Amélia Brandão Nery (“Tia Amélia”) compositora, pianista |
Apesar de ser quase uma desconhecida do grande público, Roberto Carlos compôs, em parceria com Erasmo, para o LP (álbum) de 1976, uma linda homenagem musical a “Tia Amélia” que teve um papel importante na vida do cantor. No início da sua carreira artística, quando Roberto veio morar no Rio de Janeiro, ficou hospedado na casa da Tia Amélia, lá na Vila da Tijuca, sobre a qual carinhosamente se refere na musica. O apelido de “Tia Amélia”, que algumas fontes creditam a Roberto, na verdade foi consagrado em crônica escrita em 1953, por Vinícius de Moraes.
Canção de Roberto e Erasmo Carlos para o LP (álbum) de 1976:
Como afirmei na coluna da semana passada, quando avancei um pouco mais na história de sua vida e da carreira, Amélia Brandão Nery mesmo com os obstáculos do pai, que era músico, que não queria que seguisse na profissão e, depois do marido, fazia pesquisas sobre o folclore brasileiro, que serviriam, mais tarde, de tema para suas composições.
Um dos registros mais importantes é o samba “Capelinha de Melão”, gravado em 1930:
Um dos registros mais importantes é o samba “Capelinha de Melão”, gravado em 1930:
Um registro importante sobre “Capelinha de Melão”, de domínio público e que Amélia tão bem resgatou em seu samba:
A “Capelinha de Melão” é um costume antigo de homenagear São João no dia 24 com uma capelinha feita de melão, cravo, rosa e manjericão. A coreografia imita a Lapinha, na disposição das pastoras em cordões e no elenco das jornadas. Enquanto na Lapinha se homenageia Jesus Cristo, na Capelinha a homenagem é para São João.
Na dança, um grupo de moças, em número par, exibe-se num tablado, ao ar livre, com roupas e sapatos brancos, tendo à cabeça uma capelinha de flores de melão-são-caetano, em torno de um diadema enfeitado com papel crepom.
Uma versão de Capelinha de Melão |
Cada dançarina possui uma tira larga de cetim, ou papel crepom vermelho ou azul, que, partindo do ombro esquerdo, termina por um grande laço na cintura. O bailado desse folguedo tem de oito a dez partes, coreografias e cantos próprios, terminando todas com o estribilho da música “Capelinha de Melão”. Na última parte, duas dançarinas retiram o diadema da cabeça e, o substitui por panos enfeitados com canutilhos, ou moedinhas de papelão dourado. Já foram ciganas, hoje são baianas. Com uma bandejinha na mão, uma delas percorre a plateia pedindo dinheiro, ao som do canto das outras participantes que ficam no tablado.
Segundo o grande folclorista e pesquisador Câmara Cascudo, “capelinha de melão” não é o diminutivo de capela, tampouco é feito com melão. O termo capelinha de melão designa ‘um grupo de foliões dos festejos populares sanjoanenses, ornados de capelas de folhagens, marchando em grupos em demanda de milagroso banho, e de volta em animadoras passeatas.
É portanto, diz Cascudo, um folguedo popular em um pequeno povoado.
Em Portugal, “capela pode ser uma coroa de flores ou folhas. Como na canção, a coroa pode ser de cravo, de rosa ou de manjericão. Em Caraúbas-RN, “a capela” é uma pequena coroa de flores feitas com flores do melão-são-caetano, que eram usados como ornamentos nesses folguedos. A versão atual da música, tem composição de João de Barro e Alberto Riberto. Braguinha, além dos grandes clássicos que fez, é responsável também por muitas músicas de São João e infantis. Um das versões mais conhecidas é que foi gravada em 1949, por Emilinha Borba.
Capelinha de Melão,
É de São João,
É de cravo, é de rosa,
É de manjericão.
São João está dormindo,
Não me ouve não,
Acordai, acordai,
Acordai João.
Atirei rosas pelo caminho,
A ventania veio e levou,
Tu me fizestes com seu espinhos,
Uma coroa de flor.
Capelinha de Melão,
É de São João,
É de cravo, é de rosa,
É de manjericão.
Bom,muito bom mesmo. Parabéns.
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