Graças à "vaquinha" na internet, Bárbara Eugênia apresentará seu segundo disco aos mineiros
Por Carolina Braga
Faltavam poucas horas para o fim da campanha que viabilizaria o primeiro show da cantora Bárbara Eugênia em Belo Horizonte. Menos de 10 cotas pendentes na plataforma colaborativa Variável 5 ameaçavam a “missão”. Tudo poderia se perder, se não fosse o engajamento da própria artista. “Alguém me contou. Fui lá e comprei seis. Outra pessoa ficou com a última”, conta a paulistana, que não via a hora de se apresentar em BH.
Marcado para esta sexta-feira à noite, no Granfinos, o lançamento de 'É o que temos', o segundo disco dela, só se tornou possível graças ao apoio de 160 fãs, que adquiriram ingressos antecipadamente. Sites de financiamento coletivo – o chamado crowdfunding – vêm se tornando mecanismo essencial tanto para a produção como para a circulação da música independente.
“Está difícil para todo mundo. Essa solução é importante para a gente”, afirma Rodrigo Magalhães, baixista da banda A Fase Rosa. Graças à ajuda de 120 fãs, o disco 'Homens lentos' foi lançado em abril com show debaixo do Viaduto Santa Tereza, em BH. “Queríamos fazer evento na rua, de graça, em um lugar com tudo a ver com o conceito do disco. Para isso, teríamos que gastar uma grana praticamente impossível para a gente”, lembra. Como se tratava de evento gratuito, os “patrocinadores” tiveram direito a show exclusivo.
“Crowdfunding é algo muito inicial no Brasil. Na prática, a força disso é muito grande”, avalia Ana Alyce Ly, uma das idealizadoras do Variável 5. Segundo ela, é crescente o número de pessoas que aderem ao movimento depois de perceber que o mecanismo é viável, legal e dá certo.
Criada em setembro do ano passado, a iniciativa mineira no universo das “vaquinhas” só não conseguiu cumprir a missão inaugural: o show de Leo Cavalcanti, Pélico e Phillip Long. “Analisamos vários erros e fomos nos adequando”, reconhece Ana Alyce. Uma das mudanças foi adaptar o número de cotas à realidade de BH. Lição nº 1: vender meia casa antecipadamente é sonho.
Boa surpresa
Em menos de um ano, a plataforma Variável 5 trouxe à capital mineira o paulista Jair Naves e viabilizou o lançamento do 'EP Pacífico', da banda Constantina. “Sinceramente, não pensei que seria uma experiência bem-sucedida por não ter ideia do público que teria em BH. Fiquei surpreso e feliz”, diz Jair, que já estuda a possibilidade de encarar outras empreitadas. “Vejo no crowdfunding uma estratégia de sustentabilidade”, afirma o músico Daniel Nunes, do Constantina.
Os números da plataforma nacional Catarse.me comprovam o sucesso da empreitada. A música, sobretudo independente, é a área mais badalada. Dos 267 projetos, 145 foram bem-sucedidos. Cerca de 18,5 mil apoiadores contribuíram com R$ 1,7 milhão.
Foi exatamente no Catarse.me que a cantora mineira Marina Machado tomou conhecimento da iniciativa do cantor e compositor Pablo Castro para finalizar seu primeiro disco solo. “Pensei: quem sabe é uma coisa bacana de se fazer?. Aí, resolvi entrar”, conta Marina.
Se Pablo conseguiu 179 apoiadores para prensar e lançar o CD, Marina entrou na onda para viabilizar o show de lançamento do disco 'Quieto um pouco' do jeitinho que ela pensou. “Gosto do palco e quero levar uma coisa alegre para lá. A ideia é vender antecipadamente, para pagar o pessoal. Vivemos de arte e não posso ficar pedindo: ‘Fulano, me dirige de graça, faz o cenário de graça’”, diz. Marcado para 19 de julho, no Teatro Bradesco, o show terá direção de Rodolfo Vaz e Fernanda Vianna, atores do Grupo Galpão.
Marina espera arrecadar R$ 8 mil até 12 de julho. Os colaboradores podem adquirir cotas a partir R$ 20. Cada uma dá direito a “produto” diferente. Além do CD, são oferecidos caderno com letras e cifras, ingressos e outros mimos.
Por sua vez, a banda instrumental Dibigode lançou campanha no Catarse para arrecadar R$ 6 mil. O objetivo é complementar o orçamento da primeira viagem dos músicos para os Estados Unidos. A meta foi alcançada bem antes do esperado.
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