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terça-feira, 19 de julho de 2016

MAYSA, 80 ANOS

A trajetória da cantora que morreu em um trágico acidente de carro em 1977, aos 40 anos


Por Bruno Astuto


Maysa morreu aos 40 anos em um acidente de carro a caminho de Maricá, onde vivia nos anos 1970 (Foto: Divulgação)


Uma das vozes mais marcantes da história da música popular brasileira, Maysa Monjardim Matarazzo – ou simplesmente Maysa – faria 80 anos nesta segunda-feira (6) se não tivesse morrido em um trágico acidente de carro na Ponte Rio-Niterói em 1977, aos 40 anos. 

“Era um pouco atormentada, temperamental, mas sempre muito franca, transparente e de grande coração com os amigos. Uma cantora inimitável”, lembra o pesquisador musical Rodrigo Faour. 

Maysa iniciou a carreira em 1956, mesmo ano em que deu à luz o diretor Jayme Monjardim, seu único filho, fruto do casamento com o empresário André Matarazzo. O álbum Convite para ouvir Maysa,todo autoral, logo se tornaria um grande sucesso. Mas foi no segundo disco que a cantora e compositora emplacou “Ouça”, um hit definitivo.


Sempre às voltas com a balança, Maysa, que era mais gordinha no começo da carreira, passou a vida inteira fazendo regimes. Sua trajetória também foi marcada por amores violentos, bebedeiras, brigas e escândalos – ela se desquitou do marido em 1958, sendo extremamente prafrentex, como se dizia na época, e também precisou fazer uma cirurgia plástica no rosto após bater de carro embriagada anos depois.



O temperamento forte e os hábitos da cantora, que nunca largava o cigarro nem o copo de uísque, foram imortalizados na música “Demais”, de Tom Jobim, um clássico do repertório da diva. Detalhe: a música havia sido lançada por Sylvia Telles anos antes, sem o mesmo impacto. Mas nenhuma se compara a seu maior sucesso, a fossa “Meu mundo caiu”.


Depois de flertar com a bossa nova no começo da década de 1960, Maysa se mudou para a Europa, onde se apresentou em grandes capitais, como Paris, Madri, Londres e Roma. Ela voltaria ao Brasil em 1968, com um show que ganhou registro em LP no ano seguinte, Maysa – Ao vivo no Canecão, em que revisitava todos os sucessos e ainda contava com suas versões, hoje clássicas, para “Light my fire”, do The Doors, e “Ne me quitte pas”, conhecida na voz de Jacques Brel.



Nos anos 1970, a cantora chegou a trabalhar como atriz – ela atuou na novela O cafona, na Globo – e amargou momentos de ostracismo: chegou a cantar em churrascarias e se isolou com o ator Carlos Alberto, seu namorado na época, em Maricá, lugar que escolheu para viver. Foi numa dessas viagens do Rio para a cidade, na região metropolitana, que ela sofreu o acidente que lhe tirou a vida precocemente. Em 2009, a trajetória da artista foi documentada na minissérie Maysa – Quando fala o coração.

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