O livro, que remonta historicamente a cidade através do acervo pessoal de moradores de Olinda, será lançado no próximo dia 5 de janeiro, na sede da SBAOO.
Olinda Memórias Fotográficas é um registro visual sobre histórias, lembranças, paisagens e memórias ainda vivas da Cidade Alta ou da velha Marim dos Caetés, nomes pelos quais o sítio histórico de Olinda é conhecido. O registro é fruto de um processo de remontagem histórica de pequenos fragmentos de memórias coletivas soltas no tempo e no espaço e guardadas por antigos moradores da Cidade Alta de Olinda em forma de acervos fotográficos privados.
A partir do acesso e da coleta desses acervos fotográficos,deu-se a difícil tarefa de juntar, classificar, conectar e dar sentido às imagens, através da criação de uma narrativa sobre a vida no sítio histórico de Olinda. Essa narrativa foi concebida, redigida e desenhada por mãos interdisciplinares – cinco arquitetos, um fotógrafo e um historiador, além de duas assistentes de produção –, em 15 meses de contínuo diálogo. Ao final, nossa leitura imagética não seguiu uma linha cronológica definida, sendo estruturada em três temas continuamente associados: paisagens, indivíduos e experiências culturais vinculadas ao convívio e à celebração de ritos e festejos coletivos.
Como diretriz de pesquisa, foram definidos dois critérios para a coleta e a seleção das fotografias: a não inclusão de imagens provenientes de arquivos públicos e de acervos de fotógrafos profissionais, bem como de imagens posteriores a 1982, ano em que Olinda recebeu o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, concedido pela UNESCO. Podem haver, porém, possíveis exceções na seleção das imagens dentro destes critérios preestabelecidos, devido à indefinição das datas e dos autores de algumas fotografias coletadas. Das cerca de 1.269 fotos cedidas gentilmente por diversos moradores, foram selecionadas 105 que integram o presente livro.
É importante ressaltar que este projeto acontece em um momento de grande especulação imobiliária na cidade. Nestes últimos 32 anos, desde a obtenção do título de Patrimônio Histórico, Olinda tornou-se conhecida, e sua arquitetura e cultura ultrapassaram suas fronteiras. Em consequência, novos investimentos foram surgindo, juntamente a uma nova dinâmica econômica, voltada, predominantemente, para o incremento do turismo. Esta conjuntura vem transformando, sobremaneira, o ato de viver em Olinda e de dar continuidade à memória social da cidade.
Hoje, em processo de transição para uma outra qualidade de memória coletiva no sítio histórico de Olinda: uma memória globalizada, mais impessoal e cosmopolita; mais urbana e mais volátil. Esse, talvez, seja um processo irreversível, até mesmo natural, para um núcleo histórico pequeno e limitado, como é o caso do centro histórico de Olinda, inserido na Região Metropolitana do Recife.
Tais mudanças também verificam-se em outras partes do mundo e sempre trazem reflexões, tanto sobre a globalização e seus impactos, como sobre as contradições entre o velho e o novo, e entre a tradição e a modernidade. Olinda Memórias Fotográficas acontece, portanto, em um momento propício, pois resgata parte da história de Olinda ao coletar, organizar e tornar de conhecimento público as memórias contidas nos acervos fotográficos privados, que estavam fadados ao isolamento e esquecimento.
O livro tem apoio do Governo de Pernambuco através do Funcultura - Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura.
Fonte: Trago Boa Notícia
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