Valdemar Marinheiro: um homem precavido
A chegada de um navio de nacionalidade Grega no Porto do Recife era sinônimo de festa nos bares e bordéis situados na zona.
Os Gregos tinham preferência pela Boate Chantecler, talvez pelo salão amplo onde podiam dançar e quebrar pratos à vontade, desde que pagassem pelo prejuízo. Pra quem não sabe os gregos, além daquela dança típica que vimos no filme Zorba, costumam quebrar centenas de pratos jogando-os no chão, enquanto se divertem. Nessas ocasiões costumávamos ir para ao bairro do Recife assistir o espetáculo da marujada.
O movimento também aumentava nos bares, centenas de litros de cervejas eram consumidos, whisky contrabandeado servido em doses generosas. A moeda circulante era o dólar e os bares verdadeiras casas de câmbio. Scotch Bar e Shipchandler depois Bar 28, em funcionamento até hoje, atraiam os marinheiros de língua inglesa.
O Gambrinos, que deveria ter sido tombado como patrimônio da Cidade do Recife, servia um famoso filé, degustado por boêmios famosos como Antônio Maria e Ascenso Ferreira. O Bar de Valdemar Marinheiro, não tinha o nome na fachada, talvez para evitar represálias, mas chamava-se Internacional, em homenagem ao hino comunista. Lá encontrávamos Ronildo Maia Leite, Hélio Mendonça, Mano Teodósio, Bairon Sarinho e grande parte da esquerda boêmia do Recife. Caso os órgãos de repressão da ditadura militar cercassem o bar, metade do PCB ia pra cadeia.
A novidade era o aparecimento das primeiras radiolas de ficha com suas luzes brilhantes, piscando em várias cores. Fácil de usar, era só colocar a ficha no local adequado, escolher a música, e ouvir, por exemplo: Bienvenido Granda cantando Perfume de Gardênia, composição de Rafael Hernández.
Sucesso até hoje!
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