“A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.”
Carlos Drummond de Andrade
“parti-me para o vosso amor/que tem tantas direções/e em nenhuma se define/mas em todas se resume”. Para interpretar ao poeta – o dono dos versos – ninguém melhor do que ele próprio. No entanto, Carlos Drummond de Andrade teve sua escrita transformada não apenas na cabeça e coração dos leitores, como também através da música e do cinema. Sete faces que se transmudam em outras na obra daquele que tinha uma palavra de sua predileção: “taciturno”.
“O Chão É Cama” (2008)
Leitora devota de Drummond, a cantora e compositora Fátima Guedes hesitou até colocar melodia numa criação do ídolo. “Foi uma ousadia tanto da minha parte quanto dele, que neste poema atiça um lado sensual, como um mantra”, declarou. Extraído do livro “O Amor Natural” – lançado postumamente em 1992 numa reunião de poemas eróticos que Drummond recusou-se a lançar em vida – “O Chão É Cama” abriu, em 2008, a inédita parceria entre Fátima e o poeta, e foi registrada com o violonista Renato Braz numa versão disponível no YouTube mas, até o momento, não faz parte de nenhum disco, já que o último registro fonográfico da intérprete aconteceu em 2006.
Fonte: Esquinas Musicais
Nenhum comentário:
Postar um comentário