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sexta-feira, 7 de julho de 2017

CANÇÕES DE XICO


HEINZ

Heinz. Esse é seu nome e nem sei como se pronuncia. Mas foi assim que ele escreveu no seu cartão de visita. Ele faz entregas, compras, pagamentos, serviços de encanamento e eletricidade, além de também ser guia turístico, quando demandado. Ocasionalmente, pega o violão ou o teclado e vira músico nas horas vagas, se é que as tem. O que me chamou a atenção em Heinz foi sua história de vida. Nasceu em Frankfurt e um belo dia, há 13 anos, veio passear em Porto de Galinhas. Até hoje. Indaguei-lhe se neste período ele tinha voltado à Alemanha e ele me disse: – Graças a Deus, não. E nem volto. E por lá, fiquei sabendo, tem família, amigos e tudo mais. No seu guarda-roupa alemão, confessou-me, de mais de três metros, tinha muita roupa, sapatos, agasalhos e outros apetrechos. No seu humilde barraco em Nossa Senhora do Ó, no armário de apenas 1 metro de largura, nada mais tem que sandália, bermudas e camisetas. Casou com uma moreninha, separou, mas já está de namorico com outra. Moreninha, claro. Perguntei-lhe o preço da mão-de-obra de instalação de 2 aparelhos de ar condicionado em minha casinha, em Porto de Galinhas. Ele disse-me e eu paguei. Pensei em perguntar-lhe o preço da felicidade. Não o fiz. Ele não saberia calcular. Aliás, nem o Heinz, nem eu, nem ninguém.

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