Há quinze anos falecia um dos artistas mais populares em nossa música da primeira metade do século XX.
Por Bruno Negromonte
Hoje estava ouvindo algumas canções da primeira metade do século passado. Canções de uma época que a música popular brasileira encontrava-se, de certo modo, ainda em seu estado seminal, mas já dava os primeiros passos rumo à riqueza que hoje conhecemos, pois na década de 1930 já era possível desfrutarmos de compositores que até os dias atuais são vistos como referências e matrizes da nossa MPB.
E os intérpretes? Ah!… vem dessa época alguns dos maiores nomes da música brasileira. São artistas que lotavam os auditórios das rádios paulistas e cariocas para ouvir cantores com impressionantes qualidades vocais e interpretativas.
Um desses grandes nomes é o saudoso caboclinho querido Silvio Caldas, que destacou-se por conta de grandes interpretações ao longo dos quase setenta anos de carreira. Segundo dados biográficos Sílvio Antônio Narciso de Figueiredo Caldas deu início a sua carreira por volta da década de 1920 e seu primeiro registro fonográfico vem de 1931 quando deu voz a canção “Tracuá me Ferrô” em dueto com Breno Ferreira, pela gravadora Victor. Daí em diante vem vieram interpretações diversas, dentre as quais a de canções como “Aquarela do Brasil”, clássico de nosso cancioneiro. Por falar em clássico, além de exímio intérprete o artista também consagrou-se como compositor. Essa informação pode ser comprovada a partir, por exemplo, da autoria d a canção “Chão de estrelas”, de 1937, quando em parceria com Orestes Barbosa criou outro clássico de nossa música.
Isso provavelmente deve ter sido por conta de Silvio ter tido uma infância cercada de ritmos musicais. Sílvio Caldas pertenceu a uma família de músicos. Sua mãe cantava, e seu pai era afinador de pianos e compositor. Um fato curioso acerca da família Caldas foi quando Antônio Caldas, matriarca da família, compõe em parceria com Celso de Figueiredo a valsa “Neusa”, em homenagem a sua neta. Ao levar ao seu filho mais ilustre o mesmo se recusa a gravar subestimando-a. Já Orlando Silva viu na canção um grande potencial de sucesso a gravando e acertando em cheio naquilo que previa.
A família ainda conta com o cantor e compositor Murilo Caldas que apesar de não obter o êxito do irmão chegou a gravar diversos 78 rpm solos ou com artistas como Carmen Miranda e sua esposa Lolita França, além do próprio irmão Silvio. Além de intérprete Murilo também compunha, e vem dessa época canções como a marcha Isola, isola, o samba “Desacato” (com Wilson Batista e Paulo Vieira) e “Teleco-teco” (com Marino Pinto), este último foi um grande sucesso na voz da Isaura Garcia. Com cerca de canções gravadas e 37 discos em 78 rpm, Murilo Caldas também deixou o seu indelével registro em nossa música.
Silvio Caldas morreu aos 89 anos, em 3 de fevereiro de 1998, na cidade de Atibaia. O compositor foi sepultado no cemitério Parque das Flores. O motivo do falecimento foi parada cardiorrespiratória em função de uma anemia profunda. Cerca de um ano antes de sua morte, Caldas já sofria de anorexia. Já seu irmão Murilo faleceu no ano seguinte, no dia 4 de março de 1999.
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