Instrumentistas de mão cheia, quatro ases da MPB completam seis décadas de existência ao longo deste ano
Leandro Braga
Na família de Leandro Braga não houve, antes dele, outros músicos profissionais. Seu irmão mais velho é pianista erudito amador e sua mãe, amante da boa música, estimulou-os a estudar desde muito cedo.
Uma de suas lembranças musicais mais antigas, além dos estudos, é escutar, maravilhado, os saraus promovidos por seu tio, Elmano Ferreira Veloso, violonista e compositor de choro.
Leandro Braga começou a tocar e estudar música aos quatro anos de idade. Fez no conservatório o curso completo de piano, além de matérias complementares, em São José dos Campos (SP).
Já adulto, em São Paulo, estudou arranjo com Nelson Ayres e piano popular com Amilson Godoy e Jorge Hilton Valente, o Gogô. No Rio de Janeiro, foi aluno de Luiz Eça, de piano e harmonia criativa.
No conservatório, Leandro Braga estudou os métodos tradicionais do piano clássico: Hanon ("O Pianista Virtuoso", Ed. Irmãos Vitale), Ettori Pozzoli ("Guia Teórico e Prático para o Ensino do Ditado Musical" - Partes 1 e 2, Editora Ricordi) e Johann Baptiste Cramer ("60 Estudos Escolhidos para Piano", Ed. Ricordi). No repertório, J. S. Bach, F. Chopin e L. V. Beethoven.
O pianista considera útil tudo o que aprendeu e, de mais agradável, a concepção harmônica e musical de Luiz Eça, figura decisiva na sua formação. "Sua maneira de conceber e de tocar, de criar e de experimentar, sempre valorizava e estimulava seus alunos, tornando qualquer exercício um desafio extremamente agradável."
De forma autodidata, o pianista desenvolveu principalmente a orquestração e o arranjo, além de conduções rítmicas da música popular,"estudando e experimentando muito, ouvindo e tentando escrever os arranjos de outros músicos, lendo diversos livros, estrangeiros em sua maioria, e experimentando profissionalmente, na prática."
Dos músicos com quem conviveu, os mais importantes para Leandro Braga são Luiz Eça, "por seu arrojo e ousadia", a harpista Silvia Braga,"pela sensibilidade e respeito à música", e o percussionista Thiaguinho da Serrinha, "por sua curiosidade, tenacidade e humildade."
Romero Lubambo
Romero Lubambo nasceu no Rio de Janeiro em 1955 e estudou piano clássico e teoria musical desde muito novo. Mas, quando aos treze anos aprendeu a tocar violão, ele passou a se dedicar inteiramente a esse instrumento e largou o piano.
Lubambo se graduou em guitarra clássica na Escola de Música Villa-Lobos no Rio em 1978. Dois anos depois ele terminaria seu curso de engenharia mecânica na PUC-Rio.
Os ritmos e as melodias da música brasileira e o jazz americano sempre fascinaram Lubambo. Ele passou então a pesquisar intensamente e a desenvolver suas habilidades excepcionais,versatilidade e fluência tanto em jazz quanto em música brasileira.
Em 1985 ele deixou o Brasil e foi morar em New York, onde trabalhou com Astrud Gilberto durante quatro anos. Lubambo passou a trabalhar e gravar com os mais importantes músicos da atualidade, tendo a força da sua música reconhecida e aclamada nos EUA, Europa, Japão e África. Músico de rara sensibilidade, é hoje o guitarrista brasileiro de maior prestígio internacional e um dos mais requisitados músicos da atualidade. De seus solos, pode-se desenvolver belas composições. Romero é estupendo na harmonia, técnica e digitação, além de ser um dos raros músicos fora de série, tanto no violão, quanto na guitarra. Na sua música, a influência brasileira convive em perfeita harmonia, com a força da música universal. Podemos ouvir o Romero, com a diva lírica Kathleen Battle, com Michael Brecker, Wynton Marsalis, Vernon Reid (Living Colour) como solista na Royal Phillarmonic Orchestra (London), com Diana Krall ou num remix top hit da Tony Braxton. Já gravou mais de 600 discos em toda sua carreira, além de trilhas publicitárias e cinematográficas. É o mesmo Romero; único. Capaz de emocionar platéias por todo mundo.
Romero Lubambo já tocou e gravou com: Michael Brecker, Randy Brecker, Billy Cobham, Dave Weckl, James Taylor, John Patitucci, John Scofield, Mike Stern, Branford Marsalis, Bob Berg, Kenwood Dennard, Paul Simon, Al Jarreau, Dianne Reeves, Cassandra Wilson, Kathleen Battle, Richard Bona, Art Farmer, Kenny Kirkland, David Kikoski, James Carter, Grover Washington Jr., Joey Calderazzo, Anthony Jackson, Regina Carter, George Duke,The Royal London Phillarmonic Orchestra, Harry Belafonte,Toni Braxton, Alex Blake, Kenny Barron,Will Lee, Airto Moreira, Cyro Baptista, Vinnie Colaiuta, Dean Brown, Chaka Khan,Terri Lyne Carrington, Joey Baron, Cyrus Chestnut, Joe Sample, Marcus Miller, Diana Krall, Vanessa Williams, Reginald Veal, Otmaro Ruiz, Claus Ogermann, Charly Bird, Chris Botti, George Mraz, Ira Coleman, Larry Goldings, John Hendricks, Dominic Miller, Omar Hakim, John Pizzarelli, Bucky Pizzarelli, Dave Holland, Jason Miles, Bob Mintzer, Wynton Marsalis, Rodney Holmes, Vernon Reid, Brenda Russell, Gil Goldstein, Tom Harrell, Joe Lovano, Gato Barbieri, Angelique Kidjo, Dave Matthews, Jane Monheit, Buddy Williams, Mark Egan, Steve Rodby, Antonio Sanchez, Sadao Watanabe, James Genus, George Duke, Janis Siegel, Christian Mc Bride, Heitor TP, Eliane Elias, Hélio Delmiro, Paulo Calasans, James Ingran, Larry Coryell, Steve Wilson, Naná Vasconcelos, Les Mc Cann, Hermeto Pascoal, Paula Robinson, Mulgrew Miller, Russell Malone, Greg Hutchinson, YoYo Ma, Brad Mehldau, Ron Carter, Curtis Stigers, Steve Cole, Jay Beckenstein, Gene Lake, Freddy Cole, Chuck Loeb, Jim Pugh, Billy Drewes, Herbie Mann, Phil Woods, Eddie Gomez, Michel Petrucciani, Poogie Bell, Cassandra Reed, Rosemary Clooney, Jeff "Tain" Watts, Benny Golson, Clark Terry, Roy Hargrove, Chris Potter, Vinnie Colaiuta, Marcus Miller.
Segundo a revista Jazziz "O guitarrista Romero Lubambo pode ser o melhor preparador de seu instrumento no mundo...ele tem uma habilidade, criatividade e energia toda própria e especial".
Atualmente Lubambo faz parte do grupo de jazz brasileiro Trio da Paz do qual também participa o baixista Nilson Matta e o baterista Duduka da Fonseca. O Trio da Paz em seu terceiro álbum Partido Alto(1998) pela Malandro Records alcançou o top ten da revista Jazziz em 1998.
Paulo Rafael
O guitarrista caruaruense iniciou sua carreira artística nos anos 1970, em Recife, como um dos integrantes da banda Ave Sangria, que produzia rock com raízes nordestinas. Em 1975, participou da apresentação de "Vou danado pra Catende", de Alceu Valença no Festival Abertura (TV Globo). Desde então é um dos integrantes da banda do cantor e compositor, com quem participou das duas primeiras edições do Rock in Rio. Em 1976, gravou seu primeiro disco solo, "Caruá". Assinou a produção musical de "O baile perfumado", filme de Lírio Ferreira e Paulo Caldas. Compôs e executou a trilha incidental de "Pátria amada", filme de Tisuka Yamasaki. Participou, como compositor e instrumentista, da trilha sonora dos CDs de poesia de Neide Arcanjo e Ascenso Ferreira e do CD de poemas infantis de Clarice Lispector recitados por Chico Anísio.
Atuou, como instrumentista, em discos de Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Lobão (songbook de Gilberto Gil), Kleiton & Kledir, Marina Lima e MPB-4, entre outros. Escreveu o arranjo da faixa "Vaca profana", de Caetano Veloso, gravação de Gal Costa.
Como produtor musical, foi responsável pelos discos "Geraldo Azevedo, ao vivo", "Geraldo Azevedo, ao vivo - vol. 2" e "Futuramérica", de Geraldo Azevedo, e "Cavalo-de-pau", "Anjo avesso" e "Estação da luz", "Rubi", "Mágico" (gravado na Holanda) e "Andar, andar", de Alceu Valença. Lançou, na década de 1990, os discos instrumentais "Orange" (1992) e "Vagalume" (1995). É um dos integrantes, juntamente com Marcio Lomiranda e Taryn Szpilman, da banda Eletro Fluminas.
Zé Nogueira
Instrumentista e produtor Musical, Zé cursou o Conservatório Brasileiro de Música (RJ), a Escola Nacional de Música da UFRJ e a Berklee College of Music (Boston), dando início a sua carreira profissional no final da década de 1970.
Participou, como instrumentista, dos musicais "Gota d'água", "Ópera do malandro" e "O Rei de Ramos", todos de Chico Buarque.
Integrou a Orquestra Sinfônica da UFRJ.
Atuou em shows, no Brasil e no exterior, com vários artistas, como Edu Lobo, Djavan, Chico Buarque, Zezé Mota, Simone, MPB-4, Zizi Possi, Marcos Ariel, Victor Biglione, Rique Pantoja, Zé Renato, Verônica Sabino, Leila Pinheiro, Toninho Horta, Flavio Venturini, Tulio Mourão, Luiz Avellar, Marco Pereira, Leandro Braga, Olivia Byington, Cristóvão Bastos e Luciana Rabello, entre outros.
Participou dos seguintes festivais de música: Varadero, em Cuba; Montreux, na Suiça; Kool Jazz Festival, em Nova York; Pentax, em Tóquio; Jazz a Juan, em Juan Le Pins, na França.
Gravou, no Brasil e no exterior, com vários artistas, como Edu Lobo, Djavan, Ivan Lins, Chico Buarque, Tim Maia, Erasmo Carlos, Boca Livre, Zé Renato, Zizi Possi, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Leny Andrade, Marcos Ariel, Rique Pantoja, Victor Biglione, Ricardo Silveira, Guinga, Paulinho da Viola, Cristóvão Bastos, Leandro Braga e Ney Matogrosso, entre outros.
Compôs trilhas sonoras para filmes publicitários.
Produziu, em parceria com Victor Biglione, a trilha sonora do filmes “Faca de dois gumes”, de Murilo Salles, e, em parceria com Cristóvão Bastos, a trilha sonora do filme "Mauá – O Imperador e o Rei", de Sérgio Rezende.
Em 1996, lançou o CD "Disfarça e Chora" (MP,B/Warner), indicado para o Prêmio Sharp, na categoria Melhor Disco Instrumental. No repertório, as faixas “Chorinho pra você” (Severino Araújo), “Sonoroso” (K-Ximbinho), “Senhorinha” (Guinga e Paulo César Pinheiro), “Amphibious” (Moacir Santos e Assis), “Minhas madrugadas” (Candeia e Paulinho da Viola), “Dracenas” (Cristóvão Bastos), “Sarau para Radamés” (Paulinho da Viola), “Futuramente” (Guinga e Aldir Blanc), “Madrinha” (Leandro Braga), “Nostalgia” (Jacob do Bandolim), “Anon” (Moacir Santos) e “Beatriz” (Edu Lobo e Chico Buarque”, além da faixa-título (Cartola e Dalmo Castelo). O disco contou com a participação de Critóvão Bastos, Leandro Braga, Marco Pereira, Victor Biglione, Ricardo Silveira, Mauricio Carrilho, Bororó, Armando Marçal, Marcos Suzano, Luciana Rabello, Omar Cavalheiro, Pedro Amorim, Paulo Sérgio Santos, Leo Gandelman, Vittor Santos, Andrea Ernest Dias e Cia das Cordas.
Em 1999, participou, com Cristóvão Bastos, do projeto “Instrumental”, no Teatro Leblon (RJ), homenageando o compositor Moacir Santos.
Foi responsável, junto com Mario Adnet, pela produção musical, do CD “Ouro Negro – Moacir Santos”, no qual atuou também como instrumentista. O disco foi considerado pela crítica como um dos melhores discos instrumentais do ano. Produziu também discos de Djavan, Victor Biglione, Marcos Ariel, Alaíde Costa, Leny Andrade, Flávio Venturini, Vinicius Cantuária, Boca Livre, Guinga, Leila Pinheiro, Verônica Sabino, Ivan Lins, Wagner Tiso, Zé Renato, Mariana de Moraes, Elton Medeiros, Ney Matogrosso e Leandro Braga.
Em 2005, produziu, com Mario Adnet, o CD "Choros & Alegria", lançado nesse mesmo ano, contendo obras de Moacir Santos. O disco foi contemplado, no ano seguinte, com o Prêmio Tim, na categoria Melhor Disco/Projeto Especial.
Liderando um quinteto formado ao lado de Jorge Helder (baixo), Jota Moraes (vibrafone), Jurim Moreira (bateria) e Ricardo Silveira (guitarra), lançou, em 2008, o CD instrumental “Carta de Pedra - A Música de Guinga”, com 12 composições de Guinga, entre as quais “Choro pro Zé”, feita em sua homenagem. Também no repertório, “Exasperada”, “Pra quem quiser me visitar”, “Choro na noite”, “Pisando em falso”, “Moça lua”, “Graffiando vento” e a faixa-título, entre outras,
É proprietário de um estúdio de masterização, onde vem trabalhando na recuperação de fitas e discos antigos, muitos já no mercado.
Fonte:
Clube de Jazz
Músicos do Brasil
EjazzDicionário da MPB
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