Chico Buarque assovia durante ensaio, no Palácio das Artes, para a turnê 'Chico', em 2011
Chico Buarque chega aos 70 anos com um patrimônio de criação que honra a cultura brasileira. São mais de 500 canções, peças de teatro, romances, musicais e trilhas de balés – uma vida à altura da criação. Artista, nunca deixou de participar das grandes questões de seu tempo. Enfrentou adversários poderosos e a censura, viveu o exílio com tristeza. Criador de belezas, foi também cronista das dores mais fundas. Sua obra cresceu com o tempo, tornou-se mais sofisticada e rica. E, o que é mais impressionante, marca do poeta generoso: Chico trouxe com ele o público em sua viagem pessoal, de mãos dadas. O brasileiro ficou melhor por causa de Chico Buarque. A comemoração dos 70 anos é oportunidade para lembrar 70 momentos, instantes que fazem parte da história do Brasil.
Bisavô mineiro
José Cesário de Faria Alvim, avô da mãe do compositor, Maria Amélia Cesário Alvim, nasceu em Piranga, na Zona da Mata, em 1839. Ele governou Minas Gerais duas vezes.
O pai
Chico é filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda (1902-1982), um dos intelectuais mais importantes do país, autor do clássico 'Raízes do Brasil' e fundador do PT.
A mãe
“São os sons da vida”. Assim Maria Amélia, a Memélia (1910-2010), respondia à pergunta sobre o que inspirava o filho. Criada numa tradicional família mineira, era torcedora do Fluminense e amiga de frades dominicanos progressistas como ela.
Os irmãos
Sérgio e Maria Amélia tiveram sete filhos: Sérgio, Álvaro, Maria do Carmo e as cantoras Ana (chegou a ocupar o posto de ministra da Cultura no governo Dilma Rousseff), Cristina, Heloísa Maria (Miúcha), além de Francisco.
Em Cataguases
Em 1946, a família se mudou do Rio para São Paulo. Aos 15 anos, Chico Buarque foi “exilado” durante seis meses pelos pais em um internato em Cataguases, na Zona da Mata de Minas. Queriam afastá-lo da influência dos Ultramontanos, grupo radical católico de direita pelo qual se encantara.
Futebol
Embora Chico fosse torcedor do Fluminense, seu ídolo vestia a camisa do Santos. Seu nome era Paulo César de Araújo, o Pagão.
Politheama
Outro clube ocupa lugar no coração do cantor: o Politheama. Criado há 35 anos, o time de futebol de botão transformou-se num escrete, com direito a jogadores, hino e centro de treinamento.
Roubo do carro
A primeira aparição de Chico na imprensa se deu nas páginas policiais da 'Última Hora', de São Paulo. Com um amigo, ele arrombou um carro para passear. Acabou preso. A foto feita na delegacia foi parar na capa do disco 'Paratodos'.
Chega de saudade
Em 1959, João Gilberto lançou 'Chega de saudade'. Chico a ouvia tão repetidamente que chegava a irritar os vizinhos.
João Gilberto
Chico conhecia o violão de João desde o disco de Elizeth Cardoso, 'Canção do amor demais'. De cara, achou aquilo diferente. O jovem sonhava “cantar como João Gilberto, fazer música como Tom Jobim e letra como Vinicius de Moraes”.
Primeira canção
“Meu Deus, o que será que tem/ Nesses olhos teus/ O que será que tem/ Pra me seduzir”. Esses versos pertencem à primeira música de Chico, 'Canção dos olhos' (1959), composta aos 15 anos.
Arquitetura
Em 1963, Chico entrou para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, em São Paulo. “Fui o pior aluno da classe”, disse. Ligou-se ao movimento estudantil e participou de um grupo que fazia shows amadores, o Sambafo.
Niemeyer
O cantor evocou em seus escritos a proximidade com a arquitetura, o gosto de inventar cidades e a “casa do Oscar”, um projeto nunca realizado de residência para a família Buarque, de autoria do criador de Brasília.
Vinicius de Moraes
Chico conheceu Vinicius ainda criança. O poeta costumava visitar Sérgio Buarque. Anos depois, os dois se tornaram parceiros. Fizeram 'Olha Maria', 'Samba de Orly', 'Gente humilde', 'Desalento' e 'Valsinha'.
Primeiro compacto
Em 1965, chegou às lojas o primeiro compacto da carreira, 'Sonho de carnaval', que trazia no lado B a canção 'Pedro pedreiro', peça fundamental para a experimentação do modo como viria a trabalhar os versos, com construção rigorosa.
Morte e vida severina
Aos 21 anos, o estudante de arquitetura musicou o poema de João Cabral de Melo Neto. A estreia da peça foi em São Paulo, em 1966. João Cabral, que não gostava de música, aprovou o resultado.
'A banda'
Esta canção foi um divisor de águas na carreira de Chico. Interpretada por ele e Nara Leão, dividiu o 1º lugar com 'Disparada', de Geraldo Vandré e Théo de Barros, defendida por Jair Rodrigues no 2º Festival de Música Popular Brasileira, em 1966. Vendeu mais de 100 mil cópias em uma semana.
Nara Leão
Nara ganhou do compositor a música 'Com açúcar, com afeto'. Os dois apresentaram juntos 'Pra ver a banda passar', programa musical na TV Record, nos anos 1960.
Outros festivais
'Sonho de um carnaval' foi sua primeira música inscrita em um festival, o da TV Excelsior, em 1965. O 1º lugar foi para 'Arrastão', de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, interpretada por Elis Regina. No 3º Festival de Música Popular Brasileira, em 1967, Chico faria sucesso com 'Roda viva'.
Primeiro LP
Em 1966, sai o LP de estreia, 'Chico Buarque de Hollanda' (RGE), com 12 faixas, entre elas 'A Rita' e 'A banda'.
Maestro soberano
Antônio Carlos Jobim foi apresentado a Chico em 1966. Tom já era celebrado mundialmente. A dupla fez 'Anos dourados', 'Falando de amor', 'Imagina'.
Vaia
Em 1968, Chico venceu o 3º Festival Internacional da Canção, em parceria com Tom Jobim, com a canção 'Sabiá'. O público vaiou Chico, Tom e o Quarteto em Cy. Preferia 'Pra não dizer que não falei de flores', de Geraldo Vandré.
Parceiros
Chico fez parcerias com os grandes nomes da MPB, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Toquinho, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Cristóvão Bastos. Entre os mais constantes estão Francis Hime e Edu Lobo.
Marieta
A atriz Marieta Severo e Chico Buarque se conheceram em 1966. Os dois ficaram casados por 30 anos e tiveram três filhas: Sílvia, Helena e Luísa. Marieta chegou a encenar peças do marido, como 'Roda viva' e 'Ópera do malandro'. Amigos, os dois têm atualmente outros companheiros: o diretor Aderbal Freire-Filho e a cantora Thaís Gulin.
Os netos
Filho de Helena Buarque com Carlinhos Brown, o adolescente Francisco Freitas segue a trilha do pai e do avô. Chico se orgulha do ouvido absoluto do neto, fã de heavy metal e de jazz. Chico e Marieta Severo são também avós de Teresa, Lia, Cecília, Clara e Irene.
Roda viva
O musical 'Roda viva' estreou em 1968, no Rio de Janeiro. A peça conta a história de um artista popular antropofagicamente devorado pela indústria cultural. O elenco foi agredido pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e a peça proibida.
Clarice Lispector
Como jornalista, Clarice Lispector fez entrevista histórica com Chico Buarque – ou melhor, Xico Buark. Ela não se limitou ao papel de repórter. “Chico, um conselho para você: fique de vez em quando sozinho, senão você será submergido. Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa”, aconselhou Clarice.
A ditadura
Participante da passeata dos 100 mil, em 1968, Chico militou contra a ditadura e apoiou as forças progressistas. Compôs canções e peças críticas ao regime, às vezes de forma explícita, outras buscando driblar a censura de maneira alegórica. Não chegou a ser preso, mas foi interrogado no Dops e no 1º Exército.
O exílio
Em 1969, Chico recebeu convite para gravar um disco na Itália e cantar na França. Seguiu para Roma com Marieta, grávida da primeira filha. Ao saber da prisão de Gil e Caetano, decidiu não voltar. O casal passou 14 meses na Europa.
A censura
“Eles me encheram o saco, mas também enchi muito o saco deles”, disse Chico sobre os censores. O compositor teve dezenas de canções proibidas e “tesouradas”, mas duas escaparam: 'Apesar de você' e 'Cálice'. Quando se deram conta do vacilo, os censores já não podiam impedir o povo de cantá-las.
Julinho da Adelaide
Para burlar a censura prévia, o compositor inventou o sambista Julinho da Adelaide, que estreou com 'Acorda amor'. A identidade de Julinho foi revelada em 1975, numa reportagem sobre a censura publicada no JB.
Amigos de fé
A amizade com Augusto Boal (1931-2009) e Paulo Pontes (1940-1976) rendeu obras importantes. Chico musicou a peça 'Mulheres de Atenas' em parceria com Boal, companheiro exilado a quem dedicou a canção 'Meu caro amigo'. Com Paulo Pontes escreveu 'Gota d'água'.
'Gota d’água'
Em 1975, Paulo Pontes e Chico retomaram o projeto de Oduvaldo Vianna Filho, que havia adaptado 'Medeia', de Eurípides, para a TV. Protagonizada por Bibi Ferreira, a tragédia 'Gota d’água' deu ao compositor o Prêmio Molière.
'Construção'
A música, composta em 1971, faz parte do álbum homônimo lançado entre o exílio e a volta ao Brasil. Liricamente, o disco é carregado de críticas ao regime militar e às condições sociais do país. Além da preciosidade técnica da letra (41 versos e todos terminam com um proparoxítono de três sílabas), a canção revela o engajamento social de seu autor.
Zuzu Angel
Chico Buarque recebeu uma das cartas distribuídas por Zuzu Angel responsabilizando o governo militar por sua morte caso sofresse acidente, como de fato ocorreu. 'Angélica' é inspirada na saga da estilista mineira, que enfrentou a ditadura para denunciar o assassinato do filho, Stuart Angel.
Revolução dos Cravos
O fim da ditadura em Portugal (1926-1974) foi saudado por Chico com 'Tanto mar'. Esse “hino brasileiro” da Revolução dos Cravos ganhou duas versões: a primeira, de 1975, teve a letra censurada; a mais conhecida foi gravada em 1978 no disco Chico.
Fazenda modelo
Estreia de Chico Buarque na literatura com 'Fazenda modelo', lançado em 1974 e definido pelo autor como uma “novela pecuária”.
Crianças
Chico Buarque também enveredou pelo universo infantil. Em 1979, lançou 'Chapeuzinho amarelo', um livro-poema que aborda as idas e vindas dos temores infantis.
Saltimbancos
O musical 'Os saltimbancos' estreou no Canecão, em 1977. Em 1981, Os Trapalhões lançaram o filme 'Os saltimbancos trapalhões', cujas canções foram adaptadas para o cinema pelo próprio compositor.
Intérpretes
Uma infinidade de cantores gravou Chico. Muitas dessas canções passaram a ter versões definitivas, como 'Atrás da porta' (com Elis Regina), 'O cio da terra' (com Milton Nascimento e a dupla Pena Branca e Xavantinho), 'Gente humilde' (Ângela Maria) e 'Bastidores' (Cauby Peixoto).
Cuba
Em 1978, Chico Buarque desembarcou pela primeira vez em Cuba. Fez a ponte entre a cultura da ilha comunista e o Brasil. Gravou 'Yolanda', do cubano Pablo Milanés, e compôs 'Tanto amar' inspirado em Havana.
Diretas-já
Em 1984, o cantor se engajou na campanha das Diretas-já, participando de palanques ao lado de artistas, jogadores de futebol, Lula, FHC e Ulysses Guimarães. Compôs 'Vai passar', em parceria com Francis Hime, a mais bela tradução do movimento.
Chico e Caetano
Em 1986, Chico Buarque e Caetano Veloso apresentaram programa na Rede Globo. O musical marcou o reencontro de Chico, crítico ao apoio da emissora ao governo militar, com o complexo de comunicação.
Circo místico
Inspirados no poema de Jorge de Lima, Chico e Edu Lobo compuseram a trilha do balé 'O grande circo místico'. Entre as canções está a clássica 'Beatriz'.
Chico e o cinema
Ator em 'Quando o carnaval chegar' (Cacá Diegues) e 'Ed Mort' (Alain Fresnot), Chico escreveu roteiros e compôs temas para 'Bye Bye Brasil' (Cacá Diegues) e 'A ostra e o vento' (Walter Lima Jr.), entre outros filmes.
Voz feminina
Chico Buarque é conhecido como uma espécie de porta-voz das mulheres. Muitas de suas criações se notabilizaram pela decantação de um eu lírico feminino expresso em canções como 'Olhos nos olhos' e 'Atrás da porta'.
O galã
Os olhos verdes de Chico sempre encantaram as fãs. Nos shows, é comum ouvir gritinhos e suspiros.
Paris
A capital francesa é uma das paixões de Chico Buarque. É lá que o cantor e compositor costuma escrever seus livros.
Samba
Autor de sambas memoráveis, o artista nunca escondeu a paixão pelo ritmo e por representantes do gênero como Noel Rosa, Ismael Silva e Ataulfo Alves.
O malandro
A malandragem é outro ponto forte na temática buarquiana, dialogando com o Chico sambista e inspirando canções como 'Vai trabalhar, vagabundo' e 'A volta do malandro'.
Mangueirense
Em 1998, a Estação Primeira de Mangueira escolheu o artista como tema. A verde e rosa levantou a Sapucaí e conquistou o título, empatando com a Beija-Flor.
Carnaval
Com menos de 10 anos, Chico Buarque compôs suas primeiras marchinhas de carnaval.
Política
Chico manifestou em público seu apoio às candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff à Presidência da República.
O romancista
'Estorvo' (1991) revelou que o romancista não é uma extensão do cancionista. A obra literária do autor vai ganhando ainda mais em qualidade e acabamento. Seguiram-se 'Benjamin' (1995) e 'Budapeste' (2003). Os três foram adaptados para o cinema. Seu mais recente romance é 'Leite derramado'.
José Saramago
O vencedor do Prêmio Nobel em 1998 se juntou a Chico e ao fotógrafo mineiro Sebastião Salgado para lançar 'Terra', livro em defesa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da justiça social.
Cambaio
Em 2001, Chico volta aos musicais depois de 'Morte e vida severina' (1966), 'Calabar – O elogio da traição' (1973, espetáculo censurado), 'Ópera do malandro' (1978) e 'O corsário do rei' (1985). Ele fez as letras e Edu Lobo as melodias para o espetáculo, escrito por Adriana e João Falcão.
Irmão alemão
Em um encontro com Manuel Bandeira e Vinicius de Moraes, Chico ficou sabendo que seu pai, quando era estudante na Alemanha, antes de se casar, teve um filho com uma namorada daquele país. O assunto era tabu na família, que não conseguiu localizar o rapaz.
O letrista
A discussão sobre a relação entre a letra de canção e poesia é antiga. Chico Buarque parece ser a terceira margem deste rio. Suas letras são construídas com profundo conhecimento das técnicas literárias, mas nunca perdem a comunicação e são embaladas por musicalidade interna quase natural. Herdeiro da linguagem urbana de Noel, incorporou elementos
da poesia modernista de Manuel Bandeira, Drummond e Vinicius.
O músico
A força da poesia das canções de Chico, por muito tempo, obscureceu a arte do melodista. Ele domina o samba, a valsa, a toada, a modinha e as formas teatrais, além de compor tango, fado, blues, rock, baião e chorinho. Com o tempo, suas composições foram ganhando elementos eruditos vindos da influência das harmonias da música impressionista, que chegaram filtradas pela arte de Tom Jobim.
'O que será'
A canção teve três versões e foi composta para o filme 'Dona Flor e seus dois maridos', de Bruno Barreto. As mais conhecidas são 'À flor da pele' e 'À flor da terra'.
Religião
Chico foi aos extremos. Chegou a se encantar com o conservadorismo da TFP ainda garoto. Adulto, aproximou-se de católicos progressistas. O teólogo Leonardo Boff vê em sua poesia traços de franciscanismo, da Teologia da Libertação e
até do budismo.
Flâneur
Fã de caminhadas, Chico surpreende fãs na orla Ipanema-Leblon. Com passos rápidos e boné, costuma cruzar, sem ser reconhecido, calçadas de ruas movimentadas da Zona Sul.
O flagra
Em 2005, Chico foi flagrado por um paparazzo abraçado a Celina Sjösted no mar do Leblon. Já separado de Marieta Severo, viu-se em meio a um escândalo, pois a moça era casada.
Câmera e ação
O escritor, compositor e cidadão se revela em 'O tempo e o artista'. Dirigida por Roberto de Oliveira, a série traz 10 programas de TV reunidos em caixa com 12 DVDs, ainda disponível nas lojas.
Forno e fogão
'Feijoada completa' é mais do que metáfora. Chico Buarque adora feijão. Ele declarou orgulhar-se de seu molho de espaguete.
'Leite derramado'
O romance mais recente, 'Leite derramado' (2009), é uma obra-prima. É a saga de um homem em meio aos tormentos da memória, que simboliza a formação do país e suas feridas sociais mais profundas.
Internet
O artista colocou na rede bastidores de discos, alavancando vendas em tempo de crise do CD e driblando entrevistas com a divulgação de vídeos e faixas inéditas. No disco mais recente, 'Chico', mostrou domínio da tecnologia e de suas artimanhas, com apresentação ao vivo da canção 'Sinhá', com João Bosco.
Rap
Em novembro de 2011, ao estrear em BH sua última turnê, Chico surpreendeu ao cantar um fragmento de rap em homenageam a Criolo, autor de versos inspirados em 'Cálice'. Sete anos antes, o ícone da MPB havia afirmado que a emergência do rap poderia representar o fim da canção.
Biografias
Em outubro de 2013, Chico, contrário à liberação de biografias não autorizadas ao lado de astros da MPB, afirmou que jamais dera entrevista a Paulo Cesar Araújo, autor de livro censurado sobre Roberto Carlos. Teve de pedir desculpas em público depois da divulgação do vídeo da conversa, ocorrida em 1992.
Thaís Gulin
A cantora curitibana, de 34 anos, é a namorada do compositor. Em 2011, os dois gravaram 'Se eu soubesse'. Ele lhe dedicou a canção 'Essa pequena' (“Meu tempo é curto, o tempo dela sobra/ Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora”).