José Bispo Clementino dos Santos (Jamelão)
* 12/5/1913 Rio de Janeiro, RJ
+ 14/6/2008 Rio de Janeiro, RJ
Nascido no bairro de São Cristóvão, começou a ganhar a vida aos nove anos como pequeno jornaleiro. Ganhou o apelido de Jamelão na gafieira Jardim do Meyer, um dos muitos endereços de seu aprendizado de crooner.
Foi levado à Mangueira pelo lendário compositor Gradim, amigo de Cartola e Carlos Cachaça, apesar de ter iniciado a trajetória de sambista acompanhando a mãe, Dona Benvinda, que saía na Escola Deixa Malhar, no Engenho Novo. Trabalhou como operário antes de começar a cantar em gafieiras.
Entrou para o rádio como calouro em programas de auditório e acabou contratado no final da década de 40 pela extinta Rádio Clube do Brasil.
Foi crooner da famosa Orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, e construiu uma sólida carreira em discos, gravando sambas dos maiores nomes da era de ouro da música popular brasileira.
Mas foi como cantor de sambas-canção e intérprete de Lupicínio Rodrigues que ele se consagrou junto ao público e à crítica.
“É o cantor que expressa melhor o desespero que eu procuro colocar em algumas letras”, dizia Lupicínio.
Do compositor gaúcho ele gravou sucessos como "Ela disse-me assim" e "Esses moços". E tantos outros bem como imortalizou também clássicos de outros grandes compositores.
“Ela disse-me assim”
“Esses moços, pobres moços”
Apesar de grande intérprete de sambas-canção, talvez o maior de todos, Jamelão ficou muito popular como puxador de samba (intérprete! intérprete!) da Mangueira, função que exerceu por quase 60 anos.
Faleceu aos 95 anos vítima de infecção generalizada na Clínica Pinheiro Machado, onde estava internado, no Rio de Janeiro.
Seu corpo foi velado na quadra da Escola de samba Estação Primeira de Mangueira, sendo seu caixão coberto pelas bandeiras da Mangueira e do Vasco da Gama, e sepultado no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
No livro “ABC do Sérgio Cabral – um desfile dos craques da MPB”, o “H” é de Historinhas. Entre várias (ilustradas pelo genial Nássara) destaco a do Jamelão.
O grande cantor da Mangueira, Jamelão, se tiver um momento de folga, não perde tempo: dorme. Ele dorme até numa roda de partido alto, enquanto aguarda a hora de cantar seus versos.
No auge da Rádio Nacional, quando a emissora possuía a maior e melhor orquestra do Brasil, Radamés Gnattali preparou um grande arranjo para a música “Folha morta” (Ary Barroso), grande sucesso na época de Jamelão. Programa no ar, o apresentador anuncia:
- Jamelão!
O cantor entrou, postou-se em frente ao microfone, e a orquestra atacou a introdução. Era uma introdução longa, meio sobre a sinfônica, enorme. Jamelão, em pé, dormiu junto ao microfone. No momento exato em que ele deveria cantar, catucou-o e chamou-o:
- Jamelão”
E ele começou a cantar:
“Mangueira
Teu cenário é uma beleza”.
Assim como Chico Buarque, Beth Carvalho e tantos outros, também aplaudimos o talento de Jamelão e sua importância para a Música Popular Brasileira.
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Fonte:
- Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
- Veja / Blog Passarela / Júlio César de Barros.
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