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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

TEATRO DO PARQUE FECHADO EM PLENO CENTENÁRIO GERA INDIGNAÇÃO NAS REDES SOCIAIS

Desde 2010, o equipamento cultural, administrado pela Prefeitura do Recife, está fechado para uma reforma, que só começou efetivamente em janeiro deste ano e estava prevista, inicialmente, para terminar em 2016




O Cineteatro do Parque, que vai completar 100 anos no próximo dia 24, vai passar o aniversário de portas fechadas e artistas e cidadãos manifestaram indignação nas redes sociais. Desde 2010, o equipamento cultural, administrado pela Prefeitura do Recife, está fechado para uma reforma, que só começou efetivamente em janeiro deste ano e estava prevista, inicialmente, para terminar em 2016. No entanto, a vereadora Priscila Krause (DEM) denunciou que as obras estavam paradas, o que é negado pela Prefeitura do Recife. O orçamento inicial para a intervenção é de R$ 8,2 milhões, mas esse valor não inclui a compra de equipamentos, o que pode elevar o valor total da reforma a R$ 10 milhões.

Em seu Facebook, o cineasta Kleber Mendonça Filho lembrou o papel que o Cineteatro teve ao longo dos anos na cultura da capital pernambucana. "Uma prefeitura não pode deixar uma comemoração de 100 anos passar em branco, para um dos espaços mais especiais da cidade do Recife, que marcou a população através de décadas com a música, o teatro e o cinema, e que encontra-se fechado há alguns anos já. É simplesmente inadmissível e revela a falta de prioridade para a cultura, numa cidade tão forte culturalmente. Que enorme pena". 

O engenheiro Lula Cardoso Ayres Filho, um dos herdeiros do pintor Lula Cardoso Ayres, reforça o tom de queixa na mesma rede social quanto ao fechamento do local em seu centenário. "É muito triste a comparação entre o Recife de hoje com o dos anos 1960 e 1970. O Teatro do Parque era o verdadeiro ponto de encontro da cultura pernambucana. Abria espaços para todos. As peças, os shows musicais, os concertos da Banda Sinfônica Municipal e a movimentação cinematográfica, criada a partir das administrações de Fernando Spencer e Flávio Rodrigues e coroada com o brilhante trabalho de Geraldo Pinho, que tornou acessível, por R$ 1, o cinema de alto nível. A criação do Grupo 8 (Grupo de Cinema super 8) foi o ponto de partida para o atual destaque do cinema pernambucano, e tudo se deu no Parque. Não tenho mais ilusões quanto a quem apelar. A administração cultural está entregue à própria sorte. Que Deus nos ajude".

Já o advogado e professor da Faculdade de Direito do Recife, Alexandre da Maia, também lembrou, no Facebook, de um episódio marcante de sua vida envolvendo o local. "Uma das atividades mais interessantes da minha vida foi levar um grupo de alunos da Faculdade de Direito do Recife ao então Cinema do Parque durante uma daquelas aulas do turno da noite. A ideia era assistir ao filme Quanto vale ou é por quilo?, de Sérgio Bianchi, o mesmo diretor de Cronicamente inviável. Curioso foi perceber que parte da galera sequer sabia da existência do Teatro do Parque. E a experiência de ver um filme ali ganhara contornos ainda mais interessantes. E hoje? Cadê o Teatro do Parque? Ele vai completar 100 anos e nada. Acho que na cabeça dos governantes o nosso querido Teatro do Parque envolve dois elementos que, apesar de fundamentais, não 'devem ser' mais trazidos à tona, só nas eleições: história e cultura. E numa cidade como Recife, que se vangloria tanto desses dois elementos".

Fonte: Diario de Pernambuco

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