Com duas décadas dedicadas à música, Deco Ferreira vem divulgando o seu mais novo projeto: "Senso raro", onde mostra-se coerentemente integrado com a vanguarda da MPB e seus mais variados gêneros
Por Bruno Negromonte
Ele é samba, é lounge, é pop, é bossa, é reggae. Ele é um artista que vem, sem prender-se a estigmas, levando uma coesa carreira há cerca de duas décadas. Ele é Deco Ferreira, artista carioca que depois de passar participar de algumas bandas da cena musical carioca, dentre elas o grupo de samba Bom Gosto, onde chegou a apresentar-se em grandes casas de shows em todo o país e a emplacar sucessos em emissoras de rádio em todo o país como foi possível conferir aqui mesmo em nosso espaço a pouco tempo atrás a partir da pauta "DECO FERREIRA TENTA FIRMAR-SE NO CENÁRIO MUSICAL NACIONAL A PARTIR DE UMA SONORIDADE BASTANTE PESSOAL". Atualmente o artista vem apresentando nos palcos toda a sua rica sonoridade incursionando pelos mais variados gêneros tendo como característica um modo singular de aglutinar a tradição e a contemporaneidade da MPB sem perder a tez da coerência. Características estas que podem ser conferidas em seus registros fonográficos anteriores assim como também em "Senso raro", álbum definido pelo próprio artista como um divisor de águas em sua discografia onde flerta em estilos poucos explorados em sua carreira até então. Hoje, Deco volta ao Musicaria para um bate-papo exclusivo, onde relata as suas influências familiares, a dificuldade de uma carreira alternativa, a melhor lembrança de sua passagem pelo grupo que lhe deu projeção, projetos futuros entre outras curiosidades que poderão ser conferidas. Excelente leitura!
Do samba à MPB, sua música vem abrangendo diversos gêneros musicais nesses seus anos de estrada. Você pode nos contar como a música entrou em sua vida? Há em sua família alguém que influenciou você a enveredar para o universo musical?
Deco Ferreira - O meu pai foi quem fez essa ponte para eu entrar na música... Ele gostava de tocava violão e me encantava ouvir as cordas vibrarem. Com certeza foi os primeiros contatos com a música.
Você apesar de jovem já está na música há quase duas décadas. Como se deu esse início?
DF - O meu irmão tocava bateria e tinha uma banda que ensaiava em casa... Sempre nas oportunidades de um intervalo e outro, eu tirava uma casquinha dos músicos. Daí em diante, não parei mais de buscar minha verdade musical.
Sua música é caracterizada por alguns aspectos que a pontuam de modo positivo. Coerente, você a desenvolve de modo coeso dentro do segmento que escolheu. Quais as fontes artísticas que você costuma se inspirar para constituir a sua música?
DF - Apesar de eu saber o que quero, não tenho uma fonte direta para beber... gosto de ser surpreendido... Não sou de ouvir muito o mesmo artista... aprendi muito ouvindo nos intervalos dos eventos com DJ's, eu anotava o que tocava e quando chegava em casa, pesquisava. Primeiro eu me encantava com a música e depois vinha o conhecimento do artista.
Em dado momento de sua carreira você participou do grupo de samba ‘Bom Gosto’, o que acabou dando uma certa projeção ao seu nome nesse período devido ao sucesso que o grupo alcançou. Quais são as melhores lembranças desse período?
DF - A melhor lembrança com certeza foi ver o público cantando.
Participar de um grupo de grande aceitação popular em todo o território nacional provavelmente também deve ter seus contras. Como foi o processo de desvincular seu nome não apenas ao grupo, mas também a esse gênero que caracteriza o ‘Bom Gosto’, uma vez que sua música coerentemente hoje foge de delimitações?
DF - Desde o início da minha carreira, eu prezei a não ter definição, gosto de música e essa liberdade dentro da música, é arte pra mim... apesar de algumas pessoas ligarem a minha arte a algum gênero musical, eu só levo a minha vida como planejo e continuo fazendo música... Não me preocupo muito com isso, pois as pessoas que conhecem meu trabalho, sabem do que se trata... e as pessoas que só conhecem o grupo que participei, só vão ter essa referência... é normal.
Você já traz em sua bagagem solo dois álbuns ("Alternativo" e "Meu Chão"), além de um DVD. Apesar de elaborar trabalhos que prezam pela qualidade sonora, a dificuldade para que projetos como estes cheguem ao grande público é grande. Quais as maiores dificuldades que destacaria?
DF - Em meio a toda organização do projeto de: músicos, equipe, bailarinos, palco, harranjos, falta de verba e muitas outras coisas... a maior dificuldade é não deixar a dificuldade ser pretexto para não fazer.
A música que hoje você faz não permite limitá-la em gêneros, no entanto você não perde a coerência quando mescla diversos gêneros e ritmos. Qual a receita para essa alquimia sonora perfeita?
DF - Acho que como todos tem a sua digital, nós temos um universo pessoal em nossa cabeça... procuro sempre evoluir o que tenho de verdade sonora. A receita tá sempre dentro de cada um... todos tem a sua receita, só que uns acreditam e outros não.
Atualmente você vem focado em um novo projeto. O que você poderia nos antecipar a respeito?
DF - Posso antecipar que estou me preparando para uma gravação do meu dvd ,que prezo sempre um bom conteúdo nas letras... acompanhadas por todos os sons que passaram pelos meus ouvidos em minha vida, até os sons que imagino, vão estar nesse álbum... visando uma junção do eletrônico com o orgânico.
"Senso raro", carro-chefe deste seu novo projeto, mostra um Deco distinto dos trabalhos anteriores a partir de influências que vão do lounge à bossa acompanhada por uma forte levada pop como você vem divulgando nas mais distintas redes sociais. O que fez com que seu trabalho seguisse para esta viés?
DF - Só estou fazendo minha verdade, não procuro indagar pra onde tenho que ir com minha arte... Não trabalho com regras na minha arte.
Há algum projeto em vista ainda para este ano? Você pode nos antecipar alguma coisa?
DF - Esse ano estou focado na gravação do meu DVD e colocar meu novo show na rua.
Maiores informações:
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