Por Laura Macedo
Uma das primeiras tentativas brasileiras de antecipar-se ao cinema falado norte americano utilizou-se de um cantor popular - Paraguassu - interpretando o samba sertanejo “Triste caboclo” e a embolada “Bem ti vi”.
Paraguassu (Roque Ricciardi)
“Triste caboclo” (Paraguassu) # Paraguassu. Disco Columbia (5026-B) / Matruz (380092) / Lançamento em 1929.
“Bem ti vi” (Paraguassu) # Paraguassu. Disco Columbia (5062-A) / Matriz (380189). Lançamento em 1929.
A tentativa pioneira de se produzir um filme falado é creditado a Luís de Barros, em parceria com Moacir Fenelon (técnico de gravações do selo Columbia). Foram eles quem convidou o cantor Paraguassu para o filme “Bentevi”, rodado no sistema apelidado de Vitaphone.
O processo era o seguinte: “O som era gravado em disco, que um dispositivo permitia disparar e interromper, conforme a entrada das falas ou das músicas. Tal sistema já tinha sido testado nos Estados Unidos, em 1926, ela Warner Brothers quando lançou ‘O cantor de jazz’, o primeiro filme americano falado”.
O filme “Bentivi” ficou como tentativa isolada até 1930, época em que o cinema americano avançava e começava a penetrar no mercado brasileiro com cinco filmes sonorizados pelo sistema “Movietone”.
Foi a organização Byington (explorava o rádio/disco) quem financiou o primeiro filme musical brasileiro - “Coisas Nossas”. Realizado nos moldes do Teatro de Revista que reuniu nomes como, Guilherme de Almeida ao lado de Paraguassu, Alzirinha Camargo e Jaime Redondo, Procópio Ferreira e Príncipe Maluco, Jararaca e Ratinho, Gaó e sua Orquestra e a cantora Estefânia de Macedo, entre outros.
Segundo o escritor/pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez) a reação ao cinema falado, em inglês, fomentou várias composições de protesto feitas por Noel Rosa, Heitor dos Prazeres, David Raw/Victor Simon, Billy Blanco, entre outros.
Noel Rosa
“Não tem tradução [Cinema falado]” (Noel Rosa) # Francisco Alves. Disco Odeon (11057-B) / Matriz (4715). Gravação (23/8/1933) / Lançamento (setembro/1933).
Heitor dos Prazeres
“Depois do cinema falado” (Heitor dos Prazeres) # Odaléa Sodré. Disco Columbia (8254-B), 1937.
David Raw e Victor Simon
“Falso patriota” (David Raw/Victor Simon) # Geraldo Pereira. Disco Victor (801192-A) / Matriz (BE3VB-0185). Gravação (26/6/1953) / Lançamento (setembro/1953).
Billy Blanco
“João da Silva [também conhecido como 'O falso moralista']" (Billy Blanco) # Nora Ney. Disco Mocambo (15441-A) / Matriz (R-1401). Lançamento (julho de 1962).
Desde a época dos filmes citados na foto acima muitas águas rolaram no Cinema Nacional Brasileiro. O certo é que nossos artistas da Música Popular Brasileira deram (com todas as limitações tecnológicas da época) suas contribuições para edifica-lo.
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Fontes:
- A História Cantada no Brasil em 78 Rotações, de Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez). - Fortaleza: Edições UFC, 2012.
- Fotos montagem: Laura Macedo / Demais fotos acervo pessoal/internet).
- História do Samba. Rio de Janeiro: Globo, 1997-1998. Quinzenal. 40 fasc. 40 CDs.
-Site YouTube (Canais: “luciano hortencio”, “Rodrigo Castro Mendonça”, “Ao Chiado Brasileiro”, “Noel Rosa”, “1000amigovelho”).
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