Experimentalistas, os integrantes da banda carioca homenageiam em novo projeto outro alquimista da som, e para isto procuram manter todas as características que lhe são peculiares e que os vem destacando na cena musical comtemporânea.
Por Bruno Negromonte
O ano de 2016 é um ano marcante dentro da música popular brasileira por marcar as sete décadas de vida de diversos nomes que dela fazem parte. Nomes como Alceu Valença, Toquinho, Gal Costa, Aldir Blanc, Maria Bethânia são alguns dos ícones do cancioneiro nacional que alcanaram sete décadas de vida ao longo deste ano. Outro nome que chegou aos setenta anos em 2016 nasceu em Ponte Nova, cidade localizada na zona da mata mineira, mais precisamente no dia 13 de julho de 1946. Sexto filho do casal D. Lilá e Sr. Daniel, João Bosco de Freitas Mucci, aos quatro anos de idade dá início a sua vida artística cantando músicas nas missas de sua paróquia. Seu interesse pela música se intensifica ao ponto de começar a nteressar-se pelos instrumentos existentes em casa, mais precisamente pelo violão da irmã. No início da adolescência, cada dia mais interessado pela música, ganha um violão, e aos doze anos forma seu primeiro conjunto de rock: o “X_GARE”. Aos dezesseis anos muda-se para a cidade Ouro Preto objetivando dar início aos seus estudos e ingressa na escola técnica de mineralogia. No ano seguinte, além de ingressar ingressa no curso de engenharia da Universidade Federal de Ouro Preto (onde se formaria como engenheiro civil em 1972) conhece o poeta Vinicius de Moraes, de quem acaba-se por tormar-se parceiro em algumas canções, dentre elas, "Samba do pouso". Em 1970, conhece Aldir Blanc, aquele que viria a ser o seu mais expressivo parceiro e juntos seriam responsáveis por mais de uma centena de músicas que viriam a ser interpretadas por alguns dos principais nomes da MPB tais quais Elis Regina, Chico Buarque, Cauby Peixoto, Clementina de Jesus entre outros intérpretes ao longo dessas mais de quatro décadas de carreira.
Desde 1972, quando gravou um dos lados do compacto "disco de bolso" (projeto do jornal "O Pasquim", sob a supervisão de Ziraldo e do compositor Sérgio Ricardo), que João Bosco vem acumulando a admiração por uma série da características que o marcam e acabam por credenciá-lo ao panteão dos grandes nomes da música golbal. Ao longo dessas quatro décadas de carreira, inúmeras foram as homenagens prestadas ao artistas das mais diferentes formas tais quais shows, projetos como songbooks e o 23° Prêmio da Música Brasileira em sua homenagem e discos tal qual "Odilê-odilá: Nicolas Krassik interpreta João Bosco", álbum lançado pelo músico francês radicado no Brasil Nicolas Krassik. Hoje, novamente os holofotes voltam-se para este grande cantor, compositor e instrumentista a partir da homenagem prestada por essa banda formada pelos jovens Gustavo Pereira (bandolim, guitarra e vocal), Marcelo Saboya (baixo e vocal) e por Tiago de Souza (bateria). O baterista, Tiago, é mestrando em Musicologia pela UFRJ e foi o primeiro colocado no festival Batuka, em São Paulo e segundo colocado no concurso mundial da marca de baterias MAPEX, realizado na Alemanha em 2011; Já o guitarrista e vocalista Gustavo é graduado em MPB pela Unirio e atua como músico profissional e ator. Por fim, o baixista e também vocalista Marcelo, além de ser professor do CAp UERJ também é graduado em licenciatura em música pela Unirio e participa o bloco do Sargento Pimenta. O encontro destes três gabaritados e talentosos garotos em 2012 acabou por dar vazão ao desejo do trio de fazer música de qualidade, e assim nasceu o trio Casoy, um trio com uma musicalidade cativantemente instigante e original.
O som do grupo resulta da soma dos diversos estilos musicais que constituem a sonoridade de cada um dos integrantes, uma característica que faz-se possível perceber a partir dos arranjos do trio, tecituras sonoras estas que não os fazem cair na vala do senso comum por apresentarem originalidade e robustez. Essa tríade sonora pode ser avaliada a partir de dois contextos: o primeiro enquanto autores e o segundo momento enquanto intérpretes. Na seara da composição os garotos demostram um som pautado na ideia de que para a música não há delimitações a partir de arranjos completos, concebidos de modo onde há uma integração total dos instrumentos executados. Já como intérpretes mostram-se surpreendentemente provocativos ao trazer para as suas apresentações novas releituras para canções de alguns dos grandes nomes da música popular brasileira, como é o caso do homenageado em questão.
Com um toque bem pessoal (apesar de expressar uma sonoridade resultante da união de três estilos), o Casoy despretensiosamente surpreende já na primeira audição a partir de um experimentalismo que sabe onde quer chegar como é o caso do espetáculo que o trio vem apresentando atualmente no Rio de Janeiro intitulado "Holofotes". Sem dúvida alguma, este show em homenagem a um dos maiores nomes da música popular brasileira pode ser considerado como uma espécie de credenciamento definitivo para que o Casoy esteja entre as grandes revelações do gênero que atuam. É um espetáculo onde, de modo bastante coerente, o power trio consegue dar o melhor de cada um a partir da releitura de eternos clássicos da lavra do cantor, instrumentista e compositor mineiro como "Papel Maché" (1984), "O bêbado e a Equilibrista" (1979), "Malabaristas do Sinal Vermelho" (2003), "Desenho de Giz" (1986) entre outras canções que levaram João Bosco ao patamar de um dos maiores compositores de nossa música ainda em atividade. A facilidade de compor e passear pelos mais distintos gêneros tão evidente na obra do mestre mineiro também acaba por marcar a sonoridade do trio carioca. Assim como o violão de Bosco mostra-se suficiente; do mesmo modo, a utilização de apenas três instrumentos por parte do trio Casoy não é capaz de por em dúvida toda a capacidade dos jovens. Pelo contrário, os vigorosos arranjos e a sonoridade alcançada mesmo pautada pelas delimitações existentes, faz com que o trio fuja do convencional surpreendendo e encantando desde os amantes da tradicional MPB até os admiradores dos outros gêneros aglutinados que acabam por ampliar a sonoridade dos meninos. Com o aval do próprio homenageado, o trio Casoy vai além do convencional renovando a tão combalida esperança dentro da MPB.
Maiores Informações:
Site Oficial - https://casoy.com.br/
Contato - Clara Rescala - (21) 99881 1202
Facebook - https://www.facebook.com/Casoy
Twitter - https://twitter.com/bandacasoy
Youtube - https://www.youtube.com/user/BandaCasoy
Soundcloud - https://soundcloud.com/bandacasoy
Email - bandacasoy@gmail.com
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