Quando o cantor Marcelo Jeneci começou a se destacar em 2010, após o lançamento do primeiro álbum Feito para acabar, rapidamente a garota meiga, baixinha e de voz cristalina e doce que o acompanhava também chamou atenção. Três anos depois, Laura Lavieri já é reconhecida no cenário da música brasileira, passa a ser convidada para projetos especiais, como o novo álbum do cantor Guilherme Arantes e o de estreia da banda Hidrocor, e se prepara para lançar mais um trabalho com o amigo.
“A gente foi parceiro desde o início de se ajudar e se incentivar, em coisas muito indiretas, por exemplo, de como cantar algo, como dividir a métrica e que sentimento tem aquela música. Eu vejo o quanto aprendi a cantar e fazer música com ele e ele comigo. Trocamos muitas coisas e continuamos trocando, o que aparece agora também por letras e algumas melodias”, conta a cantora de 23 anos, que garante ter muito mais uma amizade do que um compromisso profissional com Marcelo Jeneci. “Por isso eu acredito que sou sortuda e que todo mundo poderia viver uma história como essa, o que deixaria o mundo mais verdadeiro, porque de um bom encontro, naturalmente coisas boas virão”, acrescenta.
Os dois se conheceram quando Laura Lavieri tinha 16 anos, em razão de Marcelo Jeneci ser amigo e tocar com o pai dela, o falecido músico Rodrigo Rodrigues, integrante do grupo Música Ligeira. “Marcelo foi uma herança muito boa na minha vida. Ele era amigo do meu pai e eu sempre o via na minha casa, ensaiando. Depois que meu pai morreu, o reencontrei e foi super legal, porque facilmente percebemos que éramos amigos e nos entendemos muito bem musicalmente. A nossa paixão pela música era parecida. Foi bem natural o encantamento de um pelo outro. E o que é muito legal no trabalho do Marcelo é que é muito verdadeiro. Então, a nossa parceria não foi muito diferente. Tudo o que as pessoas veem e o que a gente expõe é, na verdade, o resultado de uma amizade e de um encontro musical de duas pessoas que tinham muitos assuntos em comum”, explica.
Marcelo Jeneci e Laura Lavieri voltaram a se encontrar em 2005, num show em homenagem a Rodrigo Rodrigues, em que ela cantou Across the Universe, dos Beatles. Desde então, os dois não se separaram mais. “Quando eu encontrei o Marcelo, eu tive vontade de dizer aquelas coisas. Gostei muito daquelas músicas, me identifiquei muito e tive vontade de dar voz àquilo”, garante. Um dos momentos mais bonitos do álbum é quando eles cantam juntos músicas que hoje são consagradas como Felicidade.
A música entrou muito cedo na vida de Laura Lavieri, que chegou a começar o curso de Psicologia, mas trancou a matrícula em função da quantidade de faltas provocadas em nome dos compromissos musicais. “Meu pai era músico e tocava muitos instrumentos de maneira autodidata – clarinete, violão, piano, saxofone. Tinha uma banda que era Música Ligeira, com o Mario Manga, que tocava cello. Eu sempre tive muito contato e fui interessada em música e instrumentos em geral. Chegou uma hora que eu quis. Fomos assistir um concerto do Quebra-Nozes e eu falei que queria tocar cello. Acho que era uma coisa natural. Era o ambiente que eu meio que cresci. Então não foi muito surpreendente. Também sempre gostei muito de cantar. Mas nunca fui atrás disso. Meu pai adorava dizer que nunca poderia fazer aula de canto, que seria um erro. Então não iria contrariá-lo. Mas as coisas foram acontecendo e os amigos dele foram me puxando para cantar”, conta, lembrando que o pai fazia questão de atravessar São Paulo para levá-la nas aulas de cello.
Laura Lavieri se prepara agora para enfrentar, ao lado de Marcelo Jeneci, o desafio do segundo álbum, no qual terá pelo menos uma música como compositora. “Tem um fantasma aí. É engraçado porque é um clichê e, como todo clichê, é verdadeiro (risos). O bom do primeiro álbum é que não esperávamos nada e nem tinha como esperar, porque não sabíamos o que seria. Então poderíamos ficar tranquilos. Como o primeiro teve uma boa resposta, o segundo já fica: ‘Será que vai ser tão bom?’. Espero que o que tiver de melhor dele, como foi o que teve o melhor do anterior, continue: as pessoas realmente receberem o que estamos querendo dizer”, torce.
Com relação à possível carreira solo, a cantora é categórica de que ainda não tem nada pensado a respeito. “Eu não tenho nenhum plano de projeto pessoal meu configurado, mas sei muito bem das coisas que me agradam (risos). Acho que em algum momento sentirei a necessidade de ter um projeto meu. Mas ainda não senti necessidade. Estou escrevendo muito e acho que em algum momento isso pode virar música”, anuncia. De todo modo, ela se dedica a outros projetos, como o do tributo ao compositor Péricles Cavalcanti, onde cantou Quem nasceu? “A gente brinca que é operário da música. O nosso jargão é que estamos ali para servir à música. Então onde ouvirmos algum chamado da música e houver uma vontade de no colocarmos junto com a música, para ela ou através dela, faremos. No caso, todo mundo ali trabalha com outras bandas e eu acabei fazendo isso também. Não trabalhei fixo com ninguém, mas em projetos que apareceram pontuais e que me identifiquei. Então onde eu ver uma necessidade de expressar alguma coisa ou um convite em que me encaixe, eu prontamente estarei lá”, finaliza.
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