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domingo, 26 de junho de 2016

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

Autora do hino do Maranhão, Dilú como compositora teve inúmeros intérpretes

De uns dias para cá tenho procurado dar uma ênfase maior a alguns artistas representativos aos festejos juninos nordestino, no entanto há outros nomes que fora dessa região que em dado momento foram representativos para a nossa cultura, mas que hoje praticamente caíram no limbo do esquecimento. Em um primeiro momento procurei trazer alguns intérpretes do gênero masculino que tiveram a sua ascensão maior na chamada época de ouro de nossa música, período este que abrange os anos de 1930 e 1940. No entanto seria absurdo limitar-me apenas em intérpretes masculino, uma vez que temos no rol dos maiores nomes de nossa música uma infinidade de cantoras que surgiram também nesse período de ouro da MPB. Por isso hoje darei início a abordagem de algumas cantoras que deixaram seu legado na histórias da música brasileira a partir não apenas de exímias interpretações, mas também através de histórias interessantes como algumas que venho registrando nesta coluna.

Para dar início a abordagem de nossas artistas, trago um nome que é bem provável que poucas pessoas saibam de fato quem ela foi (e se me referir a ela pelo nome de batismo menos ainda...). Trata-se de Maria de Lourdes Argollo Oliver, ou simplesmente Dilú Mello, artista maranhense que começou a estudar música e violino quando ainda tinha cerca de cinco anos de idade. Pouco tempo depois deu início aos estudos também do violão com sua mãe D. Nenê e de piano com Elizéne D'Ambrósio. Familiarizada com os instrumentos, não foi difícil entre seus experimentalismos fazer a sua primeira composição quando ainda tinha dez anos. O resultado dessa experiência foi uma dolente valsinha, a primeira composição de muitas que viriam posteriormente. Vale também registrar que aos 13 anos tirou diploma no Conservatório de Música de Porto Alegre, recebendo medalha de ouro pela impressionante técnica demonstrada em tão pouca idade. Por falar em técnica e talento vale deixar registrado que após realizar um concerto no Teatro Colon, na Argentina, recebeu um prêmio do governo argentino para viajar por todo o país divulgando seu talento e o de Angelito Martinez, à época um precoce e promissor pianista.

Um fato curioso de sua carreira é que apesar do promissor futuro que poderia ter na música clássica, aos terminar seus estudos de canto lírico resolveu abandoná-la para dar vazão à sua paixão pela música dos tropeiros do sul. Foi neste período que a artista passou a dedicar-se a música regional gaúcha e de países vizinhos. Nesse período a família muda-se para Rio de Janeiro, então capital federal. Em um sarau foi ouvida cantando e tocando violão pelo maestro Martinez, que impressionou-se com o seu talento e a levou para tocar na Rádio Cruzeiro do Sul. Foi aí então que teve início a sua carreira radiofônica a partir de apresentações a exemplo das Rádios Kosmos (São Paulo) e Rádio Nacional (com a qual tinha contrato). Seu primeiro disco veio em 1938 com as faixas "Engenho d'água" ("Cena brasileira", de sua autoria e Santos Meira e "Coco babaçu", também de sua autoria), fato que só viria a ocorrer seis anos depois, quando em 1944, gravou seu segundo disco, acompanhada de Antenógenes Silva ao acordeom. Nesta década ainda registra canções como o xote "Planta milho", o calango "Cesário", o coco "Sapo cururu", a valsa "Lá na serra", o xote "Fiz a cama na varanda" (canção esta que acabaria ganhando o gosto popular ao longo dos anos a partir de interpretações de nomes como Inezita Barroso, Dóris Monteiro, Nara Leão entre outros).

Dona de múltiplos talentos, atuou no Cassino Atlântico, realizou a gravação dos mais variados gêneros musicais, tocou acordeom (recebendo da imprensa inclusive da a denominação de "Rainha do Acordeom") e compôs canções ao longo de décadas de carreira que viria a ganhar as mais distintas vozes ao longo dos anos a exemplo do Hino do Maranhão.

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