arranjos), Rafael Rabelo (violão de 7 cordas), Maurício Carrilho (violão de 6 cordas), Paulo Sérgio Santos (clarinete) e Beto Cazes na percussão. Tempos depois o disco seria lançado no Brasil pela gravadora Kuarup.
Fundou, ao longo de sua carreira, vários grupos de choro, entre os quais Sexteto Brasileiro, integrado por Paulo Sérgio Santos (sax soprano e clarinete), Maurício Carrilho (violão de seis cordas), Luiz Otávio Braga (violão de sete cordas), João Lyra (viola de 10 cordas), Beto Cazes (percussão) e Henrique Cazes (cavaquinho), grupo que o acompanhou em duas turnês pelos EUA nos anos de 1988 e 1989. Em 1989 ganhou o troféu "Projeto Brahma Extra - O Som do Meio - Dia - Grandes Músicos de 1989" (Pela inestimável Contribuição à Cultura Musical Brasileira). Neste mesmo ano lançou "Joel Nascimento and the Brazilian Sextet - Live!", gravado e lançado nos Estados Unidos, disco no qual foram incluídas as composições "Terna saudade" (Anacleto de Medeiros), "Um a zero" (Pixinguinha), "Os Oito Batutas" (Pixinguinha), "Reisado" (João Lyra, Maurício Carrilho e Adelmo Arco-Verde), "Vibrações" (Jacob do Bandolim), "Espinha de bacalhau" (Severino Araújo), "Mulher rendeira" (Zé do Norte), "Chorinho pra você" (Severino Araújo), "Choros nº 6" (Heitor Villa-Lobos), "Pedra terra" (João Lyra e Newton Rangel), "Suíte Retrato - 2º movimento" (Radamés Gnattali), "Chorinho pra ele" (Hermeto Pascoal) e "Jacaré de saiote", de Silva Torres. No ano de 1995 pela gravadora Kuarup o disco "Joel Nascimento" editado no Japão, foi relançado com o título de "Chorando de verdade", mantendo o mesmo repertório. Em 1998 lançou, pela gravadora Kuarup, o CD "Joel Nascimento & Sexteto Brasileiro". As músicas do disco foram gravadas ao vivo em uma turnê do grupo anos antes (1989) e em apresentações feitas no Moore Theater (Seattle) e na St. Francis Church (Santa Fé) no "Santa Fé Chamber Music Festival". No CD foram incluídas as composições "Shotisch" (Radamés Gnattali), "Embolada" (Heitor Villa-Lobos), "Saudade eterna" (Santos Coelho), "Mulher rendeira" (Zé do Norte), "O trenzinho do caipira" (Heitor Villa-Lobos), "Batuque" (Ernesto Nazareth), "Choro - tocata" (Radamés Gnattali), "Choros nº 6" (Heitor Villa-Lobos) e "Modulando", de Rubens Leal Brito. Neste mesmo ano de 1998 prestou homenagem a Jacob do Bandolim lançando o disco "Relendo Jacob do Bandolim", no qual interpretou clássicos como "Noites cariocas", "Mimosa", "Reminiscências", "Bole-bole", "Doce de coco", "Salões imperiais", "Remelexo", "Dolente", "Alvorada", "Vibrações", "Diabinho maluco", "Cristal", "La duchesse" e "Feia", todas de autoria de Jacob do Bandolim. No ano de 2001a pianista Luciana Gastaldi, lançou o CD "Joel Nascimento - Suas composições para piano - Seu bandolim". O disco contou com a participação do homenageado em algumas faixas e também com a participação especial da flautista Rosana Moraes, sendo patrocinado pela Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Londrina, trabalho no qual foram incluídas suas composições para piano "Meu sonho", "Congada do sino", "Caminhos", "Reminiscência - três movimentos: Garoto peralta, Visões e Liberdade", "Opus 3", "Variações I e II", "Opus 2", "Cantilena", "Opus 1" e "À Flauta", todas de autoria de Joel Nascimento. Também foram interpretadas as composições "Despertar da montanha" (Eduardo Solto e Francisco Pimentel), "Terna saudade" (Anacleto de Medeiros), "Retrato - 2º movimento - Ernesto Nazareth" (Radamés Gnattali) e "Retrato - 3º movimento - Anacleto de Medeiros", ambas transcritas para piano por Joel Nascimento.
No ano de 2002, ao lado de Paulo Moura e Odete Ernest Dias, foi um dos homenageados do evento "Choro no Sesc", produzido por Marcos Souza. Em 2005 participou, executando "Ecos", do documentário "Brasileirinho", do cineasta finlandês Mika Kaurismaki. No ano de 2006, com o grupo Quatro a Zero, fez diversos show dentro do projeto "Circuito Instrumental Universitário", que passou por 15 universidades públicas do Brasil, com o apoio do Ministério da Cultura e da Petrobras. No ano seguinte, em 2007, completou 70 anos em show comemorativo no Centro Cultural Carioca. Com direção artística do cavaquinista Sérgio Prata, recebeu no show vários artistas e amigos, entre eles Henrique Cazes, Hamilton de Hollanda, Beth Carvalho, Água de Moringa, Sérgio Cabral, Rogério Caetano e Luiz Otávio Braga, entre outros. No ano posterior, em 2008, em parceria com a pianista Fernanda Canaud lançou, pela gravadora Biscoito Fino, o CD "Valsas brasileira - Fernanda Canaud e Joel Nascimento", disco no qual interpretaram "Farrula" (Anacleto de Medeiros), "Valsa de esquina" (Francisco Mignone), "Sorrir dormindo" (Juca Kalut), "Valsa da dor" (Villa-Lobos), "Retrato - 2º movimento Ernesto Nazareth" (Radamés Gnattali), "Coração que sente" (Ernesto Nazareth), "Helena" (Mário Álvares), "Pássara" (Francis Hime e Chico Buarque), "Sentimento oculto" (Pixinguinha), "Valsa capricho" (Barrozo Neto), "Sinuosa" (Maurício Carrilho) e "Revendo o passado", de Freire Júnior. No ano de 2009 no CD "De bandolim a bandolim - Hamilton de Holanda e Joel Nascimento", foram incluídas "Tu passaste por este jardim" (Alfredo Dutra e Catulo da Paixão Cearense), "Gotas de ouro" (Ernesto Nazareth), "Os cinco companheiros" (Pixinguinha e Benedito Lacerda), "Falta-me você" (Jacob do Bandolim), "Por uma cabeza" (Carlos Gardel e Alfredo La Pera), "Concerto para bandolim e orquestra - 2º movimento" (Radamés Gnattali), "Chorale prelúdio adágio" (J. S. Bach e Busoni), "Concerto para 2 bandolins em G - 2º movimento" (Vivaldi), "Sonatina em C menor" (Beethoven) e "O bom filho à casa torna", de Bonfiglio de Oliveira. Neste mesmo ano de 2009, como mestre de cerimônias e principal solista, apresentou o evento "Sabatina da Pedra - Chorando com Joel", inaugurando o Salão de Música do Instituto Cultural Cravo Albin, com capacidade para 100 pessoas. O evento recebeu em suas edições diversos convidados, tais como Jayme Vignoli, Henrique Cazes, Zé Menezes, Josimar Carneiro, Dirceu Leite e Rui Alvin, para os quais foram entregues os diplomas "Ernesto Nazareth". Organizado pelo Instituto Cultural Cravo Albin (em parceria com a FUNJOR - Fundação José Ricardo). A roda de choro era apresentada na sede do ICCA sempre no último sábado de cada mês. Em 2010 foi homenageado com o CD "Para Joel", do grupo de choro Água de Moringa, disco no qual foram gravadas 12 composições de Joel Nascimento, incluindo suas composições mais conhecidas e suas primeiras músicas compostas aos 14 anos de idade. O disco foi lançado em show no Teatro Carlos Gomes, no projeto "Sete em Ponto", espetáculo que contou com a participação do bandolinista junto ao grupo.
No ano seguinte, em 2011, retomou a roda de choro "Chorando com Joel", apresentada no Instituto Cultural Cravo Albin, com patrocínio do Grupo MPE, recebendo vários convidados, tais como Josimar Carneiro, Jaime Vignoli, Zezé Motta (com participação especial do poeta Euclides Amaral declamando "Roda Choro", de Paulo César Pinheiro), Ademilde Fonseca, Henrique Cazes, Dirceu Leite, Zé Menezes, Sílvio César, Zélia Duncan (com participação do poeta Euclides Amaral declamando "O Violão", de Paulo César Pinheiro) e Virgínia Rodrigues, entre outros, sempre conferindo a cada um deles o "Diploma Ernesto Nazareth", entregues por Ricardo Cravo Albin, presidente do Instituto Cultural Cravo Albin. Neste mesmo ano, ao lado do violonista Josimar Carneiro (do grupo de choro Água de Moringa), apresentou-se no projeto "Música na Arlequim", na Livraria Arlequim, no Paço Imperial (Praça XV de Novembro) centro do Rio de Janeiro. No ano de 2012 voltou a se apresentar no projeto "Música na Arlequim", desta vez com a pianista Fernanda Canaud. Ainda em 2012 recebeu em sua roda de choro "Chorando com Joel", apresentada mensalmente na sede do Instituto Cultural Cravo Albin, o cantor Márcio Gomes e a cantora Adelaide Chiozzo, que foram contemplados com o diploma "Ernesto Nazareth", comenda oferecida pelo Instituto. Na ocasião, houve ainda a inauguração da exposição sobre a obra e a vida de Herivelto Martins, em homenagem ao centenário do compositor. Também apresentou-se no show "Quatro a Zero & Joel Nascimento" no Circuito da Caixa Econômica Federal, no projeto "Caixa Cultural Fortaleza", ao ar livre na Praia Iracema, em Fortaleza, no Estado do Ceará. No ano de 2015 ao lado de Moraes Moreira (voz e violão), Zé da Velha (sopros), Silvério Pontes (sopros), João Camarero (violão), Charlles da Costa (violão) e Beto Cazes (percussão), foi um dos convidados do cavaquinista Henrique Cazes no show "Waldir Azevedo do Méier para o Mundo", em comemoração aos 92 anos do mestre do cavaquinho e evento apresentado no palco do Imperator - Centro Cultural João Nogueira, casa de show do bairro do Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro. Como convidado do Trio Choro Novo (Abel Luiz: cavaquinho / Marlon Mouzer: violão de 7 cordas / Reinaldo Pestana: bateria e percussão) apresentou-se no SESC Tijuca, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, no "Dia Nacional do Choro", como convidado do MCS (Movimento Choro Suburbano), organizado e produzido por Cenira Santos e Márcio Vinhas, foi uma das atrações do evento, apresentando-se na Lona Cultural João Bosco, tendo ao seu lado no palco Sombrinha (cavaquinho), Josimar Monteiro (violão de sete cordas) e Hamilton de Holanda (bandolim). Como convidado do grupo Água de Moringa apresentou-se, na Praça Tiradentes, no evento "VI Festival Nacional do Choro", organizado pela Casa do Choro. Foi um dos homenageados no projeto "Quando o Choro é Justo", organizado por Henrique Cazes, no Museu da Justiça, na Praça XV, com palestra do escritor Jorge Roberto Martins, participando da roda de choro ao lado de Zé da Velha, Henrique Cazes, Leonardo Miranda, Lucas Oliveira, João Camarero, Ronaldo do Bandolim, Marcelo Gonçalves, grupo Chorando Pelos Dedos e Silvério Pontes. Ainda em 2015 participou do projeto "MPB na ABL", com produção e apresentação de Ricardo Cravo Albin, em récita única intitulada "A bossa nova reverencia o choro, nos 450 anos do Rio - Roberto Menescal, Wanda Sá e Joel Nascimento", evento no qual interpretou ao bandolim a composição "Sensível" (Pixinguinha) e, acompanhado por Roberto Menescal o clássico "O barquinho" (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli). Na mesma récita, acompanhado por Roberto Menescal (violão) e Wanda Sá (voz e violão) as composições "Chega de saudade" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e "Wave", de Tom Jobim.
Durante a carreira de bandolinista atuou como solista convidado em vários discos, entre LPs e CDs, destacando-se "Antologia do chorinho" (Altamiro Carrilho - Philips/1975), "Abel Ferreira e filhos" (Abel Ferreira -Gravadora Marcus Pereira/1977), "Chorando baixinho" (vários - Kuarup/1978), "Bonfiglio de Oliveira" (Copinha - Museu da Imagem do Som/1979), "Elizethíssima" (Elizeth Cardoso - Som Livre/1981), "Aquarelas do Brasil" (Sebastião Tapajós - Gravadora Tropical Music-Alemanha/1983), "Radamés Gnattali" (Arthur Moreira Lima - Varig/1989), "Noites cariocas" (Vários - Kuarup/1987), "Paulo Moura e os Batutas" (Paulo Moura - Gravadora Velas/1996), "Sempre Pixinguinha - 100 Anos" (Vários - Kuarup/1997), "Alfredo da Rocha Viana Filho - Pixinguinha" (Vários - Selo Sarau/1997), "Choro - Do quintal ao Municipal" (vários - Kuarup/1998), "Bambas do bandolim" (vários - Kuarup/1999), "Villa por chorões" (vários - Kuarup/2002), "Zé da Velha e Silvério Pontes" (Biscoito Fino/2006), "Chora Cartola" (vários- Deck Disc/2006), "Sabe você" (Léo Gandelman e convidados - EMI/2008) e "Água de Moringa - Obrigado Joel" (Água de Moringa - Independente/2010). Atuou em diversos discos de vários artistas, entre os quais Oswaldo Montenegro "Os bandolins"; Chico Buarque "Meus caros amigos"; Paulinho da Viola "Paulinho da Viola", Clara Nunes "Canto das três raças" e "Claridade"; João Nogueira "E lá vou eu", "João Nogueira" e "Vem quem tem"; Beth Carvalho "Mundo melhor"; Nélson Gonçalves "Nélson Gonçalves; Nara Leão "Meu samba encabulado"; Maria Creuza "Maria Creuza"; Roberto Ribeiro "Fala meu povo"; Nadinho da Ilha "Nadinho da Ilha" e Paulo Moura "Mistura e manda". Em cinema participou da trilha sonora do filme "Se segura, malandro" (1977), dirigido por Hugo Carvana, na qual interpretou "Ecos", de sua autoria e em 1978 atuou como solista na composição "Pedacinhos do céu" (Waldir Azevedo) incluída no filme "Chuvas de verão", dirigido por Cacá Diegues. Sua composição "Ecos" foi incluída na trilha sonora da novela "Na sombra dos laranjais", da TV Globo, em 1976. Apresentou-se nas principais salas de concertos do país e dividiu o palco com o guitarrista Paulo Moura, Egberto Gismonti e o pianista Artur Moreira Lima. Tocou com a Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra do Teatro Municipal, Orquestra Petrobras, Orquestra de Câmera de Blumenau, Orquestra Unissinus, Orquestra do Conservatório de Curitiba, Orquestra Opus Rio, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e Orquestra de Cordas de Santo Antonio, nos Estados Unidos. Apresentou-se com Paulinho da Viola no "Festival de Montreux" (Suíça), e ainda, no "Festival da Córsega" (França), do qual participaram Paco De Lucia, Michel Legrand e o violinista Stéphane Grappelli. No ano de 2017, ao lado do clarinetista Paulo Sérgio Santos participou do projeto "Quartas Instrumentais", no Espaço BNDES, no centro do Rio de Janeiro, com o show "Homenagem a Abel Ferreira", no qual a dupla teve como acompanhantes os músicos Caio Márcio (violão), Bernardo Diniz (cavaquinho), João Camarero (violão de sete cordas) e Magno Júlio (pandeiro), além do próprio Joel Nascimento no bandolim e de Paulo Sérgio Santos no clarinete e arranjos, em interpretações de clássicos de Abel Ferreira, Pixinguinha e Jacob do Bandolim, entre outros.
Neste mesmo ano de 2017 deu início às comemorações de seus 80 anos, lançando, em turnê nacional, o CD "Joel Nascimento - som, estilo & improviso", produzido por Henrique Cazes, no qual foram compiladas algumas gravações de seus discos anteriores, gravações inéditas e ainda, produções musicais feitas para o próprio trabalho, tais como a faixa "Gotas de ouro" (Ernesto Nazareth), com a participação especial do violonista João Camarero no violão sete cordas. No disco foram incluídas as faixas "Tu passaste por esse jardim" (Alfredo Dutra e Catulo da Paixão Cearense), com participação especial do também bandolinista (e ex- aluno de Joel) Hamilton de Holanda (faixa extraída do CD "De bandolim a bandolim", de ambos os músicos); "Doce de coco" (Jacob do Bandolim), com participação especial (em gravação da década de 1970, do irmão Joyr Nascimento ao violão de sete cordas e Souza no cavaquinho), além da inclusão de um segundo trecho, na mesma faixa, em gravação mais recente, com arranjos de cordas do maestro e guitarrista Geraldo Vespar e com orquestra regida pelo maestro Alceu Bocchino; "Estudando e compondo em casa" (Joel Nascimento); "Apelo" (Baden Powell e Vinicius de Moraes), com regência e arranjo de Geraldo Vespar; "Glória" (Bonfíglio de Oliveira), com arranjo de Copinha (flauta) e Rafael Rabello no violão de sete cordas; "Concerto Grosso Opus 3 nº 11 em ré menor 2º movimento - Largo" (Antônio Vivaldi), integrando o Camerata Carioca, e um raro registro, de Radamés Gnattali tocando cravo; "Evocação de Jacob" (Avena de Castro), com participação especial de Cláudio Jorge ao violão; "Concerto para bandolim e cordas 3º movimento - a Joel Nascimento" (Radamés Gnattali), com o homenageado ao bandolim; "Yara" (Anacleto de Medeiros), com participações especiais de Maurício Carrilho (violão de seis cordas), Luiz Otávio Braga (violão de sete cordas), Paulo Sérgio Santos (clarinete) e Mitsuru Inque (cavaquinho); "Devagar e sempre" (Pixinguinha e Benedito Lacerda), com participações de Henrique Cazes (cavaquinho), Maurício Carrilho (violão de seis cordas), Luiz Otávio Braga (violão de sete cordas) e Beto Cazes (pandeiro); "Canção à Villa Lobos" (Joel Nascimento); "Ruth" (Antônio Gismonti), valsa de autoria do avô de Egberto Gismonti, arranjador e pianista da faixa; "Lamento" (Pixinguinha e Vinicius de Moraes), gravada ao vivo no "Festival de Londrina do Paraná", com arranjos para coro e orquestra do maestro Marcos Leite, e a faixa "Retrato - 4º movimento - Chiquinha Gonzaga" (Radamés Gnattali), com arranjo e orquestra regida por Radamés Gnattali.
O disco contou com texto de apresentação de Henrique Cazes, do qual destacamos o seguinte trecho: "Este CD é antes de mais nada a comemoração de 80 anos de um músico especial, de sutil grandeza. Um presente para seus fãs e estudiosos da música brasileira. Um painel de momentos raros, fora da discografia convencional do artista e que mostra o quanto Joel Nascimento contribuiu para o aperfeiçoamento do estilo brasileiro de bandolim e o quanto sempre esteve disposto a colocar seu som em diálogo com vários segmentos de nossa música. Por isso mesmo seu bandolim aparece aqui junto a diferentes instrumentações e numa ampla gama de estilos. Acredito que seja possível descrever a essência do músico Joel Nascimento dando atenção a três quesitos: som, estilo e improviso". No mesmo encarte há um trecho em que Egberto Gismonti declarou sobre o bandolim de Joel Nascimento na gravação de "Ruth": "Notas suficientes para fazer a alma despertar e achar que a vida vale a pena" Ainda em 2017, pelas comemorações de seu aniversário de 80 anos, apresentou-se na Sala Cecília Meireles em show intitulado "Homenagens a Radamés Gnattali e aos 80 anos de Joel Nascimento", acompanhado pela Orquestra Sinfonia Brasil, regida por Norton Morozowicz, contando ainda com os músicos Marcos Nimrichter (acordeom), José Staneck (harmônica de boca) e Conjunto de Choro, integrado por Beto Cazes (pandeiro), Henrique Cazes (pandeiro) e Gláuber Seixas (violão de sete cordas), além do homenageado, Joel Nascimento, ao bandolim.
“parti-me para o vosso amor/que tem tantas direções/e em nenhuma se define/mas em todas se resume”. Para interpretar ao poeta – o dono dos versos – ninguém melhor do que ele próprio. No entanto, Carlos Drummond de Andrade teve sua escrita transformada não apenas na cabeça e coração dos leitores, como também através da música e do cinema. Sete faces que se transmudam em outras na obra daquele que tinha uma palavra de sua predileção: “taciturno”.
“O Chão É Cama” (2008)
Leitora devota de Drummond, a cantora e compositora Fátima Guedes hesitou até colocar melodia numa criação do ídolo. “Foi uma ousadia tanto da minha parte quanto dele, que neste poema atiça um lado sensual, como um mantra”, declarou. Extraído do livro “O Amor Natural” – lançado postumamente em 1992 numa reunião de poemas eróticos que Drummond recusou-se a lançar em vida – “O Chão É Cama” abriu, em 2008, a inédita parceria entre Fátima e o poeta, e foi registrada com o violonista Renato Braz numa versão disponível no YouTube mas, até o momento, não faz parte de nenhum disco, já que o último registro fonográfico da intérprete aconteceu em 2006.
Instrumentista / Trombonista / Orquestrador / Líder de orquestra / Maestro. Teve participação marcante na Rádio Nacional, além de ter atuado em outras Rádios como Tupi e Mayrink Veiga e Tvs como Tupi e Excelsior. Gravou mais de quinze disco de 78 rpm e mais de dez LPs pelas gravadoras Odeon, Rádio e RGE. Um de seus trabalhos mais notáveis é ter tornado possível a criação das famosas calçadas musicais do Bairro de Vila Isabel, Rio de Janeiro, em homenagem ao poeta Noel Rosa.
Meu pai, por ser dotado de um senso de humor inteligente e mordaz, era grande conta-dor de histórias e casos engraçados e usava muito bem isso nos shows. Quando trabalhamos juntos, eu sempre insistia para ele ficar um tempo sozinho em cena contando seus famosos casos e fazendo piada com as-suntos que envolviam a sua própria vida. A plateia se divertia. Era um sucesso. Contava ele que, quando minha mãe morreu, os jornais e revistas estamparam nas primeiras páginas a fotografia dela. O país inteiro chorava, as pessoas muito emocionadas com o fim de um sofrimento de meses. Ele estava parado na frente de uma banca quando foi abordado por um estranho: “Pois é, seu Herivelto, que tristeza! Já foi o Nilo Chagas, agora está indo dona Dalva, só falta o senhor!”. Outra das suas histórias, que mostram a ingenuidade de certa parte do público, se passou no falecimento de Pixinguinha. Herivelto levava uma das alças do caixão junto com outros artistas, boêmios e companheiros queridos. Uma multidão seguia o cortejo. Perto da cova onde Pixinguinha ia ser enterrado, ele escondeu o rosto no braço e chorou, enquanto o povo todo, naquela contrição e dor, começava a cantar “Carinhoso”: Meu coração Não sei por que Bate feliz Quando te vê… Eis que de repente, a seu lado, alguém iniciou o seguinte papo com meu pai: “Veja só, seu Herivelto, que maravilha de homenagem! Pode deixar, fique certo que, quando for a sua vez, nós haveremos de cantar ‘Ave Maria no morro’”. Uma história engraçada, que acabou virando música, é a de Bené Nunes, grande pi-anista. Ele vivia com Oracina Correa e não saíam lá de casa. Chegavam ainda de manhã ao apartamento, por volta das nove horas, iam ficando para o almoço. Continuavam pela tarde afora. Anoitecia, minha mãe convidava para jantar e eles aceitavam . E nada de ir embora. Meu pai, que gostava muito de Bené, acabou fazendo um samba para ele:
Você vem
Você fica e não sai
Você veio tão cedo
Que até já almoçou
E depois pra fazer companhia
Você foi ficando
E até jantou
Já são sete horas da noite
Você só ensaia sair, mas não sai
Não entende as piadas que eu jogo
Se é por falta de adeus
Até logo, até logo
Se a dor que mora n’alma
No meu rosto se estampasse
Talvez à minha casa
Você nunca mais voltasse
Você é um castigo, e castigo eu não mereço
Pelo amor de Deus Esquece o meu endereço!
Bené ria muito toda vez que meu pai cantava o samba, principalmente quando Herivelto fingia que chorava ao dizer o finalzinho da música:
Pelo amor de Deus / Esquece o meu endereço!
Uma das primeiras músicas que meu pai compôs, ainda morando no Morro de São Carlos, tem uma história bem pitoresca. Foi feita por encomenda de um bloco carnavalesco do morro. Estamos falando de 1934, quando edição musical era apenas um sonho do artista. Era música para ser cantada no Carnaval, falando dos bondes e motorneiros, do meio de transporte da época. Tinha apenas a primeira parte composta:
Seu condutor din-din
Seu condutor din-din
Pare o bonde pra saltar o meu amor
Seu condutor…
Alvarenga, companheiro de Ranchinho, ouviu a música e se apaixonou por ela. Então chegou perto do meu pai e pediu: “Herivelto, o Ranchinho e eu vamos gravar um novo disco e quero incluir ‘Seu condutor’. Você me dá a música?”. “Claro, Alvarenga, é um prazer, é sua!” O tempo de Carnaval chegou e com ele o disco da dupla Alvarenga e Ranchinho. Só que com uma segunda parte que Herivelto não compusera. Ele entrou numa loja, pegou o disco, e qual não foi sua surpresa ao ver que seu nome não constava do selo como compositor. Procurou Alvarenga, mas ele não quis falar com meu pai. Indignado, Herivelto contratou um advogado e foram para o tribunal decidir a questão. Quando o juiz perguntou a Alvarenga se a música tinha sido composta por Herivelto, ele respondeu no ato: “Claro que sim!”. E o juiz: “Mas como é que você só colocou o seu nome no selo do disco, esquecendo o autor verdadeiro?”. “Mas, senhor juiz, eu gostei da música, pedi então pro Herivelto que me desse e ele me deu. Ora, deu, tá dado.” Meu pai riu muito de toda essa confusão. Mas não abriu mão de ter seu nome no disco como parceiro de Alvarenga.
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“parti-me para o vosso amor/que tem tantas direções/e em nenhuma se define/mas em todas se resume”. Para interpretar ao poeta – o dono dos versos – ninguém melhor do que ele próprio. No entanto, Carlos Drummond de Andrade teve sua escrita transformada não apenas na cabeça e coração dos leitores, como também através da música e do cinema. Sete faces que se transmudam em outras na obra daquele que tinha uma palavra de sua predileção: “taciturno”.
"As Sem Razões do Amor"
Revelado em 1978 por Fafá de Belém, que gravou sua canção canção Se Eu Disser quando ele ainda assinava com o sobrenome Mucci, Tunai teve seu estouro real como compositor no ano seguinte, quando Elis Regina interpretou a cortante As Aparências Enganam, no clássico LP Elis, Essa Mulher. Daí até meados dos anos 80, ele foi figurinha fácil nos discos de Simone, Gal Costa e outros grandes intérpretes da MPB. Também fez carreira solo, conseguindo emplacar dois hits, Frisson (regravada este ano por Elba Ramalho) e Sintonia. Depois, desapareceu da mídia. Em seu primeiro álbum ao vivo, ele revê seus dois referidos sucessos, todas as suas canções mais conhecidas, como Eternamente, Olhos do Coração, Só de Amor, Olhos Negros, além da citada As Aparências Enganam e da faixa-título, Certas Canções, parceria com Milton Nascimento, imortalizada por Bituca em 1982. Tunai também registrou uma versão para The Boxer, de Paul Simon, clássico da dupla Simon & Garfunkel. Além das 15 faixas gravadas ao vivo, com acompanhamento de voz e violão, há duas inéditas de estúdio, com direito a acompanhamento de banda, e duas participações, como a de seu irmão João Bosco (Lobos do Mar, parceria com Márcio Borges) e a do compadre Milton Nascimento (As Sem Razões do Amor, sobre versos de Carlos Drummond de Andrade). Tunai não é o melhor intérprete de suas canções. Inclusive, sua voz está lembrando um pouco as de Guilherme Arantes e Ivan Lins. Mesmo assim, é um disco que vale pela qualidade do repertório. (Rodrigo Faour)
Um dos maiores sambistas da história da música popular brasileira tem histórias das mais diversas a serem registradas. Nelson Antonio da Silva nasceu na Rua Mariz e Barros, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1911. Aos 20 anos casa-se obrigado com Alice Ferreira Neves, sua primeira companheira, com quem teve quatro filhos. Para garantir o sustento, o pai, Brás Antônio da Silva, falsificou a identidade e filho Nelson para 21 anos e arrumou para ele ser cavalariano da Polícia Militar. Mas, como policial, Nelson continuaria a ser ótimo boêmio. Há diversos e divertidos relatos a respeito de sua passagem pela Polícia Militar. Dizem, por exemplo, que em uma noite de farra na Mangueira, onde fazia a ronda, Nelson perdeu o próprio cavalo. Ao voltar ao quartel, o cavalo estava lá comendo sua ração. Desse modo indisciplinado, era impossível seguir carreira militar, o que acabou o afastando da pretensa carreira, oportunizando-o dedicar-se à boemia de modo mais intenso. No entanto para viver essa condição era preciso recursos (inexistentes devido a sua saída da polícia). A alternativa era vender seus sambas para obter alguns recursos. O que as pessoas não sabiam era que Nelson era capaz de vender a mesma composição para diversos parceiros na maior cara dura como relataria por exemplo, o parceiro Milton Amaral. Segundo ele, quando foi a editora para assinar o contrato, constatou que já era o 16º autor da mesma música. Nelson já havia vendido o samba no mínimo 14 vezes. Impossível não ser descoberto com tamanha cara de pau. É por essa razão que Cartola nunca quis fazer uma música com Nelson apesar de serem extremamente ligados. Cartola tinha medo de não saber quantos parceiros viria a ter depois do samba pronto.
Há outros fatos interessantes envolvendo Nelson e a bebida. Boêmio inveterado, Nelson tinha por hábito passar dias e dias sem dar notícias em farras, como ninguém sabia o paradeiro dele e os meios de comunicação na década de 1940 ainda estavam engatinhando, certa vez, depois de passar três dias fora de casa, ao voltar descobriu que sua mãe havia morrido e já tinha sido enterrada. Vale salientar que estes dias em que se dedicava à bebida também eram regados com muita música e parcerias que renderam ao músico além da ingestão das mais distintas bebidas alcoólicas, a inspiração para que o músico carioca produzisse. Uma outra passagem na biografia do compositor carioca envolvendo bebida, se deu quando o artista recebeu um cachê por uma de suas apresentações. Ao chegar no bar após a sua apresentação madrugada adentro, o proprietário do bar sabendo que se atendesse a Nelson não teria hora pra fechar o estabelecimento foi logo dizendo: "- Nelson, infelizmente eu já estou fechando daqui a pouquinho". Sabendo que não encontraria mais lugar nenhum para comprar seu "combustível", o autor de clássicos da MPB fez a seguinte proposta: "Por quanto você me vende duas garrafas de aguardente, quatro cadeiras, uma mesa e uma grade de cerveja?". Após a negociação o cantor e compositor acabou fechando negócio ficando na frente do estabelecimento por todo o resto da madrugada e início da manhã. No outro dia, quando o dono do bar voltou para abrir o estabelecimento, lá estava Nelson e seus amigo de copo firmes e forte. Pelo o que se ver, a relação do artista e a bebida rendeu, além de grandes canções que caíram no gosto popular e tornaram-se clássicas a partir de distintas gravações, histórias engraçadas
“parti-me para o vosso amor/que tem tantas direções/e em nenhuma se define/mas em todas se resume”. Para interpretar ao poeta – o dono dos versos – ninguém melhor do que ele próprio. No entanto, Carlos Drummond de Andrade teve sua escrita transformada não apenas na cabeça e coração dos leitores, como também através da música e do cinema. Sete faces que se transmudam em outras na obra daquele que tinha uma palavra de sua predileção: “taciturno”.
“As Várias Caras de Drummond” (2004)
Um ano antes de dar início à série de desaparecimentos que marcaram os últimos anos de sua trajetória, o compositor e cantor Belchior concretizou um de seus projetos mais ambiciosos. “As Várias Caras de Drummond”, lançado em 2004, é fruto do empenho do músico em criar melodias para nada menos do que 31 poemas de Carlos Drummond de Andrade, em que se misturam obras conhecidas, casos de “Sentimental” e “No Banco de Jardim”, com outras menos propagadas, como “Liquidação” e “Lanterna Mágica”. Nos últimos tempos, Belchior se dedicava a projeto parecido com a obra de Dante Alighieri.
MULHERES CANTORAS E COMPOSITORAS DE PERNAMBUCO – NENA QUEIROGA
Nena Queiroga: carnaval na veia; música da cabeça aos pés
Quando iniciei esta série, pensava em reunir 10 grandes nomes de cantoras e compositoras de Pernambuco, mesmo que nascidas em outros estados.
Tal qual a mineira Irah Caldeira – ultima crônica – agora trago Nena Queiroga, que nasceu fora – no Rio -, mas é pernambucana por adoção e na formalidade do título de cidadã.
Também me trouxe grande satisfação as sugestões do público, que como se diz, teve participação interativa. Exemplo: Lia de Itamaracá, foi sugestão caseira, de minha revisora, E.Podolski. Agora trago Nena, por indicação de minha fiel leitora, a querida Rejane Ferreira.
O engraçado é que estes dois nomes estariam obrigatoriamente em qualquer lista com este tema, mas havia passado batido.
Esta integração é a melhor resposta que se pode ter quando nos metemos a criar temáticas, como diria o amigo Bruno Negromonte.
Mas vamos a Nena: Maria Consuelo Gama de Queiroga nasceu no Rio de Janeiro, junho de 1967 e é considerada a “rainha do Carnaval de Pernambuco”.
Duda no Frevo, de Senô, com Nena, só no gogó
Nena Queiroga – Por-pourri de Frevos de Bloco
Em fevereiro de 2014, gravou seu primeiro DVD “Pernambuco para o mundo”, evento que reuniu público de 60 mil pessoas no Cais da Alfândega, no Recife antigo.
O show contou com os convidados especiais: Ivete Sangalo, Maria Gadú, Lenine, Elba Ramalho, Luiza Possi, André Rio, Ed Carlos, Gustavo Travassos, Maestro Forró, Maestro Spok, Ylana Queiroga, coral Edgard Moraes e Orquestra dos Prazeres.
Além de músicas do Carnaval, Nena tem uma grande inserção na música interiorana, São João, xotes, forrós e baiões.
Seu primeiro CD, “Xotes e Forrós”, levou-a para a final do “Prêmio Tim de Música Brasileira 2006”, competindo com álbuns de Ivete Sangalo e Daniela Mercury.
Nena é mãe de Ylana Queiroga, cantora e compositora, e de Yuri Queiroga, músico guitarrista, arranjador e produtor musical premiado com trabalhos de álbuns de artistas como Elba Ramalho, Lula Queiroga e outros.
Desse fruto vieram os netos, Bento Queiroga, Tomé Queiroga filhos de Ylana e Flora, filha de Yuri.
Frevos do Galo da Madrugada, com Nena Queiroga
Segundo a própria cantora, sua maior realização de vida além de ser artista, mãe e vó, é poder ter parte de seu tempo dedicado a trabalhos sociais, além de participar com frequência de shows e eventos beneficentes.
Nena tem seus próprios projetos e, há bastante tempo, promove eventos que arrecada renda pras duas instituições que ela adotou e faz parte “Creche Manoel Quintão – Olinda/PE” e “Projeto Sertânia sem fome – Sertânia/PE”.
Em 2016, Nena foi convida pela amiga Ivete Sangalo para puxar seu trio no tradicional “Arrastão” na Quarta de Cinzas que encerra o carnaval de Salvador – BA. Foi um marco – rompendo assim, a questão de rivalidade nas cidades carnavalescas de uma vez por todas.
(Infelizmente neste dia, Ivete passou mal, e por motivos de doença não conseguiu cumprir o evento e Nena juntamente com outros artistas comandaram o trio da cantora por ela).
Este articulista lembra que, no sentindo inverso, Moraes Moreira também fez um link bem produtivo com o carnaval pernambucano.
Sobre a execução do "Corta-Jaca", composição de Chiquinha Gonzaga, no Palácio do Catete, o senador Rui Barbosa se pronunciou publicamente sobre o caso: "aqueles que deviam dar ao país o exemplo das boas maneiras mais distintas e dos costumes mais reservados elevaram o corta-jaca à altura de uma instituição social". A repercussão foi tamanha que o governo do presidente Hermes da Fonseca foi apelidado de "Corta-Jaca".
“parti-me para o vosso amor/que tem tantas direções/e em nenhuma se define/mas em todas se resume”. Para interpretar ao poeta – o dono dos versos – ninguém melhor do que ele próprio. No entanto, Carlos Drummond de Andrade teve sua escrita transformada não apenas na cabeça e coração dos leitores, como também através da música e do cinema. Sete faces que se transmudam em outras na obra daquele que tinha uma palavra de sua predileção: “taciturno”.
“O Mundo É Grande” (2002)
Para celebrar o centenário de nascimento do poeta itabirano, o ator, cantor e apresentador mineiro Thelmo Lins produziu, em 2002, um álbum em homenagem à obra de Drummond, sob a alcunha “Thelmo Lins Canta Drummond”. Com várias participações especiais, o trabalho apresentou poemas musicados por José Miguel Wisnik (“Anoitecer”), Joyce (“Cadeira de Balanço”), Belchior (“Volta”), Milton Nascimento (“O Deus de Cada Homem”), Francis Hime (“Inaugura-se o Retrato”) e Sueli Costa, na faixa que foi o grande destaque do disco pela presença de Maria Bethânia em “O Mundo É Grande”, dos versos: “O amor é grande e cabe/no breve espaço de beijar”.
Do alto, os olhos da montanha a tudo contemplam. Desse templo altaneiro, vizinho do céu, junto de um campo azul às vezes florido de estrelas, aqueles olhos que a tudo presenciam, das impurezas que o homem tenta impor às belezas que lhe são impossíveis destruir, a montanha espia o mundo. Dali, perto de Deus, assiste a um jogo de perde-e-ganha dos homens em que estes sempre perdem mas que, um dia, haverão de aprender a ganhar, porque é de todos o céu, o ar e o azul do mar. Que venham todos ao topo da montanha para, como os olhos desta, gozarem da cor do tempo, da alegria do bem enxergar, do prazer que só a paz das montanhas é possível transmitir. E que o jogo da vida se transforme num ganha-ganha, sempre.
“parti-me para o vosso amor/que tem tantas direções/e em nenhuma se define/mas em todas se resume”. Para interpretar ao poeta – o dono dos versos – ninguém melhor do que ele próprio. No entanto, Carlos Drummond de Andrade teve sua escrita transformada não apenas na cabeça e coração dos leitores, como também através da música e do cinema. Sete faces que se transmudam em outras na obra daquele que tinha uma palavra de sua predileção: “taciturno”.
“No Exemplar de um Velho Livro” (1982)
Um dos orgulhos do inventivo e inclassificável Walter Franco foi ter recebido a aprovação do próprio Drummond quando musicou, em 1982, os versos de “No Exemplar de um Velho Livro”, para seu disco lançado no mesmo ano e intitulado apenas “Walter Franco”. Publicado pelo autor mineiro em 1954, no livro “Fazendeiro do Ar”, o poema marca o estilo conciso e sintético de Drummond sem, contudo, dispensar a alta gama de possibilidades estéticas e interpretativas da obra, fundada numa visão existencialista do mundo, de que serve de exemplo os versos: “e um grave sentimento/que hoje, varão maduro,/não punge, e me atormento”.
"Choro que o próprio Almirante lançou em disco, em 1938. É uma de suas melhores interpretações, e chega-se até a pensar que o cantor vai perder o fôlego!" (Samuel Machado Filho)
Canção: Tudo Em Pê (Tudo Em P)
Composição: Jorge Nóbrega - Ângelo Delatré
Intérprete - Almirante
Ano - 1956
LP - Almirante - a Maior Patente do Rádio - Sinter
* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 10.000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).