2015 marca os oitenta anos deste músico que com talento saiu do Recife para mostrar suas habilidades musicais ao redor do mundo
Por Fernando Jardim
Por Fernando Jardim
O nome Heraldo do Monte por seu papel histórico na música instrumental brasileira deveria dispensar qualquer introdução. Nascido no Recife, Heraldo começou na música tocando clarineta no colégio por ser o único instrumento disponível, com o qual andou pra cima e pra baixo por uma semana sem conseguir tirar qualquer som. Até que seu professor, ligeiramente irritado, empunhasse o instrumento para lhe mostrar como tocar e percebesse que havia algo errado. Um aluno pregando uma peça no Heraldo havia enfiado uma flanela no tubo de ar da clarineta. Seguiu seus estudos no labiorioso instrumento e logo sentiu a nececidade de um instrumento harmônico. Usando os métodos para clarineta aprendeu sozinho a tocar o violão, intuindo os acordes.
Aprendeu também a tocar cavaquinho e viola caipira e comprou uma guitarra para começar a ganhar a vida tocando nas casas noturnas de Recife. Pouco tempo depois partiu para São Paulo onde foi logo empregado na TV Tupi acompanhando os músicos que se apresentavam na emissora. No mesmo ano de 1966 entrou para um trio forçando-o a se tornar um quarteto, o Quarteto Novo. Neste quarteto estavam alguns dos músicos que mais brilhantes desse país. O próprio Heraldo na guitarra, violão etc, Théo de Barros no contrabaixo, Hermeto Pascoal no piano e flauta e ainda Airto Moreira na bateria e percussão. Fundindo de forma magistral, elementos do bebop à música brasileira (principalmente nordestina) introduziram fundamentos improvisacionais inovadores abrindo trilhas para a música instrumental brasileira.
O quarteto foi responsável pelos arranjos e a apresentação das músicas Ponteio (de Edu Lobo) e Disparada (parceria de Geraldo Vandré e Théo de Barros) nos antigos festivais da Record. A convite de Edu Lobo o quarteto parte para a Europa para sua primeira turnê internacional. Com a ida de Airto Moreira para os EUA o quarteto ainda se manteve por um curto período com o baterista Nenê, mas por ironia, a qualidade dos músicos foi o maior obstáculo para a continuidade do grupo. E os integrantes seguiram suas carreiras solo, que felizmente continuam se entremeando até hoje. Heraldo é compadre de Hermeto Pascoal tendo os dois gravado e se apresentado diversas vezes juntos, o mesmo acontecendo com Airto e Théo de Barros.
Gravou três discos nos três anos seguintes, 70 a 72, sendo o primeiro chamado simplesmente Heraldo e Seu Conjunto e o álbum em dois volumes, Dançando com Sucesso Vols. 1 e 2. Na mesma década gravou o álbum O Violão de Heraldo do Monte. Só voltaria a gravar quase dez anos mais tarde ao lado do violonista Elomar, Paulo Moura (sax e clarineta) e Arthur Moreira Lima o disco ConSertão. Nos anos oitenta gravou ainda os discos: Heraldo do Monte, Cordas Mágicas, Cordas Vivas e passada mais uma década gravou recentemente o cd Viola Nordestina.
Heraldo do Monte que já foi considerado por Joe Pass o melhor guitarrista do mundo, gravou também com Elis Regina, Quinteto Violado, Michel Legrand, Zimbo Trio, Hermeto Pascoal e outros, além de se apresentar nos melhores festivais de música mundo afora, como os festivais de Montreux, Montreal e Cuba.
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