Com previsão de lançamento para o fim do ano, 'Líquido' será o segundo disco solo do músico
Por Nathália Pereira
Por Nathália Pereira
Novas experiências estão refletidas nas composições de Tibério Azul
O recifense Tibério Azul está em plena atividade para a conclusão de seu novo álbum solo, Líquido. Com previsão de lançamento para o fim do ano, o disco ganhou, há cerca de três semanas, o primeiro single: a letra de A vida pede mais abraço que razão veio a público justamente no Dia do Abraço, um domingo, 22 de maio, e adianta o clima que deve protagonizar as outras dez canções do sucessor de Bandarra (2011). Líquido será uma celebração aos mergulhos profundos - nas relações com os outros e em si.
"É que a vida pede mais abraço que razão/pro mar dessa vontade corre um rio/que deságua frouxo anda/tudo solto, solto assim" canta Tibério, num momento em que as discussões políticas e sociais andam acirradas, às vezes com muita luta pela palavra e pouco espaço para ouvir. A composição, porém, não é recente, e vai além do apelo pela calmaria dos ânimos. "Desde o Bandarra tenho apurado o discurso sobre mergulhar mais profundamente nas coisas, sobre a ausência de razão. Quando pensei numa música que pudesse adiantar o que está por vir, A vida (...) meio que falou sozinha, trazendo à tona o mergulho no abraço", contou.
Os discos solo de Tibério têm signos, dialogam com os quatro elementos da natureza para a partir deles observar o todo. O primeiro deles conversa com a terra, por isso traz como personagem "um homem com os pés na areia olhando o mundo", afirmou Azul. Em Líquido, por sua vez, o elemento condutor será a água, sugerindo mergulhos, a exemplo do single, e resistência ao excesso de concreto da vida moderna. Intencionalmente, os próximos trabalhos devem abordar as sutilezas do fogo e do ar, completando a quadrilogia pensada pelo artista.
MUITA CALMA
Nos cinco anos que passaram-se entre o lançamento do primeiro álbum e a preparação do segundo, as mudanças trazidas pela vida uniram-se à maturação do ser artista para desenvolver um Tibério mais calmo, silencioso. Nesse meio tempo, além de se apresentar em importantes capitais do país, ele fez shows memoráveis no Recife - do Abril Pro Rock ao Carnaval no Pátio de São Pedro -, foi pai pela primeira vez e trocou a residência na cidade natal pela tranquilidade do bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro.
“Mas Recife nunca vai sair de mim, tenho uma relação muito forte com ela. Nesse quesito sou muito bairrista, tanto que Recife e o Rio Capibaribe estão muito presentes no Líquido. Uma vez Fábio Trummer (da banda Eddie) comentou que não importa o que você faça, será sempre um recifense fazendo, e é verdade.”
O momento agora está sendo de caminhar para unir os detalhes da nova criação. Nessa semana, as músicas ganharão os vocais, que Tibério dividirá com amigos como a cantora Clarice Falcão e o cantor e compositor carioca Pedro Luís. Nos instrumentos, estão os companheiros na Banda Seu Chico, Vítor Araújo (piano) e Vinícius Sarmento (violão), além de Castor Luiz, Zé Manoel e outros tantos parceiros. Com apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), Líquido terá, segundo o músico, canções grandiosas, com letras meticulosas e produções mais complexas. “É a melhor coisa que já fiz”, adiantou ele.
Para a divulgação, a lógica deverá ser a mesma adotada no antecessor. “O CD estará disponível para download na internet, sem dúvidas. Ainda tô matutando sobre o formato físico, que quando vier, terá projeto gráfico de Raul Luna. Também quero apostar num LP, mas é uma ideia para um futuro mais distante”, detalhou.
O lançamento ainda não tem data prevista, mas seguirá o jeito Tibério Azul de ver as coisas, com as artes em sintonia. Antes do nascimento de Líquido, o recifense pretende lançar mais um single e se dedicar a uma turnê em formato pocket, para que reencontre seu público, aos poucos.
“A partir do mês que vem vou fazer essas apresentações pequenas e colaborativas. De início vou ao Recife, São Paulo, Maceió, Curitiba, mas a ideia é criar uma rede de colaboração para chegar a outros lugares. Não quero que minha carreira esteja conectada exclusivamente ao mercado duro que existe hoje”, finalizou.
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