Em uma determinada época no Brasil, se fez, e cantou, uma música primeiramente rotulada de dor de cotovelo, em seguida, dor de corno e finalmente de brega. Renegada pelos intelectuais, sobreviveu por muitos anos. Hoje, é frequentemente revisitada por cantores que menosprezaram a música do povão, dos boêmios, e dos cabarés. Veja o caso de Torturas de Amor de Waldik Soriano, cantada atualmente pela nata da MPB.
Waldik, já no final da vida ganhou um DVD primoroso, dirigido por Patrícia Pilar. É fantástico como o público do cantor, tido como o Rei do Brega, reage diante dos seus sucessos. Isso não pode ser desprezado.
Tenho uma coletânea enorme de Bregas, aceito o rótulo, porém, acho que o repertório merece mais atenção e respeito. Falo de: Núbia Lafayette, Anísio Silva, Orlando Dias, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra só para citar alguns, que fizeram e fazem parte da vida de muitos de nós. Somos os deserdados da Rua da Guia, famosa no Recife Antigo por ter abrigado os mais antigos bordéis da cidade, paraíso dos marinheiros de várias nacionalidades, reduto de figuras importantes do alto clero. Entrou em decadência quando a prostituição mudou de endereço, passando para sofisticadas “casas” na Praia da Boa Viagem. Já nos anos sessenta quando queríamos ofender um desafeto era só dizer: tua mãe está na Rua da Guia. E daí o pau cantava.
A partir de hoje vou repassar algumas músicas através desta coluna, fazendo comentários sobre, boêmios, bares, e cabarés, em clima de Zona, ou Baixo Meretrício.
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