O fotógrafo, Antonio Guerreiro, cuja familia era de Madri mas ele, nascido por acaso, em Lisboa, Portugal, tornou-se carioca ao vir para o Rio de Janeiro, aos cinco anos de idade, acompanhando o pai empresário que decidiu imigrar no Brasil - comemora 70 anos de idade e 50 anos de profissão com a estreia da exposição “Meninas do Rio”, dia 2 de maio, às 19h, e ficará em cartaz até o dia 10/06, no bar Lagoa (Av. Epitácio Pessoa, 1674 Lagoa. Tel. 21 – 2523 1135).
Em seguida, a mostra será exibida em várias capitais: Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. A exposição, em preto e branco, vai mostrar 50 fotos de mulheres, que fizeram História nas artes, na cultura e na sociedade. Nascidas cariocas ou por adoção - como ele - cada uma representando um ano de profissão: Gal Costa, Maria Bethânia, Maysa, etc.
Tornou-se uma griffe, uma inegável referência de um estilo genuinamente brasileiro. Guerreiro captura da beleza num instante único e que hoje é substituída pelos Photoshoping. Antonio Guerreiro conseguiu registrar, além da beleza e da moda, aspectos políticos da história do país, quando durante o regime militar, fotografou a capa do álbum “Índia”, de Gal Costa. Um close frontal da cantora vestida de índia com um biquíni, e os seios nus. A censura vetou a exposição da capa e o disco foi vendido nas lojas dentro de um plástico opaco, escondendo as fotos. Guerreiro fez dezenas de capas de Lps e discos de cantores brasileiros: Maysa, Gonzaguinha, Gal Costa, Jorge Benjor, Nelson Gonçalves, Caetano Veloso, dentre tantos, e também inúmeras capas de revistas.
Antonio Guerreiro tornou-se uma celebridade no meio artístico se transformando no fotografo mais famoso do Brasil e ao contrário dos paparazzi, todas as celebridades queriam ser fotografadas (os) por ele. Antecedendo um fenômeno de hoje, em que vivenciamos a era das celebridades, Guerreiro, nos anos 1970 a 1990, registrou todo o glamour da fama, em especial o universo feminino, onde também viveu os seus amores, foi casado com as atrizes: Sonia Braga e Sandra Brea. Trabalhou nos jornais, Correio da Manhã, O Pasquim, Jornal do Brasil e nas revistas Playboy, Manchete, Status, Realidade e Interview.
As imagens capturadas pelo fotógrafo ao longo de seus 50 anos de carreira e em momentos em que se construía parte de nossa História; na imprensa, no teatro, na televisão, na música, o coloca como um nome que deve ser respeitado e lembrado por pesquisadores e estudantes. Seu acervo fotógrafo é fundamental importância para a compreensão da construção cultural do Brasil.
Foi também um craque nos editoriais de moda para revistas como Manchete, Playboy e Realidade. São os seus primeiros trabalhos na área da moda: as fotos de roupas e lojas, que saem pequeninas, em P&B, verdadeiros embriões dos editoriais que causariam impacto no setor. Não é nenhum exagero afirmar que, nessa época, Antonio Guerreiro revoluciona os editoriais de moda brasileiros. Em contraste com os editoriais convencionais, que geravam imagens plácidas, estéticas e pasteurizadas, com grande influência européia, Guerreiro passa a imprimir um movimento ao corpo das modelos, a revelar a sensualidade das brasileiras e o colorido exuberante do nosso país tropical.
Sua atuação não se restringiu ao Brasil, Antonio Guerreiro dirigiu o estúdio de moda da revista Manchete em Paris, O estúdio eram fotografadas todas as coleções francesas de moda antes dos seus lançamentos oficiais. A diretora do estúdio parisiense, Mariah Sroulevich, atual Bourgeois, tinha sido a primeira manequim de Pierre Cardin e possuía trânsito livre com todos os nomes da alta costura, entre eles Ungaro, Féraud e Dior, além do próprio Cardin.
Guerreiro fica em Paris um ano e meio, trazendo ao Brasil, em primeiríssima mão, os lançamentos dos grandes estilistas franceses. Quando volta ao Brasil, Guerreiro monta no Rio de Janeiro o maior e mais bem equipado estúdio fotográfico da época e passa a assinar os editoriais de moda e turismo.O estúdio torna-se o centro de gravitação da TV Globo, das agências de publicidade e das gravadoras que encomendam capas de disco, além da encomendas da Vogue.
O trabalho deste renomado artista cujo acervo pessoal possui aproximadamente 1 milhão de fotos de personalidades, intelectuais, artistas, políticos que fazem parte historia da cultura brasileira e que tem que ser referência para as novas gerações. Afinal a memória artística brasileira passa pelo trabalho do referido fotografo.
Diante da importância da obra do fotógrafo Antonio Guerreiro, jamais registrada em livro, dentro das comemorações dos festejos pelo seu meio século de carreira, um projeto irá lançar a publicação de sua obra com previsão para o segundo semestre de 2017.
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