Filho de João Henrique Pessoa de Miranda, executante de bandolim, violão e piano, e de Amélia Bezerra da Silveira Miranda. Teve 10 irmãos também instrumentistas, com os quais o pai organizou uma orquestra caseira. Começou a ter contato com o bandolim aos oito anos de idade. Sua primeira composição data de 1919, um frevo. No ano seguinte, organizou a orquestra Jazz Leão do Norte, integrada por nove músicos, onde tocava piano. O grupo apresentava-se na confeitaria "A Glória", de Recife. Sempre foi considerado, em vida, um virtuose do instrumento, mantendo, por isso mesmo, uma certa rivalidade com Jacob do Bandolim, o que por sinal, ficaria evidenciado em seu depoimento ao Museu da Imagem e do Som - MIS, que mereceu resposta enfurecida do rival, em outro depoimento, feito a seguir.
Em 1926, passou a integrar o conjunto Turunas da Mauricéia, grupo formado pelos irmãos João (bandolim) e Romualdo Miranda (violão), por Manoel de Lima (violão) e João Frazão (violão), além do cantor Augusto Calheiros. O nome Turunas da Mauricéia foi escolhido por sugestão do historiador Mário Melo, em lembrança aos tempos do domínio holandês e do governo de Maurício de Nassau. Em 1927, os Turunas chegavam ao Rio de Janeiro, mas ele somente veio reunir-se ao grupo alguns meses depois. Cantavam emboladas, cocos, ritmos até então desconhecidos na cidade, e trajavam roupas sertanejas, com chapéus de abas largas erguidas na frente, onde se podia ler: "Guajurema", "Riachão", "Periquito" e "Patativa do Norte". No final de 1927, gravaram 20 músicas para a Odeon, sendo três de sua autoria e Augusto Calheiros: os sambas "Pinião" e "O pequeno Tururu" e a canção "Belezas do sertão".
Note-se que "Pinião", uma embolada foi lançada como sendo samba. Nesse mesmo ano, animado com o sucesso dos Turunas, organizou em Recife um novo conjunto: Voz do Sertão, no qual tocava bandolim e era integrado por Meira (violão), José Ferreira (cavaquinho), Robson Florence e o cantor de emboladas Minona Carneiro e, pouco depois, Romualdo. Em 1928, a embolada "Pinião", de sua autoria e Augusto Calheiros, que integrava o repertório dos Turunas, foi cantada em toda a cidade, constituindo-se em grande sucesso do carnaval daquele ano. Transferiu-se então para o Rio de Janeiro, onde conheceu o violonista Tute, de quem o conjunto gravou "Pra frente é que se anda" e "Alma coração", valsa que obteve grande sucesso, tendo sido regravada posteriormente.
Ainda em 1928, o grupo Voz do Sertão lançou pela Odeon seis composições de sua autoria: o fox "Primoroso", a valsa-choro "Lindete", os sambas "Sacode a saia morena", "Samba da meia-noite" e "Sertão do Surubim" e a embolada "Minas Gerais", as quatro últimas com Minona Carneiro. Nesse mesmo ano, outras composições suas como a valsa "Alma do sertão", a marcha "Lúcia" e o choro "A farra o Olegário" foram gravadas pelo grupo Voz do Sertão. Também nesse ano, fez suas primeiras gravações solo: ao bandolim o choro "Lá vai madeira" e o fox-trote "Barulhento" e ao cavaquinho o fox-trote "Moto contínuo" e os choros ""O caboclo alegre" e "Rigoroso", todas de sua autoria.
Em 1929, gravou ao bandolim o choro "Lá vem a lua", de sua autoria. No mesmo ano teve gravados o choro "Seu Nelson esse é seu", pelo Grupo Alma do Norte, criado por ele nesse ano, e o samba "Xô-Xô", por Patrício Teixeira, ambos na Odeon. Em 1930, gravou ao bandolim o charleston "Gozado", a valsa "Risonha", o choro "Me deixa em paz" e o choro-serenata "Ao luar", todas de sua autoria. No mesmo período, Manoel Lino gravou as emboladas "Macaco saruê" e "Manda virá" e o samba "Pisa pilão", de parceria dos dois e Patrício Teixeira, o samba "Arranca a casaca". Na Parlophon, Almirante gravou o samba "Vaca maiada", parceria com Manoel Lino, e o repinicado "Só...papo", parceria com Brant Horta, sendo que nesta última, ele mesmo tomou parte juntamente com o Bando de Tangarás. No ano seguinte, Manoel Lino gravou a toada "Solta o gado" e a embolada "Minha pareia", parceria dos dois, Francisco Sena a embolada "Mulata boa" , parceria com o próprio Sena, e Aracy Cortes a marcha "Cada macaco no seu galho", com Osvaldo Santiago.
Também em 1931, Francisco Alves gravou o samba "Padece", com João de Barros, a marcha "Frevo pernambucano" e a marcha-rancho "A vida é boa", parcerias com Osvaldo Santiago. Nesse ano, gravou ao bandolim a rancheira "Bela gaúcha" e a valsa "Quando me lembro", e ao cavaquinho o ragtime "Um beijinho de você" e a valsa "Caprichos". Apresentou-se nesse ano com Carmen Miranda, Mário Reis, Francisco Alves, Tute, entre outros, na Rádio El Mundo de Buenos Aires. Em 1932, gravou os choros "Não há nada" e "Cafuço brincando", de sua autoria. Em 1933, Manoel Lino gravou a embolada "Taco no taco", parceria dos dois e a toada "Cadê meu pinto", com Gaspar Murtinho. Nesse mesmo ano, passou a gravar na Victor e lançou ao bandolim a valsa "Alma em delírio" e o choro "Vamos dançar", de sua autoria. Em 1934, gravou os choros "Segura o dedo", de sua autoria e "Carinhos" e "Naquele tempo", de Pixinguinha, e a valsa "Fala, coração", de sua autoria. No mesmo ano, acompanhou ao bandolim, com Tute e Pereira Filho nos violões, a gravação da modinha "Não sei..." e da valsa "Romance", registradas por Francsico Alves. Participou ainda das gravações de Noel Rosa no primeiro registro de "Com que roupa?" e do samba "Se você jurar", interpretado por Mário Reis e Francisco Alves.
A partir de 1936, passou a atuar na Rádio Mayrink Veiga. Nesse ano, gravou ao bandolim o choro "Pra quem gosta de nós" e a valsa "Foi um sonho", de sua autoria. Por essa época, quando os integrantes do conjunto Alma do Norte voltaram a Recife, constituiu seu próprio regional. Como integrante de regional, acompanhou os grandes artistas da época, em diversas gravações na Odeon. Na primeira delas, acompanhou Carmen Miranda na gravação da marcha "Como "vais" vancê?" e no batuque "No tabuleiro da baiana", as duas de Ary Barroso. Em 1938, acompanhou com seu regional a Jararaca, Zé do Bambo e Augusto Calheiros no rojão "Do pilá" e "Engenho moedô" e a Ratinho na valsa "Não me compreeneste..." e no choro "Sempre o mesmo". Em 1940, gravou o choro "A vida assim é melhor" e a valsa "Zoé", de sua autoria.
A partir de 1936, passou a atuar na Rádio Mayrink Veiga. Nesse ano, gravou ao bandolim o choro "Pra quem gosta de nós" e a valsa "Foi um sonho", de sua autoria. Por essa época, quando os integrantes do conjunto Alma do Norte voltaram a Recife, constituiu seu próprio regional. Como integrante de regional, acompanhou os grandes artistas da época, em diversas gravações na Odeon. Na primeira delas, acompanhou Carmen Miranda na gravação da marcha "Como "vais" vancê?" e no batuque "No tabuleiro da baiana", as duas de Ary Barroso. Em 1938, acompanhou com seu regional a Jararaca, Zé do Bambo e Augusto Calheiros no rojão "Do pilá" e "Engenho moedô" e a Ratinho na valsa "Não me compreeneste..." e no choro "Sempre o mesmo". Em 1940, gravou o choro "A vida assim é melhor" e a valsa "Zoé", de sua autoria.
Em 1945, transferiu-se para a Rádio Nacional. No mesmo ano, gravou na Continental a valsa "Eu te amo", de sua autoria. No ano seguinte, voltou a Recife onde permaneceu até 1955, ano em que reintegrou o elenco da Rádio Nacional do Rio de Janeiro da qual se aposentou em 1973. Na década de 1950, viajou para apresentação na Alemanha. Em 1956, gravou seu primeiro LP para a Sinter. Em 1957, participou do LP "Tarde dançante nº 2" lançado pela Sinter e que contou ainda com as participações de Pedroca, José Menezes, Irany Pinto, Walter Gonçalves, Silva Leite, Britinho, Juca do Acordeom e Eduardo Patané. Nesse disco, interpretou ao bandolim o choro "Picadinho à baiana", de sua autoria.
No Rio de Janeiro, fundou a Academia de Música Luperce Miranda, especializada em instrumentos de corda, tendo sido o primeiro músico a receber o título de Bacharel da Música Popular Brasileira, criado por Ricardo Cravo Albin para distinguir os grandes nomes da MPB e conferido pelo MIS em 1970. Neste mesmo ano, o próprio diretor do MIS, Ricardo Cravo Albin, produziu o LP que marcou a sua volta ao cenário artístico, intitulado "Luperce Miranda de ontem e sempre". Na ocasião, foi lançado um outro LP no qual interpretava choros e valsas de Anacleto de Medeiros, Zequinha de Abreu, Pixinguinha, Orestes Barbosa etc., onde foi acompanhado por seus filhos num pequeno regional. Em 1971, lançou o LP "Luperce Miranda", pela Som.
Em 1995, o bandolinista Pedro Amorim, lançou o CD "Pedro Amorim toca Luperce Miranda". Deixou mais de 500 composições e participou de cerca de 700 gravações. Sobre seu talento, disse o maestro Francisco Braga: "Rapaz, eu o considero o Rei do Bandolim", e ainda Villa-Lobos que lhe declarou certa vez: "Menino, você é um gênio!". Em 2001, foi o grande homenageado na noite inaugural do festival "Chorando no Rio", promovido pelo MIS e transmitido para todo o Brasil pela TV-E diretamente da sala Cecília Meirelles, com apresentação de Ricardo Cravo Albin. Em 2004, foi lançado o livro "Luperce Miranda - O Paganini do bandolim", de Marília Trindade Barboza. Na ocasião foi apresentado show no qual suas obras foram interpretadas pelos bandolinistas Déo Rian, Bruno Rian, Henri, Lentino, Joel Nascimento, Luperce Miranda Filho, Marcílio Lopes e Marco César.
Fonte: Dicionário da MPB
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