Irmão do letrista Paulo Sérgio Valle e primo do compositor Pingarilho. Começou a estudar piano clássico aos seis anos de idade. Formou-se em piano e teoria musical em 1956, pelo Conservatório Haydée Lázaro Brandt. Em seguida, estudou acordeom e, mais tarde, violão, passando a frequentar jam sessions em casas noturnas cariocas.
Considerado como um dos integrantes da segunda geração da bossa nova, iniciou sua carreira artística em 1961 integrando um trio, juntamente com Edu Lobo e Dori Caymmi. Nessa época, começou a compor suas primeiras músicas em parceria com o irmão Paulo Sérgio Valle. O trabalho da dupla foi registrado, pela primeira vez, em 1963, com a gravação da canção "Sonho de Maria", pelo Tamba Trio.
Em 1962, gravou seu primeiro LP, "Samba demais", registrando suas composições "Amor de nada", "Razão do amor", "Tudo de você", "Sonho de Maria", "E vem o sol" e "Ainda mais lindo", todas em parceria com Paulo Sérgio Valle, além das canções "Vivo sonhando" (Tom Jobim), "Moça flor", (Durval Ferreira e Lula Freire), "Canção pequenina" (Pingarilho), "Ela é carioca" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), "Ilusão à toa" (Johnny Alf) e "A morte de um Deus de sal" (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli). O disco foi contemplado com vários prêmios. Nessa época, começou a apresentar-se em shows.
Em 1965, participou do espetáculo "A bossa no Paramount", realizado no Teatro Paramount (SP), no qual interpretou duas canções inéditas que se tornariam emblemáticas em sua carreira de compositor: "Preciso aprender a ser só" e "Terra de ninguém", ambas com Paulo Sérgio Valle. A segunda, contou com a participação de Elis Regina, então em início de carreira, alcançando, de imediato, enorme sucesso. Nesse mesmo ano, lançou o disco autoral "O compositor e o cantor Marcos Valle", com destaque para as canções "Gente", "Preciso aprender a ser só", "Samba de verão", "A resposta" e "Deus brasileiro", todas com Paulo Sérgio Valle. Ainda em 1965, viajou para os Estados Unidos, onde fez parte, durante sete meses, do conjunto de Sérgio Mendes, Brasil’65, com o qual se apresentou em casas noturnas, universidades e no programa de televisão de Andy Williams.
Em 1966, a gravação de Walter Wanderley de sua música "Samba de Verão" (c/ Paulo Sérgio Valle) alcançou o 2º lugar nas paradas de sucesso norte-americanas, recebendo, mais tarde, em torno de 80 regravações nesse país. Voltou para o Brasil ainda nesse ano.
Em 1967, lançou o LP "Braziliance! A música de Marcos Valle", registrando suas canções "Os grilos", "Preciso aprender a ser só", "Batucada surgiu", "Samba de verão", "Vamos pranchar", "Deus brasileiro", "Patricinha", "Passa por mim" e "Se você soubesse", todas com Paulo Sérgio Valle, "Seu encanto" (c/ Paulo Sérgio Valle e Pingarilho), "Dorme profundo" (c/ Pingarilho) e "Tanto andei". Ainda nesse ano, gravou o LP "Viola enluarada", exclusivamente autoral, com destaque para a faixa-título (c/ Paulo Sérgio Valle), gravada em duo com Milton Nascimento, um de seus maiores sucessos, além de "Próton elétron nêutron", "Maria da favela", "Homem do meu mundo", "Terra de ninguém", "Eu", "Tião Braço Forte" e "O amor é chama", todas com Paulo Sérgio Valle, "Viagem" (c/ Ronaldo Bastos), "Bloco do eu sozinho" (c/ Ruy Guerra), "Réquiem" (c/ Milton Nascimento, Ruy Guerra e Ronaldo Bastos) e "Pelas ruas do Recife" (c/ Paulo Sérgio Valle e Novelli).
Em 1968 lançou, nos Estados Unidos, o LP "Samba’68", contendo versões assinadas por Ray Gilbert para algumas de suas canções, como "The answer" e "If you went away" ("A resposta" e "Preciso aprender a ser só", respectivamente), além de "So nice" (Summer samba), versão de Norman Gimbel para "Samba de verão".
Em 1969, gravou o LP "Mustang cor de sangue", com destaque para a faixa título e para a canção "Dia de vitória", ambas com Paulo Sérgio Valle.
Na década de 1970, teve intensa atuação em trilhas sonoras de novelas. Atuou, também, na área publicitária, tendo assinado diversos jingles de muito sucesso, com destaque para "Hoje é um novo dia", tema de fim de ano da Rede Globo, até hoje veiculado pela emissora.
Em 1970, gravou o LP "Marcos Valle", com destaque para "Quarentão simpático" (c/ Paulo Sérgio Valle) e "Pigmalião" (c/ Paulo Sérgio Valle e Novelli).
Em 1971, lançou o LP "Garra", com destaque para "Com mais de 30", "Black is beautiful" e "Minha voz virá do sol da América", todas com Paulo Sérgio Valle, e "Que bandeira" (c/ Paulo Sérgio Valle e Mariozinho Rocha). Ainda nesse ano, venceu a IV Olimpíada da Canção de Atenas com "Minha voz virá do sol da América", defendida por Cláudia.
Em 1972, lançou o LP "Vento sul", registrando composições próprias, como "Revolução orgânica", "Malena" e a faixa-título, todas com Paulo Sérgio Valle, além de "Vôo cego" (Cláudio Guimarães) e "Paisagem de Mariana" (Frederyko), entre outras.
Em 1973, gravou o LP "Previsão do tempo", exclusivamente autoral, que incluiu as canções "Flamengo até morrer", "Os ossos do barão" e "Tiu-ba-la-quieba", todas com Paulo Sérgio Valle, além de "Não tem nada não" (c/ João Donato e Eumir Deodato), entre outras. Ainda nesse ano, compôs a trilha sonora do filme "O fabuloso Fittipaldi", registrada em disco.
Em 1974, gravou o LP "Marcos Valle", contendo, entre outras, suas canções "No rumo do sol", "Meu herói" e "Casamento, filhos e convenções", todas com Paulo Sérgio Valle.
De 1975 a 1980, morou nos Estados Unidos, onde participou do LP de Sarah Vaughn "Songs of the Beatles", interpretando com a cantora a faixa "Something" (George Harrison). Trabalhou, também, com Airto Moreira, com quem dividiu os arranjos do disco "Touching you, touching me", gravado pelo intrumentista e compositor, indicado para o Prêmio Grammy. Teve, também, canções de sua autoria gravadas por artistas norte-americanos, como o grupo Chicago e a cantora Sarah Vaughn, que registrou as versões "If you went away" e "The face I love" (respectivamente "Preciso aprender a ser só" e "Seu encanto") no disco "I love Brazil".
Em 1981, retornou para o Brasil. Nesse mesmo ano, lançou o LP "Vontade de rever você", em que registrou composições próprias, como "Bicho no cio" e "Velhos surfistas querendo voar", (ambas com Paulo Sérgio Valle e Leon Ware), e "A Paraíba não é Chicago" (c/ Paulo Sérgio Valle, Laudir de Oliveira, Leon Ware e Peter Cetera), entre outras.
Em 1983, gravou o LP "Marcos Valle", contendo exclusivamente canções de sua autoria, como "Estrelar", "Fogo do sol", "Samba de verão" e "Viola enluarada" todas com Paulo Sérgio Valle.
Em 1984, lançou um compacto simples contendo a canção "Bicicleta", que se tornou outro grande sucesso.
Em 1986, gravou o LP "Tempo da gente", exclusivamente autoral, contendo as canções "O tempo da gente" (c/ Paulo Sérgio Valle e Ary Carvalho), "Sem você não dá" (c/ Erasmo Carlos), "Tá tudo bem" (c/ Vinícius Cantuária) e "Pior que é" (c/ Eumir Deodato), entre outras.
A partir de 1990, suas músicas começaram a ser muito executadas em pistas de dança de casas noturnas de Londres, alcançando um grande sucesso em outros países da Europa e no Japão.
Em 1995, recebeu o título de "Homem do Momento", conferido pela revista inglesa "Straight no chased". A partir desse ano, seus discos "The essential Marcos Valle", "The essential Marcos Valle 2", "Previsão do tempo", "O compositor e o cantor" e "Vontade de rever você" começaram a ser lançados nos mercados europeu e japonês.
Em 1998, gravou o CD "Nova bossa nova", contendo composições próprias, como "Novo visual (New look)", "Abandono (Abandon)", "Cidade aberta (Open city)" e "Bahia blue", entre outras. Ainda nesse ano, foi lançado o "Songbook Marcos Valle", produzido por Almir Chediak, contendo parte expressiva de sua obra.
Em 1999, apresentou-se no "Festival de Verão: Rio, sempre Bossa Nova", projeto da Prefeitura do Rio de Janeiro realizado no Parque Garota de Ipanema.
Em 2000, realizou, com Victor Biglione e os músicos canadenses Jean Pierre Zanella (sax e flauta) Jean-François Groulx (sintetizador), Jim Hillman (bateria) e Norman Lachapelle (baixo), o show de encerramento das comemorações dos 500 anos do Brasil, em Montreal.
Em 2001, participou, ao lado de Roberto Menescal, Wanda Sá e Danilo Caymmi, do Fare Festival, realizado em Pavia (Itália) pela Società dell’Academia, em colaboração com a prefeitura da cidade. Nesse mesmo ano, lançou o CD "Bossa entre amigos", gravado ao vivo, com Roberto Menescal e Wanda Sá, no Teatro Rival.
Em 2003, lançou, com Victor Biglione, o CD "Live in Montreal", registro ao vivo do espetáculo realizado em 2000 no Canadá.
Em 2004, participou, ao lado de Gilberto Gil e outros artistas, da gravação do CD "Hino do Fome Zero" (Roberto Menescal e Abel Silva). Também nesse ano, apresentou-se, ao lado de Johnny Alf, João Donato, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Wanda Sá, Leny Andrade, Pery Ribeiro, Durval Ferreira, Eliane Elias, Os Cariocas e Bossacucanova, no espetáculo "Bossa Nova in Concert", realizado no Canecão (RJ). O show foi apresentado por Miele e contou com uma banda de apoio formada por Durval Ferreira (violão), Adriano Giffoni (contrabaixo), Marcio Bahia (bateria), Fernando Merlino (teclados), Ricardo Pontes (sax e flauta) e Jessé Sadoc (trompete), concepção e direção artística de Solange Kafuri, direção musical de Roberto Menescal, pesquisa e textos de Heloisa Tapajós, cenários de Ney Madeira e Lídia Kosovski, e projeções de Sílvio Braga.
Em 2005, apresentou-se no Songbook Café (RJ). Também nesse ano, esteve no palco do Bar do Tom (RJ), ao lado de Roberto Menescal, Wanda Sá e Carlos Lyra, com o show "Bossa entre amigos". Ainda em 2005, participou da segunda apresentação do espetáculo "Bossa Nova in Concert", no Parque dos Patins (RJ). Nesse mesmo ano, lançou o CD "Jet-Samba".
Em 2006, foi contemplado com o prêmio Tim, na categoria Melhor Disco Instrumental, pelo CD ''Jet-Samba'', cuja produção foi assinada pelo próprio artista.
No ano seguinte, após realizar turnê de 20 shows pela Europa, foi o homenageado no mês de junho pelo Instituto Cultural Cravo Albin na série "Sarau da Pedra", projeto realizado com patrocínio da Repsol YPF e apoio da gravadora Biscoito Fino. No evento, foi afixada no Mural da Música do instituto, diante da presença de várias personalidades da cena cultural carioca, uma placa com seu nome, a ele dedicada pela relevância de sua obra musical. Produzida por Heloisa Tapajós e Andrea Noronha, a comemoração contou com palestra do crítico musical Antonio Carlos Miguel e um show realizado por Kiko Continentino (teclado), Paulo Russo (contrabaixo), Marcelo Martins (sax e flauta) e Renato “Massa” Calmon, com músicas de autoria do compositor homenageado, que assumiu o teclado, ao final da apresentação, para interpretar, ao lado de Jorge Vercilo (voz e violão), a canção “Pela ciclovia”, parceria de ambos.
Em 2008, participou do espetáculo "Bossa nova 50 anos", realizado na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, acompanhado pela cantora Patrícia Alvi. Também no elenco, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Oscar Castro Neves, Wanda Sá, Leila Pinheiro, Emílio Santiago, Zimbo Trio, Leny Andrade, Maria Rita, Fernanda Takai, João Donato, Bossacucanova e Cris Delanno. O show, em comemoração aos 50 anos da bossa nova, e também celebrando o aniversário da cidade do Rio de Janeiro, teve concepção e direção de Solange Kafuri, direção musical de Roberto Menescal e Oscar Castro Neves, pesquisa e textos de Heloisa Tapajós, e apresentação de Miele e Thalma de Freitas.
Em 2008, lançou, com João Donato, Carlos Lyra e Roberto Menescal, o CD “Os Bossa Nova”, contendo suas canções “Até o fim” (c/ Carlos Lyra), “Gente” (c/ Paulo Sérgio Valle), “Entardecendo” (c/ João Donato) e “Bossa entre amigos” (c/ Roberto Menescal), além de “Samba do carioca” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), “Tereza da praia” (Tom Jobim e Billy Blanco), “De um jeito diferente” (João Donato e Lysias Ênio), “Sextante” (Carlos Lyra), “Vagamente” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), “A cara do Rio” (Roberto Menescal e João Donato), “Ciúme” (Carlos Lyra), “Balansamba” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), “Até quem sabe” (João Donato e Lysias Ênio) e o meddley “Bewitched, bothered and bewildered” (Richard Rodgers e Lorenz Hart)/”Este seu olhar” (Tom Jobim)/”Só em teus braços” (Tom Jobim). Participaram também do disco os músicos Jorge Helder (baixo), Paulo Braga (bateria), Jessé Sadoc (trompete), Dirceu Leite (sax e flauta), Jaques Morelenbaum (cello) e Carlos Bala (bateria).
Lançou, em 2009, ao lado de Celso Fonseca, o CD “Página Central”, contendo 12 inéditas parcerias de ambos: “Vim dizer que sim”, “Faz de conta”, “Azul cristal”, “Vôo livre”, “Ela é aquela”, “Pra tocar assim”, “Encantadas”, “Quase perto”, “No balanço do meu samba”, “Três da tarde”, “Curvas do tempo” e a faixa-título. O disco contou com a participação do Grupo Azymuth, de Jaques Morelenbaum e da cantora Patrícia Alví.
Em 2010, fez turnê de shows no circuito Blue Note do Japão, tendo como convidado Roberto Menescal. Nesse mesmo ano, apresentou-se na segunda edição do festival de música instrumental Copa Fest, no Golden Room do Copacabana Palace (RJ).
Dividindo o palco com a o grupo Casuarina, apresentou-se, em 2011, no espaço Oi Futuro (RJ), pelo projeto “A Bossa do Samba”, concebido e dirigido por Solange Kafuri, com curadoria de Rildo Hora e Marco Antonio Bompet, arranjos e direção musical de Itamar Assiere, apresentação em vídeo de Tárik de Souza, pesquisa de Heloisa Tapajós, coordenação geral e direção de produção de Giselle Kafuri, e produção executiva de Humberto Braga. O show contou com a participação de Patrícia Alvi (vocal), Jorge Helder (contrabaixo), Zé Canuto (sax e flauta) e Renato Massa (bateria). Nesse mesmo ano, gravou o programa "Agora no ar" (Rádio Roquette Pinto), apresentado pelo jornalista e pesquisador cultural Ricardo Cravo Albin.
Com repertório autoral, apresentou-se, em 2012, ao lado da cantora americana Stacey Kent no Teatro do Via Sul Shopping, em Fortaleza, no Bourbon Street, em São Paulo, e na casa Miranda, no Rio. Os shows contaram ainda com a participação do saxofonista Jim Tomlinson, marido de Stacey.
Em 2013, foi premiado no “Worldwide Awards”, evento realizado no espaço Koko, em Londres. Nesse mesmo ano, comemorando 50 anos de carreira, apresentou-se no espaço Miranda (RJ), em duas noites seguidas, tendo como convidados Carlos Lyra e Diogo Nogueira, um em cada noite. Ao lado da cantora norte-americana Stacey Kent, lançou, nesse mesmo ano, o CD “Ao vivo”, gravado na casa Miranda (RJ), com uma banda formada por Alberto Continentino (baixo acústico), Luiz Brasil (violão), Jessé Sadoc (trompete, flugelhorn e co-autoria dos arranjos), Marcelo Martins (sax e flauta), Aldivas Ayres (trombone) e Renato Massa (bateria). O disco contou com a participação especial de Jim Tomlinson (saxofone), marido da cantora. No repertório, suas canções “Look who’s mine” (c/ Paulo Sergio Valle, vrs: Alan e Maryllin Bergman), “The face I Love” (c/ Pingarilho e Paulo Sergio Valle, vrs: Ray Gilbert), “The answer” (c/ Paulo Sergio Valle, vrs: Ray Gilbert), “Drift away” (c/ Peter Hall), “Summer samba” (c/ Paulo Sergio Valle, vrs: Norman Gimbel), “Gente” (c/ Paulo Sergio Valle), “Passa por mim” (c/ Paulo Sergio Valle), “Batucada” (c/ Paulo Sergio Valle, vrs: Ray Gilbert), “La petite valse” (c/ Bernie Beaupere), “If you went away” (c/ Paulo Sergio Valle, vrs: Ray Gilbert), “Pigmaleão” (c/ Novelli e Paulo Sergio Valle), “The Crickets” (c/ Paulo Sergio Valle, vrs: Ray Gilbert), “She told me, she told me” (c/ Paulo Sergio Valle, vrs: Ray Gilbert) e “The White Puma”.
Fonte: Dicionário da MPB
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